sexta-feira, 20 de agosto de 2010

"A VOLTA DO FILHO PRÓDIGO"

Sinônimo de Pródigo: Perdulário, Dissipador, Esbanjador.

EVANGELHIO Seg. São Lucas...

Foi o Evangelista Lucas, contemporâneo do apostolo Paulo e seu companheiro de grandes momentos e que ouviu de Maria, mãe de Jesus, as narrativas vividas pelo Mestre. Jesus. Foi ele quem escreveu ATOS DOS APOSTOLOS.

Em Éfeso, vivia Maria com o discípulo João, quando sendo visitada por Paulo e Lucas, pode escrever boa parte de seu Evangelho. Além de médico era Lucas escritor e em sua narrativa sobre o Filho Pródigo com sensibilidade e talento, nos apresenta esta página.

Descreve Lucas

Certo homem tinha dois filhos. O mais moço deles disse ao Pai: Dá-me a parte que me cabe dos bens e o Pai lhes repartiu os haveres.

Passados não muitos dias o filho mais moço, ajuntando tudo o que era seu, partiu para uma terra distante e lá dissipou todos os seus bens, vivendo de maneira dissoluta.

Sinônimo de dissoluto - libertino, devasso, sem caráter.

Depois de consumir tudo, sobreveio àquele pai uma grande fome, e ele começou a passar necessidade.

Então ele foi e se agregou a um dos cidadãos daquela terra, e este o mandou para seus campos a guardar porcos. Ali desejava ele fartar-se das alfarrobas que os porcos comiam, mas ninguém lhe dava nada.

Então caindo em si disse: Quantos trabalhadores de meu Pai têm pão com fartura e eu aqui, morro de fome.

Levantar-me-ei e irei Ter com meu Pai e lhe direi: Pai, pequei contra o céu e contra Ti. Já não, sou digno de ser chamado Teu filho, trata-me como um dos teus trabalhadores. E, levantando-se foi para o seu Pai.

Vinha ele ainda longe, quando seu Pai o avistou, compadecido dele, correndo o abraçou e beijou.

E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu e diante de ti: já não sou digno de ser chamado teu filho.

O Pai porem, disse aos seus servos. Trazei depressa a melhor roupa, vesti-o, pondo-lhe um anel no dedo. E sandálias nos pés. Trazei também e matai o novilho cevado. Comamos e regozijem-nos, porque este meu filho estava morto e reviveu. Estava perdido e foi achado e começaram a regozijar-se.

Ora o filho mais velho estava no campo: e, quando voltava ao aproximar-se da casa, ouviu a música e as danças. Chamou um dos criados e perguntou o que era quilo. O criado informou: Veio teu irmão e teu Pai mandou matar o novilho cevado, porque o recuperou com saúde.

Ele se indignou e não queria entrar: saindo porem o Pai, procurava conciliai-lo Mas ele respondeu a seu Pai: Há tantos anos que te sirvo sem jamais transgredir uma ordem sua, e nunca me deste um cabrito sequer para alegrar-me com os meus amigos. Vindo porem, esse teu filho, que desperdiçou os teus bens com meretrizes, tu mandaste matar para ele o novilho cevado?

Então lhe respondeu o Pai: Meu filho, tu sempre estás comigo: Tudo o que é meu é teu. Entretanto era preciso que nos alegrasse-mos, porque esse teu irmão estava morto e reviveu estava perdido e foi achado.

Há mais alegria no Céu por um pecador que se arrepende, do que por todos os justos que ali estejam.

Certo homem (Deus Nosso Pai e Criador) Senhor de todas as coisas orgânicas e inorgânicas. Criador do Céu e da Terra,. das vastas e infindáveis galáxias com centenas de sistemas planetários. Assim como Criador do Macro também Criador do Microcosmo. Desde o átomo e suas partículas mais ínfimas. Senhor da Terra, do ar que respiramos, da água que bebemos, dos vegetais que nos alimentam, como o oxigênio e as verduras e frutas. Das belezas do Céu, do Mar, das Matas, dos Rios e das Flores. Senhor Deus Nosso Pai dos ensinamentos de Jesus que diz: O Pai trabalha e eu trabalho também.

Dos seres viventes feitos a sua imagem destaca-se os dois filhos: O Pródigo e o Egoísta Os filhos que possuem toda herança do Criador. Que seriam esses bens?

Seriam principalmente, bens espirituais.

A maior dádiva, A FILIAÇÂO DIVINA, O ESPÌRITO IMORTAL, E O LIVRE ARBITRIO. Mas o filho mais moço estava inquieto. Queria sair e conhecer outras paragens. Ser senhor de seus desejos, tomar posse do que lhe pertencia. Assim pensando, pediu ao Pai: dá-me a parte que me cabe dos bens. O Senhor deu-lhe os bens pedidos, o anel de príncipe, o manto real, os haveres materiais como jóias etc.

Passados não muitos dias, este filho partiu, para uma terra distante a cata de aventuras.

Por onde teria passado. Por qual terras do universo, por quais paragens. Aqui no orbe terreno? Encarnado? Desencarnado? Que importa, por aqui, por ai, acolá, quem sabe. Só ele e Deus sabe.

O certo é que desceu fundo.

Nesses lugares conheceu amigos e inimigos, influenciou e foi influenciado, negativo ou positivo. O certo é que não soube com tudo isso lidar. Atravessou desertos e planícies subiu a montanhas e desceu aos valados. Uniu-se aos que iam em caravanas vendendo e comprando. Ou ainda trocando. Conheceu gente boa, mas conheceu gente má também. Foi roubado, pelos salteadores da estrada.

Chegou com seus poucos haveres, em uma grande cidade cercada de altas muralhas e grandes portais. Ali alugou uma bela residência cheia de quartos e salões, porque pretendia promover grandes festas. Entreter "amigos" com lautos jantares. Muita festa muita dança muitos comes e bebes. E assim viveu em dissolutas orgias criminosas. Consumindo, esbanjando, menosprezando todas aquelas dádivas divinas que herdara de seu Augusto Pai. Desprezou até seu corpo físico com tantas intemperanças praticadas.

Começou a sentir-se fraco e dente. Tornou-se pobre, roto, faminto e miserável teve que desocupar a bela residência e viver em pensões baratas e sujas.

Procurou os amigos de antes, mas como não tinha mais dinheiro, também não tinha mais amigos. Estes voltaram-lhe as costas. Aprendeu a lição de que " de onde se tira e não põe acaba".

Tornou-se inevitavelmente da grande Lei de Justiça (Causa e Efeito) Continuou, descendo, descendo, até ao fundo do abismo. Conta-nos o Evangelista Lucas, que o Pródigo, sofreu bastante. Estando por longo tempo doente e abatido, chegou a ser preso, porque acharam que era um vadio qualquer.

Andou ao léu, e depois de percorrer tortuosos caminhos de dores amargas acercou-se de um pequeno sitio, onde eram criados porcos. Na porteira, titubeou em apresentar-se ao dono da chácara, com receio de ser mal interpretado. Bateu palmas e o dono lá de longe disse: Não queremos vadios ou mendigos por aqui, vá andando.

Senhor, disse o Pródigo não sou vadio ou mendigo. Estou faminto é bem verdade, mas procuro trabalho, não se preocupe. Se me deres trabalho tratarei dos porcos e comerei das alfarrobas que os alimentam. E ali ficou por algum temo meditando sobre sua vida e fez um retrospecto nos acontecimentos vividos. Racionalizando, lembrou com saudades de seu bondoso Pai e de seu Lar cheio de beleza e fartura, onde os empregados, tinham comida abundante. Arrependido e lembrando-se de que o Pai lhe dissera, que quando quisesse voltar, poderia, que ele estaria esperando-o de braços abertos.

Voltarei para o meu Pai.

E a volta se processou, muito penosa. Séculos e séculos. Encarnações e processos espirituais expiatórios e provas. Tudo para se quitar com a GRANDE LEI DE JUSTIÇA. Em que somos livres para plantar, porem a colheita é obrigatória. Tinha que reconquistar a saúde espiritual e apresentar-se com a túnica nupcial. Mas estava determinado a voltar. O Pai, conhecia amplamente o novo estado de espírito do filho Sentiu como Pai amoroso e justo a sua decisiva transformação. E vinha ele longe, na caminhada evolutiva e o Pai já o avistara e esperava. Compadecido dele, correndo o abraçou e beijou, sentindo naquela alma a maior sinceridade. Do seu coração magnânimo partiram eflúvios benditos de amor. E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o Céu e contra Ti. Já não sou digno de ser chamado Teu filho. Trata-me como a um de teus trabalhadores. O Pai compadecido disse: Filho estas novamente em teu Lar. Voltas-te para o que é teu e chamando os servos, e lhes disse: Trazei depressa a melhor roupa. Vesti-o, pondo-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés. Regozijemo-nos também com uma grande festa. Porque este meu filho estava morto e viveu, estava perdido e foi achado. " há mais alegria no Céu por um pecador que se arrepende, do que por todos os justos que ali estão" O bom filho a casa torna.

A melhor roupa é a túnica nupcial que é a luz do espírito.

O anel, representa o brasão de príncipe.

As sandálias representam a proteção espiritual, merecida pelo filho.

O Filho Egoísta

Estava o filho mais velho no campo e quando voltava, ouviu a música e as danças. Chamou um dos criados e perguntou o que era aquilo. O criado informou: Veio o teu irmão e teu Pai mandou matar um novilho cevado, porque o recuperou com saúde. Ele se indignou e não queria entrar, saindo o Pai que procurava concilia-lo. Mas ele respondeu a seu Pai: Há tantos anos que te sirvo sem jamais transgredir uma de tuas ordens e nunca me deste um cabrito sequer para alegrar-me com os meus amigos. Vindo porém, este teu filho, que desperdiçou os teus bens com meretrizes, tu mandaste matar para ele um novilho cevado. Então lhe respondeu o Pai: Meu filho, tudo o que é meu é teu. Entretanto é preciso que nos alegremos, porque esse teu irmão, estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado.

Comentários da Parábola por Vinícius em seu livro Nas Pegadas do Mestre. Cap. 22

Se Lucas foi um grande escritor do Evangelho Vinícius foi um grande escritor espírita. Dono de uma didática admirável porque analisou e compreendeu os ensinamentos Evangélicos, com grande propriedade. Assim é que em seus livros, traz para nós, elucidações Cristãs que nos ajudam a compreender nossa filosofia. Elucidações, cheias de beleza literária de que se faz portador. Então diz ele: O egoísta, mostra-se magoado e protesta. Retruca o Pai: È certo que não dissipaste os bens herdado mas por isso nada sofrestes. Ao passo que teu irmão, suportou todos os revezes e torturas originários dos erros que cometeu. Hoje é sábio pela experiência adquirida Virtuoso, pelo sofrimento suportado. Puro, graças ao batismo do fogo, que recebeu através do cadinho da dor: Hoje regressa ele ao Lar paterno mansão de todos os filhos, qual perdido, encontrado, qual morto, redivivo. È um ato de justiça, portanto, a expansão de amor com que o recebi Os dois irmãos representam a humanidade O Pródigo é a fiel imagem dos pecadores, cujas faltas, transparecem, ressaltam logo a primeira vista.. Semelhantes transviados, deixam-se arrastar ao sabor das intemperanças, como barcos que vagam a mercê das ondas sem leme e sem bússola. Sabem que são pecadores, estão cônscios das próprias imperfeições e comumente ostentam para os que tem olhos de ver, apesar de graves faltas, apreciáveis Virtudes.

Já o filho mais velho o Egoísta é a perfeita encarnação dos pecadores que se julgam isentos de culpa. Protótipos das virtudes, únicos herdeiros das bem-aventuranças eternas, pelo fato de se haverem abstido do mal. São os orgulhosos, os exclusivistas os sectários que se apartam dos demais para não se contaminarem, como faziam os fariseus que desprezavam os samaritanos. E o fariseu que orava no Templo, quando Jesus nos faz lembrar que quem se humilha, será exaltado e quem se exalta será humilhado. O Pródigo ao seu ver, deve ser excluído do Lar. Não vêem ligação alguma de solidariedade entre os membros da família humana. Quando se refere ao Pródigo, diz: "esse teu filho" Descrêem da reabilitação dos culpados. Imaginam-se alto e os demais em baixo. O mal do Egoísta, é muito mais profundo, esta muito mais radicado que o do Pródigo. O Pródigo tem qualidades ao lado de defeitos. O Egoísta não tem vícios, mas igualmente não tem virtudes. O Egoísta não esbanja os dons: esconde-os, como os avarentos escondem as moedas. Não mata, porém é incapaz de arriscar um fio de cabelo para salvar alguém. Não rouba mas também não dá. Tais pecadores acham-se, por isso mais longe de Deus que os demais, apesar das aparências denunciarem o contrario (Lembrar que parecer não é ser) As virtudes, são mais fácil simula-las, mas difícil de adquiri-las Quem simula, quer parecer. Quem adquiri-las é Virtuoso. A prova está em que as intimas simpatias, de todos que lêem a Parábola, se inclinam para o Pródigo, num movimento natural e espontâneo è a escolha do coração. Depois, nós pecadores confessos, vemos, na vida do Pródigo, a nossa própria história. Sua epopéia é a nossa esperança. Eis porque com ele tanto simpatizamos...

Fim

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