quarta-feira, 10 de novembro de 2010

História da Vaca Cuca

Era uma vez um casal muito bonito, o Sr. Silva e a D. São, viviam numa quinta, numa aldeia do Norte, num lugar que se chamava o Cabo. Era um lugar muito isolado, e o único transporte que tinham era um carro de madeira que andava puxado por bois ou uma vaca. Tinham doze filhos que não cabiam todos dentro de casa, por isso, os mais velhos dormiam em quartos fora de casa, junto ao beiral.

Tinham também uma vaca muito bonita, branca e preta, que se chamava Cuca, era ela que todos os dias de manhã, dava o leite para todos os meninos e meninas do Sr. Silva e da D. São.

Como havia muito trabalho na quinta, resolveram arranjar um empregado para ajudar nos trabalhos.

E certo dia apareceu na quinta do Cabo, um homem que se chamava Gil, a pedir trabalho. O Gil era muito, muito, muito grande, parecia um gigante, trazia uma sachola ao ombro, também muito maior do que as do Sr. Silva. Como havia muito trabalho na quinta, o Sr. Silva achou que com aquela sachola ele devia trabalhar mais do que os seus filhos todos juntos, e então contrataram o homem gigante para trabalhar na quinta.

O Gil era muito amigo das crianças, e por isso, os meninos andavam todos contentes com o Gil. Os dois filhos mais novos, o Bi e a Bá, eram gémeos e andavam sempre às cavalitas do Gil. Ele era tão forte que também conseguia pôr quatro meninos de uma só vez às cavalitas.

Perto da quinta havia um monte com uma gruta, onde vivia um monstro. Toda a aldeia tinha medo dele, porque ele apanhava as ovelhas, as vaquinhas, os bois e os porquinhos e levava-os para a gruta e nunca mais ninguém os via. Toda a gente da aldeia tinha muito medo do monstro.

O Sr. Silva e a D. São, não andavam nada contentes, porque o Gil comia muito, era preciso uma panela de sopa só para ele. Quando bebia, um copo de água não chegava, tinha que ser um garrafão de água de cada vez, porque o Gil era muito, muito, muito grande. Ao pequeno-almoço bebia muito leite, e a vaca Cuca, já não tinha leite que chegasse para todos.

O Gil dormia por cima do beiral, que é um sítio onde se guarda a palha para os animais comerem, porque ele era tão grande, que não cabia dentro das casas.

O Gil era tão grande e comia tanto que o Sr. Silva começou a pensar numa maneira de o mandar embora. Pensou, pensou... Até que lhe surgiu uma ideia: vou pôr fogo na palha do beiral, para ver se o Gil se vai embora. E assim fez, nessa mesma noite. Mas o Gil quando viu o fogo, começou a fazer xixi, e como ele era muito grande e bebia muita água, e muito leite, apagou o fogo.

Nesse dia de manhã muito cedo, o Sr. Silva foi para o monte com a vaca Cuca buscar um carro de mato, pois o mato servia para fazer a cama dos animais. Enquanto o Sr. Silva trabalhava, pensou: talvez o Gil já se tenha ido embora.

Quando acabou de cortar o mato, olhou à sua volta mas não viu a vaca Cuca. Chamou por ela muitas vezes - VACA CUCA! VACA CUCA! Mas a vaca não aparecia. Foi então que ouviu um barulho para os lados da gruta e percebeu que o monstro tinha apanhado a vaca Cuca. Desatou a correr e só parou na quinta, pois queria arranjar ajuda para salvar a vaquinha.

Estava o Gil a preparar-se para ir embora, pois achava que já não o queriam na quinta, quando viu o Sr. Silva a gritar que o monstro tinha levado a vaca Cuca. Os meninos mais pequenos ficaram muito tristes, pois era ela que dava o leite para eles beberem.

O Gil ficou com pena dos meninos e disse: eu vou ao monte buscar a vaca Cuca! Pegou numa grande corda, e lá foi ele. O Sr. Silva disse-lhe para ter cuidado, porque o monstro era muito grande.

Quando chegou perto da gruta, chamou: VACA CUCA! VACA CUCA! Foi então que ouviu a voz do monstro, que vinha do fundo da gruta e dizia: quem levou a vaca Cuca, também te vai levar a ti.

Mas o Gil era valente e não tinha medo, e por isso, respondeu: quem levou a vaca Cuca, vai ter que levar o carro do mato até à quinta do cabo!

E cheio de coragem, o Gil entrou dentro da gruta, agarrou no monstro, puxou-o para fora e amarrou-o ao carro do mato. Ainda voltou a entrar na gruta para ir buscar a vaca Cuca. E lá seguiram todos para a quinta, com o monstro a puxar o carro cheio de mato.

Quando chegaram à quinta o Sr. Silva nem queria acreditar no que estava a ver. O Gil não tinha medo nenhum do monstro, a vaca Cuca estava a salvo e o monstro vinha completamente amarrado. Agora, o monstro nunca mais podia fazer mal a ninguém. Toda a gente podia voltar a ir para o monte, fosse para trabalhar, para levar os animais ou para passear e brincar com os filhos. O perigo tinha desaparecido e tudo graças à coragem do Gil.

Os meninos agarraram-se à vaca Cuca, todos contentes, pois o Tó, um dos meninos, não tinha comido nada todo o dia com saudades da vaquinha e do leite que ela dava. Agora ela ia continuar a dar leite, todos os dias, para eles beberem.

Quando repararam, estava o Gil com a sua sachola ao ombro pronto para se ir embora. Todos lhe pediram para ficar, mas ele respondeu, que a sua missão já tinha terminado, tinha feito uma boa acção, livrado aquela aldeia do monstro e como o leite que a vaca Cuca dava e a comida não chegava para todos, ia seguir viagem e arranjar trabalho noutra aldeia.

O Sr. Silva agradeceu-lhe e desejou-lhe boa viagem. As crianças mais pequenas, acompanharam-no até ao fim da quinta a saltitar. O Gil deu umas voltas com o Bi, a Bá e a Àli às cavalitas e assim se despediram do Gil que era muito, muito grande, e tinha um coração do tamanho do mundo!


FIM

Nenhum comentário:

Postar um comentário