sábado, 21 de agosto de 2010

Fábulas de La Fontaine

A morte e o desgraçado
A ave que uma seta ferira
A raposa e a cegonha
A cigarra e a formiga
O corvo e o queijo
A galinha dos ovos de ouro
O carvalho e o caniço
O lobo e o cordeiro
O homem de meia-idade e duas damas suas
O galo e a pérola
A rã que quer quadrar c'o boi na corpulência
A ave que uma seta ferira Cravada mortalmente,
Por alado farpão, seu fado mísero
Uma ave deplorava:
Sofrendo em dor acréscimo dizia:
"Contribuir nós mesmas
Em nosso próprio dano! - Homens iníquos
Tirais nossas asas
Com que as farpas mortais o vôo estirem!
Mas não zombeis de nós, ímpia progenie;
Que sorte a nossa igual, se vos departe!
Dos filhos de Japet sempre a metade
Deu armas contra a outra."




O Carvalho e o Caniço O Carvalho, ao Caniço, disse um dia:
(Carvalho) Bem tens que te queixar da natureza,
Que c'os pés d'um picanço, frágil vergas;
Um bafejo de vento, quanto baste
A encrespar a flor da água, te assoberba;
Enquanto, igual ao Cáucaso, eu co'a fronte,
Não farto de atalhar ao Sol os raios,
Dos negros vendavais arrosto as fúrias.
Nórtias, com que anceias, são meus zéfiros.
Se ao menos te abrigarás com essas folhas,
Que esses contornos cobrem,
Tanto não padecerás;
E eu contra os temporais te dera amparo
Mas vocês nascem n'essas ribas úmidas
Aos escarcéus do vento avassaladas...
Com vocês foi injusta a Natureza.
(Caniço) Vem de boa alma o dó, que de mim
mostras;
Mas cesse esse cuidado.
Menos que a ti me é temeroso o Vento;
Que eu curvo-me e não quebro. Tu tégora,
Sem vergares o tronco, há resistido
As mais rijas refregas.
Vejamos até o fim. - Palavras ditas,
Eis do horizonte arranca furioso
O mais terrível filho,
Que o Norte, em seus quadris téqui trouxera.
Verga o Caniço, tesa-se o Carvalho;
Reforça o repelão o vento, e alcança
Descarnar a raiz de quem ufano
Roçava os Céus co'a fronte,
Co's pés calcava o inferno.




A galinha dos ovos de ouro Tudo perde a Avareza
Quando quer ganhar tudo.
Para abono, só tomo essa Galinha
Fabulosa, que punha os ovos de ouro.
Crendo o dono que tinha
No ventre dela um tesouro,
Matou-a, abriu-a, e viu-a igual as outras,
Que ovos comuns lhe punham. - Defraudou-se
Do melhor bem que tinha
Que lição para Mirras*!
N'esta era o vimos. Pobres d'ontem a hoje,
Por sôfregos de ser, d'um pulo, ricos.

* Chamamos Mirras aos avarentos, porque deles
se não dira
mais chorume do que da mirra.




O homem de meia-idade as duas damas suas Com meia idade, e já meio-grisalho
Certo homem assentou, que já era tempo
De cuidar n'uma esposa. Ora ele tinha
Cum quibus;
E quem os tem escolhe ao tabuleiro. -
Todas em agradar-lhe se esmeravam;
Mas não tinha tanta ânsia o Namorado:
No acerto estava o ponto.
Quem mor quinhão porém tinha em seu seio
Duas viúvas eram:
Uma já bem-madura, outra inda verde.
A madura, com arte, remendava
Estragos da Natureza.
Ambas rindo com ele, ambas brincando,
Animando, anediando-lhe o cabelo,
Tirava a Velha quantos pretos via,
Para ajeitar o amante à sua idade;
A Moça, com mais gana se ia aos brancos.
Tal recado se deram na melena,
Que ficou nua. - O tal, que deu fé da obra:
(Hom.) Senhoras, que tão bem me
encalvecesteis,
Mais ganhei, que perdi. Dou-vos mil graças.
De esposar não tratemos;
Que entendi da calvice, que cada uma
De vós quer, que a seu gosto,
E não ao meu, eu viva.
Calvo ou não calvo, fico-lhe obrigado
Da lição que me deram.



O lobo e o cordeiro Melhor razão foi sempre do mais forte;
Já o ponho em pratos limpos.
Na clara veia d'um regato a sede
Um cordeiro matava.
Chega esfaimado um Lobo, andando a corso
(Lobo) Quem te deu auso (diz em raiva
aceso)
De vires enturvar a água que eu bebo?
(Cord.) Oh não se agaste Vossa Majestade,
Mas antes considere,
Que além de passos vinte, estou mais baixo,
Bebendo na corrente
E não posso turvar-lhe, em conseguinte,
Por modo algum a veia aonda bebe.
Lobo) Que a enturvas digo: e sei que o ano
passado
Disseste mal de mim.
(Cord) Como o podia
Eu, que nato não era; eu, que ainda mamo?
(Lobo) Pois disse-o teu irmão, se o não
disseste.
(Cord.) Não tenho irmão.
(Lobo) Pois disse-o um teu parente.
Que vós, e vossos cães, vossos pastores,
Nao me poupais em ditos
Ouvi-o a muitos; tenho de vingar-me.
- N'sto, ao cerrado mato o leva o Lobo;
sem mais processo o come.




A morte e o desgraçado De feixes de Montano assoberbado
Pobre Matteiro, que co'a carga verga
Vinha gemendo, a passos mal seguros,
Em busca da palhoça fumarenta.
Mais nao podendo já, débil, anciado,
Deita os feixes no chão, recorda penas.
(Mat) Soube eu, desde que hei nascido, o que
era gosto?
Há quem mais pobre que eu, no mundo seja?
Nunca hora de descanso, e o pão nem
sempre!
Mulher, filhos, tributos e soldados
Credor, lavor sem paga
São a pintura cabal d'um desgraçado.
A Morte chama, - e a Morte não remacha; -
Ei-la - a que lhe pergunta:
(Morte) Que desejas de mim?
(Mateiro) Que me ajudes, e muito diligente,
A por-me às costas estes feixes todos...



A rã que quer quadrar c'o boi na corpulência Vira uma rã um boi formoso e nédio, E ela, que em seu talhe (ao muito) um ovo
iguala,
Estende-se, invejosa, incha-se, esforça-se,
Quer é o boi confrontar-se.
Já diz: "Mana, olhai bem: hombeio c'o ele?
Ou falta quasi nada?"
(Mana) Nada. (Rã) Eis-me agora.
(Mana) Nem por sombras. - Fez tanto a tal
brutinha,
Que enfim arrebentou.
De almas tão parvoas anda o mundo cheio.
Um burguês quer palácio, como um duque;
Quer cada principote embaixadores;
cada marquês quer pagens.



A raposa e a cegonha O compadre raposo fez seu gasto,
E à comadre Cegonha deu convite;
Convite apoucadinho, e sem amanho:
Umas papas. - Não vivia o Raposo
A la grande.
E n'um prato as tais papas pôs na mesa.
C'o longo bico seu picava o prato
A cegonha, mas nada recolhia.
Gil Raposo, co'a língua varredoida,
O prato alimpa em duas lambedelas. -
Por se vingar do logro,
Deixa passar uns tempos,
E convida a Cegonha. Eis ele logo:
(Rap.) Com muito gosto. Eu cá, c'os meus
amigos
Cerimônias não uso.
- A hora-dada, à casa vai correndo
Da hospeda Cegonha.
Louva-lhe a cortesia; - bem guizada.
E a ponto acha a comida.
Nunca a Raposos falha a boa gana.
Já só c'o cheiro lhe regala a cerne
Cortadinha em miúdos comesinhos.
Não stá aí tudo. - Acod um embeleco,
Que é vir à mesa a carne
N'um vaso de gargalo mui comprido. -
E a Comadre ir picando
C'o bico até ao fundo;
Mas a tromba de Gil tendo outro talhe,
Foi-lhe força em jejum voltar a toca
Tão vergonhoso e murcho
C'o rabinho entre as pernas, cabisbaixo, Qual Raposo agarrado por galinhas.
Burlões, convosco falo:
Esperai outro tanto.



A Cigarra e a formiga A Cigarra, a cantar passara o estio;
Eis que assopra o Nordeste, e se acha balda;
Sem migalha de mosca, nm de verme.
Vai, gritando lazeira,
A Formiga, pedir, sua vizinha,
Que lhe empreste algum grão para ir
vivendo,
Té que a nova Estação, bem-vinda, aponte.
Diz-lhe: "A fé de Cigarra, antes de agosto.
Pagarei tudo, principal e juros."
Não ser fácil no empréstimo,
É na Formiga a mácula mais leve.
Com que diz a que vem pedir emprestado:
"Em que lidavas do calor na quadra?"
(Cig.) Ai! faça-me favor. eu, noite e dia,
Cantava a quantos iam, quantos vinham.
(Form) Cantavas? Muito folgo. Dança agora.




O Corvo e o queijo A Ambrosio Corvo, empoleirado na árvore,
Com um queijo no bico,
Gil Raposo, que mui lampeiro acode
Ao faro, quase, quase que assim fala:
"Bons dias, Senhor Corvo,
Como é guapo! Que lindo me parece!
Bofé, se a voz tem garbo igual às plumas,
Nao há Fênix tal nessas redondezas."
- Não cabe em si de gaudio, ao logro, o Corvo.
Abre de par em par o bico, e cai o queijo.
Logo o raposo o empolga.
"Aprenda (assim lhe diz) meu Senhorzinho,
Que todo Lisonjeiro
Vive à custa de quem lhe dá ouvidos.
Certo, que esta lição bem vale um queijo!"
Triste e torvado o Corvo,
Jurou (mas tarde!) não cair mais n'outra.



A galinha dos ovos de ouro Tudo perde a Avareza Quando quer ganhar tudo.
Para abono, só tomo essa Galinha
Fabulosa, que punha os ovos de ouro.
Crendo o dono que tinha
No ventre dela um tesouro,
Matou-a, abriu-a, e viu-a igual as outras,
Que ovos comuns lhe punham. - Defraudou-se
Do melhor bem que tinha
Que lição para Mirras*!
N'esta era o vimos. Pobres d'ontem a hoje,
Por sôfregos de ser, d'um pulo, ricos.
* Chamamos Mirras aos avarentos, porque deles
se não dira
mais chorume do que da mirra.


O galo e a pérola
Deparou c'uma pérola o Galo um dia;
Foi ter c'um lapidário:
(Galo) Eu fina a julgo
Mas dera maior valor a um grão de milho.
- Leva ao livreiro um manuscrito um néscio:
(Nesc.) Tenho-o por bom; mas creio que um
cruzado
Mais préstimo me tem, que o melhor livro.
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sexta-feira, 20 de agosto de 2010

O gigante que não tinha coração

Era uma vez um rei q tinha sete filhos. Ele estava muito doente e precisava ser substituido, mas queria primeiro ver os filhos casados para depois escolher quem seria seu sucessor. Resolveu dar um cavalo para cada filho para que fossem procurar esposas, já que onde moravam não havia mulheres. Pediu ao mais novo que ficasse com ele para ajudá-lo no castelo e ele concordou, mas o rei pediu que os irmãos trouxessem uma esposa para o mais novo.
Os seis filhos partiram, cada um com seu cavalo e um pouco de comida. Foram em direção da floresta e começaram a procura das esposas. Andaram muitos dias e nada, a fome já estava ficando enorme, pois a comida acabara. De repente, viram ao longe uma luz acesa e se dirigiram para lá. Era um lindo castelo e eles bateram na porta e foram atendidos por um criado. Perguntaram se o rei estava e ele disse que sim. Pediu que entrassem e chamou o rei para falar com eles, pois achou-os muito sujos e esquisitos. Quando o rei chegou, eles contaram porque estavam tão sujos e a verdade sobre a busca de esposas. O rei mandou que tomassem banho, deu-lhes roupas limpas e convidou-os para jantar. Assim fizeram e, qual não foi a surpresa de todos, quando entraram no salão e viram, em volta da mesa, seis lindas jovens. Ficaram muito felizes e pediram ao rei se podiam desposar suas filhas. Ele concordou e, cada um, escolheu a sua preferida. Viveram um tempo no castelo até o casamento, mas depois pediram ao rei para irem ver o pai que os esperava para escolher o sucessor. Assim, despediram-se do rei e foram embora cada um no seu cavalo com a esposa atrás. Nem se lembraram do irmão mais novo. Andaram bastante, até um deles resolver cortar caminho por um atalho e todos concordaram, para encurtar a viagem. Porém, neste caminho morava um Gigante, o gigante sem coração, em uma gruta.Quando eles passaram por ela o gigante fez com que eles virassem estátuas de pedras com seus cavalos e esposas.
O rei, pai deles, estava cada dia mais doente e eles não davam notícia. O filho mais novo(parvo ou simplório), com pena do pai, resolveu que iria procurar os irmãos. O pai pediu que ele não fosse porque só havia uma égua velha no castelo e ele não chegaria a lugar nenhum. Mas ele estava disposto e montou na égua somente com um pedaço de pão para a viagem. Despediu-se do pai prometendo trazer os irmãos de volta ao castelo.
Lá se foi o rapaz andando pela floresta, andou muito até que resolveu sentar-se embaixo de uma árvore e comer um naco do seu pão. Quando comia ouviu uma voz que pedia se ele daria um pedaço para ele. Olhou e viu um Corvo no galho, tirou um naco do pão e deu ao corvo. Este agradeceu e disse-lhe que quando precisasse dele, era só chamar que ele o ajudaria. Ele agracedeu e seguiu viagem. Andou mais e mais e, novamente resolveu descansar, só que estava perto de um riacho e sentou-se na relva, mas logo escutou um gemido e, quando olhou era um Salmão que estava fora dágua se debatendo. Ele pegou-o e colocou dentro do riacho. O salmão disse-lhe que se precisasse dele era só chamar, e mergulhou. Ele continuou sua viagem, mas a égua já não se aguentava mais de pé, ele quase a levava nas costas, mas perto de uma estrada ele avistou um Lobo. Teve medo, mas logo o lobo disse que era amigo e só precisava comer pois a fome era muita. Pediu a ele que lhe desse a égua para comer e ele lhe ajudaria no que precisasse. O rapaz ficou sem saber o que fazer, mas realmente a égua estava mais morta do que viva e ele contou ao lobo porque estava viajando e, esse, na mesma hora, disse saber onde estavam seus irmãos. Sendo assim, ele concordou que o lobo comesse a égua. Após seu banquete, o lobo se fortaleceu e mandou que o rapaz montasse no seu lombo. Assim que ele montou, o lobo saiu em disparada e, rapidamente, chegou a gruta onde estavam os irmãos estátuas. Ele ficou sem saber o que fazer, mas o lobo disse que entrasse na gruta porque aquela hora o Gigante estava fazendo suas maldades. O lobo ficou na porta da gruta tomando conta para avisá-lo quando o gigante chegasse.
Quando o rapaz entrou na gruta teve uma surpresa, pois, sentada numa cama, estava um linda moça. Ele perguntou quem era ela e soube que estava ali pois o gigante sem coração que morava na gruta a tinha roubado de seus pais ainda criança e ela só sairia dali quando alguém encontrasse o coração do gigante e conseguisse matá-lo. O rapaz ficou em pânico, mas ela teve a idéia dele se esconder embaixo da cama e, quem sabe, descobririam onde estava o coração do gigante. Assim fizeram. Quando o Gigante chegou, sentiu cheiro de carne humana e teve um ataque, pois queria comer quem estivesse ali, mas a moça disse que eram ossos que os corvos tinham deixado cair. Ele jantou e foi deitar-se. A moça começou a conversar com ele e perguntar onde estava seu coração. Ele riu muito e disse que estava logo ali na soleira da porta, enterrado. Pela manhã, quando o Gigante saiu, eles foram cavucar a terra da soleira, mas não encontraram nada de coração. Para o gigante não perceber, encheram de flores a soleira da porta. Quando ele chegou ficou irritado, pois não gostava das flores. A moça disse que era para alegrar a casa, mas ele churtou as flores para fora da gruta. À noite foi tudo igual e o gigante disse que mentira e o coração estava dentro do armário do quarto. Pela manhã, eles começaram a busca no armário, mas nada encontraram. Ficaram decepcionados, mas pegaram mais flores e enfeitaram o armário com guirlandas.Mais uma vez o Gigante se enfureceu.Mas não desistiram. Naquela noite a moça foi muito meiga com o gigante, e ele já irritado com a mesma pergunta todos os dias disse : Ninguém encontrará meu coração, porque está dentro de uma Igreja que tem um Poço no meio e dentro do poço tem um Pato e dentro do pato tem um Ovo e dentro do ovo está meu Coração. Como pode perceber é impossível alguém achá-lo. Pela manhã eles estavam tristes, mas o rapaz resolveu tentar achar a Igreja e contou tudo para o lobo, seu amigo. Este, disse para ele montar no seu lombo, que rapidamente estariam na Igreja. Assim foi feito, e logo o rapaz avistou a Igreja. Chegando perto, viram que estava fechada e a chave estava no alto e não conseguiam pegar. Na mesma hora ele lembrou-se do Corvo da estrada e para sua surpresa este apareceu e pegou a chave na parede e deu-lhe para que abrisse a Igreja. Lá dentro ele viu logo o Poço e chegou perto, mas era muito fundo e o Pato nadava lá embaixo. Tentou puxá-lo com dificuldade, mas quando segurou o pato o Ovo caiu no fundo do Poço. Ele ficou desesperado, mas para sua surpresa viu que o Salmão estava dentro do Poço e pegara o Ovo para ele. Ficou radiante com o Ovo nas mãos, mas o lobo lhe disse que, primeiro ele teria que mandar o gigante retirar o feitiço dos seus irmãos e depois ele o mataria. Ele apertou o coração e o gigante gritou. O lobo foi até ele e contou que o rapaz estava com seu coração nas mãos e que ele teria que desfazer as estátuas e mandá-los embora. Quando o lobo voltou, o rapaz apertou com força o Ovo e o Gigante morreu. Eles voltaram até a Gruta, para ver se a moça ainda estava lá e, para felicidade do rapaz, ela estava ainda sentada na cama.Seus irmãos já tinham partido. Ele pediu que ela fosse com ele para conhecer seu pai e ela aceitou. Os irmãos, já tinham chegado ao Castelo e contaram muitas mentiras ao pai, inclusive que, realmente não encontraram o irmão e não tinham trazido esposa para ele por só encontrarem as seis. O pai ficou muito triste pois amava o seu caçula. Porém, no dia seguinte, para surpresa de todos, o rapaz chegou com a linda moça, montados no Lobo. O pai não entendeu nada e então, ele contou toda a história que havia vivido e que fora ele que salvara os irmãos e as esposas deles. O pai ficou radiante, mesmo estando doente, quis festejar o acontecimento e disse que ele seria o seu sucessor e a moça a rainha. Quem ficou mais feliz foi o Lobo que passou a viver com eles no castelo, mas os irmãos ficaram tristes, porque dali em diante tiveram que ser somente empregados do castelo junto das esposas.

Fonte : irmãos Grimm

Os três fios de ouro do cabelo do diabo

Era uma vez, uma pobre mulher que teve um filhinho, e porque ele nasceu envolto numa membrana-da-sorte, foi-lhe profetizado que, aos quatorze anos, ele receberia a filha do rei por esposa.
Pouco tempo depois, o rei chegou à aldeia , e ninguém sabia que ele era o rei. Quando ele preguntou às pessoas o que havia de novo por ali, elas responderam:
- Um dia destes, uma mulher deu à luz uma criança empelicada. Qualquer coisa que uma criança dessas empreender, sempre dará certo e lhe trará sorte. E também foi profetizado, que, aos quatorze anos, ele receberia a filha do rei como esposa.
O rei, que tinha o coração perverso, ficou irritado com essa profecia , foi até aos pais , fingindo muita bondade, e disse:
- Pobre gente que vocês são, já têm tantos filhos que podem me entregar esse para que eu cuide dele.
No começo os pais recusaram, mas como aquele homem estranho lhes oferecia grande soma em dinheiro, eles pensaram: – Nosso filho é uma criança-de-sorte, isso deve ser para o seu bem, e concordaram de entregar o filho ao homem.
O rei colocou-o dentro de uma caixinha e saiu cavalgando com ele, até chegar a uma água bem funda. Então, jogou a caixa na água, pensando: Deste pretendente minha filha está livre!
Mas a caixinha não afundou, flutuou como um barquinho, sem deixar passar para o bebê nem uma gota de água. Assim, foi navegando até bem longe do reino, onde havia um moínho, em cuja barragem ficou presa. Um aprendiz de moleiro, que por sorte estava por ali e viu a caixa, puxou-a para fora com um gancho, pensando que encontrara algum tesouro. Quando ele olhou na caixa, viu um lindo menino dentro dela, muito bem disposto. Então, levou-o ao casal de moleiros, e como eles não tinham filhos, ficaram muito contentes e disseram:
- Deus nos mandou um presente.
Eles cuidaram bem da criança e ele cresceu e se criou com muito caráter e sempre ajudando os pais.
Aconteceu que, num dia de tempestade, o rei entrou no moínho para esperar a tempestade passar e viu o rapaz. Perguntou aos moleiros se era seu filho.
- Não, responderam eles, ele é um enjeitado. Há quatorze anos ele chegou aqui na barragem dentro de uma caixa, nosso aprendiz o tirou da água e nós o criamos como filho.
Neste momento o rei teve certeza que era a criança que jogara na água, ele disse:
- Minha boa gente, será que este rapaz poderia levar uma carta para a raínha? Eu lhe darei duas moedas de ouro como pagamento.
Os moleiros, submissos, responderam, como o senhor rei ordenar e mandaram o rapaz se preparar.
O rei escreveu uma carta à rainha, na qual dizia: Assim que este rapaz, portador desta carta, chegar, ele deverá ser morto e enterrado, isso deverá ser feito antes da minha volta.
O rapaz Pôs-se a caminho com a carta no alforge, mas perdeu-se e chegou ao anoitecer numa floresta. Wle viu uma pequena luz ao longe e dirigiu-se para lá, era uma casinha pequena. Ele entrou, porque a porta estava aberta, e, lá dentro viu uma velha sentada junto ao fogo. Ela assustou-se e perguntou:
- De onde você vem e para onde você quer ir?
- Venho do moínho, disse ele, vou procurar a senhora raínha , a quem devo entregar uma carta. Porém, como me perdi na floresta, gostaria de passar a noite aqui.
- Pobre garoto, disse a velha, você veio parar numa casa de salteadores. Quando eles voltarem vão matá-lo.
- Pode vir quem quiser, disse o rapaz, eu não tenho medo. Estou tão cansado e não posso mais andar. Ele se espichou num banco e adormeceu.
Logo depois dele ter dormido chegaram os salteadores e perguntaram , furiosos, quem era o estranho deitado alí e dormindo?
- Ora, disse a velha, é apenas um inocente que se perdeu ma floresta e eu deixei que ficasse aqui para descansar, porque ele vai levar uma carta para a raínha.
Os salteadores foram no alforge do rapaz e pegaram a carta e leram o que estava escrito. Então, eles sentiram dó do rapaz e escrveram outra carta, dizendo que assim que o rapaz chegasse , devia casar com a princesa , filha do rei.
Pela manhã o rapaz agradeceu e seguiu viagem sem saber que as cartas foram trocadas do seu alforge.
Quando chegou ao palácio deu a carta à raínha que a leu e fez o que rei ordenava. Mandou preparar uma grandiosa festa de casamento e a princesa casou-se com o rapaz filho-da-sorte.Ela gostou porque o rapaz era belo e educado.
Passado algum tempo, o rei voltou e viu que sua filha estava casado com o rapaz que ele mandara matar.
Chamou a raínha e perguntou: – Como foi que isso aconteceu? Eu dei outra ordem na carta que mandei.
Porém, a raínha lhe mostrou a carta que recebera e disse que ele podia ler o que estava escrito. O rei leu e logo percebeu que a carta havia sido trocada. Chamou o rapaz e perguntou o que acontecera com a outra carta que ele lhe entregara.
Eu não sei de nada disse o rapaz. Só se foi trocada na noite que dormi na floresta.
Raivoso o rei falou:
- Isto não vai ficar assim. Quem quiser a minha filha , terá de trazer-me do inferno, três fios de ouro da cabeça do diabo.Se você conseguir ficará com a princesa.
O rei esperava livrar-se de vez do rapaz, mas o filho-da-sorte respondeu: – Vou buscar os cabelos de ouro. Não tenho medo do diabo.
Dizendo isso, o rapaz despediu-se da princesa e começou sua busca.
O caminho levou-o a grande cidade , onde o guarda do portão lhe perguntou qual era o seu ofício e o que ele sabia .
- Eu sei tudo, – respondeu o filho-da-sorte.
- Então, você pode fazer-nos um favor, – disse o guarda, explicando-nos por que o poço da nossa praça do mercado, que sempre fez brotar vinho , agora está seco e não nos dá nem água.
- Isso vocês vão saber quando eu voltar. Esperem por mim.
O rapaz continuou seu caminho e chegou a outra grande cidade. Lá os guardas do portão também lhe perguntaram qual era o seu ofício e o que ele sabia.
- Eu sei tudo, – respondeu o filho-da-sorte.
- Então, você poderá fazer-nos um favor, explicando-nos por que razão uma árvore que temos nesta cidade, que sempre deu maçãs de ouro, agora não nascem nem mesmo folhas.
- Isso vocês ficarão sabendo quando eu voltar. Esperem por mim. E continuou seu caminho, até que chegou a um grande rio que precisava atravessar. O barqueiro perguntou-lhe por que ele sempre tinha que ir e vir e nunca podia se libertar do barco.
- Isso você ficará sabendo quando eu voltar. Esper por mim.
- Atravessou o rio com o barqueiro e encontrou a entrada do inferno. Lá dentro estava tudo escuro e o diabo não se encontrava em casa, mas para sua surpresa a sua avó estava sentada numa grande poltrona e lhe perguntou quando o viu.
- O que você quer? perguntou ela mansamente e com bondade.
- Eu gostaria de ter três fios de ouro da cabeça do diabo, senão perderei minha esposa.
- Isso é querer muito, – disse ela. Quando o diabo voltar e o encontrar aqui, você vai se dar mal. Mas tenho dó de você e vou tentar ajudá-lo.
Então, ela o transformou em formiga e disse:
- Esconda-se na barra da minha saia, você ficará seguro.
- Sim, disse ele, isto já é bom, mas eu gostaria de saber três coisas também: por que o poço que dava vinho não dá mais; por que a árvore que dava maçãs de ouro também está seca e por que o barqueiro tem sempre de estar indo e vindo, sem nunca poder se libertar?
Essas são perguntas difíceis, mas fique bem quieto e preste atenção no que o diabo disser quando eu lhe arrancar os três cabelos de ouro.
Quando anoiteceu, o diabo chegou em casa e percebeu cheiro de carne humana. Espiou por todos os lados , mas nada encontrou. A avó brigou com elepor ter desarrumado toda a casa e mandou que sentasse para jantar.
Depois de comer muito e beber o diabo pediu que a avó catasse seus piolhos. Não demorou muito e ele adormeceu. A velha aproveitou e puxou um fio do cabelo e guardou no bolso do avental.
- Ai! Gritou o diabo, – o que está fazendo?
- Tive um mal sonho e me agarrei nos seus cabelos.
- O que foi que sonhou?
- Sonhei que um poço de uma cidade que dava vinho secou. Por que será?
- Ah, se eles soubessem que é um sapo que está escondido no fundo eles o matariam e voltavam a ter vinho.
A avó continuou catando os piolhos até que ele dormiu novamente e ela arrancou outro fio de cabelo e colocou no bolso do avental.
- Ui! O que está fazendo agora? Gritou ele zangado.
- Meu neto, tive outro sonho estranho.
- E o que você snhou?
- Sonhei que num certo reino, havia uma árvore que dava maçãs de ouro e agora não dá nem folhas.
- Se eles soubessem! disse o diabo. É um rato que está roendo a raiz da árvore e se o matarem tudo voltará a ser como antes. Mas vovó se me acordar de novo dou-lhe um bofetão!
- A avó acalmou-o, catou-lhe mais piolhos e ele voltou a dormir. Aí ela arrancou o terceiro fio de cabelo e colocou no bolso. O diabo deu um pulo do seu colo berrou que ia fazer e acontecer, mas ela pediu desculpas pois tinha tido outro sonho esquisito.
- Qual foi o sonho desta vez?
- Bem, sonhei com um barqueiro que reclamava de viver indo e vindo sem poder se libertar.
- Ora, o bobalhão tem que aproveitar quando vier alguém andar no seu barco ele aproveita e dá o remo na mão da pessoa e ele ficará livre pulando na margem.
Como a avó já conseguira arrancar os três fios de cabelo e sabido as respostas às três perguntas, ela deixou-o dormir sossegado.
Pela manhã quando o diabo saiu para fazer suas maldades, a velha tirou a formiga da barra da saia e fez o rapaz voltar a sua forma humana.
- Aqui tem três fios do cabelo de ouro do diabo e as respostas você deve ter ouvido.
- Sim, respondeu o rapaz, escutei tudo e não me esquecerei.
Ele agradeceu muito a velha avó pela ajuda, e saiu do inferno, bastante contente por ter tanta sorte. Quando chegou à margem o barqueiro logo perguntou se ele tinha alguma resposta.
- leve-me primeiro para a outra margem e vou lhe dizer como você poderá se libertar.
Quando desceu do barco disse ao barqueiro como se livrar. Era só colocar o remo na mão de quem estivesse no barco.
Ele continuou seu caminho de volta e chegou na cidade da árvore e disse : Matem um rato que rói a raiz da árvore e tudo voltará a ser como antes. O guarda lhe agradeceu e deram-lhe de recompensa dois burros carregados de ouro.
Ele andou mais e chegou na cidade do poço. Disse ao guarda que matassem o sapo que havia no fundo e teriam vinho novamente.O guarda agradecido lhe deu mais dois burros carregados de ouro.
Finalmente o filho-da-sorte chegou ao palácio e pode encontrar sua mulher que o esperava e ficou muito feliz dele ter conseguido trazer os três fios de ouro do cabelo do diabo.
Ele entregou os três fios ao rei e quando o rei viu os quatro burros cheios de ouro, ficou muito contente e disse que ele podia ficar casado com sua filha. Porém, disse o rei, quero que você me diga de onde vem todo este ouro?
- Bem, disse o rapaz, atravessei o rio e peguei o ouro ali, na margem.
- Será que eu também posso ir buscar um pouco deste ouro? Perguntou o rei ambicioso.
- Quando o senhor quiser, respondeu o rapaz. Há um barqueiro que vai levá-lo para a outra margem, onde poderá encher muitos sacos de ouro.
O rei ganancioso resolveu partir sozinho e com pressa. Chegou e viu o barqueiro pedindo para atravessá-lo. O barqueiro quando chegou na outra margem pegou o remo e colocou na mão do rei e pulou rápido para a margem. E o rei, desde então, virou barqueiro indo e vindo de lá pra cá e de cá pra lá.



Um conto dos irmãos Grimm

O Rei Sapo

Era uma vez, um rei cujas filhas eram todas belas, mas a mais nova era tão linda que chegava a incomodar as outras.
Perto do castelo havia um grande bosque, e no bosque, debaixo de uma árvore, havia um poço.
Quando fazia dia quente, a filha mais nova do rei saía para passear no bosque e sentava-se à beira do poço. Quando a princesinha se entediava, pegava uma bola de ouro e jogava-a para cima para apanhá-la de novo, era sua brincadeira favorita.
Mas aconteceu, certa vez, que a bola de ouro da princesa não caiu na sua mão e, sim, dentro do poço.O poço era fundo, tão fundo que não se via seu fim. Então, ela começou a chorar e chorava cada vez mais alto. De repente, ouviu uma voz que dizia:
- O que foi que aconteceu com a filha do rei? Por que choras tanto?
Ela olhou em volta, procurando de onde vinha aquela voz, e viu então, um sapo, que punha sua grande e feia cabeça para fora dágua.
- Ah, és tu, velho sapo? disse ela. Estou chorando por causa da minha bola de ouro que caiu no fundo do poço.
- Sossega e não chores, respondeu o sapo, eu posso te ajudar. Mas o que me darás em troca se eu devolver a tua bola?
O que tu quiseres, querido sapo disse ela, – meus vestidos, minhas jóias e também esta coroa de ouro que estou usando.
O sapo respondeu;
- Teus vestidos, tuas jóias e tua coroa, eu não quero. Mas se aceitares gostar de mim, para eu ser teu companheiro na hora de brincar e sentar-me a teu lado à tua mesa, comer no teu prato e beber na tua taça e dormir na tua cama! Se me prometeres isso, eu descerei para o fundo do poço e te trarei de volta a bola de ouro.
- Está bem, disse ela, eu te prometo tudo isso, mas vá buscar minha bola de ouro. Mas ela pensou consigo mesma, que bobagens fala esse sapo simplório, como pode ser meu companheiro se vive sempre dentro da água?
O sapo quando ouviu a resposta, mergulhou de cabeça no poço, desceu ao fundo e voltou trazendo a bola de ouro da princesa.
A princesa tão logo pegou a bola saiu correndo para o Castelo.
O sapo gritou leva-me contigo, eu não posso correr tão depressa!
Mas ela não lhe deu atenção, apressou-se para chegar em casa, trancar a porta, e logo esqueceu o pobre sapo.
No dia seguinte, quando ela, estava à mesa com o rei e toda a família e comia no seu pratinho de ouro, eis que alguma coisa , veio se arrastando, subindo pela escadaria de mármore do Castelo. Era o sapo, que quando chegou em cima, bateu na porta e gritou:
- Filha do rei, a mais nova abre para mim!
Ela correu para ver quem era e quando abriu a porta e viu que era o sapo, bateu com a porta e voltou a sentar-se com muito medo.
O rei percebeu que ela estava muito nervosa, e disse:
- Minha filha, de que tens medo? Há algum gigante na porta querendo te levar?
- Oh, não, mas é um sapo nojento.
- E o que este sapo quer de ti?
- Ah, meu pai querido, ontem estava brincando com minha bola de ouro e ela caiu no poço. Como eu chorava muito, o sapo foi buscá-la para mim, mas exigiu ser meu amigo de brincadeiras. Eu prometi porque achei que ele não poderia viver fora dágua. Agora está lá fora querendo entrar aqui.
Enquanto isso lá fora o sapo batia na porta e gritava:
Princesa, a mais nova
abre a porta para mim!
lembras o que ontem
prometeste a mim,
lá junto do poço?
prometeste, sim!
princesa, a mais nova
abre a porta para mim!
Então o rei disse:
- O que tu prometestes, deves cumprir. Vai agora e abre a porta para o sapo!
Ela abriu a porta, e o sapo entrou pulando e foi até a cadeira dela, sentou-se e gritou:
- Leva-me para junto de ti!
Ela hesitou, até que finalmente o rei mandou que o fizesse.
Quando o sapo já estava à mesa ele disse:
- Agora empurra o teu pratinho de ouro para mais perto de mim, para podermos comer juntos!
A princesa obedeceu, mas sem vontade. O sapo comeu bastante, mas ela quase não comeu nada, não passava na garganta!
Finalmente ele disse:
- Fartei-me de comer e estou cansado, agora leve-me para o teu quarto para dormirmos juntos.
A princesa começou a chorar, pois tinha medo do sapo e não se atrevia a tocá-lo. Como ia dormir com ele?
Mas o rei zangou-se e ordenou:
- Quem te ajudou na hora da necessidade, não podes desprezar depois!
Então ela agarrou o sapo e carregou-o para cima e colocou-o num canto do quarto. Mas quando ela se deitou ele veio pulando e disse:
- Estou cansado, quero dormir, igual a ti. Levanta-me senão conto ao teu pai!
Aí ela ficou furiosa, levantou o sapo e atirou-o com toda força contra a parede do quarto. Agora me deixará em paz, sapo nojento!
Mas, quando ele caiu, já não era mais um sapo, mas um lindo príncipe de belos olhos.
Ele contou que tinha sido enfeitiçado por uma bruxa malvada e não poderia sair da água, só se fosse uma princesa que o tirasse.
Ambos adormeceram e na manhã seguinte, chegou uma carruagem com o servo do príncipe, seu fiel escudeiro que ele mandara chamar.
A carruagem veio para levar o príncipe de volta ao seu reino, mas levou junto a linda princesa também, pois tinham casado na véspera.
Agora estou muito feliz e assim será para sempre, disse o príncipe e a princesa concordou.


Fonte : irmãos Grimm

As três penas

Era uma vez um rei que tinha três filhos. Dois deles eram inteligentes e sensatos, porém o mais novo, era chamado de Simplório ou Bobalhão.
Quando o rei sentiu que estava ficando fraco, começou a pensar em deixar o trono, mas não sabia a qual filho deveria passar a coroa. Pensou muito, chamou os três filhos para junto dele e falou:
- Saiam em viagem e aquele que trouxer o mais lindo Tapete, será meu sucessor. Mas, para que não houvesse discussão entre os três em relação ao caminho a seguir, o rei levou-os para a frente do Castelo, pegou três penas e soprou-as para o ar dizendo:
- Para onde elas voarem, para lá ireis.
A primeira voou para o oeste, a segunda para leste e a terceira caiu no chão perto do mais novo. Assim, um irmão foi para a direita, o outro tomou a esquerda, mas ficaram zombando do mais novo que não poderia ir para lugar nenhum, porque a pena tinha caído no chão e ele teria que ficar ali no mesmo lugar.
Simplório sentou-se no chão, muito triste, mas de repente, ele viu um alçapão e resolveu abri-lo. Quando levantou a tampa ele viu que havia uma escada para baixo. Resolveu descer para ver o que podia encontrar. Lá embaixo, encontrou uma porta, bateu e ouviu uma voz que dizia:
Donzela menina,
Verde e pequenina.
Pula de cá para lá
Ligeiro vai olhar,
Quem lá na porta está.
A porta abriu e ele viu uma grande e gorda sapa sentada e rodeada por uma porção de sapinhos pequenos. A gorda sapa perguntou o que ele queria, ele respondeu sem graça:
-Eu gostaria de ter o mais lindo Tapete que exista, para me tornar rei.
Aí a sapa chamou uma sapinha e lhe disse:
Donzela menina
Verde e pequenina
Pula de cá pra lá
Ligeiro vá buscar
A caixa que lá está.
A sapinha trouxe a caixa que era bem grande e a sapa gorda abriu-a tirando de dentro dela o mais lindo e fino Tapete que existia na terra e entregou-o ao rapaz. Ele agradeceu e subiu de volta.
Os outros dois irmãos, porém, julgando-se muio sabidos, não procuraram nada. Pegaram, cada um, uma pastora de ovelhas e tiraram sua grossas mantas para levar ao rei e dizer que eram Tapetes.
Quando chegaram, o mais novo estava entrando no Castelo, trazendo o maravilhoso Tapete.
Quando o rei viu o Tapete, admirou-se e disse:
- Por direito e por justiça, o reino deve pertencer a ele, meu caçula.
Na mesma hora os outros dois reclamaram dizendo ser impossível ele se tornar rei. Pediram mais uma tarefa ao pai. Este lhes falou:
- Herdará o meu reino aquele que trouxer o mais belo Anel que existir.
Simplório mais uma vez desceu pela escada do alçapão e contou o que acontecera para a sapa gorda, dizendo o que precisava agora.
A sapa na mesma hora chamou a sapinha e lhes disse a mesma coisa.(repetir verso)
Quando a sapa abriu a caixa, ela tirou o mais lindo Anel que já se viu, cheio de pedras e brilhantes.
Os dois mais velhos mais uma vez não se preocuparam e pegaram pelo caminho aros de uma roda e levaram ao rei.
Quando o mais novo chegou com o maravilhoso Anel, o rei novamente disse que ele seria o novo rei, mas os irmãos não se conformaram e pediram uma última chance.
O rei resolveu conceder o pedido, mas disse que seria a última tarefa, definitivamente. Eles teriam que trazer a mais linda Moça que encontrassem.
Simplório desceu novamente as escadas para falar com a sapa e dizer-lhe que precisava de uma linda Moça.
-Ah, disse a sapa, esta não está à mão assim, de repente, mas vais recebê-la.
Ela deu-lhe um nabo oco, com seis camundongos atrelados nele.
Simplório perguntou a ela o que fazer com isso?
A sapa respondeu:
- Ponha uma das sapinhas pequenas aí dentro.
Ele agarrou uma sapinha e colocou-a dentro do nabo oco. Nem bem ela sentou-se, transformou-se numa lindíssima Moça, o nabo virou uma carruagem e os camundongos lindos cavalos. Ele partiu para casa.
Os dois nem se preocuparam em procurar Moça bonita, levaram as primeiras camponesas que encontraram pelo caminho.
Quando o rei viu as três, nem pensou, decidiu que o reino era do mais novo, por direito e por justiça.
Mais uma vez os dois gritaram que não era possível Simplório ganhar a coroa e exigiram que o reino fosse dado ao que conseguisse que a Moça escolhida saltasse através de um aro que pendia do teto do salão. Eles pensavam que as camponesas iriam conseguir, porque a outra tinha um jeito franzino e fraco.
O rei aprovou a idéia e pediu que as três pulassem. Mas as camponesas eram tão desajeitadas que caíram no chão ao pular e uma quebrou a perna e a outra o braço. A fraquinha pulou então, e atravessou o arco com leveza sem se machucar.
O rei não discutiu mais e deu a coroa para o Simplório. Este, como era muito bom, deixou que os irmãos continuassem a morar no Castelo com suas camponesas, as quais passariam a fazer todo o serviço.
Desta maneira todos ficaram felizes e Simplório mostrou-se um ótimo rei.


Fonte :
Um Conto dos Irmãos Grimm

A FAMÍLIA DAS TARTARUGAS

Tema - Cooperação. - Indicação 4 a 7 anos.
Motivação, fixação, e verificação: a critério do Evangelizador.
Desenvolvimento:


No meio de uma grande e linda floresta no meio de enormes pedras, morava um casal de tartarugas.

Dona Dodó e Seu Zico viviam muito tristes, porque não tinham filhos. Sua casa estava sempre silenciosa, sem qualquer barulho de tartaruguinhas brincalhonas.

Certa tarde Dona Dodó foi visitar sua comadre Dona Coelha e conversaram bastante sobre a vida. Dona Dodó falou da tristeza de não ter filhotinhos em casa. Dona Coelha ao contrário dizia que tinha muitos coelhinhos. Era uma alegria vê-los brincando na grama verde do quintal.

Seu Zico foi pescar junto com o Sapo e o Esquilo que eram bons companheiros de pescaria. Tinham um pesqueiro na barranca do rio. Lá divertiam-se a valer. Voltavam sempre com muitos peixes para as mamães fritarem.

Dona Dodó despediu-se de comadre Coelha e voltou para casa. Teve uma surpresa tão grande que quase desmaiou. Na Sua pequena toca, entre as grandes pedras, estavam cinco lindas tartaruguinhas, chorando de fome.

Dona Dodó, esperou seu Zico chegar da pescaria e conversou com ele sobre as tartarugas.

Estavam assustados. De repente apareceram cinco de uma só vez. Estavam alegres, com o acontecido.

Que bom, Deus nos mandou estas lindas tartarugas. São os filhos que não tivemos.

Agora já temos alegria e barulho com as crianças brincando, disse o Seu Zico.

Mas como eles iriam continuar morando em uma casa tão pequena, com tantas tartaruguinhas. Teriam que se mudar.

Procuraram .... Procuraram....E nada de encontrar, um casa maior para todos morarem.
Conversando com Dona. Onça Pintada, ficou sabendo que ela tinha uma casa bem maior para alugar. Só que Dona Onça queria de aluguel 10 pés de alface por mês . Ficaram felizes por alugar a casa de Dona Onça, mas teriam que trabalhar bastante, para poder pagar o que a dona da casa queria, além de terem que sustentar as pequenas tartarugas.

Os dias foram passando, Papai e Mamãe, andavam muito cansados, de tanto trabalhar na horta. Faziam canteiros e mais canteiros de verduras e legumes. Apanhavam verdura para os filhotes e para Dona Onça.

Em uma noite de chuva ao voltarem para casa, não encontraram os filhinhos. Levaram um enorme susto.

Onde estarão as crianças? Perguntava a mamãe aflita.

Não se assuste disse o papai.- eles devem ter ido para perto do rio brincar, e se esqueceram de voltar para casa.

Uh...Uh....Chorava Dona Dodó,

_Eu quero as minhas crianças. Procuraram por todos os lugares, sem encontra-los. Nem sinal deles. Mamãe Tartaruga, já estava cansada de procurar.

Em seguida, avistaram lá ao longe as tartaruguinhas que vinham carregando braçadas de verduras.

Meus filhos, meus queridos filhinhos onde andaram perguntou Dona Dodó enxugando as lágrimas.

Seu Zico foi encontra-los para saber o que tinha acontecido.

_Papai, Mamãe não se aborreçam disse a tartaruguinha maior.

_Vejam o que nós trouxemos, disse a outra, mostrando um lindo maço de alface.

_Meus filhos, não deviam sair de casa assim, sem avisar.

_Mas mamãe, nos só queríamos ajudar. Nós fomos trabalhar, para colher mais alfaces e ajudar a pagar o aluguel. Fizemos uma horta perto do rio e colhemos verduras e legumes para cooperar com nossos queridos Pais.

_Dona. Dodó e Seu Zico ficaram contentes, pois viram que seus queridos filhotes, já estavam crescidos e podiam ajuda-los a trabalhar. Mais contentes ficaram ainda por ver que eles gostavam de ajudar aos Pais, fazendo algum serviço. Isto é COOPERAÇÂO.

FIM

O CAMINHO

De Roque Jacintho
Tema: Caridade Material e Caridade Moral

No meio da floresta, Chim, o coelho, vivia suspirando. Lera em algumas páginas do livro que o Senhor Vento lhe trouxera à porta da casa, noticias de mundos venturosos. Ficara sabendo, desde então, que existem lugares alem de sua terra natal, onde os habitantes eram limpos, muito limpos e, com isso, passara a notar o pó e a lama que o recobriam. Ainda mais abismado ficará ao inteirar-se de que, naqueles mundos, os seres não precisavam andar sobre os pés. E nem se arrastar morosamente como os répteis. Dispunham de outros meios de locomoção. Tudo também era fartura. Foi então que começou a suspirar.

Guardava dentro do coração, o desejo de tornar-se semelhante àqueles seres e, como faltassem algumas páginas do volume em que se instruía porque o Senhor Vento as distribuíra em outros locais, ignorava o CAMINHO que poderia conduzi-lo até lá. Perguntou sobre o caminho a um e outro de seus companheiros, julgando que alguns poderiam Ter lido as páginas que faltavam. O sapinho saltitante não sabia de nada e nem estava interessado em saber.

A senhora Lesma indignada protestou:

_ È impossível existir esse mundo.

Mas eu li - afirmou Chim.

São carambolices de escritores. O papel aceita tudo e muito me admira vê-lo tão confiante. Alem disso, de que modo eu, poderia movimentar-me lá. Se lá ninguém se arrasta?

Chim coçou a cabeça, desconhecendo a resposta. O certo é viver minha vidinha, disse a senhora Lesma, dando por finalizada a entrevista. Fora dito aqui, nada existe.

E o nosso coelho seguiu estrada afora, em busca de seu amigo Dr. Chipanzé. O caminho para a casa do Dr. era longo, Tinha que atravessar uma trilha longa e cheia de curvas. Mas Chim não desanimava, porque queria muito saber o CAMINHO para os mundos felizes. Tinha certeza que o sabido Chipanzé saberia ensinar, pois era uma criatura cheia de conhecimentos.

Finalmente chegou. Após os cumprimentos formais e as indagações do coelho, disse o Dr. Chipanzé, muito imponente com seu monóculo, Se houvesse alguma coisa além, estaria aqui nos meus alfarrábios. Mostrando sua biblioteca, e falou: Todas as coisas reais do mundo estão aqui E fora destas afirmações dos grandes sábios, nada mais existe. Mas eu li, afirmou Chim convicto. O Dr. Fez-se de médico e mandou.

Abra a boca!

Chim abriu.

Hum... você está com a garganta inflamada, e isso deve perturba-lo. Olhou bem para o coelho e tornou a mandar.

Cruze as pernas.

Chim obedeceu.

Seus reflexos....- murmurou o Dr. Batendo na rótula, você está excitado!

O que quer dizer Dr. Isso tudo quer dizer que você está doente. E doentes daqueles que tem alucinações, sonhando com mundos que não existem.

Estou doente mesmo?

I-NE-VI-TA-VEL-MEN-TE. Sofre uma crise de sonharias!

Mas não se preocupe! Algumas consultas que lhe faça e estas pílulas... Tome e seu estado será resolvido.

Muito desolado saiu Chim.

O coelho voltava para casa, com a receita do Dr. Chipanzé no bolso, quando cruzou com o Velho Hipopótamo, que tremia muito, com sua bengalinha na mão. Imediatamente Chim fez-lhe a pergunta sobre o CAMINHO Ah! Meu filho, respondeu tremendo o Velho Hipopótamo.

Arrumando os óculos. Depois que a dona idade me fez o que fez, tenho pensado muito nesse mundo feliz.
Então não sou eu só a pensar?

Longe disso meu filho.... A dona Idade apresentou-me outro dia um senhor muito sisudo, chamado JUISO me falou desse mundo.

E ensinou o CAMINHO?

Deixe-me ver....HUMMM....Sabe Chim, ando com a memória um tanto fraca, além disso tremo tanto que algumas idéias me caem fora da cabeça....A!.... Lembrei-me.....Quando perguntei, qual o segredo para chegar ao mundo feliz, o Senhor Juízo me disse que as crianças poderiam ensinar-me a direção bem certa.

Despediram-se após as informações.

Chim reanimado, correu até o jardim da infância.

Claro que sei afirmou o pequeno Sagüi inquieto e saltitante dentro de sua roupinha de retalhos, mas tenho que ir brincar com meus coleguinhas. Diga-me sagui onde o caminho para os mundos felizes.

Sagui pensou, pensou, e disse: Sua mãe não lhe ensinou a fazer orações?

Sim afirmou prontamente o coelho ficando vermelho e confessando: Mas esqueci. Fale então primeiro com Dona Memória Ela trará para você a Oração Esquecida, e, na companhia de Oração esquecida, você verá que acaba vindo algum gênio desse mundo feliz. Ele mesmo ensinará o caminho certo.

Chim seguiu fielmente a intrusão do pequeno Sagui. Dona memória trouxe sua companheira, a oração esquecida. Uma luz se formou a frente de Chim.

Desta luz surgiu um espírito iluminado muito belo e resplandecente.

Você me chamou Chim? O coelho estava engasgado e receoso. Não temas, sou apenas um daqueles que habitam os mundos felizes do Universo, com os quais você sonha. Estive inclusive, a acompanha-lo durante o dia.

Seguiu-me?

Segui-o e inspire-o em sua busca.

Viu as pílulas que o Dr. Chipanzé me receitou?

Vi, - Nosso mundo, por enquanto, está alem da ciência dele. Não que algo façamos para separar-nos. Acontece que na companhia do Bichinho do Orgulho, o Dr. Chipanzé há de seguir morosamente. Só no futuro, ele compreenderá que você não estava sofrendo de sonharite aguda, mas que despertava para os anseios de libertar-se de seus próprios enganos.


Qual o caminho, para chegar até vocês?

A CARIDADE! È o único CAMINHO que nos leva na direção do infinito.

CARIDADE?

Sim, ser bom, fraterno, amigo, socorrendo a todos.

Já um grande missionário que veio em visita a Terra, destinado a ensinar disse: FORA DA CARIDADE NÂO HÀ SALVAÇÂO.
Se esse é o CAMINHO, serei caridoso.

Ótimo! Voltarei para vê-lo, depois que você se puser a trabalhar, porque CARIDADE jamais será simples promessa ou mero desejo. Deverá ser realização imediata, para que seja mais fácil e compreensivo nosso entendimento. Sem dizer mais nada, o espírito desmaterializou-se.

Chim deitou-se, resolvido a ser caridoso. Mostrava nova disposição, e para ser grato, fez uma oração ao Pai Celestial, rogando inspiração para o seu novo propósito dentro da vida.

No dia seguinte, Chim passou para o serviço. Armou um grande seleiro, onde armazenaria cenouras em grande quantidade para depois, distribui-las aos viandantes famintos. Com isso pensava com seus botões, estaria extremamente caridoso. Para com todos.

Terminada a construção, movimentou-se para abastece-la.

Dirigiu-se então a casa do Sr. Leão. Lá expôs o seu programa de assistência e recebeu autorização para, no quintal colher quanta cenoura houvesse. Porém, falou o dono da casa zeloso, Não me pise uma só plantinha!

Chim garantiu que seria cuidadoso. Ao penetrar nos campos cultivados, porém, não conseguiu evitar pisotear algumas plantas mais tenras. E com o incidente, o Leão saltou sobre ele, aos gritos e ameaças.

Chim foi atirado a rua com cenoura e tudo. Revoltado com o tratamento, o coelho gritou contra a brutalidade do seu enraivecido hospedeiro e, censurando a sua ferocidade, rumou para o celeiro com as primeiras cenouras.

No dia seguinte, bateu à porta de Dona Onça.

Ora, ora, disse a onça, após ouvi-lo. Cenoura acredito que não tenho. Posso procurar em seu campo? Claro que sim, e se encontrar, leve tudo, Chim. Ele foi realmente. Dona Onça todavia, que era gulosa por coelhos assados, tratou de acender o seu forno e passou a segui-lo sorrateiramente.


Emboscava-se atras das arvores, ensaiando botes, enquanto Chim procurava as cenouras. Sem nada encontrar, ele subiu em uma pequena arvore. Lá de cima veria todo o campo, Tão entretido estava no galho em que fazia de seu mirante, que não percebeu Dona Onça, subindo mansamente, traiçoeiramente, e mal viu quando ela saltou para apanha-lo. O galho, contudo era fraco e ambos caíram

Chim correndo e gritando, fugiu com algumas poucas cenouras, jurando que nunca mais pisaria na casa de alguém tão vil e tão falso, qual a dona Onça.

Agora, visitaria Dona Sucuri. Ao sair de casa porem, já meio atrasado, escorregou numa casca de banana e, com o impulso, foi atirado dentro de um taxo de sabão que estava esfriando. Chim ficou aborrecido com o incidente. Resmungou, resmungou, mas como estava decidido a completar o celeiro em pouco tempo, não se deteve em limpar-se e, assim, cheirando a sabão, chegou à furna de Dona Sucuri.

Posso entrar? Perguntou da porta.

Pode queridinho! Animou Dona Sucuri, reconhecendo a voz de Chim e pensando que entrar ele podia, mas sair é que seria difícil, já que corriam mais de vinte dias que Dona Sucuri não ingeria nada tão delicioso quanto a carne tenra de um coelho. Pode entrar queridinho! Ele agradeceu e falou de seu plano de assistência.

Que maravilha! Fingiu Dona Sucuri, Adivinhei os seus planos Chim. Tanto é verdade que, no fundo desta minha furna, estou com um mundo de cenouras.

Que bom! Aplaudiu Chim.

Dona Sucuri sorria.

Vá ate lá e carregue quanto puder. Efetivamente Chim encontrou as cenouras. Encheu duas sacolas, a mais não poder, e já as punha as costas, vergando sobe seu peso, fazendo mil agradecimentos, quando Dona Sucuri sempre sorrindo o chamando de queridinho, o enlaçou pela cintura.

Ei, o que é isto? Protestou Chim esperneando. Vou ajuda-lo! E sorrindo sempre, ela fechou o laço em torno do pobre coelho.
Vou ajuda-lo e...abocanha-lo também, seu grande tolo1 Quando dona Sucuri apertou mais o laço... zupt... Chim escorregou fora, porque estava todo liso de sabão. E disparou para longe da furna.

Hipócrita, danada! Ele gritava enquanto fugia.

O celeiro estava quase repleto de cenouras. Procurou, então, Dona Raposa e foi encontra-la acamada.

Ah! Chim....gemia Dona Raposa. Tive uma indigestão violenta.... Comi alguns ovos e cá estou marcada a pauladas, porque o "seu" Zico me apanhou com a boca na botija!

Chim falou de imediato de seu plano de assistêncial!

Você bem vê que eu não sou rica! Desculpou-se a doente. O que tenho, mal dá para meu sustento.

Falta uma apenas...suplicou Chim humildemente.

Não que eu seja miserável, Chim saiu-se ela jeitosamente, mas se não pensar no meu futuro, quem acaba pobre sou eu. E, afinal, preciso de muita energia, porque não são brincadeiras entrar no galinheiro de "seu" Zico.

Chim continuou insistindo e começou a maldizer a usura.

Dona Raposa, por outro lado justificava-se sempre.

Nunca encontrei ninguém, mais sovina, Dona Raposa.

Dito isto, o coelho retirou-se, fazendo bater a porta. Na entrada, porém, encontrou uma cenoura perdida à margem do caminho, esquecida por todos e, muito feliz com o achado, saiu correndo para completar o seu celeiro.


Chim deitou-se, naquela noite, muito risonho. No dia seguinte iniciaria o seu serviço de caridade. O senhor vento, veio bater na sua janela, com muita força, avisando que o céu está nublado! Vai chover! Vai chover! Começaram a cair relâmpagos na floresta. Chim agasalhou-se, e correu a trancar o celeiro para salvar as cenouras da chuva forte.

A Dona Enchente vem vindo! Salve-se quem puder! Chim tremendo, ficou a escorar a porta do celeiro.

Ai Dona Enchente fez-se valentona. Arrombou a porta, e carregou todas as cenouras, destruindo o seu plano de CARIDADE e até derrubou o celeiro que chim construíra com tanto carinho.

Ele ficou desolado. Olhava, muito aborrecido, Dona enchente carregar as suas provisões crendo que se veria impedido de alcançar o MUNDO FELIZ, deixava que o desanimo fizesse ninho em seu coração.

Chim estava triste ainda, quando Dona Memória e Dona Oração Esquecida vieram anima-lo. Vamos todos juntos atrair o bom espírito que ensinou ser a CARIDADE o caminho para o mundo feliz.

Realmente assim aconteceu.

O espírito se fez presente.

Chim muito afoito, nem esperou a saudação e falou.

Fiz tudo para iniciar a CARIDADE. Construi celeiro, visitei doadores e juntei cenouras! Umas das que estavam armazenadas, apodreceram as que restaram, veio Dona Enchente e as carregou.

O espírito ouvia pacientemente.

Por isso, fui impedido de realizar os meus planos. Não tive tempo e nem terei outras oportunidades.

Chim, ponderou o espírito amigo. È louvável que procuremos alimentar os que têm fome. Esse é um passo em direção a CARIDADE. Não há dúvida1 Mas se caridade fosse somente isso, que seria dos pobres, aos quais faltassem recursos para doar aos semelhantes?

Acredita que eles não tenham o direito de salvar-se?

Ora, mas eu....

Desde o nosso primeiro encontro Chim, repetidas vezes estamos criando oportunidades de você exprimir a caridade. No entanto em nenhuma vez se identificou com os nossos esforços de traze-lo até nós.

O coelho estava encabulado.

Não entendo.... falou sinceramente.

Você não visitou o Sr Leão?

Oh! Sim! Mas ele foi agressivo comigo.

Diante da agressividade, A PACIÊNCIA é a resposta da CARIDADE em ação, Chim. Sê fosse TOLERANTE com o Leão, teria sido caridoso pela primeira vez.

Depois de uma pequena pausa, o espírito indagou: Você não visitou Dona Onça?

Claro! E lembro-me muito bem do bote que a traiçoeira me deu.

Mas diante da traição, você deveria mostrar-se manso e Pacificador, meu caro Chim, porque MANSITUDE E BONDADE, podem transformar.

A Onça traiçoeira em um amigo nosso.

Outra pausa.

Você não visitou Dona Sucuri?

Visitei...mas quase que ela me abocanha!

O seu mergulho no tacho de sabão, explicou o espírito, foi providencia que tomamos a seu favor, se bem que você reclamou "contra a falta de sorte". E se, diante da máscara do falso sentimento, da falsa doçura de Dona sucuri, você se houvesse contido, ela poderia Ter melhorado um pouquinho Chim. Foi a terceira oportunidade de Ter sido CARIDOSO.....

E por último levamos você a casa de Dona Raposa. A velha matreira estava doente de tanto comer ovos da granja de "seu" Zico. Alem de ser companhia indesejável, negou-se terminantemente a colaborar comigo.

A enfermidade de dona Raposa, era um recurso para conserva-la na cama e faze-la refletir. Estava pronta para ouvi-lo meu filho. Quando se mostrou manhosa e irredutível, você deveria ajuda-la. Somente vendo alguém interessar-se por suas dificuldades, é que ela poderia mudar o seu destino.

Chim, que não sabia mais o que falar, acabou dizendo:

Mas se não fosse a Dona Enchente....

O sábio espírito compreendeu e declarou: Sim se não fosse a Dona Enchente, você poderia distribuir as cenouras aos famintos da floresta. Mas devemos agradecer os imprevistos, neles reconhecendo um sinal do Pai a nosso favor, a fim de não nos deter-mos a amealhar laboriosamente apenas os bens materiais, julgando que somente com eles exprimiremos os sentimentos do amor fraternos.

E, muito compenetrado o espírito ponderou: Quando inspiramos a você a idéia de distribuir cenouras, foi para leva-lo a conviver com alguns doadores, que também são grandes necessitados da CARIDADE MORAL.

A favor deles, doadores dos bens materiais, A CARIDADE MORAL, se faria presente por seu intermédio.

Chim, pendeu a cabeça tristemente.

Suspirava tanto por encontrar o CAMINHO.

Nada porem está perdido, disse o espírito, lendo-lhe o pensamento de desanimo. Amanhã a Dona Enchente se terá retirado da floresta e você poderá começar tudo de novo, começando pela casa do Sr Leão.

Chim acendeu os olhos.

Aceitou a sugestão e deitou-se na cama.

Dormiu então, esperançoso e feliz.


FIM.

O Bem e o Mal

Parábola do Joio (baseada na cartilha do Bem de Meimei)


Esta parábola é a história do Bem e do Mal. Joio é a má relva. O reino do Céu é semelhante a um homem que semeou a boa semente em seu campo. Mas enquanto os homens dormiam veio o inimigo dele e semeou o joio no meio do trigo e retirou-se.

Quando a erva cresceu e produziu frutos, apareceu também o joio, (má erva) ou a planta ruim. Então vindo os servos do dono da casa, lhes disseram: Senhor! Não semeaste boa semente no teu campo? Donde veio pois o joio? Ele porem lhes respondeu: Um inimigo fez isso. Mas os servos lhe perguntaram: Queres que vamos e arranquemos o joio? Não replicou ele, para que ao separar o joio, não arranqueis com ele o trigo. Deixe-os crescer juntos até a colheita e, no tempo da colheita direi aos ceifeiros: Ajuntai primeiro o joio, atai-os em feixes para serem queimados, e o trigo, recolhei-o no meu celeiro.

João e Maria. (Colaboração do espírito de Meimei)

Os dois irmãos João e Maria, eram crianças que se queriam bem. brincavam estudavam e em casa gostavam muito do quintal e do jardim. Faziam brincadeiras com os dedinhos das mãos. Sempre atenciosos com os pais e os amigos e colegas de classe. No quintal brincavam e conversavam bastante sobre todos os assuntos que surgiam.

Um dia idealizaram uma hortinha. Primeiro pediram licença para a mamãe, que prontamente concordou. Puseram-se ao trabalho. Primeiramente demarcaram os canteiros. Maria quis plantar flores. João verduras e legumes. Estercaram a terra, afofaram e no noutro dia semearam. Todos os dias iam aguar a terra da horta . Levou alguns dias para aparecer as pequeninas folhinhas verdes. Eram os brotinhos das plantinhas que surgiam.
Cada dia estavam mais crescidos os brotos das verduras. Cada qual das crianças aguava seu canteiro. Eram tomateiros, couve, alface, cebolinha e salsa. No canteiro das flores apareceram margaridas, violetas e beijinhos coloridos. As crianças estavam radiantes. Acordavam bem cedo, para tratar das hortaliças e admira-la.
Só que estranharam uma plantinha que começou a nascer, juntamente com as verduras e as flores. Era uma praga com o nome de tiririca. Venha mamãe disse João e Maria. Venha ver esta plantinha diferente que nós não plantamos. Como é que nasceu, Vamos arranca-la? Não, disse a mamãe. Deixe-a crescer, juntamente com a verdura, porque se vocês a tirarem agora, arrancaram também a couve e os tomateiros. Quando estiverem ambos crescidos, colheremos os legumes e as verduras e por último a tiririca que jogaremos fora.
Mas João que era muito inteligente, continuava meditando sobre o acontecimento. Como nasceu essa planta! Que não serve para nada, e quem a plantou? A mamãe explicou: È uma plantinha teimosa. Possui uma raiz profunda e na ponta de cada raiz um bulbo que por sua vez se ramifica. Por isso ela se esparrama na terra em muitos lugares (trazer para as crianças verem, uma plantinha de tiririca).

Depois ela possui também flores em suas hastes, que o vento leva para outros quintais. Essa planta não produz nada. Não serve para nada. Só danifica a terra e as outras plantações.

Assim são as pessoas. Todos são filhos de Deus. Todos são irmãos em Jesus Cristo nosso Mestre. Mas nem todos são agradecidos ao nosso Bom Pai muitos se desviam do Bom caminho e procuram atrapalhar a vida dos que c querem ser melhores. (Porque Deus dá liberdade de ação e cada qual escolhe o caminho a seguir.) Como exemplo, vemos mãos que trabalham para o mal e mãos que trabalham para o bem.
Mãos que arrancam lágrimas, e multiplicam o infortúnio. Mãos que se entregam a miséria, e ao vicio. Paes de família que bebem e expulsão os familiares, pondo mãe e filhos na penúria. Paes estes, que muitas vezes vão presos, pois violentando a família são forçados a ficarem na cadeia. Muito deprimente para a toda a sociedade.
Vemos mãos que violentam a natureza, aniquilando as plantas e os animais prestimosos. Pessoas que quebram galhos, que põem fogo nas pastagens, crianças que com estilingue matam pássaros benfeitores da natureza, pois são eles que comem os insetos que prejudicam as plantações.
Já vemos outras mãos que acariciam. Braços de mães abençoadas e pais amigos. São pais que cuidam da família que estimam os filhos, que os educam para a vida.
Mãos que levantam Templos e Lares, escolas e hospitais. Jardins e praças. Ruas e avenidas, Mãos que plantam flores e pomares. Mãos que na ciência produzem remédios e tecnologia para a humanidade. Mãos de obreiros da paz e da evolução, de enfermeiras abnegadas e de crianças generosas que asseguram na terra o serviço da luz. E Jesus veio ao mundo, para que nossas mãos aprendam a servir, edificando a nossa própria felicidade. Como as dele, que curou os doentes, socorreu os fracos e amparou os tristes. Limpou os leprosos restituiu a visão aos cegos, levantou os paralíticos, afagou os velhos e abençoou as criancinhas. Devemos orar e vigiar, para não cedermos as tentações dos que não querem ser bons. No entanto como as plantas boas e más estarão juntas até a consumação dos tempos, também na consumação dos tempos serão separados os maus dos bons Os maus irão para um lugar de pouca evolução (mundos primitivos) Os bons ficarão na Terra que será um planeta de regeneração no terceiro milênio, ou em um mundo melhor ao que fez por merecer. Sigamos os caminhos da luz, procurando a intimidade com os servidores do bem.
Observem o brilhante lapidado e o brilhante bruto. Ambos são filhos da terra. Um deles, porém, refulge divino, retratando a beleza do céu, mas o outro, está encarcerado nas trevas do cascalho contundente. Jesus é o lapidário do Céu a quem Deus Nosso Pai, nos confiou os corações. Obedeçamos a ele, Nosso Divino Mestre, buscando-lhe as lições e seguindo-lhe os exemplos e o Cristo nos fará construtores do reino de Deus no Mundo, conduzindo-nos para a gloria celestial.
Muito bem, disseram João e Maria.

Quer dizer que devemos Ter paciência com todos e reconhecer que somos todos filhos de Deus.

Um dia eles se arrependerão de serem maus e vão procurar a todo custo, tornarem-se melhores.
Então vamos ver a nossa horta como é que está?

Como estão crescendo as hortaliças? Mas para que os passarinhos não comam as nossas sementes, vamos fazer um espantalho com as roupas velhas do vovô.

Comida de passarinho deve ser as frutinhas do mato e não a nossa sementeira.

Como cresceu a couve! Como estão bonitas as flores. E o sol como é bonito ao entardecer. As cigarras cantam, Deus seja conosco. Assim seja, disseram todos.

Versos para serem recitados

O mundo será feliz.
quando a mulher sem receio.
Abrir as portas da casa.
Aos órfãos do lar alheio.
(Irene Sousa Pinto)

Mãe feliz aguça o ouvido
Ante os que vão sem ninguém
Cada pequeno esquecido
É teu filhinho também.
(Rita B de Melo)

Não olvides que a criança
No caminho vida afora
Vai devolver-te mais tarde
O que lhe deres agora.
(Casimiro Cunha)

Mãezinha planta celeste
Anjo que chora sorrindo
Teu filho é a flor que puseste
No ramo de um galho lindo.
(Meimei)

JUCÁ LAMBISCA

De Casimiro Cunha

Psicografado por Francisco C Xavier

Tema: Gula

Para crianças de 5 a 12 Anos

Oração da Criança (Emmanuel)

"Amigos.

Ajude-me agoira, para que eu te auxilie depois. Não me relegues ao esquecimento, nem me condenes à ignorância e a crueldade. Venho ao encontro do tua aspiração, de teu convívio e de tua obra.

Em tua companhia, estou na condição da argila nas mãos do oleiro.

Hoje sou sementeira fragilidade, promessa...

Amanhã, porém serei tua própria realização.

Corrige-me, com amor enquanto a sombra do erro envolver-me o caminho, para que a confiança não me abandone.

Proteja-me contra o mal.

Ensina-me a descobrir o bem.

Não me afastes de Deus, e estimula-me a conservar o amor e o respeito que devo as pessoas, aos animai, e as coisas que nos cercam. Não me negues a tua boa vontade, teu carinho e tua paciência. Tenho tanta necessidade do teu coração, quanto a plantinha tenra precisa da água, para viver e prosperar.

Dá-me tua bondade e dar-te-ei a cooperação. De ti depende que eu seja pior ou melhor amanhã." (Emmanuel)

Meus filhos, não somos peixes

E a comida não é isca

Leiamos juntos a estória

Do pobre Jucá Lambisca

Rabugento e malcriado

Esperto como faísca

Era um menino guloso

O nosso Jucá Lambisca

Toda hora na dispensa

Pé macio e mão ligeira

O maroto parecia

Um rato na prateleira.

No instante das refeições

Afligindo os próprios pais

Ele comia depressa

Repetindo: Quero mais!

Gritava: Quero mais peixe

Quero mais leite e mais pão

Quero mais sopa no prato

Mais arroz e mais feijão.

Dona Nicota falava

Ao vê-lo sobre o pudim

_Meu filho, escute! Você

Não deve comer assim!

Mas o Jucá respondão

Gritava, erguendo a colher:

_A senhora nada sabe

_Eu como quanto quiser.

Na escola, Jucá furtava

Pastéis, bananas pepinos

Tomando a força a merenda

Das mãos dos outros meninos.

A vida de nosso Jucá

Era comer e comer

Mas foi ficando pesado

E a barriguinha a crescer

Gabriela a companheira

Da cozinha e do quintal

Falava triste: _Ah! meu Jucá,

A sua vida vai mal.

Não valiam bons conselhos

Do papai ou da vovó,

Fugia de todo estudo

Queria a panela só...

Espíritos benfeitores

No Lar em prece, ao seu lado,

Preveniam caridosos

_Meu filho tenha cuidado.

Mas depois das orações,

O nosso Jucá sem fé

Comia restos do prato

Na terrina e no cuité.

A todo instante aumentava

A grande comedoria

Sujava a cozinha e copa

Procurando papa fria.

Um dia caiu doente

E o doutor João do sobrado

Receitou: Este garoto

Precisa comer regrado

Mas alta noite ele foge...

E mais tarde a Gabriela

Viu que o Jucá estava morto,

Debruçado na gamela.

Muito triste o caso dele

Citado! Embora gordinho,

O Jucá morreu cansado

De tanto comer toucinho.

NA ESPÍRITUALIDADE

Médium Waldo Vieira

Desencarnado, o Lambisca

Na vida espiritual

Estava do mesmo jeito

E o barrigão tal e qual

Acorda num campo lindo....

E agora, que não mais dorme

Vê muita gente a sorrir

Por vê-lo de pança enorme.

Tem a impressão de trazer

O peso de um grande bumbo

Quer levantar-se, porém

A pança cai como chumbo.

E o Jucá revoltado

Ergue os punhos pesadões

Contra tudo e contra todos

A murros e pescoções.

Depois berra:- Esta barriga

É grandona mas é minha

Eu quero comer no tacho

Quero morar na cosinha!

Um sábio apareceu e fala

_O Lambisca não regula

Enlouqueceu de repente

De tanto cair na gula.

Foi preciso, então prende-lo...

Amarrado e furioso,

O pequeno parecia

Um cachorrinho raivoso.

Os protetores, após

Guarda-lo em corda segura

Oravam, dando-lhe passes

Com bondade e com docura.

Viu-se logo o olhar do Jucá

Fazer-se brando, e mais brando....

O menino foi dormindo

E a barriguinha murchando.

Os amigos decidiram,

Assim como um grande povo,

Que o Jucá afim de curar-se

Devia nascer de novo.

Lambisca a dormir, coitado,

Ele tão forte e mandão,

Renasceu muito pequeno,

Um simples bebê chorão.

E para esquecer a gula

Cresceu doente e magrinho

Só bebia caldo leve

Sem feijão e sem toucinho.

FIM

Parábola do Tesouro Escondido

(Segundo São Mateus a Luz da Terceira Revelação)


"O reino do céu é semelhante a um tesouro escondido (oculto) no campo, o qual certo homem, tendo-o achado escondeu. E, trasbordante de alegria, vai, vende tudo o que tem, e compra aquele campo".

O Mestre, nesta pequena estória, diz que, semelhante quer dizer parecido, comparável, que tem analogia, que tem relação de acontecimentos etc. Mas ao mesmo tempo o Mestre separa as coisas espirituais das coisas materiais.

Um tesouro material. Oculto num campo, ao tesouro imperecível das conquistas espirituais. (o que vem a ser na verdade, o verdadeiro tesouro).

"Aquele que a ferrugem não consome, as traças não roem e os ladroes não roubam".

Certa feita Jesus disse: "O reino dos céus está dentro de voz mesmos".

È nisso que se constitui toda filosofia e toda ciência de nossa vida.

Deus nosso Pai, nos criou simples e ignorantes, porém com todo o potencial sabedoria e de bondade a ser desenvolvido entre nós. Desenvolvendo convenientemente os verdadeiros valores do espírito, teremos ou viveremos um estado de relativa paz e felicidade, o que vira a se constituir o Reino Dos Céus, dentro de nós mesmos. Sabemos que a felicidade não é deste mundo de provas e expiações. E que a paz é muito difícil de se conquistar. Por isso Jesus nos oferece a sua paz. "A minha Paz vos dou, A minha Paz vos deixo." Porém não é impossível de se conquistar esses bens tão preciosos. basta que exercitemos o "amai-vos uns aos outros." Não fazer aos outros aquilo que não queremos que nos façam."

Situando o Reino do Céu no plano físico, vamos nos lembrar de que Jesus disse: "Na casa do Pai há muitas moradas".

O espaço é infinito.

As muitas moradas se constituem nos muitos mundos espalhados por muitas galáxias do Universo.

Por estudos científicos que a doutrina oferece, sabemos que existem mundos que passam por transformações físicas e que combinando com a evolução dos espíritos que ali habitam, se constituem em mundos esplendorosos de beleza extraordinária. A Terra nosso planeta, está destinada a vir a ser no terceiro milênio, um planeta desta natureza.

Conhecendo estas coisas, O TESOURO NÃO ESTARÁ OCULTO. Só estava porque não tinha-mos olhos de ver e ouvidos de ouvir.

Comumente olhamos e não vemos.

Escutamos e não ouvimos.

Esse tesouro, permanece em estado latente, como em embrião, dentro de nós mesmos, até o momento em que o fazemos desabrochar.

Alias, é o tesouro, que nos possibilita a conquista do Céu. E esse bem precioso é a Evolução do espírito.

O campo, é observado por Jesus duas vezes neste problema. Simultaneamente significa, o espírito em evolução no espaço e no tempo, consequentemente no lugar onde esteja, na espiritualidade como espírito errante, ou no mundo físico como alma encarnada, no lugar em que habitar no momento. Como na Parábola do Semeador.

O Semeador é Jesus.

A Semente é a Palavra.

O Campo é o Mundo.

A Boa ou Má Terra são as diferentes condições dos espíritos nas suas diferentes etapas da evolução.

Vamos aqui lembrar "NOSSO LAR" de ANDRÉ LUIZ, psicografado por Francisco Cândido Xavier. Em três capítulos diferentes André Luiz nos relata suas experiências como desencarnado, nas diversas localidades de NOSSO LAR na erraticidade.

A primeira localidade, chama-se NAS ZONAS INFERIORES.

Conta André Luiz, que nas ZONAS INFERIORES sentiu-se na verdade, amargurado duende nas grades escuras do horror. Cabelos irisados, coração aos saltos, medo terrível. Muitas vezes gritei como louco, implorei piedade e clamei contra o doloroso desanimo que me subjugava o espírito; mas quando o silêncio implacável não me absorvia a voz, lamentos mais comovedores que os meus, respondiam-me aos clamores. Outras vezes gargalhadas sinistras rasgavam a quietude ambiente. Formas diabólicas, rostos com expressões animalescas surgiam. A paisagem, quando não totalmente escura, parecia banhada de luz alvacenta, como que amortalhada em neblina espessa que os raios de sol aquecessem de muito longe. Muitas vezes suguei a lama da estrada, recordei o antigo pão de cada dia, vertendo copioso pranto.

Não raro, era imprescindível ocultar-me das enormes manadas de seres animalescos que passavam em bandos, quais feras insaciáveis.

Eram quadros de estarrecer. Este local, é chamado UMBRAL.

A ORAÇÂO COLETIVA

Embora transportado à maneira de ferido comum, lobriguei o quadro confortante que se desdobrava à minha vista. Acompanhava-me o bom enfermeiro solicito que me apresentou a outras simpáticas pessoas.

Amigos, disse-lhes, explicai-me em que novo mundo me encontro....De que estrela me vem agora esta luz confortadora e brilhante?

Um deles afagou-me a fronte como se fora conhecido pessoal de longo tempo e falou: Estamos nas esferas espirituais, vizinhas da Terra, e o Sol que nos ilumina neste momento, é o mesmo que nos vivificava o corpo físico. Aqui, entretanto, nossa percepção visual é muito mais rica. A estrela que o Senhor acendeu para os nossos trabalhos terrestres é mais preciosa e bela do que supomos quando no circulo carnal. Nosso Sol é a divina matriz da vida e a claridade que irradia provem do Autor da Criação. A essa altura serviram-me caldo reconfortante, seguido de água muito fresca, que me pareceu portadora de fluidos divinos. Foi chegado o crepúsculo em "NOSSO LAR" Nessa hora é consagrada uma prece coletiva. No salão suave melodia, renovava-me as energias. Numerosa assembléia, meditava em silêncio, profundamente recolhida. Da abobada cheia de claridade brilhante, pendiam delicadas flores em guirlandas que vinham do teto a base. Em uma grande tela, obedecendo a processos adiantados de televisão, surgiu o cenário de um Templo maravilhoso. Sentado em um lugar de destaque, um ancião coroado de luz, fixava o alto, em atitude de prece, envergando alva túnica de irradiações resplandecentes. Pairava no recinto, misteriosas vibrações de paz e de alegria. Desenhou-se em plano elevado, um coração maravilhosamente azul (Imagens simbólicas formada pelas vibrações mentais dos habitantes de NOSSO LAR. Foi ai que, abundante chuva de flores azuis, se derramou sobre nos mas, se fixávamos os miosótis celestiais, não conseguíamos detê-los nas mãos. As corolas minúsculas desfaziam-se ao tocar-nos.

Experimentei singular renovação de energia ao contato das pétalas fluidas que me balsamizavam o coração. Já não era o doente de antes. Aquela prece coletiva em NOSSO LAR, operara em mim completa transformação. Enchera-se meu coração de gotas generosas do licor da esperança.

No Bosque das Águas

Disse-me o instrutor: Vamos ao grande reservatório da colônia. Verá que a água é quase tudo em nossa estância de transição. Esperemos o AERÓBUS. (carro aéreo, que na Terra seria um grande funicular) Surpreso, vi surgir um grande carro suspenso do solo. Não era máquina conhecida na Terra. Constituída de material muito flexível, parecendo ligada a fios invisíveis, em virtude do grande número de antenas no toldo. A velocidade era muita, e a distância não era pequena. Porque só depois de uns quarenta minutos chegamos ao destino. Deslumbrou-me o panorama de belezas sublimes. O bosque em floração maravilhosa, embalsamava o vento fresco de inebriante perfume. Tudo era um prodígio de cores e luzes. Entre margens de grama viçosa, deslizava o RIO AZUL de grandes proporções. A correnteza rolava tranqüila, mas tão cristalina que parecia totalizada de matiz celeste. Plantadas a espaços regulares, árvores frondosas ofereciam abrigo. Bancos convidavam ao descanso. Estamos no Bosque das águas. Temos aqui uma das mais belas regiões de NOSSO LAR. Local de excursões de namorados que aqui vem tecer as mais belas promessas de amor e fidelidade, para as experiências da Terra. Na Terra poucos conhecem a importância da água. Aqui outros são os conhecimentos. Sabemos que o Senhor criou as águas. Conhecendo-a mais intimamente, sabemos que a água é o veículo dos mais poderosos para os fluidos de qualquer natureza. Aqui ela é empregada sobre tudo como alimento e remédio. Há repartições, consagradas à manipulação da água pura, com certos princípios captados na luz do Sol, e no magnetismo espiritual. O sistema de alimentação tem ai as suas bases. Só os detentores de superioridade espiritual, podem magnetizar as águas do RIO AZUL, para que sirvam a todos com a sua pureza. O homem é desatento sobre este assunto. O mar equilibra-lhe a moradia planetária. O elemento aquoso fornece-lhe o corpo físico, a chuva dá-lhe o pão, o rio organiza-lhe a cidade. A presença da água oferece-lhe a benção do lar e do serviço. A água como fluido criador, absorve em cada lar, as características mentais de seus moradores. A água no mundo, carrega os resíduos dos corpos e também as expressões de nossa vida mental. Será nociva em mãos perversas, e útil nas mãos generosas. E quando em movimento, sua corrente não só espalhará bênçãos de vida, mas será um veiculo da Providencia Divina, absorvendo amarguras, ódios e ansiedade dos homens, lavando-lhes a casa material e purificando-lhe a atmosfera íntima.

Mas "Um certo homem" existe e acha o tesouro.

Qual será a diferença entre "certo homem" e um homem qualquer?

Certo homem é o que acha o tesouro.

É aquele que vê e ouve corretamente.

É o que procura e por isso acha.

É o que busca. É o que insiste.

Está escrito, Pedi e dar-se vos- á. Buscai e achareis. Batei e abrir-se-vos-á Não é portanto um homem qualquer, é um espírito evoluído. É uma criatura com sensibilidade, sentidos apurados e vivência aproveitada. É o verdadeiro artífice de sua renovação e evolução. Sábio, justo, equilibrado inteligente e bondoso. Estas conquistas em si, já são o tesouro encontrado. O homem, quando pela sua luta, pelo seu trabalho, sente-se na posse de tamanha conquista, sabe resguarda-la com amor e carinho. Sabe que Deus é o Pai amoroso, que Jesus é o Mestre e Pastor Tem fé no Evangelho.

Sabe que o Bem é eterno. Vive trasbordante de alegria. Trabalha aquele Campo (Espiritual e Físico).

Não se prende, dispensa as ilusões e coisas transitórias, pelo TESOURO maior das conquistas imortais do espírito. Não se inquieta, não se desequilibra. Faz sua própria analise. Sê vê no tempo e no espaço (Em espírito, se vê no passado e no presente, podendo até vislumbrar o futuro).

Sabe o que é, de onde vem e para onde vai. Tem fé suficiente e humildade para saber medir as suas poucas possibilidades e as suas muitas limitações. Porém a luz do que a doutrina revela, sabe que tem o tempo pela frente, e encarnações a serem aproveitadas.

Tem esperança. Aplica a caridade para consigo mesmo. Ajuda aos irmãos do caminho. Enfim, trabalha, espera, luta, sofre, perdoa e AMA.

Para exemplificar "Um certo Homem" conta MALBA TAHAN um conto tirado de uma lenda ÁRABE.

O CASTIÇAL DE TAGIL.

Era uma vez um pobre jardineiro que se chamava Tagil.

Ao regressar do trabalho um dia, avistou um viajante desconhecido que se achava em perigo ao ser assaltado por dois ladrões. Tagil, alma nobre e ânimo valente, atirou-se em socorro do viajante e conseguiu graças a sua coragem, pôr em fuga os dois bandidos. O desconhecido que era um rico mercador, disse: Meu amigo, devo-lhe a vida e como lembrança de minha gratidão, quero dar-lhe um presente. Entregou ao jardineiro, uma pequena caixa amarela de couro lavrado.

Tagil, chegando a casa, abriu sofregamente, cheio de curiosidade, a misteriosa caixa. Com grande espanto, encontrou somente um castiçal de forma estranha e de metal escuro e pesado. Ora um castiçal! Exclamou ele, profundamente decepcionado. Arrisco a vida, luto contra salteadores e ganho esta droga.! Que vou fazer com isto? Em que poderá melhorar ou remediar minha vida um simples castiçal.

Tagil atirou para um canto o castiçal abandonado e esquecido como coisa inútil e desprezível.

Ora, um castiçal!

O certo é que o mísero objeto, rolava de um lado para outro. Tendo certa vez caído pela janela abaixo, esteve muitos dias ao relento, perdido no terreiro imundo. De outra feita serviu de calço a um móvel partido, e por último até de martelo manejado pelas mãos fortes e calosas de seu dono. Um dia afinal, Tagil oprimido pelas dificuldades da vida, mudou-se. Levou consigo seus objetos, deixando apenas sobre uma mesa tosca e suja, como coisa imprestável, o pesado castiçal com que o presenteara o rico mercador.

Aconteceu que a casa deixada por Tagil, foi ocupada por um músico de profissão que, ao encontrar o castiçal abandonado, teve a impressão de se de uma peça digna de atenção. Cuidando de livra-la do pó e das manchas, que o enfeavam. Notou que apresentava na superfície da base, certas linhas e figuras dispostas de modo singular.
Deslumbrado, passou a examinar o desprezado utensílio e verificou que se tratava de uma verdadeira maravilha. Sem duvida havia ali, a execução paciente de um artista genial.

Via-se gravado no metal, a figura de uma soberba galera que deslizava impávida num mar imenso, beijada brandamente pela escumilha das ondas irrequietas. Inclinando-se um pouco, já a cena era diversa. Distinguia-se uma bailarina com os seus véus, a dançar no meio de um lindo jardim. Desviando-se o olhar, notava-se que a bailarina desaparecia, ocupando-lhe o lugar, uma imponente Mesquita como seus altos e belos minaretes apontados para o Céu; graças a um reflexo de luz, via-se ainda um corcel negro a galopar sobre uma montanha de nuvens de pó.
Tudo isso o genial gravador fizera como buril, na superfície polida do castiçal. Levado o objeto a varias pessoas, todos o admiravam e a extraordinária perfeição do original trabalho.

Como é singular o destino das coisas. O que nas mãos de Tagil era uma peça inútil e sem valor, tornara-se uma verdadeira preciosidade nas mãos de outro. Porque este com finura, sendo mais hábil, soube ver as maravilhas que o outro jamais conseguira vislumbrar.

È assim o TESOURO que nos está oculto. Quando tivermos olhos de ver, sentimento e inteligência para distinguir as coisas e aprecia-las, seremos como o "certo homem" de que falou Jesus. Teremos iniciado o descobrimento do grande e precioso tesouro para a conquista do Reino do Céu em nos mesmos.

E não seremos como o ridículo Tagil da lenda, que não soube apreciar sequer, a bela jóia material, que lhe foi presenteada pelo rico mercador.

O TESOURO, são as virtudes, que o espírito vai amealhando uma após outra. O conjunto dessas virtudes, vai fortalecendo o caráter e a personalidade do homem. Algumas dessas jóias que constituem o tesouro são: a humildade, a sabedoria, a persistência no bem etc.

Há uma condição especial para a aquisição dessas virtudes. Chama-se FORÇA DE VONTADE. Com ela, acompanha-se o trabalho que em si já é um tesouro. Para ilustrar que o trabalho é um tesouro, temos que relatar uma pequena estória que se intitula.


"O TESOURO ESCONDIDO DO CÔNEGO SCHMID"

Um lavrador que estava nos seus derradeiros momentos de vida, reuniu em torno de si os filhos e assim lhes falou: Meus queridos, nada mais tenho a deixar além desta casa, o sitio e o vinhedo que ali se estende perto da casa. Nesse sitio há um ponto onde se oculta um tesouro, de valor inestimável. Remexei bem a terra e dareis com ele. Assim que o pai morreu, os filhos começaram a trabalhar, sem um momento de descanso. Mas ao que se refere à prata e ao ouro nada puderam encontrar.

Chegado à estação das frutas, o pomar que eles tinham trabalhado tanto deu tanta fruta, como nunca tinham visto, e o lucro foi naquele ano dobrado.

Foi então que os filhos compreenderam o que o pai queria dizer com a estória do tesouro.

E compreenderam mesmo que o TRABALHO TAMBÉM É UM TESOURO. Que bem aplicado, apresenta riquezas em toda parte.

TRABALHAI: O trabalho é a mais bela coisa da vida e indispensável também para a conquista DO REINO DOS CÉUS.

FIM

O Amigo Invisível

Tema: Anjo da Guarda ou Espírito Protetor (Jornal Folha Espírita)

Dois bichinhos, um caracol e um grilo, conversavam animadamente sobre o tempo. O grilo dizia que não chovia há muito tempo e que a terra estava tão seca com os arbustos tão tristes, por causa da falta de água.

Nisto ouviram um choro tão alto e sem parar.

_Quem estará chorando assim? Disse o caracol para o grilo.

_Vamos ver o que há.

Saíram da toca, onde moravam em sociedade e perfeita harmonia e qual não foi a surpresa ao avistarem uma menina que chorava sem parar.

O caracol logo perguntou: ei amiga, qual é o galho?

_Buááá......Chorou alto, é o meu irmãozinho, que se afastou de mim e se perdeu....

_Hei... pare com isso... desespero é pior, disse o grilo.

_Será que vocês podem me ajudar?

_Nós não...mas sei quem pode, disse o caracol.

_Vamos fazer uma oração.

_E a oração vai trazer meu irmão?

Ora a oração não...mas sua vibração positiva, atrairá amigos do espaço, que virão em nosso auxilio.

_Senhor, disse o caracol e o grilo, permiti que sejamos ouvidos....para auxiliar esse irmãozinho que se encontra perdido.

_E eu endosso! Disse a menina.

De repente eis que surge uma luz e o grilo logo viu e sentiu uma grande emoção.

O caracol disse:

_Olá, irmão...

A menina incrédula disse:

_Num to vendo nada.

_Nem poderia...os olhos humanos não captam as imagens fluidificas e chega de papo, mentalize o que você quer.

Disse o caracol ao grilo:

_Observe que ela nem percebeu...que foi auxiliada por nosso amigo espiritual.

Enquanto isso o irmãozinho perdido dizia.

_Gozado....tô tendo a intuição de que devo ir por este lado. Sinto que minha irmã, está por aqui.

E estava mesmo. Os dois irmãozinhos saíram de braços dados pela estrada afora e os dois amigos: o caracol e o grilo ficaram felizes, por praticarem uma boa ação.

FIM

A CARAVANA ÁRABE

Tema-(Existência de Deus) Ciclo - Primário.
Extraído do "Pai Nosso" De Meimei

Conta-se que um velho árabe analfabeto, orava com tanto fervor e com tanto carinho, cada noite, que certa vez um rico chefe de grande caravana chamou-o a sua presença e lhe perguntou:

_ Por que oras com tanta fé?

Como sabes que Deus existe, quando nem ao menos sabes ler? O crente fiel respondeu.

Grande Senhor, conheço a existência de Nosso Pai Celestial pelos sinais Dele.

Como? Indagou o chefe admirado.

O servo humilde explicou-se.

Quando o senhor recebe uma carta de uma pessoa ausente, como reconhece quem a escreveu?

Pela letra, pelo estilo, pela maneira de se expressar.

Quando o senhor recebe uma jóia, o que o informa quanto ao valor dela?

Pela marca do ourives. O velho árabe sorriu e acrescentou.

Quando ouve passos de animais ao redor da tenda, como sabe se foi carneiro, um cavalo ou um boi?

Pelos rastos, respondeu o chefe surpreendido.

Então o velho crente, convidou-o para fora da barraca e, mostrando-lhe o Céu, onde a Lua brilhava cercada por multidões de estrelas, exclamou respeitoso.

Senhor, aqueles sinais lá em cima, não podem ser dos homens. (A harmonia existente no mecanismo do Universo patenteia combinações e designa determinados. Por isso mesmo revela um poder inteligente supremo.) Tudo revela o poder a justiça e a bondade de Deus.

A beleza e a perfeição do Universo demonstra uma sabedoria, prudência e precisão, que ultrapassam todas as aculdades humanas.

O nome de um ser, soberanamente grande e sábio, acha-se inscrito em todas as obras da criação, desde o minúsculo broto da mais tenra planta e do menor inseto, até os astros que se movem no espaço, em toda parte há prova de uma paternal solicitude.

Cego é pois, aquele que desconhece. Orgulhoso o que não lhe glorifica e ingrato o que não lhe rende graças.

A beleza do mar e a vida que ali encerra. Da vida que dele vem, desde os primórdios da existência do Planeta.

As manchas verdes que aparecem obre as rochas, são formadas de liquens vindo das águas por ação da fotossíntese. Um início de vida vegetal e animal, vindo das águas com moluscos, peixes e crustáceos.

Até nossos dias, é o mar, considerado o grande repositório da vida através do plâncton.(micro organismos) animais e vegetais que vivem em contato como fundo do oceano.

È a vida para alimentar toda a fauna marinha.

As plantas e os insetos que equilibram a existência da vida de todos os seres.

Clorofila: o verde da vida.

No momento em que o primeiro raio de Sol atinge a copa de uma árvore e ilumina as suas folhas, iniciam-se naquele minúsculo laboratório que é a célula vegetal, um assombroso fenômeno que torna possível a vida na terra. O sol oferece as plantas verdes, a energia necessária e suficiente para a produção constante de substâncias orgânicas essenciais. É a clorofila que permite o funcionamento de tão importante acontecimento. Pelos poros, a folha absorve moléculas de gás. carbônico (CO2) do ar, enquanto recebe pelas raízes- através dos vasos condutores, moléculas de água (H2O). Nessa água encontram-se diluídos sais minerais de diversos tipos.
E processa-se então o grande equilíbrio para todos os seres viventes. A Planta retém para si o gás carbônico, indispensável a sua subsistência e libera o oxigênio para a vida animal.

Os animais e as aves, também são bênçãos que o Criador colocou em nosso mundo.

As aves com sua plumagem e seu canto mavioso, nos oferece lindo ornamento, ao mesmo tempo em que equilibram a natureza, destruindo insetos e parasitas daninhas que infestam as plantações. Os animais por sua vez, fornecem o gás carbônico aos vegetais, numa permuta constante e benéfica. São também nossos irmãos irracionais, mas de grande serventia em todos os aspectos, para beneficio da criatura humana.

Tudo isso Nosso Pai nos oferece neste Mundo.

Saibamos ser agradecidos, e oferecer nosso sentimento de adoração ao ser supremo que é o nosso Pai do Céu.

Nesse momento, o orgulhoso homem das caravanas de olhos lacrimosos, ajoelhou-se na areia escaldante do deserto e começou a orar também.


MEIMEI
Musicado ou Recitado.

Quem fez as flores tão lindas,
-Não sei, não sei.
Quem pôs peixinhos no mar?
-Não sei, não sei.
Quem é que ascende a estrela?
- Não sei, não sei.
Como é que o mar não se entorna?
-Não sei, não sei.
Eu sei quem é que fez tudo.
-Eu sei, eu sei.
Eu sei quem é que fez tudo.
-Foi Deus, só Deus.

Os tesouros no Céu.

A luz nas trevas.
Os dois senhores.
A ansiosa solicitude pela nossa vida.

Tema Evangélico

Os tesouros na Terra são: Os bens materiais que permanecem, porque não podemos levá-los para a espiritualidade. Dar Exemplos: (casa, automóvel, jóias, terras, vestuários etc. Pedir sugestões as crianças. São enfim as coisas materiais, perecíveis, sujeitas a deterioração, a serem roubadas, invejadas, e destruídas.

Exemplo: Um tremor de terra pode destruir casas.
25.000 pessoas mortas no Irã, recentemente. Fogo que destrui edifícios e até uma cidade. Tempestades com ventos a espantosa velocidade....
Contando também como disse Jesus " a ferrugem que destrui e danifica. A traça, um bichinho que se alimenta de nossas utilidades, tais como roupa, papéis, livros... Trazer algumas traças em uma caixinha de fósforo para as crianças verem. E ainda os ladroes que também escavam, assaltam e roubam os pertences materiais de outras pessoas. (Contar algum fato) Então se verificarmos bem, veremos que os tesouros materiais, são perecíveis, passageiros e de pouca duração.
Não são tesouros realmente.
Não podemos leva-los para a pátria espiritual.
São danificados por diversos agentes e indiscutivelmente são falsos tesouros.
Seriam então desprezíveis? Não, eles são de uso para a nossa vida material, portanto necessários. Jesus quis somente demostrar que não são os verdadeiros tesouros. São necessários somente para nossa vida material.
Então nosso Mestre e Senhor, nos aconselha, amealhar, juntar, conquistar os verdadeiros tesouros.
Os tesouros imperecíveis são: A BONDADE para com todos os viventes. Seja o nosso irmão do caminho, sejam as plantas, os animais, as coisas infinitamente pequenas ou as coisas infinitamente grandes com as do Céu.
A humildade a Paciência e as conquistas intelectuais, tais como as ciências e as filosofias.

Ao desencarnar o espírito leva consigo, somente as conquistas espirituais. Ser religioso é importante, Religião quer dizer RELIGAR. Então orar e vigiar torna-se nossa primeira necessidade.
È amar e não esquecer de vigiar nossos pensamentos, para não cairmos em tentações. Como dissemos, tudo o que é material aqui permanece. No Céu não há ladrões, não há ferrugens nem traças ou cupins. Disse Jesus, "Onde está o teu tesouro, ai está o teu coração".

Se nosso tesouro, são as coisas materiais, ali estará o nosso coração e por isso sofremos, quando as vemos danificadas ou roubadas. Não devemos nos preocupar demasiado com as coisas materiais. Deus vela por seus filhos e nada lhes faltará.

O mestre, nos ensina, observar as aves do céu, que não semeiam, não fiam, nem ajuntam em seleiros, contudo o Pai do Céu as sustenta. Veja um lindo passarinho. Faz sua casinha de gravetos secos busca sua alimentação entre os frutos das arvores e tem a água que precisa dos riachos e da chuva. Nada mais precisa para viver e para nos alegrar, oferece o seu gorjeio maravilhoso.

Olhai os lírios do campo, como são belos. Eles não trabalham e nem fiam. No entanto, nem Salomão em sua gloria se vestiu como qualquer deles. Portanto não vos inquieteis dizendo: que comeremos ou o que vestiremos, porque os gentios ( ignorantes) é que procuram todas essas coisas. Buscai em primeiro lugar o REINO DE DEUS E SUA JUSTIÇA E TODAS ESTAS COISAS TE SERÃO ACRESCENTADAS. Não vos inquieteis com o dia de amanha. O amanha trará os seus cuidados. Basta ao dia o seu próprio mal....

AS DUAS MENINAS (CONTO)

Lúcia e Marina são duas irmãs muito diferentes uma da outra.

Lúcia é meiga, bondosa e estudiosa.

Marina ao contrario, não gosta de estudar. Só se preocupa com a vaidade. Só quer vestidos novos, sapatos, jóias. Tudo que vê cobiça. Tudo o que os outros tem, Marina também quer.

Mamãe se preocupa muito com isso. Marina, diz ela: Tenha paciência, As coisas não são como você quer. Precisamos saber se Papai pode comprar, se o dinheiro que ganha dá para este gasto. Marina sempre teimosa, bate o pé, quero, quero e quero. Por isso é uma menina aflita, inquieta e na sua fisionomia reflete-se o seu estado de alma. Sempre carrancuda, nervosa com o olhar procurando ver o que os outros possuem. Vive atormentada, porque inveja as outras crianças.

Lúcia, ao contrario, se contenta com o que possui. Por isso vive feliz. Suas roupas estão sempre limpas, seus sapatos engraxados e os cabelos bem penteados. É amiga dos bichinhos, das plantas e dos passarinhos. Todos gostam dela e se sentem felizes em sua companhia. Não inveja as outras crianças. Por isso é bonita, seus cabelos e olhos tem o brilho da felicidade. Para que tanta roupa e agasalho. Tantos pares de sapato? Não pensa em tantas crianças que não tem nem um agasalho para o frio.

Crianças que andam descalças e não tem as vezes nem o pão para alimenta-las. Isso que é triste. Diz Lúcia:
_Devemos visitar a casa dos pobrezinhos para levar-lhes alguma coisa de que necessitam.

Vou com mamãe, fazer um plantão no Albergue Noturno e lá vejo algumas crianças do sítio que vem para a cidade, tratar-se no hospital porque estão doentes. Fico penalizada. Ajudo no que posso...É assim que sou, É assim que penso Jesus não diz em seu Evangelho ( repetir as figs 3 e 4) AS AVES DO CÈU NÂO SEMEIAM NÃO COLHEM NEM JUNTAM EM SELEIROS CONTUDO ELAS SE SUSTENTAM COM A NATUREZA.

OLHAI OS LIRIOS DO CAMPO, OLHAI COMO CRESCEM. ELES NÃO TRABALHAM NEM FIAM CONTUDO SÃO LINDOS,ALVOS E PUROS COMO A NEVE. Estão vestidos com a natureza que Deus lhes dá. Quem se vestirá melhor que as flores lindas e perfumadas. Deus nosso Pai sabe de tudo o que necessitamos e desde que procuremos ser justos e bons nada nos faltará. Se formos calmos e caridosos, teremos Paz, saúde e harmonia no Lar. Papai e Mamãe nos darão pelo trabalho diário, tudo o que precisamos e nossa vida decorrerá normal. O importante é saber disso: Estudar para aprender, ser bondoso e humilde para viver feliz. Não será essa a felicidade que todos procuramos?
VAMOS JUNTAR TESOUROS PARA A ESPÌRITUALIDADE.