quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Não faça julgamento precipitado

Havia numa aldeia um velho muito pobre que possuía
Um lindo cavalo branco.
Numa manhã ele descobriu que o cavalo não estava na cocheira.
Os amigos disseram ao velho:
- Mas que desgraça, seu cavalo foi roubado!
E o velho respondeu:
- Calma, não cheguem a tanto. Simplesmente digam que o cavalo não está mais na cocheira.
- o resto é julgamento de vocês.
As pessoas riram do velho.
Quinze dias depois, de repente, o cavalo voltou.
Ele havia fugido para a floresta. E não apenas isso; ele trouxera uma dúzia de cavalos selvagens consigo.
Novamente as pessoas se reuniram e disseram:
- Velho, você tinha razão.
Não era mesmo uma desgraça, e sim uma benção.
E o velho disse:
- Vocês estão se precipitando de novo.
Quem pode dizer se é uma benção ou não?
Apenas digam que o cavalo está de volta...
O velho tinha um único filho que começou a treinar os cavalos selvagens.
Apenas uma semana mais tarde, ele caiu de um dos cavalos e fraturou as pernas.
As pessoas se reuniram e, mais uma vez, se puseram a julgar:
- E não é que você tinha razão, velho? Foi uma desgraça seu único filho perder o uso das duas pernas.
E o velho disse :
- Mas vocês estão obcecados por julgamentos, hein?
- Não se adiantem tanto.
Digam apenas que meu filho fraturou as pernas.
- Ninguém sabe ainda se isso é uma desgraça ou uma benção...
Aconteceu que, depois de algumas semanas,
O país entrou em guerra e todos os jovens da aldeia foram obrigados a se alistar, menos o filho do velho.
E os que foram para a guerra, morreram...


Quem é obcecado por julgar, cai sempre na armadilha de basear seu julgamento em pequenos fragmentos de informação, o que o levará a conclusões precipitadas.
Nunca encerre uma questão de forma definitiva, pois quando um caminho termina, outro começa, quando uma porta se fecha, outra se abre...
Às vezes enxergamos apenas a desgraça, e não vemos a benção que ela nos traz...


“PÁGINAS DA VIDA”
As páginas da vida são cheias de surpresas...
Há capítulos de alegria, mas também de trsitezas,
Há mistérios e fantasias,
Sofrimentos e decepções...
Por isso, não rasgue páginas e nem pule capítulos...
Não se apresse a descobrir os mistérios...
Não perca as esperanças...
Pois muitos são os finais delizes.
E nunca se esqueça do principal:
NO LIVRO DA VIDA,
O AUTOR É...
DEUS

Autor Desconhecido.



O HOMEM QUE VIAJAVA !


Aquele homem com cerca de sessenta anos, costumava ser visto em seu círculo social, sempre acompanhado de belas e jovens mulheres.

Era admirado e invejado por muitos outros homens.

Porquê ?
Porquê ?

Misteriosamente viajava toda semana para uma cidade próxima, distante cerca de 100 km.

Para a viagem ele se trajava elegantemente e sempre levava um botão de rosa vermelha.

Nessa cidade, limpava a morada
da querida namorada.

Lustrava com todo carinho a placa com os dizeres

AQUI JAZ HELENICE COM SAUDADES DOS MEUS,
NÃO ESTOU TRISTE.

Depositava com cuidado o botão de rosa ao lado da
foto amada.
Fazia uma oração.
Se despedia e retornava à sua cidade.

Pensava ele sobre a fragilidade da vida e a precariedade da existência.Luiz Augusto de Andrade

O sapo e a borboleta

Esta é a história de Priscila Buterfly que nasceu e viveu na floresta de Florzi junto ao mar e ao lago verde-musgo.

Não, ela não era bonita quando nasceu. Ela era muito feia. O seu cabelo quebra pente era amarelo e marrom misturado e seus dentes eram muito dentro da boca, fazendo parecer rindo todo tempo. Raposas, coelhos e jacarés tinham medo dela.

Ela vivia pela floresta colhendo lenha para o fogão da mãe. Nunca ninguém brincava com ela, porque ela não tinha tempo. Quando não apanhava lenha, então carregava água ou então cuidava dos irmãos menores.

Não podia ir até o mar, onde a floresta terminava, porque os meninos atiravam pedras nela, então corria para dentro da floresta e se escondia.

Aos treze anos levou um grande susto. Quando olhou para dentro do lago verde-musgo, ela viu um rosto refletido na água. Descobriu que o rosto era o seu. Então ela percebeu que os meninos tinham razão para enxotá-la. E ela foi reclamar com a sua mãe e sua mãe levou-a até o quintal. Olhando bastante para as folhas conseguiu achar uma lagarta. A mãe explicou que aquela lagarta horrível ao sair do casulo seria então uma linda borboleta. E disse para Priscila que ela ficaria tão linda quanto uma borboleta. “Nós podemos ser feios, mas depois ficamos lindos”. Priscila sorriu e se sentiu feliz esperando que o tempo ao passar a fizesse bonita como as outras meninas. Mas ela não olhava mais para dentro do lago verde musgo.

Um dia ao apanhar lenha na floresta, viu um menino olhando para o lago verde-musgo. Ela quis saber dele, o por quê de olhar tanto para aquele lago. Ao chegar perto do menino, descobriu que ele era um dos quatro que sempre lhe jogava pedras. Então ela correu e se escondeu atrás das árvores. Quando o menino escutou o barulho de folhas se movendo, olhou para trás e conseguiu ver parte do vestido roxo listrado de branco de Priscila. Então ela notou que ele não olhava mais para o lago. Ele olhava sempre para o local em que ela estava escondida. Então não quis mais sair de trás da árvore, porque ele não mais desviava os olhos dali. Mas ela viu que ele estava só e por isso perdeu o medo. Os outros meninos malvados não estavam ali. Mesmo assim ela achou melhor não sair dali. Mas lembrou que a mãe a esperava com o feixe de lenhas para fazer a janta. Mesmo assim, não conseguia sair dali. "E se os meninos malvados aparecerem?" – pensava ela.

- Priscila! - gritou o menino.

Ela levou um grande susto porque nunca havia ouvido alguém gritar seu nome, exceto sua mãe. O pai ela não conheceu, havia sido morto por um leão.

- Priscila Buterfly! - gritou mais uma vez o menino.

Agora o susto foi maior, porque nem mesmo sua mãe gritava seu nome assim. Ele estava agora em pé e de costas para o lago. E ela resolveu aparecer. Gritou:

- O que você quer?

Ele levou tempo para responder. Quase um minuto para responder.

- Preciso falar com você!

Ela saiu lentamente por detrás das árvores. Neste momento ela leva outro susto. Uma borboleta azul pousa rapidamente em seu nariz. Quando ela levanta as mãos, a borboleta voa e some no meio das árvores. Ela, Priscila, anda bem devagar em direção ao menino, mas pára a cinco metros de distância. E diz:

- O que você quer?

- O que você acha de mim?

– Um sapo!!!

Ele abaixa a cabeça tristemente.

- Eu disse um sapo! – grita ela, - tem um atrás de você!

Ele pula para o lado. O sapo se assusta e pula no lago. Ele levanta a cabeça e diz:

– Pensei que o sapo era eu...

- E o que você acha de mim? - pergunta Priscila.

– Muito linda! - diz ele.

– Mentira! Eu não sou linda!- Retruca Priscila.

Ele aponta para a borboleta azul voando atrás dela.

- Tenho de ir, minha mãe me espera com a lenha! – diz ela.

Ele se abaixa para apanhar a lenha e se oferece para levar. Carrega a lenha no ombro pela trilha da floresta. Enquanto andam pela floresta, ele a convida.

–Vamos ao mar?

– Sou muito nova para amar!

– Eu disse vamos ao mar!

- Ela entende e diz – Minha mãe é quem sabe!

O dia amanheceu lindo com o sol vermelho por trás das serras e um céu cor de anil, azul bem escuro. Algumas nuvens bem brancas espalhadas pelo céu azul. Todas as crianças, seus irmãos pequenos estavam prontos para o passeio. Até a mãe de Priscila também queria ver o mar. Finalmente ela iria esquecer um pouco o fogão de lenha e a choupana no meio da floresta. Quando chegaram finalmente ao fim da trilha, com o final da trilha surge o mar.

As crianças pequenas ficaram encantadas com o mar e uma delas correu em direção a ele. Outra ficou agarrada a saia da mãe rindo muito de alegria. E o menorzinho chorou, mas era um choro de alegria. Porque enquanto chorava também sorria. A mãe de Priscila viu quando os quatro meninos apareceram e disse.

– Lá vem os quatro meninos malvados!

Priscila responde:

– Não mãe, agora só três são malvados, o mais lindo é muito bom!

Os quatros chegaram devagar... Quando um deles se aproxima de Priscila Baterfly, então a olha por um minuto e dá um sorriso e ela também sorri para ele. Os outros três ficam de longe observando sem nada entender. Não quiseram mais a amizade daquele que se aproximou de Priscila.

Por algum tempo ficaram ali próximo ao mar mas depois foram embora. Priscila correu na beira do mar e também fez um lanche junto dos seus irmãos e do novo amigo. Ao jogar para ela uma bola feita com pano e folhas ele lhe diz:

- Ontem você não me chamou de sapo, certo?

– Mas se eu te der um beijo você se torna um príncipe! E... daquele dia em diante, realmente ela o viu como um príncipe. Mas agora ela se via sempre no lago e no mar e, quando se via no espelho da água, se via cada vez mais linda e agora tinha a companhia de raposas, coelhos e jacarés.

Com quinze anos ela via o príncipe como um sapo novamente e vivia conversando com os três malvados que como raposas, coelhos e jacarés tinham a sua companhia.

Todos os meninos gostavam dela. Todas as meninas estiveram em sua festa. Cada um deles levou um presente para ela. Ela era odiada pelas meninas por ser a mais bonita da floresta.

O sapo já não aparecia por um bom tempo. Por pouco tempo ele foi um príncipe para ela. Mas ela preferiu a amizade de todos em vez do amor dele somente. Quando lembrava dele só lembrava do lago verde-musgo. Dos outros meninos malvados lembrava o mar de Florzi.

Esta foi a historia de Priscila Buterfly que nasceu e viveu na floresta de Florzi. Morreu com febre aos trinta anos numa casa abandonada. Seus irmãos não quiseram saber dela porque a consideravam ingrata.

Sua mãe havia sido morta por jacarés. Priscila Baterfly morreu muito feia e por isso os meninos malvados não quiseram vê-la mais.

A História Da Coca

Uma vez, um menino foi passear no mato e apanhou uma coca. Chegando em casa, deu-a de presente à avó, que a preparou e comeu. Mas parede sentiu fome e o menino voltou para buscar a coca, cantando:

Minha avó, me dê minha coca,
Coca que o mato me deu.
Minha avó comeu minha coca,
Coca recoca que o mato me deu.

A avó, que já havia comido a coca, deu-lhe um pouco de angu. O menino ficou com raiva, jogou o angu na parede e saiu. Mais tarde, arrependeu-se e voltou, cantando:

Parede, me dê meu angu,
Angu que minha avó me deu
Minha avó comeu minha coca,
Coca, recoca que o mato me deu.

A parede, não tendo mais o angu, deu-lhe um pedaço de sabão. O menino andou, andou, encontrou uma lavadeira, lavando roupa sem sabão e disse-lhe: você lavando sem sabão, lavadeira? Tome este para você. Dias depois, vendo que sua roupa estava suja, voltou para tomar o sabão, cantando:

Lavadeira, me dê meu sabão,
Sabão que a parede me deu,
Parede comeu meu angu,
Angu que minha avó me deu.
Minha avó comeu minha coca.
Coca, recoca que o mato me deu.

A lavadeira já havia gasto o sabão: deu-lhe, então, uma navalha. Adiante encontrou um cesteiro cortando o cipó com os dentes. Então disse-lhe: você cortando cipó com os dentes!... tome esta navalha. O cesteiro ficou muito contente e aceitou a navalha. No dia seguinte, sentindo o menino a barba grande, arrependeu-se de ter dado a navalha (ele sempre se arrependia de dar as coisas) e voltou para buscá-la, cantando:

Cesteiro, me dê minha navalha,
Navalha que lavadeira me deu.
Lavadeira gastou meu sabão,
Sabão que parede me deu.
Parede comeu meu angu
Angu que minha avó me deu.
Minha avó comeu minha coca.
Coca, recoca que o mato me deu.

O cesteiro, tendo quebrado a navalha, deu-lhe, em paga, um cesto. Recebeu o cesto e saiu, dizendo consigo: Que vou fazer com este cesto? No caminho, encontrando um padeiro fazendo pão e colocando-o no chão, deu-lhe o cesto. Mais tarde, precisou do cesto e voltou para buscá-lo, com a mesma cantiga:

Padeiro, me dê meu cesto,
Cesto que o cesteiro me deu.
O cesteiro quebrou minha navalha,
Navalha que a lavadeira me deu...

O padeiro, que tinha vendido o pão com o cesto, deu-lhe um pão. Saiu o menino com o pão e, depois de muito andar, não estando com fome, deu o pão a uma moça, que encontrou tomando café puro. Depois, sentindo fome, voltou para pedir o pão à moça e cantou:

Moça, me dê meu pão,
Pão que o padeiro me deu.
O padeiro vendeu meu cesto
Cesto que o cesteiro me deu...

A moça havia comido o pão; não tendo outra coisa para lhe dar, deu-lhe uma viola. O menino ficou contentíssimo; subiu com a viola numa árvore e pôs-se a cantar:

De uma coca fiz angu,
De angu fiz sabão,
De sabão fiz uma navalha,
De uma navalha fiz um cesto,
De um cesto fiz um pão
De um pão fiz uma viola,
Dingue lindingue que eu vou para Angola,
Dingue lindingue que eu vou para Angola.

Composição: Bia Bedran

O Menino Que Foi Ao Vento Norte

Uma vez um menino foi fazer compras para a sua mãe e
quando ele estava voltando para casa carregadinho de
compras...
- Não, não, vento! Não, ai esse vento vai me carregar!
Socorro! Minhas compras! Adeus! Adeus!
O vento carregou todas as compras do menino. E ele,
muito chateado, foi lá na casa do Vento Norte
reclamar:
- Como é seu Vento Norte?
Mas isso é coisa, oi, que se faça?
O que é que eu vou dizer lá em casa pra mamãe?
O que é que vou dizer lá em casa?
- Ora meu filho! Eu sou o Vento. Eu tenho que ventar!
Mas olha, em troca eu vou te dar uma toalha mágica.
Toda a vez que você quiser comer alguma coisa você
diz: ?Bota a mesa toalha.? E ela vai colocar coisas
gostosas pra você. Vá menino, vá!
O menino ficou tão feliz com o presente. Foi embora
todo contente para mostrar para a mãe dele. Mas já
estava escurecendo e ele teve que dormir num hotel.
Quando ele chegou no hotel, ele testou a toalha. Então
ele disse assim:
- Bota a mesa toalha!
Hum! E apareceu bolo de fubá, queijadinha, pastel de
queixo, pastel de camarão, brigadeiro, tutu de feijão,
gelatina com creme, mashmello, sorvete de chocolate...
Nossa! O menino comeu tudo aquilo e foi dormir.
O dono do hotel era ladrão. Quando ele viu aquilo...
Ele não agüentou. Enquanto o menino dormia com a
toalha do lado, ele foi lá e trocou a toalha por uma
igual, mas que não era mágica.
O menino não sabia de nada. Foi correndo avisar a mãe
todo contente.
- Benção, mãe! Nunca mais nós vamos passar fome aqui
em casa! Olhe, a toalha é mágica. Foi o vento que me
deu:
- Bota a mesa toalha!
Essa toalha não era mágica e o menino, danado da vida,
foi correndo pra casa do Vento Norte reclamar:
- Como é seu Vento Norte?
Isso não é uma toalha mágica.
O que é que eu vou dizer lá em casa pra mamãe?
O que é que eu vou dizer lá em casa?
- Ora meu filho! Eu te dei uma toalha mágica sim, mas
já que você não tem mais a toalha eu vou te dar agora
um carneiro mágico. Toda a vez que precisar de
dinheiro você diz: ?Dinheiro carneiro!? e ele vai te
dar moedas de ouro. Vá menino, vá!
Que presente! O menino ficou maravilhado. Mas foi
dormir naquele mesmo hotel. Quando chegou lá ele
testou o carneiro:
- Dinheiro meu carneiro!
Mil moedas de ouro apareceram. O menino ficou tão
feliz! Colocou o carneirinho pro lado e foi dormir.
O dono do hotel quando viu aquilo... O olho cresceu
mais ainda. Enquanto o menino dormia, ele foi lá e
trocou o carneiro... por um igual, mas que não era
mágico.
O menino não sabia de nada. Foi correndo no dia
seguinte avisar a sua mãe:
- Benção, mãe! Que alegria! Nunca mais vai faltar
dinheiro aqui em casa, mamãe. O carneiro é mágico.
Olha:
- Dinheiro carneiro!
E o carneiro olhava assim para o menino e só dizia
mé... mé... Dinheiro que é bom, nada!
E o menino, danado da vida, foi lá na casa do Vento
Norte reclamar:
- Como é seu Vento Norte?
Isso não é um carneiro mágico.
O que é que eu vou dizer lá em casa pra mamãe?
O que é que eu vou dizer lá em casa?
- Ora menino! Estão fazendo você de bobo. Veja bem: eu
vou te dar agora uma bengala mágica. Toda a vez que
você precisar de ajuda você diz: ?Socorro bengala!? E
ela vai te socorrer. Vá menino, vá!
O menino não era bobo não. Ele foi para aquele hotel
só para fingir que estava dormindo. Colocou a bengala
ao lado e ficou assim esperando. Quando o dono do
hotel foi ali, pé ante pé para trocar a bengala por
uma que não era mágica...
_ Socorro bengala! Dá-lhe bengala! Seu olho grande!
Devolve tudo pra mim. A toalha, o carneiro. Vai
bengala! Seu olho grande! Viva a bengala!
E o dono do hotel teve que devolver tudo. O carneiro,
a toalha e a bengala. E o menino voltou pra casa,
feliz da vida, com seus presentes.
E o menino voltou pra casa
com o carneiro, a toalha
e a bengala também.
Feliz da vida com seus presentes
e essa história termina bem.


(conto Popular) - Bia Bedran

A Sopa de Pedra

Era uma vez um viajante que andava de país em país, de terra em terra. Um dia quando estava de passagem por uma pequena aldeia reparou que a sua comida tinha acabado, e já estava a ficar com muita fome.

Foi andando de um lado para o outro a pensar numa forma de arranjar comida. Tinha muita vergonha de ir pedir, mas parecia que daquela vez não tinha outra hipótese.

Enquanto ia andando deu um pontapé numa pequena pedra que estava no chão, era uma pedra muito lisa e bonita, foi então que teve uma ideia de conseguir almoçar sem sentir tanta vergonha.

Bateu à porta de uma casa, que parecia ser de um grande agricultor da região.
Quando o dono da casa abriu a porta o viajante disse-lhe:
– Bom dia senhor, eu sou viajante e trago comigo uma pedra mágica capaz de fazer a melhor sopa do mundo, quer provar?

Ao dizer isto retirou do bolso uma pedra muito lisa e redonda. Era parecida com outras que o agricultor conhecia, mas como gostava muito de sopa decidiu aceitar provar a tal melhor sopa do mundo.
O viajante entrou e pediu uma panela grande com água e um pouco de sal, colocaram a panela ao lume e a pedra lá dentro. Quando a água começou a ferver o viajante provou e disse:

– Está quase pronta, mas ficava ainda melhor se lhe pusermos umas batatas.
– Oh homem! Não seja por isso, eu sou um grande agricultor desta região, batatas é coisa que não me falta.
– Obrigado, assim a sopa vai ficar muito melhor.

Passado mais algum tempo voltou a provar.

– Está quase, mas ficava ainda melhor se lhe pusermos umas cenouras

O agricultor lá foi buscar as melhor cenouras que tinha em casa.
Após provar várias vezes o viajante foi pedindo outros vegetais, couve, cebola, feijão, entre outros. Quando a sopa já estava rica em vegetais, o viajante disse:

– Caro amigo, a sopa está a ficar uma delícia.

O agricultor mal podia esperar para provar a sopa, que é uma coisa que ele adora.
O viajante após provar mais uma vez pediu:

– Oh amigo esta sopa ficava ainda melhor se lhe pusermos um pouco de carne de porco, tem ai alguma coisa? Chouriço, por exemplo.
– Mau, mau, já lhe disse que sou agricultor, coisas dessas não faltam cá em casa.

Mais uma vez foram colocando algumas carnes na sopa.
Provou mais uma vez e disse com um grande sorriso:

– Está pronta!!!
– Já não era sem tempo, vamos lá provar essa sopa

O viajante serviu a sopa para os dois.
Depois de a provar, o agricultor exclamou:

– Tinha razão, é mesmo a melhor sopa que já comi até hoje, essa sua pedra é realmente mágica. Não me a quer vender?
– Não está à venda, é muito valiosa para mim, foi-me oferecida por um mago de um país distante.
– Muito bem, obrigado na mesma por me ter deixado provar esta sopa.
– Obrigado eu.

Despediram-se e o viajante continuou a sua viagem por outras terras, utilizou várias vezes a sua pedra mágica e assim conseguiu comer sem ter vergonha de pedir e foi desta forma que a receita da sopa de pedra foi passando de terra em terra e hoje ainda a podemos provar em vários locais, com diferentes receitas.

História da Vaca Cuca

Era uma vez um casal muito bonito, o Sr. Silva e a D. São, viviam numa quinta, numa aldeia do Norte, num lugar que se chamava o Cabo. Era um lugar muito isolado, e o único transporte que tinham era um carro de madeira que andava puxado por bois ou uma vaca. Tinham doze filhos que não cabiam todos dentro de casa, por isso, os mais velhos dormiam em quartos fora de casa, junto ao beiral.

Tinham também uma vaca muito bonita, branca e preta, que se chamava Cuca, era ela que todos os dias de manhã, dava o leite para todos os meninos e meninas do Sr. Silva e da D. São.

Como havia muito trabalho na quinta, resolveram arranjar um empregado para ajudar nos trabalhos.

E certo dia apareceu na quinta do Cabo, um homem que se chamava Gil, a pedir trabalho. O Gil era muito, muito, muito grande, parecia um gigante, trazia uma sachola ao ombro, também muito maior do que as do Sr. Silva. Como havia muito trabalho na quinta, o Sr. Silva achou que com aquela sachola ele devia trabalhar mais do que os seus filhos todos juntos, e então contrataram o homem gigante para trabalhar na quinta.

O Gil era muito amigo das crianças, e por isso, os meninos andavam todos contentes com o Gil. Os dois filhos mais novos, o Bi e a Bá, eram gémeos e andavam sempre às cavalitas do Gil. Ele era tão forte que também conseguia pôr quatro meninos de uma só vez às cavalitas.

Perto da quinta havia um monte com uma gruta, onde vivia um monstro. Toda a aldeia tinha medo dele, porque ele apanhava as ovelhas, as vaquinhas, os bois e os porquinhos e levava-os para a gruta e nunca mais ninguém os via. Toda a gente da aldeia tinha muito medo do monstro.

O Sr. Silva e a D. São, não andavam nada contentes, porque o Gil comia muito, era preciso uma panela de sopa só para ele. Quando bebia, um copo de água não chegava, tinha que ser um garrafão de água de cada vez, porque o Gil era muito, muito, muito grande. Ao pequeno-almoço bebia muito leite, e a vaca Cuca, já não tinha leite que chegasse para todos.

O Gil dormia por cima do beiral, que é um sítio onde se guarda a palha para os animais comerem, porque ele era tão grande, que não cabia dentro das casas.

O Gil era tão grande e comia tanto que o Sr. Silva começou a pensar numa maneira de o mandar embora. Pensou, pensou... Até que lhe surgiu uma ideia: vou pôr fogo na palha do beiral, para ver se o Gil se vai embora. E assim fez, nessa mesma noite. Mas o Gil quando viu o fogo, começou a fazer xixi, e como ele era muito grande e bebia muita água, e muito leite, apagou o fogo.

Nesse dia de manhã muito cedo, o Sr. Silva foi para o monte com a vaca Cuca buscar um carro de mato, pois o mato servia para fazer a cama dos animais. Enquanto o Sr. Silva trabalhava, pensou: talvez o Gil já se tenha ido embora.

Quando acabou de cortar o mato, olhou à sua volta mas não viu a vaca Cuca. Chamou por ela muitas vezes - VACA CUCA! VACA CUCA! Mas a vaca não aparecia. Foi então que ouviu um barulho para os lados da gruta e percebeu que o monstro tinha apanhado a vaca Cuca. Desatou a correr e só parou na quinta, pois queria arranjar ajuda para salvar a vaquinha.

Estava o Gil a preparar-se para ir embora, pois achava que já não o queriam na quinta, quando viu o Sr. Silva a gritar que o monstro tinha levado a vaca Cuca. Os meninos mais pequenos ficaram muito tristes, pois era ela que dava o leite para eles beberem.

O Gil ficou com pena dos meninos e disse: eu vou ao monte buscar a vaca Cuca! Pegou numa grande corda, e lá foi ele. O Sr. Silva disse-lhe para ter cuidado, porque o monstro era muito grande.

Quando chegou perto da gruta, chamou: VACA CUCA! VACA CUCA! Foi então que ouviu a voz do monstro, que vinha do fundo da gruta e dizia: quem levou a vaca Cuca, também te vai levar a ti.

Mas o Gil era valente e não tinha medo, e por isso, respondeu: quem levou a vaca Cuca, vai ter que levar o carro do mato até à quinta do cabo!

E cheio de coragem, o Gil entrou dentro da gruta, agarrou no monstro, puxou-o para fora e amarrou-o ao carro do mato. Ainda voltou a entrar na gruta para ir buscar a vaca Cuca. E lá seguiram todos para a quinta, com o monstro a puxar o carro cheio de mato.

Quando chegaram à quinta o Sr. Silva nem queria acreditar no que estava a ver. O Gil não tinha medo nenhum do monstro, a vaca Cuca estava a salvo e o monstro vinha completamente amarrado. Agora, o monstro nunca mais podia fazer mal a ninguém. Toda a gente podia voltar a ir para o monte, fosse para trabalhar, para levar os animais ou para passear e brincar com os filhos. O perigo tinha desaparecido e tudo graças à coragem do Gil.

Os meninos agarraram-se à vaca Cuca, todos contentes, pois o Tó, um dos meninos, não tinha comido nada todo o dia com saudades da vaquinha e do leite que ela dava. Agora ela ia continuar a dar leite, todos os dias, para eles beberem.

Quando repararam, estava o Gil com a sua sachola ao ombro pronto para se ir embora. Todos lhe pediram para ficar, mas ele respondeu, que a sua missão já tinha terminado, tinha feito uma boa acção, livrado aquela aldeia do monstro e como o leite que a vaca Cuca dava e a comida não chegava para todos, ia seguir viagem e arranjar trabalho noutra aldeia.

O Sr. Silva agradeceu-lhe e desejou-lhe boa viagem. As crianças mais pequenas, acompanharam-no até ao fim da quinta a saltitar. O Gil deu umas voltas com o Bi, a Bá e a Àli às cavalitas e assim se despediram do Gil que era muito, muito grande, e tinha um coração do tamanho do mundo!


FIM

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Feliz Aniversário, Lua

Uma noite, o ursinho Bino olhou para o céu e pensou, “como seria bom dar um presente de
aniversário para a lua”.
Mas Bino não sabia quando era o aniversário da lua, nem o que dar de presente para ela.
Então ele subiu numa árvore bem alta para conversar um pouquinho com a lua.
“Oi, lua!”, ele disse:
Mas a lua não respondeu.
“Talvez eu esteja muito longe”, pensou Bino, “e, por isso, a lua não consiga me ouvir”.
Então Bino atravessou o rio... e andou pela floresta...
Até chegar ao topo das montanhas.
“Agora já estou bem próximo da lua”,
Calculou Bino, e mais uma vez chamou:
“Olá!”
Dessa vez, sua própria voz ecoou pelo vale:
“Olá!”
Bino ficou muito feliz.
“Nossa!”, pensou, “estou conversando com a lua”.
“Diga-me”, perguntou Bino,
“quando é o seu aniversário?”
“Diga-me, quando é o seu aniversário?”, respondeu a lua.
“Ora, por acaso o meu aniversário é amanhã!”, disse Bino.
“Ora, por acaso o meu aniversário é amanhã!”, disse a lua.
“Que presente você gostaria de receber?” perguntou Bino.
“Que presente você gostaria de receber?” perguntou a lua.
Bino pensou por um instante, e então respondeu:
“Eu gostaria de um chapéu”.
“Eu gostaria de um chapéu”, disse a lua.
“Que bom, que bom!”, pensou Bino. “Agora eu sei o presente de aniversário que darei à lua”.
“Adeus”, disse Bino.
“Adeus”, disse a lua.
Ao chegar em casa, Bino retirou todo o dinheiro do seu cofrinho.
Depois foi até a cidade... e comprou um belo chapéu para a lua.
Naquela noite, Bino colocou o presente no alto de uma árvore, onde a lua poderia encontrálo.
E ficou esperando enquanto a lua, devagarinho, se aproximou entre os galhos e
experimentou o chapéu.
“Viva!”, gritou Bino. “Ficou ótimo!”
Durante a noite, enquanto Bino dormia, o chapéu caiu da árvore.
Pela manhã, Bino o encontrou no chão.
“Então, a lua também me deu um chapéu!”, exclamou Bino. Experimentou o chapéu e viu
que lhe ficava muito bem.
Mas, de repente, o vento soprou e o chapéu voou de sua cabeça. Bino correu...
Mas o chapéu fugiu.
Naquela noite, o ursinho atravessou o rio...e andou pela floresta... para conversar com a lua.
Passou um bom tempo e a lua não falou nada.
Bino, então, falou primeiro.
“Olá!”, chamou.
“Olá!”, respondeu a lua.
“Eu perdi o lindo chapéu que você me deu”, disse Bino.
“Eu perdi o lindo chapéu que você me deu” disse a lua.
“Mas não faz mal. Mesmo assim, eu ainda gosto de você!”, disse Bino.
“Mas não faz mal. Mesmo assim, eu ainda gosto de você!”, disse a lua.
“FELIZ ANIVERSÁRIO!”, disse Bino.
“FELIZ ANIVERSÁRIO!”, disse a lua.

Frank Asch
Editora Global