Malba Tahan
Ciclo: Primário
TEMA: Simplicidade
(Desenhos e adaptação de Maria R. de Amaral)
Era um sapo que se chamava Mazalu.
Leia bem devagar: MA-ZA-LU. O sapo Mazalu vivia muito quito debaixo de uma pedra junto ao rio.
Certa manhã, o sapo Mazalu saiu a passeio e encontrou o seu amigo tatu. O tatu chamava-se Pavio.
Leia sem se apressar: PA-VI-O .
- Como vai, amigo Mazalu? Como tem passado?
O sapo respondeu:
- Vou bem, obrigado, amigo Pavio.
Disse então o tatu:
- Qualquer dia eu apareço lá por sua casa. Vou fazer-lhe uma visita. O sapo tremeu. E sabem por que? Ele não tinha casa. Morava embaixo de uma pedra num lugar frio e cheio de lama. Como receber a visita de um amigo tão elegante como o pavio?
Depois de pensar uma pouco, o sapo respondeu delicado :
- Apareça, amigo tatu, apareça. Vá um dia jantar comigo.
- Está bem, amigo sapo. Brevemente irei passar a tarde em sua casa.
Nesse mesmo dia, o sapo tratou de arranjar uma casa onde pudesse receber a visita do tatu.
Ele ouvira dizer que uma ave chamada joão-de-barro fazia casas. E que casas bonitas! Mais bonitas que as casas feitas pelos engenheiros. Dali mesmo ele foi procurar o joão-de-barro.
- Você pode fazer uma casa para mim, joão-de-barro ?
O João-de-Barro respondeu:
- Não há nada mais fácil. Farei para você uma casa muito bonita com portas e varanda. Custa só cem reais.
- Está bem, respondeu o sapo.
E pagou os cem reais para o João-de-Barro. No dia seguinte o sapo foi ver a casa construída pelo João-de-Barro.
Era muito bonita, bem feita e tinha porta e varanda . mas ficava muito alta, no galho de uma árvore e o sapo não podia chegar até lá.
Mazalu foi obrigado a desistir da casa feita pelo João-de-Barro.
"Só a formiga saúva será capaz de fazer uma casa que sirva", pensou o sapo. "Vou falar com a formiga saúva".
Mas a formiga morava em formigueiros horríveis onde não entra água.
E a casa feita pela formiga saúva, não serviu ao sapo. Era pequena, muito seca e abafada.
O sapo gostava de lugares úmidos e frios.
O sapo lembrou-se da velha coruja que passa o dia recolhida e só sai à noite para passear. A coruja sim é que sabe fazer casas magníficas. E o sapo resolveu comprar uma casa da coruja.
Mas a casa da coruja não ia servir para ele; era um buraco feito no tronco de uma velha mangueira e o sapo, por mais que pulasse não conseguiria alcançar a porta de sua nova moradia.
Pobre Mazalu! Mal sabia ele que casa de coruja não serve para sapo.
Muito triste, o sapo procurou o macaco que vivia a saltar pelas árvores.
- Macaco, você pode fazer uma casa para mim?
- Ora se posso! - respondeu o macaco.
E sabe o que fez o macaco?
Arranjou um caixote sem tampo e desse caixote fez uma casa para o sapo.
- Agora sim - disse o sapo - posso receber a visita do meu amigo tatu.
Mas no dia da visita o tatu ficou muito triste. Não podia entrar na casa do sapo. O caixote era muito pequeno; ele não cabia lá dentro.
- Amigo sapo - disse o tatu - a casa é para mim pequena e desagradável. Pensei que você morasse debaixo de uma pedra junto ao rio. Era lá que eu queria jantar com você.
Ao ouvir isso, o sapo ficou muito espantado. Tivera tanto trabalho e despesa para arranjar aquela casa e, no entanto, o tatu queria encontrá-lo como ele vivia, modesto e tranqüilo debaixo de uma pedra junto ao rio.
O sapo voltou para o seu lugar e lá recebeu muitas visitas . Cada vez que o tatu ia visitá-lo, levava um belo presente para o amigo.
AQUELE QUE É FELIZ NUMA CASA MODESTA E POBRE NÀO DEVE INVEJAR O PALÁCIO DO RICO.
VIVAMOS , POIS, COM SIMPLICIDADE E MODÉSTIA, POIS A FELICIDADE NÃO RESIDE NO LUXO NEM NA OPULÊNCIA!
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QUADRINHAS
Era uma vez um Sapo
Que chamava Mazalu
E tinha um grande amigo
O Carpinteiro Tatu.
Mazalu morava quieto
Debaixo de grande pedra
Lá numa curva do rio
Bem pertinho da floresta.
Visitar o grande amigo
Era o sonho do Tatu
"Mas em casa tão estranha..."
Pensou logo Mazalu.
Seu amigo, o Macaco
Muito alegre e brincalhão
De um caixote fez a casa
O Tatu não gostou não.
Terminada a confusão,
Disse o Tatu para o Sapo;
- A tua casa no rio
É que é bonita de fato!
Jantaram os dois amigos
Na maior felicidade
Aprendendo a lição
Que traz a SIMPLICIDADE
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CANTO
Sapo jururu ( MAZALU )
Na beira do rio
Quando o sapo canta, morena
Diz que está com frio
Eu vi um sapo
Na beira do rio
De camisa verde, ó lê lê
Ele não me viu
A mulher do sapo
Foi que me contou
Que o marido dela, ó lê lê
Era professor
Sapo jururu (MAZALU)
Na beira do rio
Quando o sapo canta, morena
É porque tem frio
A mulher do sapo
Deve estar lá dentro
Fazendo rendinha, morena
Pro seu casamento
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