Durante uma era glacial, muito remota, quando parte do globo terrestre esteve coberto por densas camadas de gelo, muitos animais não resistiram ao frio intenso e morreram, indefesos, por não se adaptarem às condições do clima hostil.
Foi então que uma grande manada de porcos-espinhos, numa tentativa de se proteger e sobreviver, começou a se unir, e juntar-se mais e mais.
Assim, cada um podia sentir o calor do corpo do outro.
E todos juntos, bem unidos, agasalhavam-se mutuamente, aqueciam-se enfrentando por mais tempo aquele forte inverno .
Porém, vida ingrata, os espinhos de cada um começaram a ferir os companheiros mais próximos, justamente aqueles que lhes forneciam mais calor, aquele calor vital, e afastaram-se feridos, magoados, por não suportarem mais tempo os espinhos dos seus companheiros.
Doíam muito...
Mas, essa não foi a melhor solução : afastados, separados, logo começaram a morrer congelados, os que não morreram voltaram a se aproximar, pouco a pouco, com jeito, com precauções, de tal forma que, unidos, cada qual conservava uma certa distância do outro, mínima, mas o suficiente para conviver, resistindo à longa era glacial.
Sobreviveram...
É fácil trocar palavras, difícil é interpretar os silêncios !
É fácil caminhar lado a lado, difícil é saber como se encontrar !
É fácil beijar o rosto, difícil é chegar ao coração !
É fácil apertar as mãos, difícil é reter o seu calor !
É fácil sentir o amor, difícil é conter sua torrente !
Que possamos nos aproximar uns dos outros com amor e serenidade de tal forma que nossos espinhos não firam as pessoas que mais amamos tanto no trabalho, na escola, na igreja, em casa ou na rua.
Este blog é dedicado aos contadores de histórias as crianças e todos que gostam de ler e sonhar. O hábito da escrita é que faz eternizar a nossa história, Você também pode fazer parte enviando sua história. Quero assim contribuir para o habito da leitura, buscando resgatar o que há de mais valioso, a educação. Ler faz bem à cabeça à alma e conserva o bom humor.
sábado, 7 de agosto de 2010
Aladino e a lâmpada mágica
Há muitos e muitos anos viviam num distante reino da China a viúva de um pobre alfaiate e seu filho Aladim.
Um dia, quando este brincava na praça, um estrangeiro aproximou-se dele e lhe disse:
- Meu menino, você não e filho do alfaiate Mustafá ?
- Sou, sim,
- respondeu Aladim - mas meu pai já morreu ha muito tempo.
- Pois então eu sou seu tio, meu querido sobrinho! Há muitos anos estou viajando; desejava tanto rever meu irmão, e agora estou sabendo que ele esta morto! Quanto sofrimento para mim!
O estrangeiro tomou a mão de Aladim e pediu-lhe que o levasse a casa de sua mãe.
Lá entregou a boa senhora uma bolsa cheia de ouro, dizendo-lhe que fosse comprar uma comida saborosa para o jantar. Na refeição ele contou que estava viajando ha muito tempo, e descreveu todos os países por ele visitados.
No dia seguinte ele saiu com Aladim e comprou-lhe roupas riquíssimas.
Depois visitaram juntos a cidade, dirigindo-se por fim aos magníficos jardins que a cercavam. Pouco a pouco foram-se afastando da cidade, chegando assim ao sopé de uma montanha.
- Paremos aqui, disse o estrangeiro, pois aqui neste lugar lhe vou
mostrar coisas maravilhosas! Enquanto eu faço um fogo com gravetos, você
vai buscar lenha para fazermos uma grande fogueira.
Aladim logo reuniu uma pilha de galhos secos. O estrangeiro acendeu
então a fogueira, pronunciando palavras magicas. No mesmo instante dali
levantou- se uma fumaça espessa. A terra tremeu um pouco, depois
abriu-se, deixando aparecer uma pedra na qual estava presa uma argola de
ferro.
O estrangeiro suspendeu a pedra e uma escada íngreme apareceu.
- Desça esta escada, disse o estrangeiro, e quando você chegar em baixo
achara um salão. Atravesse-o sem parar um instante. No meio desse salão
ha uma porta que da para um jardim. No meio desse jardim, sobre um
pedestal, esta uma lâmpada acesa. Pegue a lâmpada e traga-a para mim. Se
os frutos do jardim lhe apetecerem, pode colhê-los à vontade.
Em seguida ele colocou um anel no dedo de Aladim, dizendo-lhe que este o
protegeria contra qualquer
perigo. Aladim desceu ao subterrâneo e, sem se deter, foi e apanhou a
lâmpada. Já de volta, ele parou para olhar o jardim e viu que ali havia
frutas muito diferentes das outras. Colheu algumas julgando que fossem
de vidro colorido, quando na realidade eram pérolas, rubis, diamantes
e esmeraldas.
O estrangeiro aguardava com impaciência.
- Meu tio, disse Aladim,
ajude-me a subir, por favor.
- Pois não, querido sobrinho, mas então
você primeiro tem que me dar a lâmpada, pois ela lhe pode atrapalhar
para subir.
- Não atrapalha não, meu tio; assim que estiver em cima, eu lhe entrego
a lâmpada.
E continuaram a teimar sem que nenhum cedesse, até que por fim o
estrangeiro teve um acesso de raiva pavoroso e pronunciou umas palavras
mágicas. A pedra então fechou-se sobre si mesma, e Aladim ficou
prisioneiro no subterrâneo.
O estrangeiro era um grande feiticeiro africano que por meio de suas
mágicas descobrira a existência da lâmpada cuja posse poderia torna-lo
mais poderoso que todos os reis da terra. Porem ele próprio não podia
ir busca-la, por isso recorrera a Aladim.
Vendo que não poderia obtê-la, voltou para a África
no mesmo dia. Aladim ja estava fechado no subterrâneo há três dias,
quando, juntando as mãos para implorar ao céu misericórdia, sem querer
esfregou o anel que o magico lhe dera. Imediatamente um em o medonho
apareceu e disse estas palavras:
- Que desejas ? Estamos prontos a te obedecer, eu e todos os escravos do anel.
Aladim gritou :
- Sejas quem for, tira-me deste lugar!
Mal acabara de pronunciar estas palavras e logo viu- se fora do subterrâneo. Assim que chegou a casa, contou a sua mãe o que lhe acontecera, e pediu-lhe um pouco de comida.
- Ali ! meu filho! Que tristeza! eu não tenho nem um pedaço de pão para lhe dar !
- Pois então, minha mãe, dê-me a lâmpada que eu trouxe, e eu irei vendê-la.
- Esta aqui, meu filho, mas esta muito suja. Vou areá- la; assim talvez dêem mais dinheiro por ela.
Assim que começou a esfrega-la, apareceu um gênio pavoroso que disse com uma voz cavernosa:
- Que desejas? Sou teu escravo, e estou pronto a te obedecer, assim como todos os outros escravos da lâmpada.
A mãe de Aladim. desmaiou de susto. Aladim pegou a lâmpada e respondeu:
- Estou com fome, traz alguma coisa para eu comer !
O gênio desapareceu
e voltou trazendo em enorme bandeja de prata 12 pratos cheios de coisas
deliciosas, pão e duas garrafas de um vinho finíssimo, colocando
tudo sobre a mesa; depois desapareceu.
Muitos dias se passaram durante os quais Aladim e sua mãe recorreram uma
porção de vezes a lâmpada.
Uma manhã, enquanto passeava, Aladim ouviu publicar uma ordem do rei
obrigando o povo a fechar todas as portas e janelas das casas, porque a
princesa sua filha ia sair do palácio e não devia ser vista por ninguém.
Esta proclamação despertou em Aladim grande curiosidade de conhecer a
princesa; tendo-a visto, ficou grandemente impressionado por sua
extraordinária beleza.
Voltando para casa, ele não pode conter seu entusiasmo e disse a sua
mãe:
- Eu vi a princesa Badrulbudur. Amo-a e resolvi pedi-la em casamento.
A mãe de Aladim não pode reprimir gargalhada :
- Ora veja, meu filho ! e
está sonhando !
- Não, minha mãe, não estou. E vou-lhe pedir um favor.
Pegue um vaso de bom tamanho, encha-o com as frutas que eu trouxe do
jardim da lâmpada, e leve- o ao rei.
A mãe de Aladim fez tudo o que lhe pedira Aladim. O rei maravilhou-se
com as pedras preciosas que ela lhe ofereceu e disse-lhe:
- Vá, boa mulher, volte para a sua casa. Diga a seu filho que eu aceito a sua proposta, e que lhe concederei minha filha quando ele me enviar 40 bandejas de ouro maciço cheias de pedras preciosas trazidas por 40 escravos negros acompanhados por 40 escravos brancos, todos vestidos luxuosamente.
Logo que sua mãe lhe contou o que se passara, Aladim chamou o gênio, e
exprimiu-lhe seu desejo.
Pouco tempo depois o gênio lhe trazia os tesouros pedidos.
Aladim apresentou-se ao rei com todo seu séquito, no meio das aclamações
de toda a cidade, e as núpcias se realizaram algum tempo depois com
grandes festas.
Aladim mandou construir pelo gênio um palácio digno da princesa, sua
esposa. O palácio maravilhoso ficou pronto em uma única noite. Era feito
com madeiras preciosas e mármore do mais fino.
No centro, debaixo de uma cúpula maciça de ouro e prata, havia um salão
com 24 janelas incrustadas com as mais belas pedras preciosas. Os jovens
esposos viveram felizes alguns anos ate o dia em que o magico, que nunca
esquecia Aladim e não perdia a esperança de reaver a lâmpada
maravilhosa, soube por suas feitiçarias tudo o que acontecera.
No dia seguinte ele retomou o caminho da China e chegou logo a cidade de
Aladim.
Dirigiu-se imediatamente a casa de um negociante de lâmpadas e
comprou-lhe uma dúzia delas. Colocando- as numa cesta, tomou o caminho
do palácio maravilhoso, gritando:
- Quem quer trocar lâmpadas; velhas por novas.
A princesa Badrulbudur ouviu-o.
- Boa idéia, disse ela as suas aias, neste canto ha uma lâmpada velha,
troquem-na por uma nova !
Uma das aias logo foi e trocou a lâmpada velha pela nova.
O mágico saiu imediatamente da cidade. Assim que
ele chegou ao campo, pegou a lâmpada, esfregou-a e disse ao gênio:
- Eu ordeno que retires o palácio de onde ele esta e que o transportes
para a África.
O gênio executou imediatamente a ordem recebida. Aladim estava caçando.
Quando voltou, qual não foi o seu desespero não encontrando seu
palácio nem sua esposa.
O rei, seu sogro, estava louco de raiva, e ameaçou mata-lo se antes de
40 dias não encontrasse sua filha.
Felizmente Aladim possuía ainda o anel do magico. Esfregou-o e o gênio
apareceu.
- Que desejas ? perguntou o gênio.
- Gênio, leva-me para junto da princesa, minha esposa.
Com a rapidez de um relâmpago, achou-se ele na África, bem debaixo da janela do quarto de Badrulbudur. Uma aia avistou-o e preveniu a princesa, que o reconheceu e ir até junto dela.
Não tiveram dificuldade em se apoderar novamente da lâmpada maravilhosa dando um narcótico ao magico, que a trazia escondida dentro de suas roupas.
O gênio da lâmpada logo foi chamado para transportar o palácio para o lugar onde estava antes e o pai de Badrulbudur ficou radiante, encontrando sua filha.
O mágico foi acorrentado e jogado para servir de pasto aos animais ferozes.
Grandes festas celebraram a volta da princesa e de seu esposo. Os dois viveram muito felizes.
Aladim subiu ao trono depois da morte de seu sogro. Reinou sabiamente com Badrulbudur durante longos e longos anos e deixaram filhos ilustres.
Um dia, quando este brincava na praça, um estrangeiro aproximou-se dele e lhe disse:
- Meu menino, você não e filho do alfaiate Mustafá ?
- Sou, sim,
- respondeu Aladim - mas meu pai já morreu ha muito tempo.
- Pois então eu sou seu tio, meu querido sobrinho! Há muitos anos estou viajando; desejava tanto rever meu irmão, e agora estou sabendo que ele esta morto! Quanto sofrimento para mim!
O estrangeiro tomou a mão de Aladim e pediu-lhe que o levasse a casa de sua mãe.
Lá entregou a boa senhora uma bolsa cheia de ouro, dizendo-lhe que fosse comprar uma comida saborosa para o jantar. Na refeição ele contou que estava viajando ha muito tempo, e descreveu todos os países por ele visitados.
No dia seguinte ele saiu com Aladim e comprou-lhe roupas riquíssimas.
Depois visitaram juntos a cidade, dirigindo-se por fim aos magníficos jardins que a cercavam. Pouco a pouco foram-se afastando da cidade, chegando assim ao sopé de uma montanha.
- Paremos aqui, disse o estrangeiro, pois aqui neste lugar lhe vou
mostrar coisas maravilhosas! Enquanto eu faço um fogo com gravetos, você
vai buscar lenha para fazermos uma grande fogueira.
Aladim logo reuniu uma pilha de galhos secos. O estrangeiro acendeu
então a fogueira, pronunciando palavras magicas. No mesmo instante dali
levantou- se uma fumaça espessa. A terra tremeu um pouco, depois
abriu-se, deixando aparecer uma pedra na qual estava presa uma argola de
ferro.
O estrangeiro suspendeu a pedra e uma escada íngreme apareceu.
- Desça esta escada, disse o estrangeiro, e quando você chegar em baixo
achara um salão. Atravesse-o sem parar um instante. No meio desse salão
ha uma porta que da para um jardim. No meio desse jardim, sobre um
pedestal, esta uma lâmpada acesa. Pegue a lâmpada e traga-a para mim. Se
os frutos do jardim lhe apetecerem, pode colhê-los à vontade.
Em seguida ele colocou um anel no dedo de Aladim, dizendo-lhe que este o
protegeria contra qualquer
perigo. Aladim desceu ao subterrâneo e, sem se deter, foi e apanhou a
lâmpada. Já de volta, ele parou para olhar o jardim e viu que ali havia
frutas muito diferentes das outras. Colheu algumas julgando que fossem
de vidro colorido, quando na realidade eram pérolas, rubis, diamantes
e esmeraldas.
O estrangeiro aguardava com impaciência.
- Meu tio, disse Aladim,
ajude-me a subir, por favor.
- Pois não, querido sobrinho, mas então
você primeiro tem que me dar a lâmpada, pois ela lhe pode atrapalhar
para subir.
- Não atrapalha não, meu tio; assim que estiver em cima, eu lhe entrego
a lâmpada.
E continuaram a teimar sem que nenhum cedesse, até que por fim o
estrangeiro teve um acesso de raiva pavoroso e pronunciou umas palavras
mágicas. A pedra então fechou-se sobre si mesma, e Aladim ficou
prisioneiro no subterrâneo.
O estrangeiro era um grande feiticeiro africano que por meio de suas
mágicas descobrira a existência da lâmpada cuja posse poderia torna-lo
mais poderoso que todos os reis da terra. Porem ele próprio não podia
ir busca-la, por isso recorrera a Aladim.
Vendo que não poderia obtê-la, voltou para a África
no mesmo dia. Aladim ja estava fechado no subterrâneo há três dias,
quando, juntando as mãos para implorar ao céu misericórdia, sem querer
esfregou o anel que o magico lhe dera. Imediatamente um em o medonho
apareceu e disse estas palavras:
- Que desejas ? Estamos prontos a te obedecer, eu e todos os escravos do anel.
Aladim gritou :
- Sejas quem for, tira-me deste lugar!
Mal acabara de pronunciar estas palavras e logo viu- se fora do subterrâneo. Assim que chegou a casa, contou a sua mãe o que lhe acontecera, e pediu-lhe um pouco de comida.
- Ali ! meu filho! Que tristeza! eu não tenho nem um pedaço de pão para lhe dar !
- Pois então, minha mãe, dê-me a lâmpada que eu trouxe, e eu irei vendê-la.
- Esta aqui, meu filho, mas esta muito suja. Vou areá- la; assim talvez dêem mais dinheiro por ela.
Assim que começou a esfrega-la, apareceu um gênio pavoroso que disse com uma voz cavernosa:
- Que desejas? Sou teu escravo, e estou pronto a te obedecer, assim como todos os outros escravos da lâmpada.
A mãe de Aladim. desmaiou de susto. Aladim pegou a lâmpada e respondeu:
- Estou com fome, traz alguma coisa para eu comer !
O gênio desapareceu
e voltou trazendo em enorme bandeja de prata 12 pratos cheios de coisas
deliciosas, pão e duas garrafas de um vinho finíssimo, colocando
tudo sobre a mesa; depois desapareceu.
Muitos dias se passaram durante os quais Aladim e sua mãe recorreram uma
porção de vezes a lâmpada.
Uma manhã, enquanto passeava, Aladim ouviu publicar uma ordem do rei
obrigando o povo a fechar todas as portas e janelas das casas, porque a
princesa sua filha ia sair do palácio e não devia ser vista por ninguém.
Esta proclamação despertou em Aladim grande curiosidade de conhecer a
princesa; tendo-a visto, ficou grandemente impressionado por sua
extraordinária beleza.
Voltando para casa, ele não pode conter seu entusiasmo e disse a sua
mãe:
- Eu vi a princesa Badrulbudur. Amo-a e resolvi pedi-la em casamento.
A mãe de Aladim não pode reprimir gargalhada :
- Ora veja, meu filho ! e
está sonhando !
- Não, minha mãe, não estou. E vou-lhe pedir um favor.
Pegue um vaso de bom tamanho, encha-o com as frutas que eu trouxe do
jardim da lâmpada, e leve- o ao rei.
A mãe de Aladim fez tudo o que lhe pedira Aladim. O rei maravilhou-se
com as pedras preciosas que ela lhe ofereceu e disse-lhe:
- Vá, boa mulher, volte para a sua casa. Diga a seu filho que eu aceito a sua proposta, e que lhe concederei minha filha quando ele me enviar 40 bandejas de ouro maciço cheias de pedras preciosas trazidas por 40 escravos negros acompanhados por 40 escravos brancos, todos vestidos luxuosamente.
Logo que sua mãe lhe contou o que se passara, Aladim chamou o gênio, e
exprimiu-lhe seu desejo.
Pouco tempo depois o gênio lhe trazia os tesouros pedidos.
Aladim apresentou-se ao rei com todo seu séquito, no meio das aclamações
de toda a cidade, e as núpcias se realizaram algum tempo depois com
grandes festas.
Aladim mandou construir pelo gênio um palácio digno da princesa, sua
esposa. O palácio maravilhoso ficou pronto em uma única noite. Era feito
com madeiras preciosas e mármore do mais fino.
No centro, debaixo de uma cúpula maciça de ouro e prata, havia um salão
com 24 janelas incrustadas com as mais belas pedras preciosas. Os jovens
esposos viveram felizes alguns anos ate o dia em que o magico, que nunca
esquecia Aladim e não perdia a esperança de reaver a lâmpada
maravilhosa, soube por suas feitiçarias tudo o que acontecera.
No dia seguinte ele retomou o caminho da China e chegou logo a cidade de
Aladim.
Dirigiu-se imediatamente a casa de um negociante de lâmpadas e
comprou-lhe uma dúzia delas. Colocando- as numa cesta, tomou o caminho
do palácio maravilhoso, gritando:
- Quem quer trocar lâmpadas; velhas por novas.
A princesa Badrulbudur ouviu-o.
- Boa idéia, disse ela as suas aias, neste canto ha uma lâmpada velha,
troquem-na por uma nova !
Uma das aias logo foi e trocou a lâmpada velha pela nova.
O mágico saiu imediatamente da cidade. Assim que
ele chegou ao campo, pegou a lâmpada, esfregou-a e disse ao gênio:
- Eu ordeno que retires o palácio de onde ele esta e que o transportes
para a África.
O gênio executou imediatamente a ordem recebida. Aladim estava caçando.
Quando voltou, qual não foi o seu desespero não encontrando seu
palácio nem sua esposa.
O rei, seu sogro, estava louco de raiva, e ameaçou mata-lo se antes de
40 dias não encontrasse sua filha.
Felizmente Aladim possuía ainda o anel do magico. Esfregou-o e o gênio
apareceu.
- Que desejas ? perguntou o gênio.
- Gênio, leva-me para junto da princesa, minha esposa.
Com a rapidez de um relâmpago, achou-se ele na África, bem debaixo da janela do quarto de Badrulbudur. Uma aia avistou-o e preveniu a princesa, que o reconheceu e ir até junto dela.
Não tiveram dificuldade em se apoderar novamente da lâmpada maravilhosa dando um narcótico ao magico, que a trazia escondida dentro de suas roupas.
O gênio da lâmpada logo foi chamado para transportar o palácio para o lugar onde estava antes e o pai de Badrulbudur ficou radiante, encontrando sua filha.
O mágico foi acorrentado e jogado para servir de pasto aos animais ferozes.
Grandes festas celebraram a volta da princesa e de seu esposo. Os dois viveram muito felizes.
Aladim subiu ao trono depois da morte de seu sogro. Reinou sabiamente com Badrulbudur durante longos e longos anos e deixaram filhos ilustres.
A ZEROPÈIA
Ia uma centopéia com suas cem patinhas pelo caminho quando topou com uma barata. Vendo tantas patinhas num bicho só, a barata ficou boquiaberta:
- Mas dona centopéia, para que tantas patinhas? A senhora precisa mesmo delas? Olha, eu tenho só seis e são mais que suficientes! Posso fazer tudo, correr, trepar nas paredes, me esconder nos buracos. Ninguém consegue me acertar na primeira nem na segunda chinelada!
- É - respondeu a centopéia -, eu não havia pensado nisso! E olha que tenho essas cem patinhas desde que nasci, cinqüenta de um lado e cinqüenta de outro…
- Como a senhora faz quando tem uma coceira? - perguntou a barata. - Já imaginou o trabalhão, coçando daqui e dali, sem parar? Deve ser um inferno ter tantas patinhas! Por que a senhora não amarra noventa e quatro e fica com seis como eu? Vai ficar muito mais fácil e a senhora vai inclusive correr muito mais, como eu.
A centopéia nem pensou e amarrou noventa e quatro patinhas. Doeu um pouco com todos aqueles nós, mas era necessário, e continuou a andar.
Lá na frente se encontrou com um boi. Quando o boi viu a centopéia andando com seis patas, ficou intrigado:
- Dona centopéia, por que seis patas? Para que tantas? Olhe, eu só tenho quatro e faço o que quero! Corro, participo de touradas, pulo cerca quando quero, sou forte e todo mundo me admira! Por que a senhora não amarra mais duas e fica com quatro? Vai ficar mais ágil e vai correr tanto quanto eu…
A centopéia amarrou mais duas patinhas. Doeu um pouco, já estava quase dando câimbra, mas era necessário, e continuou a andar.
Lá mais na frente, já andando com certa dificuldade, a centopéia se encontrou com o macaco.
Quando o macaco viu a centopéia andando com quatro patas, ficou curioso. Olhou bem, contou e recontou, e não se conteve:
- Mas dona centopéia, por que tanta pata se a senhora pode andar com apenas duas, como eu? Veja como eu faço: pulo de galho em galho, corro, ninguém me pega aqui nesta floresta. Por que a senhora não amarra mais duas patinhas e fica que nem eu?
A centopéia nem pensou, e amarrou mais duas patinhas. Agora só tinha duas patas livres, poderia viver em paz, como a maioria dos bichos da floresta, e se parecia até com as pessoas, podia até pensar em ter nome de gente, como Maria ou Florinda. E continuou a andar, com dificuldade, mas tranqüila. Havia seguido todos conselhos que recebera pelo caminho.
Velhos tempos aqueles em que tinha cem patinhas livres! Quanto trabalho à toa! E continuou a andar. Mas lá na volta do caminho, de repente, viu a dona cobra! A centopéia sentiu um friozinho na barriga.
- Ih! - pensou ela - a dona cobra nem patas têm!
Não deu outra. Quando a cobra viu a centopéia com suas duas patinhas, foi logo parando e dizendo:
- Por que andar com essas duas patas num corpo tão comprido e desajeitado? Será que você não sente que está ridícula andando só com duas patas? E, afinal de contas, para que patas para andar? Não vê como eu corro, escapo, ataco, meto medo, serpenteio, subo em árvores e até nado sem patas? Por que não completa a obra e amarra tudo de uma vez?
- A centopéia, então, amarrou as suas últimas patinhas, pensando que podia ser que
nem a cobra. E não podia. Ali mesmo ficou parada pedindo socorro e gritando por todos os bichos da floresta:
- Ei, dona barata, seu boi, seu macaco, dona cobra! Venham me ajudar! Não consigo mais andar!
Eu, que tinha cem patinhas, deixei de ser uma centopéia e acabei virando uma zeropéia!
A turma da floresta, para consertar a situação, teve então uma idéia, a de fazer um carrinho bem comprido para a centopéia poder se locomover. A centopéia ia virar a primeira zeropéia motorizada da floresta!
- Mas como é que eu vou dirigir esse carro, se eu não tenho mais patinhas?
Foi um drama! Os bichos foram logo discutindo:
- A barata dirige, pois foi ela que mandou amarrar noventa e quatro patinhas de uma vez!
- Não, não, não! Dirige o boi, que mandou amarrar mais duas patas.
- Melhor o macaco, que mandou amarrar mais duas.
- Negativo! Dirige a cobra, que mandou amarrar tudo.
Até que a centopéia se deu conta, pensou bem pensado e disse para todo mundo:
- É, gente, a culpa é minha! Eu não devia ter escutado essa conversa fiada de amarrar patinhas! Eu não sou barata, não sou boi, não sou macaco nem cobra; eu sou é eu mesma, uma centopéia que quase virou uma zeropéia.
A centopéia agradeceu o carrinho, mas mandou a bicharada desamarrar todas as suas patinhas.
E decidiu que o mais importante era ser ela mesma e ter suas próprias idéias na cabeça
Herbert de Souza
- Mas dona centopéia, para que tantas patinhas? A senhora precisa mesmo delas? Olha, eu tenho só seis e são mais que suficientes! Posso fazer tudo, correr, trepar nas paredes, me esconder nos buracos. Ninguém consegue me acertar na primeira nem na segunda chinelada!
- É - respondeu a centopéia -, eu não havia pensado nisso! E olha que tenho essas cem patinhas desde que nasci, cinqüenta de um lado e cinqüenta de outro…
- Como a senhora faz quando tem uma coceira? - perguntou a barata. - Já imaginou o trabalhão, coçando daqui e dali, sem parar? Deve ser um inferno ter tantas patinhas! Por que a senhora não amarra noventa e quatro e fica com seis como eu? Vai ficar muito mais fácil e a senhora vai inclusive correr muito mais, como eu.
A centopéia nem pensou e amarrou noventa e quatro patinhas. Doeu um pouco com todos aqueles nós, mas era necessário, e continuou a andar.
Lá na frente se encontrou com um boi. Quando o boi viu a centopéia andando com seis patas, ficou intrigado:
- Dona centopéia, por que seis patas? Para que tantas? Olhe, eu só tenho quatro e faço o que quero! Corro, participo de touradas, pulo cerca quando quero, sou forte e todo mundo me admira! Por que a senhora não amarra mais duas e fica com quatro? Vai ficar mais ágil e vai correr tanto quanto eu…
A centopéia amarrou mais duas patinhas. Doeu um pouco, já estava quase dando câimbra, mas era necessário, e continuou a andar.
Lá mais na frente, já andando com certa dificuldade, a centopéia se encontrou com o macaco.
Quando o macaco viu a centopéia andando com quatro patas, ficou curioso. Olhou bem, contou e recontou, e não se conteve:
- Mas dona centopéia, por que tanta pata se a senhora pode andar com apenas duas, como eu? Veja como eu faço: pulo de galho em galho, corro, ninguém me pega aqui nesta floresta. Por que a senhora não amarra mais duas patinhas e fica que nem eu?
A centopéia nem pensou, e amarrou mais duas patinhas. Agora só tinha duas patas livres, poderia viver em paz, como a maioria dos bichos da floresta, e se parecia até com as pessoas, podia até pensar em ter nome de gente, como Maria ou Florinda. E continuou a andar, com dificuldade, mas tranqüila. Havia seguido todos conselhos que recebera pelo caminho.
Velhos tempos aqueles em que tinha cem patinhas livres! Quanto trabalho à toa! E continuou a andar. Mas lá na volta do caminho, de repente, viu a dona cobra! A centopéia sentiu um friozinho na barriga.
- Ih! - pensou ela - a dona cobra nem patas têm!
Não deu outra. Quando a cobra viu a centopéia com suas duas patinhas, foi logo parando e dizendo:
- Por que andar com essas duas patas num corpo tão comprido e desajeitado? Será que você não sente que está ridícula andando só com duas patas? E, afinal de contas, para que patas para andar? Não vê como eu corro, escapo, ataco, meto medo, serpenteio, subo em árvores e até nado sem patas? Por que não completa a obra e amarra tudo de uma vez?
- A centopéia, então, amarrou as suas últimas patinhas, pensando que podia ser que
nem a cobra. E não podia. Ali mesmo ficou parada pedindo socorro e gritando por todos os bichos da floresta:
- Ei, dona barata, seu boi, seu macaco, dona cobra! Venham me ajudar! Não consigo mais andar!
Eu, que tinha cem patinhas, deixei de ser uma centopéia e acabei virando uma zeropéia!
A turma da floresta, para consertar a situação, teve então uma idéia, a de fazer um carrinho bem comprido para a centopéia poder se locomover. A centopéia ia virar a primeira zeropéia motorizada da floresta!
- Mas como é que eu vou dirigir esse carro, se eu não tenho mais patinhas?
Foi um drama! Os bichos foram logo discutindo:
- A barata dirige, pois foi ela que mandou amarrar noventa e quatro patinhas de uma vez!
- Não, não, não! Dirige o boi, que mandou amarrar mais duas patas.
- Melhor o macaco, que mandou amarrar mais duas.
- Negativo! Dirige a cobra, que mandou amarrar tudo.
Até que a centopéia se deu conta, pensou bem pensado e disse para todo mundo:
- É, gente, a culpa é minha! Eu não devia ter escutado essa conversa fiada de amarrar patinhas! Eu não sou barata, não sou boi, não sou macaco nem cobra; eu sou é eu mesma, uma centopéia que quase virou uma zeropéia.
A centopéia agradeceu o carrinho, mas mandou a bicharada desamarrar todas as suas patinhas.
E decidiu que o mais importante era ser ela mesma e ter suas próprias idéias na cabeça
Herbert de Souza
Charalina
Era uma senhora chamada Josefina, desde menina tinha mania de botar nome em todas as coisas.
Bastava olhar um caldeirão para chamá-lo de Bastião.
Olhava para uma panela e chamava de Amélia.
E, por essa estranha mania, dona Josefina tinha uma chaleira que se chamava Charalina.
Coisas e nomes loucos de dona Josefina. É claro!
Pois a panela que se chamava Amélia, só servia para fazer arroz e logo depois era lavada e guardada, enquanto a esforçada Charalina quase abria o bico de tanto trabalhar, do fogo de lá para o fogo de cá.
Fervia a água para a mulher fazer o café, cozia o ovo pro menino mais novo, fervia, depois, água pro arroz.
Sem atraso fervia água pra lavar os pratos.
Também, mais uma vez, fervia água pro chá das três, e pro Zé, prá não dar chulé, fervia água pra lavar o pé.
Mas, a Charalina, que devia se chamar divina, não abria o bico e só chiava quando fervia.
Até que um dia, quando ninguém esperava, surgiu um buraquinho, no fundo da Charalina, por onde a água vazava.
E a dona Josefina gritou, chiou, ferveu, falou mal e jogou a velha chaleira no fundo do quintal.
A Charalina, contudo, que deveria ficar uma fera, só ficou chorosa, próxima a um monte de terra:
__ Eu trabalhei todos os dias da minha vida, merecia melhor aposentadoria!
No outro dia, depois da janta, começou uma chuva forte... e choveu a noite inteira.
Com a chuva, que era tanta, a terra toda do monte escorreu para a chaleira, que fora jogada sem tampa.
Depois de alguns dias, a Charalina sentia que, na sua barriga, alguma coisa acontecia, e ficou ainda mais triste com o aquele novo fato...
Estava medrosa e muito temia que sua barriga, que antes fervia, agora fosse uma casa de sapo.
E a vida da Charalina tornou-se um pesadelo cheio de horror, até que, numa bela manhã, de sol muito bonito, na sua barriga uma semente germinou.
Tinha um talito tão verde e bonito, só vendo que amor!
Depois, duas folhinhas verdes e rapidamente, sem esperar a primavera, foi logo dando uma flor.
Quando dona Josefina saiu para tomar banho de sol na varanda do fundo da casa, olhou para a Charalina e exclamou:
Meu Deus, que amor!
Correndo, dona Josefina apanhou a Charalina e, como se pedisse perdão, limpou-lhe as paredes de fora, regou a flor sem demora e levou as duas para enfeitarem a mesa da sala.
Hoje, Charalina está feliz e encantada com a nova situação.
Anda até namorando um vaso da casa que faz parte da decoração.
Nelson Albissú
Bastava olhar um caldeirão para chamá-lo de Bastião.
Olhava para uma panela e chamava de Amélia.
E, por essa estranha mania, dona Josefina tinha uma chaleira que se chamava Charalina.
Coisas e nomes loucos de dona Josefina. É claro!
Pois a panela que se chamava Amélia, só servia para fazer arroz e logo depois era lavada e guardada, enquanto a esforçada Charalina quase abria o bico de tanto trabalhar, do fogo de lá para o fogo de cá.
Fervia a água para a mulher fazer o café, cozia o ovo pro menino mais novo, fervia, depois, água pro arroz.
Sem atraso fervia água pra lavar os pratos.
Também, mais uma vez, fervia água pro chá das três, e pro Zé, prá não dar chulé, fervia água pra lavar o pé.
Mas, a Charalina, que devia se chamar divina, não abria o bico e só chiava quando fervia.
Até que um dia, quando ninguém esperava, surgiu um buraquinho, no fundo da Charalina, por onde a água vazava.
E a dona Josefina gritou, chiou, ferveu, falou mal e jogou a velha chaleira no fundo do quintal.
A Charalina, contudo, que deveria ficar uma fera, só ficou chorosa, próxima a um monte de terra:
__ Eu trabalhei todos os dias da minha vida, merecia melhor aposentadoria!
No outro dia, depois da janta, começou uma chuva forte... e choveu a noite inteira.
Com a chuva, que era tanta, a terra toda do monte escorreu para a chaleira, que fora jogada sem tampa.
Depois de alguns dias, a Charalina sentia que, na sua barriga, alguma coisa acontecia, e ficou ainda mais triste com o aquele novo fato...
Estava medrosa e muito temia que sua barriga, que antes fervia, agora fosse uma casa de sapo.
E a vida da Charalina tornou-se um pesadelo cheio de horror, até que, numa bela manhã, de sol muito bonito, na sua barriga uma semente germinou.
Tinha um talito tão verde e bonito, só vendo que amor!
Depois, duas folhinhas verdes e rapidamente, sem esperar a primavera, foi logo dando uma flor.
Quando dona Josefina saiu para tomar banho de sol na varanda do fundo da casa, olhou para a Charalina e exclamou:
Meu Deus, que amor!
Correndo, dona Josefina apanhou a Charalina e, como se pedisse perdão, limpou-lhe as paredes de fora, regou a flor sem demora e levou as duas para enfeitarem a mesa da sala.
Hoje, Charalina está feliz e encantada com a nova situação.
Anda até namorando um vaso da casa que faz parte da decoração.
Nelson Albissú
quinta-feira, 5 de agosto de 2010
ÁGUA NO PÉZINHO..
Um cara resolveu sair de férias em um
cruzeiro marítimo.
Em dado momento, o navio naufragou e somente ele e
mais seis mulheres conseguiram se salvar.
Eles nadaram até uma ilha deserta.
Passada uma semana, começou o problema : todas as mulheres queriam
transar com ele, que, para resolver a confusão, propôs o seguinte:
Cada dia da semana ele transaria com uma mulher diferente.
Na segunda com a fulana, na terça com a beltrana, e assim
sucessivamente. No domingo ele descansaria.
Os anos passaram e o cara já não agüentava mais. Era muita mulher
junta e ele não estava mais dando conta do recado.
Até que um dia ele avistou um barquinho com um sujeito dentro. Ele pensou:
- Beleza, agora posso
dividir as mulheres com ele. Fica três para cada um. Vai dar para
descansar mais.
Pensando nisso, ele foi ao encontro ao barco, todo feliz, para ajudar
o sujeito a desembarcar. No que o rapaz desembarcou, gritou:
- Barbaridade
tchê! Que água tri gelada no meu pezinho!!!
E o cara pensou:
- Puta que pariu,... lá se vai o meu domingo
" O fantástico da vida é estar com alguém que sabe fazer de um pequeno
instante um grande momento..."
cruzeiro marítimo.
Em dado momento, o navio naufragou e somente ele e
mais seis mulheres conseguiram se salvar.
Eles nadaram até uma ilha deserta.
Passada uma semana, começou o problema : todas as mulheres queriam
transar com ele, que, para resolver a confusão, propôs o seguinte:
Cada dia da semana ele transaria com uma mulher diferente.
Na segunda com a fulana, na terça com a beltrana, e assim
sucessivamente. No domingo ele descansaria.
Os anos passaram e o cara já não agüentava mais. Era muita mulher
junta e ele não estava mais dando conta do recado.
Até que um dia ele avistou um barquinho com um sujeito dentro. Ele pensou:
- Beleza, agora posso
dividir as mulheres com ele. Fica três para cada um. Vai dar para
descansar mais.
Pensando nisso, ele foi ao encontro ao barco, todo feliz, para ajudar
o sujeito a desembarcar. No que o rapaz desembarcou, gritou:
- Barbaridade
tchê! Que água tri gelada no meu pezinho!!!
E o cara pensou:
- Puta que pariu,... lá se vai o meu domingo
" O fantástico da vida é estar com alguém que sabe fazer de um pequeno
instante um grande momento..."
Carinhos Quentes
Era uma vez um casal que se chamava Antonio e Maria. Tinham dois filhos e moravam felizes, numa cidadezinha do interior. Naquele lugar, todos, ao nascerem, recebiam um saquinho de carinhos. Cada vez que uma pessoa colocava a mão no saquinho, retirava de lá um carinho quente. Esses carinhos quentes faziam as pessoas se sentirem aconchegantes e cheias de amor umas pelas outras.
Todos ali sabiam que quando uma pessoa não recebia carinhos quentes, corria um sério risco de pegar uma doença, que as fazia murchar e morrer.
]
Era muito fácil receber carinhos quentes. Bastava pedir a alguém.
A pessoa que dava o carinho quente, colocava a mão na sacolinha, retirava de lá o carinho, que se expandia com uma luz, que podia ser colocada no ombro, na cabeça, ou no colo de quem estava recebendo o carinho quente.
Escondida numa caverna, uma bruxa má estava muito chateada porque naquela cidade ninguém ficava doente, para comprar os seus ungüentos. Além do mais, os carinhos quentes eram distribuídos a todos, de graça e, por isso, o acesso era livre. Assim, eram todos felizes.
Então, a bruxa inventou um plano muito malvado, que faria as pessoas comprarem os seus remédios. Vestiu seu disfarce e, numa manhã, foi até a casa de Antonio, fingindo ser sua amiga. “Olha, Antonio, veja os carinhos que Maria está dando aos filhos. Se ela continuar assim, vai consumir todos os carinhos com as crianças e, com o tempo, não sobrará nenhum carinho para você.”
Perplexo, Antonio perguntou:”Quer dizer, então, que não é sempre que existe um carinho quente na sacola?”
“Claro que não”, respondeu a bruxa. “O mais grave é a notícia que vou lhe dar em primeira mão, porque sou sua amiga: todos os carinhos quentes estão acabando. Cada pessoa tem que economizar o seu carinho e só usar quando for numa ocasião muito importante”.
Preocupado, Antonio começou a reparar cada vez que Maria dava um carinho a alguém ou aos filhos. Começou a se queixar para ela, alegando que ela dava mais carinho para os filhos e amigos do que para ele. Aos poucos, Antonio reservou seus carinhos quentes, apenas para Maria, e em doses homeopáticas. As crianças, percebendo a ausência de carinhos, começaram, também, a economizar os seus. Dia após dia, todos foram ficando mesquinhos.
Rapidamente, a história de que os carinhos quentes iriam acabar, tomou conta da cidade. Todos passaram a guardar seus carinhos. Assim, aos poucos, as pessoas foram ficando doentes e, cada vez mais gente ia comprar os remédios da bruxa.
Assustada com o crescimento da clientela, a bruxa começou a vender carinhos falsos, que imitavam perfeitamente os carinhos quentes, mas não surtiam os mesmos efeitos. Enganadas, as pessoas não morreriam, mas continuariam a comprar seus ungüentos e poções. A situação ficou grave, porque, a cada dia, havia menos carinhos quentes, e esses ficaram valiosíssimos. As pessoas, então, tentavam de tudo para conseguí-los.
Antes da chegada da bruxa, as pessoas se juntavam nas calçadas, em grupos de três, cinco, até mais, para darem carinho umas às outras. Agora, a situação estava tão grave que, se alguém desse um carinho quente para outra pessoa, logo se sentia culpada.Assim, o comércio da venda de carinhos quentes falsos começou a crescer. As pessoas, que não conseguiam encontrar parceiros generosos, que lhes dessem carinhos quentes, precisavam trabalhar para comprar carinhos falsificados.
Então, naquela cidade, se multiplicaram as possibilidades de venda de carinhos. Até espinhos frios foram revestidos com uma cobertura branquinha e estofados, para imitar os carinhos quentes. Ah! Apareceram, também, os carinhos de plástico, que faziam as pessoas se sentirem bem, por alguns instantes, mas logo ficavam mal.
Num belo dia, chegou àquela cidade, uma mulher especial. Ela desconhecia a história do fim dos carinhos quentes e distribuía carinho a todos e de graça, mesmo a quem não tivesse pedido. As crianças gostavam muito daquela mulher e passaram a chamá-la de pessoa especial. Aquela mulher dizia que, quanto mais carinhos as pessoas dessem às outras, melhor elas se sentiriam. Era como uma recarga de novas energias, em forma de carinhos quentes. Os adultos, preocupados, fizeram uma lei dizendo ser crime distribuir carinhos quentes sem uma licença.
Mesmo assim, as crianças daquele lugar, ainda hoje, teimam em trocar carinho com a pessoa especial.
Todos ali sabiam que quando uma pessoa não recebia carinhos quentes, corria um sério risco de pegar uma doença, que as fazia murchar e morrer.
]
Era muito fácil receber carinhos quentes. Bastava pedir a alguém.
A pessoa que dava o carinho quente, colocava a mão na sacolinha, retirava de lá o carinho, que se expandia com uma luz, que podia ser colocada no ombro, na cabeça, ou no colo de quem estava recebendo o carinho quente.
Escondida numa caverna, uma bruxa má estava muito chateada porque naquela cidade ninguém ficava doente, para comprar os seus ungüentos. Além do mais, os carinhos quentes eram distribuídos a todos, de graça e, por isso, o acesso era livre. Assim, eram todos felizes.
Então, a bruxa inventou um plano muito malvado, que faria as pessoas comprarem os seus remédios. Vestiu seu disfarce e, numa manhã, foi até a casa de Antonio, fingindo ser sua amiga. “Olha, Antonio, veja os carinhos que Maria está dando aos filhos. Se ela continuar assim, vai consumir todos os carinhos com as crianças e, com o tempo, não sobrará nenhum carinho para você.”
Perplexo, Antonio perguntou:”Quer dizer, então, que não é sempre que existe um carinho quente na sacola?”
“Claro que não”, respondeu a bruxa. “O mais grave é a notícia que vou lhe dar em primeira mão, porque sou sua amiga: todos os carinhos quentes estão acabando. Cada pessoa tem que economizar o seu carinho e só usar quando for numa ocasião muito importante”.
Preocupado, Antonio começou a reparar cada vez que Maria dava um carinho a alguém ou aos filhos. Começou a se queixar para ela, alegando que ela dava mais carinho para os filhos e amigos do que para ele. Aos poucos, Antonio reservou seus carinhos quentes, apenas para Maria, e em doses homeopáticas. As crianças, percebendo a ausência de carinhos, começaram, também, a economizar os seus. Dia após dia, todos foram ficando mesquinhos.
Rapidamente, a história de que os carinhos quentes iriam acabar, tomou conta da cidade. Todos passaram a guardar seus carinhos. Assim, aos poucos, as pessoas foram ficando doentes e, cada vez mais gente ia comprar os remédios da bruxa.
Assustada com o crescimento da clientela, a bruxa começou a vender carinhos falsos, que imitavam perfeitamente os carinhos quentes, mas não surtiam os mesmos efeitos. Enganadas, as pessoas não morreriam, mas continuariam a comprar seus ungüentos e poções. A situação ficou grave, porque, a cada dia, havia menos carinhos quentes, e esses ficaram valiosíssimos. As pessoas, então, tentavam de tudo para conseguí-los.
Antes da chegada da bruxa, as pessoas se juntavam nas calçadas, em grupos de três, cinco, até mais, para darem carinho umas às outras. Agora, a situação estava tão grave que, se alguém desse um carinho quente para outra pessoa, logo se sentia culpada.Assim, o comércio da venda de carinhos quentes falsos começou a crescer. As pessoas, que não conseguiam encontrar parceiros generosos, que lhes dessem carinhos quentes, precisavam trabalhar para comprar carinhos falsificados.
Então, naquela cidade, se multiplicaram as possibilidades de venda de carinhos. Até espinhos frios foram revestidos com uma cobertura branquinha e estofados, para imitar os carinhos quentes. Ah! Apareceram, também, os carinhos de plástico, que faziam as pessoas se sentirem bem, por alguns instantes, mas logo ficavam mal.
Num belo dia, chegou àquela cidade, uma mulher especial. Ela desconhecia a história do fim dos carinhos quentes e distribuía carinho a todos e de graça, mesmo a quem não tivesse pedido. As crianças gostavam muito daquela mulher e passaram a chamá-la de pessoa especial. Aquela mulher dizia que, quanto mais carinhos as pessoas dessem às outras, melhor elas se sentiriam. Era como uma recarga de novas energias, em forma de carinhos quentes. Os adultos, preocupados, fizeram uma lei dizendo ser crime distribuir carinhos quentes sem uma licença.
Mesmo assim, as crianças daquele lugar, ainda hoje, teimam em trocar carinho com a pessoa especial.
O Peixe e a Concha - uma linda história de Verão..
Bem no fundo de um lago nadava um peixinho entre as algas.Frequentemente se demorava muito num mesmo lugar, e abanava vagarosamente suas barbatanas. Bem próximo a ele arrastava-se lentamente uma concha sobre o chão arenoso. Através da turva luz parecia ser uma pedra que ali estava. O peixinho agitou sua cauda , observou a dura concha por todos os lados, e não compreendia como uma pedra podia passear pois não havia percebido ainda os pequenos pezinhos na parte de baixo da concha, onde se distinguia uma aberturazinha. E assim a concha continuava se arrastando...
De repente o peixinho percebeu uma pequena fresta, e nadando para lá, procurou enxergar lá dentro. Mas...a abertura fechou-se !
-"Ah ! - pensou o peixinho - lá dentro mora alguém que certamente tem medo de mim ! Vou chamá-lo !"
Nadou em torno de toda a concha e disse :
" Ei ! você aí de dentro...saia ! Eu não te mordo , não !"
A concha murmurou bem baixinho :
" Por que devo sair ? Aqui me agrada muito mais ...!"
-"Saia assim mesmo ! Eu desejo olhar a tua bela nadadeira !"
-"Eu não tenho nenhuma nadadeira ...!" murmurou a concha.
Mas o peixinho não dava sossego, tinha uma vontade enorme de descerrar a concha. Então falou :
-"Saia para fora você poderá se alegrar com minhas escamas cintilantes...!"
-" Eu nem siquer tenho olhos...", respondeu a concha.
Irritado o peixinho nadou em volta dela e falou :
-" No quê devo acreditar ? Você não tem cauda, nem escamas,nem olhos...Tem apenas ambas as cascas cheias de pele ?"
-" Eu, tenho o sonho aquático..." falou baixino a concha. E este não troco nem por suas escamas , e nem pela sua cauda...!"
-"Oh! Então conte-me ", pediu o peixinho.
A concha disse: -
" Contar eu não posso. Cada dia eu pinto o sonho nas paredes da minha casca. Por isto eu quero lhe mostrar algo...mas depois, deixe-me em paz !"
Cuidadosamente a concha abriu a sua fresta e o peixinho viu em seu interior estranhas cores brilharem : vermelho, azul, verde, violeta...era um oculto brilho cintilante.
-"Oh...! É como o arco-íris nas cachoeiras...!" disse ele.
Mas a concha fechou-se novamente tão silenciosamente quanto abriu...
Em seguida ela deitou-se bem a seu lado e lá permaneceu sem se movimentar.
O peixinho, bem próximo, sentia como entrava e saia água da concha..."o sonho aquático !"...
Ainda por algum tempo ele ficou perto da concha, que externamente parecia arenosa e cinzenta, mas que interiormente escondia o mais belo milagre que já se viu.
( Jacob Streit - Coletânea Waldorf)
De repente o peixinho percebeu uma pequena fresta, e nadando para lá, procurou enxergar lá dentro. Mas...a abertura fechou-se !
-"Ah ! - pensou o peixinho - lá dentro mora alguém que certamente tem medo de mim ! Vou chamá-lo !"
Nadou em torno de toda a concha e disse :
" Ei ! você aí de dentro...saia ! Eu não te mordo , não !"
A concha murmurou bem baixinho :
" Por que devo sair ? Aqui me agrada muito mais ...!"
-"Saia assim mesmo ! Eu desejo olhar a tua bela nadadeira !"
-"Eu não tenho nenhuma nadadeira ...!" murmurou a concha.
Mas o peixinho não dava sossego, tinha uma vontade enorme de descerrar a concha. Então falou :
-"Saia para fora você poderá se alegrar com minhas escamas cintilantes...!"
-" Eu nem siquer tenho olhos...", respondeu a concha.
Irritado o peixinho nadou em volta dela e falou :
-" No quê devo acreditar ? Você não tem cauda, nem escamas,nem olhos...Tem apenas ambas as cascas cheias de pele ?"
-" Eu, tenho o sonho aquático..." falou baixino a concha. E este não troco nem por suas escamas , e nem pela sua cauda...!"
-"Oh! Então conte-me ", pediu o peixinho.
A concha disse: -
" Contar eu não posso. Cada dia eu pinto o sonho nas paredes da minha casca. Por isto eu quero lhe mostrar algo...mas depois, deixe-me em paz !"
Cuidadosamente a concha abriu a sua fresta e o peixinho viu em seu interior estranhas cores brilharem : vermelho, azul, verde, violeta...era um oculto brilho cintilante.
-"Oh...! É como o arco-íris nas cachoeiras...!" disse ele.
Mas a concha fechou-se novamente tão silenciosamente quanto abriu...
Em seguida ela deitou-se bem a seu lado e lá permaneceu sem se movimentar.
O peixinho, bem próximo, sentia como entrava e saia água da concha..."o sonho aquático !"...
Ainda por algum tempo ele ficou perto da concha, que externamente parecia arenosa e cinzenta, mas que interiormente escondia o mais belo milagre que já se viu.
( Jacob Streit - Coletânea Waldorf)
A casa da infância
A casa da minha infância
tinha quintal e porão
como só as casas de infância
sabem ter.
Era bem alta e amarela a casa da minha infância
e dava nítida impressão
de que era muito antiga
desde que fora feita.
E tinha uma varanda
a casa da minha infância
com uma escada branca ao lado
que subia
e torta,
parava,
subia
e chegava.
A casa da minha infância
tinha caramanchão
sobre o qual escoria
uma primavera vermelha
florindo e tingindo
a rua de paralelepípedos.
Lá dentro,
na casa da minha infância,
tinha sala de visitas
com um quadro de Jesus
vigiando.
Depois de jantar,
Leito ceia prateado,
Cristaleira e o rádio
R.C.A Victor,
sintonizando os programas
de Rádio Nacional do Rio de Janeiro,
Brasil
(patrocínio de casa maçom).
Tinha, ainda, copa,
quarto,
quarto, corredor, banheiro
quarto e cozinha,
fogão DAKO elétrico e
em cima,
a inscrição no pano de prato:
“Quando em seu coração reine a paz”.
a menor casa do mundo num palácio se faz.”
A casa da minha infância
tinha um jabuti,
um pé de limão
e uma parreira.
Mas tinha, sobretudo,
os mistérios da cortinas,
os segredos dos armários,
a sedução do toucador
e era imensa,
forte.
O mundo entrava timidamente
pela fresta da janela
na casa da minha infância.
tinha quintal e porão
como só as casas de infância
sabem ter.
Era bem alta e amarela a casa da minha infância
e dava nítida impressão
de que era muito antiga
desde que fora feita.
E tinha uma varanda
a casa da minha infância
com uma escada branca ao lado
que subia
e torta,
parava,
subia
e chegava.
A casa da minha infância
tinha caramanchão
sobre o qual escoria
uma primavera vermelha
florindo e tingindo
a rua de paralelepípedos.
Lá dentro,
na casa da minha infância,
tinha sala de visitas
com um quadro de Jesus
vigiando.
Depois de jantar,
Leito ceia prateado,
Cristaleira e o rádio
R.C.A Victor,
sintonizando os programas
de Rádio Nacional do Rio de Janeiro,
Brasil
(patrocínio de casa maçom).
Tinha, ainda, copa,
quarto,
quarto, corredor, banheiro
quarto e cozinha,
fogão DAKO elétrico e
em cima,
a inscrição no pano de prato:
“Quando em seu coração reine a paz”.
a menor casa do mundo num palácio se faz.”
A casa da minha infância
tinha um jabuti,
um pé de limão
e uma parreira.
Mas tinha, sobretudo,
os mistérios da cortinas,
os segredos dos armários,
a sedução do toucador
e era imensa,
forte.
O mundo entrava timidamente
pela fresta da janela
na casa da minha infância.
A Dança das Caveiras
- -Roberto de Freitas
Quando o relógio bate a uma
Todas as caveiras saem da tumba
Tumba alá catumba
Tumba alá catá.
Quando o relógio bate as duas
Todas as caveiras saem pras ruas
Tumba alá catumba
Tumba alá catá.
Quando o relógio bate as três
Todas as caveiras jogam xadrez
Tumba alá catumba
Tumba alá catá.
Quando o relógio bate as quatro
Todas as caveiras tiram retrato
Tumba alá catumba
Tumba alá catá.
Quando o relógio bate as cinco
Todas as caveiras apertam os cintos
Tumba alá catumba
Tumba alá catá.
Quando o relógio bate as seis
Todas as caveiras imitam chinês
Tumba alá catumba
Tumba alá catá.
Quando o relógio bate as sete
Todas as caveiras mascam chicletes
Tumba alá catumba
Tumba alá catá.
Quando o relógio bate as oito
Todas as caveiras comem biscoito
Tumba alá catumba
Tumba alá catá.
Quando o relógio bate as nove
Todas as caveiras dançam Rock
Tumba alá catumba
Tumba alá catá.
Quando o relógio bate as dez
Todas as caveiras lavam os pés
Tumba alá catumba
Tumba alá catá.
Quando o relógio bate as onze
Todas as caveiras andam de bonde
Tumba alá catumba
Tumba alá catá.
Quando o relógio bate as doze
Todas as caveiras fazem pose
Tumba alá catumba
Tumba alá catá.
Quando o relógio bate a uma
Todas as caveiras voltam pras tumbas
Tumba alá catumba
Tumba alá catá.
Quando o relógio bate a uma
Todas as caveiras saem da tumba
Tumba alá catumba
Tumba alá catá.
Quando o relógio bate as duas
Todas as caveiras saem pras ruas
Tumba alá catumba
Tumba alá catá.
Quando o relógio bate as três
Todas as caveiras jogam xadrez
Tumba alá catumba
Tumba alá catá.
Quando o relógio bate as quatro
Todas as caveiras tiram retrato
Tumba alá catumba
Tumba alá catá.
Quando o relógio bate as cinco
Todas as caveiras apertam os cintos
Tumba alá catumba
Tumba alá catá.
Quando o relógio bate as seis
Todas as caveiras imitam chinês
Tumba alá catumba
Tumba alá catá.
Quando o relógio bate as sete
Todas as caveiras mascam chicletes
Tumba alá catumba
Tumba alá catá.
Quando o relógio bate as oito
Todas as caveiras comem biscoito
Tumba alá catumba
Tumba alá catá.
Quando o relógio bate as nove
Todas as caveiras dançam Rock
Tumba alá catumba
Tumba alá catá.
Quando o relógio bate as dez
Todas as caveiras lavam os pés
Tumba alá catumba
Tumba alá catá.
Quando o relógio bate as onze
Todas as caveiras andam de bonde
Tumba alá catumba
Tumba alá catá.
Quando o relógio bate as doze
Todas as caveiras fazem pose
Tumba alá catumba
Tumba alá catá.
Quando o relógio bate a uma
Todas as caveiras voltam pras tumbas
Tumba alá catumba
Tumba alá catá.
Esperteza do Macaco
Contam que, certa vez, o Compadre Macaco queria se casar com a filha da Comadre Onça. O problema é que o Compadre Calango também queria e eles não entravam num acordo.
Quando o Macaco soube das intenções do Calango, correu na casa da Onça (correu é modo de dizer) e disse a ela que o Calango não era de nada, que ele era na verdade o seu cavalo.
Quando o Calango soube disso, correu na casa da Onça e disse que aquilo era mentira e que iria buscar o Macaco par dar-lhe uma lição ali mesmo, na frente da casa da Comadre.
O Macaco estava em casa descansando quando o Tico-Tico voou e avisou o que estava acontecendo e que o Calango estava indo pra lá. Compadre Macaco, esperto como ele só, amarrou um lenço na cabeça fingindo que estava doente e começou a gemer de dor.
Quando o Calango chegou e chamou o Macaco, ele respondeu com a voz bem fininha que estava muito doente e que não poderia sair para atendê-lo.
O Calango disse que queria que ele fosse com ele até a casa da Comadre Onça para desfazerem um mal entendido. O Macaco deu um monte de desculpas, dizendo que não podia nem levantar da cama, que estava muito doente e não tinha como acompanhar o amigo. O Calango teimou tanto, mas teimou tanto, que o Macaco lhe disse:
__ Olha Compadre, poderia ir se você me levasse nas costas.
__ Olha Compadre Macaco, posso até te carregar, mas só se for até a capoeira atrás da toca da Onça.
__ Combinado Compadre Calango, mas deixe-me colocar meu arreio e sela em você porque tenho medo de cair e já estou doente e fraco.
__ De jeito nenhum , não sou cavalo.
__ Sinto muito, mas então eu não vou.
O calango vendo que não tinha outro jeito de levá-lo acabou concordando.
O Macaco colocou a sela e o arreio e ainda pediu:
__ Compadre, agora preciso colocar minha rédea para eu não cair.
Nova discussão, mas o Macaco convenceu a colocar sua rédea e até um par de esporas.
O Macaco montou na sela, no lombo do Calango, e os dois se encaminharam para a toca da Onça. Quando chegaram perto da capoeira da mata, o Calango pediu:
__ Compadre, tire estes apetrechos todos que assim fica muito feio pra mim. Vão achar que eu sou seu cavalo.
__ Calango Compadre- replicou o Macaco- estou tão doente que nem me agüento em pé. Ande mais um pouquinho só.
Caminharam mais um pouco e novamente o Calango pediu ao Macaco que descesse e tirasse tudo aquilo. E o Macaco , esperto e malandro dizia:
__ Paciência Compadre, estou muito doente e não posso caminhar. Mais um pouquinho só.
E assim foi. O Macaco enrolou, enrolou e o Calango acabou chegando na porta da toca da Onça. Quando chegou lá, o Macaco bateu com as esporas no Calango e gritou:
__ Olha só, Não disse que o Calango era o meu cavalo?
Venham todos ver o meu cavalo.
Todos os bichos se reuniram em volta do Macaco dando muitas risadas. O Macaco, vitorioso, gritou para a filha da Onça:
__Venha moça, monte na minha garupa e vamos nos casar.
Depois disso, o Compadre Calango nunca mais falou e nem se meteu com o Compadre Macaco.
E entrou por um pé de pinto, saiu por um pé de pato.
Quem quiser que conte quatro.
Quando o Macaco soube das intenções do Calango, correu na casa da Onça (correu é modo de dizer) e disse a ela que o Calango não era de nada, que ele era na verdade o seu cavalo.
Quando o Calango soube disso, correu na casa da Onça e disse que aquilo era mentira e que iria buscar o Macaco par dar-lhe uma lição ali mesmo, na frente da casa da Comadre.
O Macaco estava em casa descansando quando o Tico-Tico voou e avisou o que estava acontecendo e que o Calango estava indo pra lá. Compadre Macaco, esperto como ele só, amarrou um lenço na cabeça fingindo que estava doente e começou a gemer de dor.
Quando o Calango chegou e chamou o Macaco, ele respondeu com a voz bem fininha que estava muito doente e que não poderia sair para atendê-lo.
O Calango disse que queria que ele fosse com ele até a casa da Comadre Onça para desfazerem um mal entendido. O Macaco deu um monte de desculpas, dizendo que não podia nem levantar da cama, que estava muito doente e não tinha como acompanhar o amigo. O Calango teimou tanto, mas teimou tanto, que o Macaco lhe disse:
__ Olha Compadre, poderia ir se você me levasse nas costas.
__ Olha Compadre Macaco, posso até te carregar, mas só se for até a capoeira atrás da toca da Onça.
__ Combinado Compadre Calango, mas deixe-me colocar meu arreio e sela em você porque tenho medo de cair e já estou doente e fraco.
__ De jeito nenhum , não sou cavalo.
__ Sinto muito, mas então eu não vou.
O calango vendo que não tinha outro jeito de levá-lo acabou concordando.
O Macaco colocou a sela e o arreio e ainda pediu:
__ Compadre, agora preciso colocar minha rédea para eu não cair.
Nova discussão, mas o Macaco convenceu a colocar sua rédea e até um par de esporas.
O Macaco montou na sela, no lombo do Calango, e os dois se encaminharam para a toca da Onça. Quando chegaram perto da capoeira da mata, o Calango pediu:
__ Compadre, tire estes apetrechos todos que assim fica muito feio pra mim. Vão achar que eu sou seu cavalo.
__ Calango Compadre- replicou o Macaco- estou tão doente que nem me agüento em pé. Ande mais um pouquinho só.
Caminharam mais um pouco e novamente o Calango pediu ao Macaco que descesse e tirasse tudo aquilo. E o Macaco , esperto e malandro dizia:
__ Paciência Compadre, estou muito doente e não posso caminhar. Mais um pouquinho só.
E assim foi. O Macaco enrolou, enrolou e o Calango acabou chegando na porta da toca da Onça. Quando chegou lá, o Macaco bateu com as esporas no Calango e gritou:
__ Olha só, Não disse que o Calango era o meu cavalo?
Venham todos ver o meu cavalo.
Todos os bichos se reuniram em volta do Macaco dando muitas risadas. O Macaco, vitorioso, gritou para a filha da Onça:
__Venha moça, monte na minha garupa e vamos nos casar.
Depois disso, o Compadre Calango nunca mais falou e nem se meteu com o Compadre Macaco.
E entrou por um pé de pinto, saiu por um pé de pato.
Quem quiser que conte quatro.
A Menina que Não Era Maluquinha
Quem me pôs esse apelido foi aquele menino de casacão e panela na cabeça.
Ele me botou esse apelido quando eu fui brincar na casa do Mauricinho. Eu nem queria ir. Mas a mãe dele telefonou pra minha mãe, ela disse que o Mauricinho era muito tímido e que ela queria que ele brincasse com umas crianças mais... Não sei o que ela disse, acho que ela queria que ele brincasse com umas crianças mais descoladas...
aí minha mãe me encheu um pouco e eu acabei indo.
A gente chegou na casa do Mauricinho e foi logo almoçar.
E depois do almoço a mãe dele botou a gente pra fazer a lição.
Eu não me incomodo de fazer lição logo depois do almoço, porque eu fico logo livre.
Mas a mãe do Mauricinho começou a fazer uns discursos sobre responsabilidade e coisa e tal, que a gente já era grandinha e tinha que cumprir com os compromissos... Um saco!
Eu tô careca de saber disso! E então eu fiz minha lição correndo e o Mauricinho ficou lá toda a vida, ele não acabava mais de fazer a lição dele. Aí eu comecei a rodar pela casa até que encontrei um gato. Gato não, gata. Chamava Pom-pom. Ou era Fru-fru... Ou era Bom-Bom, sei lá. E eu peguei a gata e ela estava meio fedida.
Então eu resolvi dar um banho nela. Gato não gosta de banho, vocês sabem.
Mas meu avô tinha me contado que quando ele queria dar banho no gato ele botava o bicho dentro da banheira e ele não conseguia sair e meu avô dava banho à vontade!
Mauricinho tinha um banheiro dentro do quarto dele.
Quando eu fui chegando perto da banheira a gata arrepiou toda e eu joguei ela bem depressa lá dentro e tapei o ralo e enchi de água.
E esfreguei a gata todinha com um shampoo todo perfumado que tinha lá e eu estava achando que todo mundo ia gostar de ver a gata toda limpinha. A gata estava muito infeliz e ela miava miaaauuu... e tentava sair do banho, mas meu avô tinha razão: ela arranhava a parede da banheira, mas não conseguia sair.
Mas acho que aí caiu shampoo no olho da gata, porque ela deu um pulo e agarrou na minha roupa e conseguiu pular fora e saiu correndo, espalhando espuma de shampoo por todo lado e nisso a mãe do Mauricinho vinha chegando e levou o maior susto e caiu sentada e a gata continuou correndo e assustando todo mundo e respingando tudo de espuma.
Eu não sei quem estava mais assustado: se era o Mauricinho, a mãe dele, a gata, ou se era eu.
Eu corri atrás da gata, mas ela pulou pela janela, atravessou o jardim, saiu pela rua e eu atrás.
Só que no meio da rua estava a turma daquele menino, aquele da panela na cabeça, e a gata passou pelo meio deles todos e eu atrás!
E eles levaram o maior susto, cada um correu para um lado, e atrás de mim vinha a mãe do Mauricinho e o Mauricinho e a cozinheira e o jardineiro todos correndo e gritando e eu resolvi correr para a minha casa e me esconder lá.
Mas no dia seguinte... a escola toda já sabia da história e aquele menino, aquele da panela na cabeça começou a me chamar de maluquinha... Mas eu não sou maluquinha, não! Só se for a vó dele!
(RUTH ROCHA)
Maluquinha, eu? Eu não! Não sou nenhuma maluquinha!
Ele me botou esse apelido quando eu fui brincar na casa do Mauricinho. Eu nem queria ir. Mas a mãe dele telefonou pra minha mãe, ela disse que o Mauricinho era muito tímido e que ela queria que ele brincasse com umas crianças mais... Não sei o que ela disse, acho que ela queria que ele brincasse com umas crianças mais descoladas...
aí minha mãe me encheu um pouco e eu acabei indo.
A gente chegou na casa do Mauricinho e foi logo almoçar.
E depois do almoço a mãe dele botou a gente pra fazer a lição.
Eu não me incomodo de fazer lição logo depois do almoço, porque eu fico logo livre.
Mas a mãe do Mauricinho começou a fazer uns discursos sobre responsabilidade e coisa e tal, que a gente já era grandinha e tinha que cumprir com os compromissos... Um saco!
Eu tô careca de saber disso! E então eu fiz minha lição correndo e o Mauricinho ficou lá toda a vida, ele não acabava mais de fazer a lição dele. Aí eu comecei a rodar pela casa até que encontrei um gato. Gato não, gata. Chamava Pom-pom. Ou era Fru-fru... Ou era Bom-Bom, sei lá. E eu peguei a gata e ela estava meio fedida.
Então eu resolvi dar um banho nela. Gato não gosta de banho, vocês sabem.
Mas meu avô tinha me contado que quando ele queria dar banho no gato ele botava o bicho dentro da banheira e ele não conseguia sair e meu avô dava banho à vontade!
Mauricinho tinha um banheiro dentro do quarto dele.
Quando eu fui chegando perto da banheira a gata arrepiou toda e eu joguei ela bem depressa lá dentro e tapei o ralo e enchi de água.
E esfreguei a gata todinha com um shampoo todo perfumado que tinha lá e eu estava achando que todo mundo ia gostar de ver a gata toda limpinha. A gata estava muito infeliz e ela miava miaaauuu... e tentava sair do banho, mas meu avô tinha razão: ela arranhava a parede da banheira, mas não conseguia sair.
Mas acho que aí caiu shampoo no olho da gata, porque ela deu um pulo e agarrou na minha roupa e conseguiu pular fora e saiu correndo, espalhando espuma de shampoo por todo lado e nisso a mãe do Mauricinho vinha chegando e levou o maior susto e caiu sentada e a gata continuou correndo e assustando todo mundo e respingando tudo de espuma.
Eu não sei quem estava mais assustado: se era o Mauricinho, a mãe dele, a gata, ou se era eu.
Eu corri atrás da gata, mas ela pulou pela janela, atravessou o jardim, saiu pela rua e eu atrás.
Só que no meio da rua estava a turma daquele menino, aquele da panela na cabeça, e a gata passou pelo meio deles todos e eu atrás!
E eles levaram o maior susto, cada um correu para um lado, e atrás de mim vinha a mãe do Mauricinho e o Mauricinho e a cozinheira e o jardineiro todos correndo e gritando e eu resolvi correr para a minha casa e me esconder lá.
Mas no dia seguinte... a escola toda já sabia da história e aquele menino, aquele da panela na cabeça começou a me chamar de maluquinha... Mas eu não sou maluquinha, não! Só se for a vó dele!
(RUTH ROCHA)
Maluquinha, eu? Eu não! Não sou nenhuma maluquinha!
A JOANINHA QUE PERDEU SUAS PINTINHAS
Tininha era uma pequena joaninha que passeava sozinha e ao atravessar um rio escorregou num galho e caiu nas águas e começou a gritar:
- Socorro, socorro...
Ela não sabia nadar e se debatia nas águas, e acabou virando as asas para baixo e começou a remar.
Quando alcançou a margem começou a caminhar, pois precisava voltar para casa senão sua mãe ficaria preocupada.
Ao chegar começou a gritar:
- Oi mamãe, já voltei!
-Nunca mais vou me atrasar.
-Por favor, mamãe, fale comigo, eu quero te abraçar!
E sua mamãe lhe disse:
- Você não é minha filha, não queira me enganar.
- Minha filha é pintadinha, volte já para o seu lugar.
Foi neste momento que ela percebeu que estava sem suas pintinhas.
Então tininha ficou muito assustada e começou a chorar,
Precisava de suas pintinhas, para poder voltar para sua casa.
Então voltou logo para o rio, na esperança de encontrar todas as pintas das asas que ela perdeu ao nadar.
Subiu numa folha verde e foi navegando pelo rio.
E todos que encontrava, parava para perguntar:
-Você viu as pintinhas que estavam nas minhas asinhas?
- Se você encontrar , faça o favor de me avisar.
Passou embaixo da ponte, viu peixinhos, parou para admirar a natureza, e nem viu o tempo passar.
Viu o sol se esconder...
E o céu todo a se estrelar.
E voltou a navegar.
E só se deu conta de si quando foi lançada ao mar...
- Onde estou?
- Que água é essa que só fica balançando?
Agora é muito mais difícil, as minhas pintinhas encontrar.
Saiu andando na areia, de cabeça baixa, triste e chorando.
Acabou se esbarrando num sapato e ergueu sua cabecinha, era um jovem pintor que estava pintando um quadro do mar, tinha um barco lá no fundo, gaivotas a voar.
O pintor pegou tininha e pôs na palma da mão e disse:
- Você não é borboleta...
- Você não é camarão...
- Você não é siri...
- Quem é você então?
- Sou apenas uma joaninha que perdeu as pintinhas, disse ela ao pintor.
- Se você não me ajudar, não posso voltar para casa.
E o pintor muito cuidadoso começou a trabalhar. Tinha um sério compromisso; ajudar a joaninha.
Com a tinta e o pincel começou a desenhar as pintinhas de suas asas.
Quando estava retornando sua amiga inseparável correu na frente para avisar:
- Dona Joana, dona Joana, sua filha está chegando.
E assim foi preparada a grande festa para comemorar a sua volta ao querido lar.
E a sua mãe ela foi correndo abraçar.
Ducarmo Paes – Ed Noovha América
Adaptação: JOJOBA – 16-09-09
- Socorro, socorro...
Ela não sabia nadar e se debatia nas águas, e acabou virando as asas para baixo e começou a remar.
Quando alcançou a margem começou a caminhar, pois precisava voltar para casa senão sua mãe ficaria preocupada.
Ao chegar começou a gritar:
- Oi mamãe, já voltei!
-Nunca mais vou me atrasar.
-Por favor, mamãe, fale comigo, eu quero te abraçar!
E sua mamãe lhe disse:
- Você não é minha filha, não queira me enganar.
- Minha filha é pintadinha, volte já para o seu lugar.
Foi neste momento que ela percebeu que estava sem suas pintinhas.
Então tininha ficou muito assustada e começou a chorar,
Precisava de suas pintinhas, para poder voltar para sua casa.
Então voltou logo para o rio, na esperança de encontrar todas as pintas das asas que ela perdeu ao nadar.
Subiu numa folha verde e foi navegando pelo rio.
E todos que encontrava, parava para perguntar:
-Você viu as pintinhas que estavam nas minhas asinhas?
- Se você encontrar , faça o favor de me avisar.
Passou embaixo da ponte, viu peixinhos, parou para admirar a natureza, e nem viu o tempo passar.
Viu o sol se esconder...
E o céu todo a se estrelar.
E voltou a navegar.
E só se deu conta de si quando foi lançada ao mar...
- Onde estou?
- Que água é essa que só fica balançando?
Agora é muito mais difícil, as minhas pintinhas encontrar.
Saiu andando na areia, de cabeça baixa, triste e chorando.
Acabou se esbarrando num sapato e ergueu sua cabecinha, era um jovem pintor que estava pintando um quadro do mar, tinha um barco lá no fundo, gaivotas a voar.
O pintor pegou tininha e pôs na palma da mão e disse:
- Você não é borboleta...
- Você não é camarão...
- Você não é siri...
- Quem é você então?
- Sou apenas uma joaninha que perdeu as pintinhas, disse ela ao pintor.
- Se você não me ajudar, não posso voltar para casa.
E o pintor muito cuidadoso começou a trabalhar. Tinha um sério compromisso; ajudar a joaninha.
Com a tinta e o pincel começou a desenhar as pintinhas de suas asas.
Quando estava retornando sua amiga inseparável correu na frente para avisar:
- Dona Joana, dona Joana, sua filha está chegando.
E assim foi preparada a grande festa para comemorar a sua volta ao querido lar.
E a sua mãe ela foi correndo abraçar.
Ducarmo Paes – Ed Noovha América
Adaptação: JOJOBA – 16-09-09
A Verdade, a Mentira, o Fogo e a Água
A Verdade, a Mentira, o Fogo e a Água
Há muito tempo, a Verdade, a Mentira, o Fogo e a Água estavam viajando e chegaram a um rebanho de gado. Discutiram o assunto e chegaram à conclusão de que seria melhor dividir o rebanho em quatro partes iguais para que cada um pudesse levar consigo uma quantidade igual de animais. Mas a Mentira era gananciosa e arquitetou um plano para ficar com uma parte maior.
- Ouça o meu conselho - sussurou ela, puxando a Água para um canto.
- O Fogo está planejando queimar toda a relva e as árvores das suas margens para conduzir seu gado pelas planícies e ficar com os animais para si. Se eu fosse você, acabaria com ele logo agora, e assim repartiríamos a parte dele entre nós. A Água foi tola o suficiente para acatar o conselho da Mentira e lançou-se sobre o Fogo, apagando-o. E a Mentira dirigiu-se em seguida para a Verdade, sussurando-lhe:
- Veja só o que fez a Água! Acabou com o Fogo para ficar com o gado dele. Não deveríamos associar-nos a alguém assim. Deveríamos pegar todo o gado e partir para as montanhas. A Verdade acreditou nas palavras da Mentira e concordou com seu plano. E, juntas, levaram o gado para as montanhas.
- Esperem por mim - disse a Água, correndo no se encalço, mas é claro que não conseguiu correr morro acima. E foi deixada para trás, no vale. Ao chegarem no topo da montanha mais alta, a Mentira virou-se para a Verdade e pôs-se a rir.
- Consegui enganá-la, sua idiota! - disse ela, soltando uma risada estridente.
- Agora você vai me dar todo o gado e será minha escrava, ou eu a destruirei.
- Ora essa! Você me enganou - admitiu a Verdade.
- Mas eu jamais serei sua escrava. E as duas brigaram; e enquanto se batiam, os trovões ecoavam pelas montanhas. As duas se agrediram como o quê, mas nenhuma conseguiu destruir a outra. Acabaram decidindo chamar o Vento para decidir quem seria a vencedora da disputa. E o Vento subiu a montanha a todo velocidade, e escutou o que ambas tinham a dizer. E por fim falou:
- Não me cabe apontar a vencedora. A Verdade e a Mentira estão fadadas à disputa. Às vezes, a Verdade ganhará; outras vezes a Mentira prevalecerá; neste caso, a Verdade deverá se erguer e tornar a lutar. Até o fim do mundo, a Verdade deverá combater a Mentira e jamais buscar o descanso ou baixar a guarda; caso contrário, será aniquilada para sempre. Assim é que a Verdade e a Mentira continuam lutando até hoje.
Lenda etíope
O Livro das Virtudes - William J. Bennett - Editora Nova Fronteira
Há muito tempo, a Verdade, a Mentira, o Fogo e a Água estavam viajando e chegaram a um rebanho de gado. Discutiram o assunto e chegaram à conclusão de que seria melhor dividir o rebanho em quatro partes iguais para que cada um pudesse levar consigo uma quantidade igual de animais. Mas a Mentira era gananciosa e arquitetou um plano para ficar com uma parte maior.
- Ouça o meu conselho - sussurou ela, puxando a Água para um canto.
- O Fogo está planejando queimar toda a relva e as árvores das suas margens para conduzir seu gado pelas planícies e ficar com os animais para si. Se eu fosse você, acabaria com ele logo agora, e assim repartiríamos a parte dele entre nós. A Água foi tola o suficiente para acatar o conselho da Mentira e lançou-se sobre o Fogo, apagando-o. E a Mentira dirigiu-se em seguida para a Verdade, sussurando-lhe:
- Veja só o que fez a Água! Acabou com o Fogo para ficar com o gado dele. Não deveríamos associar-nos a alguém assim. Deveríamos pegar todo o gado e partir para as montanhas. A Verdade acreditou nas palavras da Mentira e concordou com seu plano. E, juntas, levaram o gado para as montanhas.
- Esperem por mim - disse a Água, correndo no se encalço, mas é claro que não conseguiu correr morro acima. E foi deixada para trás, no vale. Ao chegarem no topo da montanha mais alta, a Mentira virou-se para a Verdade e pôs-se a rir.
- Consegui enganá-la, sua idiota! - disse ela, soltando uma risada estridente.
- Agora você vai me dar todo o gado e será minha escrava, ou eu a destruirei.
- Ora essa! Você me enganou - admitiu a Verdade.
- Mas eu jamais serei sua escrava. E as duas brigaram; e enquanto se batiam, os trovões ecoavam pelas montanhas. As duas se agrediram como o quê, mas nenhuma conseguiu destruir a outra. Acabaram decidindo chamar o Vento para decidir quem seria a vencedora da disputa. E o Vento subiu a montanha a todo velocidade, e escutou o que ambas tinham a dizer. E por fim falou:
- Não me cabe apontar a vencedora. A Verdade e a Mentira estão fadadas à disputa. Às vezes, a Verdade ganhará; outras vezes a Mentira prevalecerá; neste caso, a Verdade deverá se erguer e tornar a lutar. Até o fim do mundo, a Verdade deverá combater a Mentira e jamais buscar o descanso ou baixar a guarda; caso contrário, será aniquilada para sempre. Assim é que a Verdade e a Mentira continuam lutando até hoje.
Lenda etíope
O Livro das Virtudes - William J. Bennett - Editora Nova Fronteira
homem que amava caixas
Era uma vez um homem.
O homem tinha um filho.
O filho amava o homem.
E o homem amava caixas.
Caixas grandes, caixas redondas, caixas pequenas, caixa altas, todos os tipos de caixas!
O homem tinha dificuldade em dizer ao filho que o amava; então, com suas caixas, ele começou a construir coisas para seu filho.
Ele era perito em fazer castelos e seus aviões sempre voavam... a não ser, claro, que chovesse.
As caixas apareciam de repente, quando os amigos chegavam, e, nessas caixas, eles brincavam... e brincavam.
A maioria das pessoas achava que o homem era muito estranho. Os velhos apontavam para ele. As velhas olhavam zangadas para ele. Seus vizinhos riam dele pelas costas.
Mas, nada disso preocupava o homem.
Por que ele sabia que haviam encontrado uma maneira especial de compartilharem o amor de um pelo outro.
O homem tinha um filho.
O filho amava o homem.
E o homem amava caixas.
Caixas grandes, caixas redondas, caixas pequenas, caixa altas, todos os tipos de caixas!
O homem tinha dificuldade em dizer ao filho que o amava; então, com suas caixas, ele começou a construir coisas para seu filho.
Ele era perito em fazer castelos e seus aviões sempre voavam... a não ser, claro, que chovesse.
As caixas apareciam de repente, quando os amigos chegavam, e, nessas caixas, eles brincavam... e brincavam.
A maioria das pessoas achava que o homem era muito estranho. Os velhos apontavam para ele. As velhas olhavam zangadas para ele. Seus vizinhos riam dele pelas costas.
Mas, nada disso preocupava o homem.
Por que ele sabia que haviam encontrado uma maneira especial de compartilharem o amor de um pelo outro.
A Galinha Ruiva
Era uma vez uma galinha ruiva, que morava com seus pintinhos numa fazenda.
Um dia ela percebeu que o milho estava maduro, pronto para ser colhido e virar um bom alimento.
A galinha ruiva teve a idéia de fazer um delicioso bolo de milho. Todos iam gostar!
Era muito trabalho: ela precisava de bastante milho para o bolo. Quem podia ajudar a colher a espiga de milho no pé?
Quem podia ajudar a debulhar todo aquele milho?
Quem podia ajudar a moer o milho para fazer a farinha de milho para o bolo?
Foi pensando nisso que a galinha ruiva encontrou seus amigos:
- Quem pode me ajudar a colher o milho para fazer um delicioso bolo?
- Eu é que não, disse o gato. Estou com muito sono.
- Eu é que não, disse o cachorro. Estou muito ocupado.
- Eu é que não, disse o porco. Acabei de almoçar.
- Eu é que não, disse a vaca. Está na hora de brincar lá fora.
Todo mundo disse não.
Então, a galinha ruiva foi preparar tudo sozinha: colheu as espigas, debulhou o milho, moeu a farinha, preparou o bolo e colocou no forno.
Sempre perguntando quem ajudaria e sempre tendo as mesmas respostas:
- Eu é que não, disse o gato. Estou com muito sono.
- Eu é que não, disse o cachorro. Estou muito ocupado.
- Eu é que não, disse o porco. Acabei de almoçar.
- Eu é que não, disse a vaca. Está na hora de brincar lá fora.
Quando o bolo ficou pronto ... Aquele cheirinho bom de bolo foi fazendo os amigos se chegarem. Todos ficaram com água na boca. Então a galinha ruiva disse:
- Quem foi que me ajudou a colher o milho, preparar o milho, para fazer o bolo?
Todos ficaram bem quietinhos. ( Ninguém tinha ajudado.)
- Então quem vai comer o delicioso bolo de milho sou eu e meus pintinhos, apenas. Vocês podem continuar a descansar olhando.
E assim foi: a galinha e seus pintinhos aproveitaram a festa, e nenhum dos preguiçosos foi convidado
Um dia ela percebeu que o milho estava maduro, pronto para ser colhido e virar um bom alimento.
A galinha ruiva teve a idéia de fazer um delicioso bolo de milho. Todos iam gostar!
Era muito trabalho: ela precisava de bastante milho para o bolo. Quem podia ajudar a colher a espiga de milho no pé?
Quem podia ajudar a debulhar todo aquele milho?
Quem podia ajudar a moer o milho para fazer a farinha de milho para o bolo?
Foi pensando nisso que a galinha ruiva encontrou seus amigos:
- Quem pode me ajudar a colher o milho para fazer um delicioso bolo?
- Eu é que não, disse o gato. Estou com muito sono.
- Eu é que não, disse o cachorro. Estou muito ocupado.
- Eu é que não, disse o porco. Acabei de almoçar.
- Eu é que não, disse a vaca. Está na hora de brincar lá fora.
Todo mundo disse não.
Então, a galinha ruiva foi preparar tudo sozinha: colheu as espigas, debulhou o milho, moeu a farinha, preparou o bolo e colocou no forno.
Sempre perguntando quem ajudaria e sempre tendo as mesmas respostas:
- Eu é que não, disse o gato. Estou com muito sono.
- Eu é que não, disse o cachorro. Estou muito ocupado.
- Eu é que não, disse o porco. Acabei de almoçar.
- Eu é que não, disse a vaca. Está na hora de brincar lá fora.
Quando o bolo ficou pronto ... Aquele cheirinho bom de bolo foi fazendo os amigos se chegarem. Todos ficaram com água na boca. Então a galinha ruiva disse:
- Quem foi que me ajudou a colher o milho, preparar o milho, para fazer o bolo?
Todos ficaram bem quietinhos. ( Ninguém tinha ajudado.)
- Então quem vai comer o delicioso bolo de milho sou eu e meus pintinhos, apenas. Vocês podem continuar a descansar olhando.
E assim foi: a galinha e seus pintinhos aproveitaram a festa, e nenhum dos preguiçosos foi convidado
Tanto quanto o sal
Um rei tinha três filhas; perguntou a cada uma delas por sua vez, qual era a mais sua amiga. A mais velha respondeu:
– Quero mais a meu pai, do que à luz do Sol.
Respondeu a do meio:
– Gosto mais de meu pai do que de mim mesma.
A mais moça respondeu:
– Quero-lhe tanto, como a comida quer o sal.
O rei entendeu por isto que a filha mais nova o não amava tanto como as outras, e pô-la fora do palácio. Ela foi muito triste por esse mundo, e chegou ao palácio de um rei, e aí se ofereceu para ser cozinheira. Um dia veio à mesa um pastel muito bem feito, e o rei ao parti-lo achou dentro um anel muito pequeno, e de grande preço. Perguntou a todas as damas da corte de quem seria aquele anel. Todas quiseram ver se o anel lhes servia: foi passando, até que foi chamada a cozinheira, e só a ela é que o anel servia. O príncipe viu isto e ficou logo apaixonado por ela, pensando que era de família de nobreza.
Começou então a espreitá-la, porque ela só cozinhava às escondidas, e viu-a vestida com trajos de princesa. Foi chamar o rei seu pai e ambos viram o caso. O rei deu licença ao filho para casar com ela, mas a menina tirou por condição que queria cozinhar pela sua mão o jantar do dia da boda. Para as festas de noivado convidou-se o rei que tinha três filhas, e que pusera fora de casa a mais nova. A princesa cozinhou o jantar, mas nos manjares que haviam de ser postos ao rei seu pai não botou sal de propósito. Todos comiam com vontade, mas só o rei convidado é que não comia. Por fim perguntou-lhe o dono da casa, porque é que o rei não comia? Respondeu ele, não sabendo que assistia ao casamento da filha:
– É porque a comida não tem sal.
O pai do noivo fingiu-se raivoso, e mandou que a cozinheira viesse ali dizer porque é que não tinha botado sal na comida. Veio então a menina vestida de princesa, mas assim que o pai a viu, conheceu-a logo, e confessou ali a sua culpa, por não ter percebido quanto era amado por sua filha, que lhe tinha dito, que lhe queria tanto como a comida quer o sal, e que depois de sofrer tanto nunca se queixara da injustiça de seu pai.
Teófilo Braga
Contos Tradicionais do Povo Português(1883)
– Quero mais a meu pai, do que à luz do Sol.
Respondeu a do meio:
– Gosto mais de meu pai do que de mim mesma.
A mais moça respondeu:
– Quero-lhe tanto, como a comida quer o sal.
O rei entendeu por isto que a filha mais nova o não amava tanto como as outras, e pô-la fora do palácio. Ela foi muito triste por esse mundo, e chegou ao palácio de um rei, e aí se ofereceu para ser cozinheira. Um dia veio à mesa um pastel muito bem feito, e o rei ao parti-lo achou dentro um anel muito pequeno, e de grande preço. Perguntou a todas as damas da corte de quem seria aquele anel. Todas quiseram ver se o anel lhes servia: foi passando, até que foi chamada a cozinheira, e só a ela é que o anel servia. O príncipe viu isto e ficou logo apaixonado por ela, pensando que era de família de nobreza.
Começou então a espreitá-la, porque ela só cozinhava às escondidas, e viu-a vestida com trajos de princesa. Foi chamar o rei seu pai e ambos viram o caso. O rei deu licença ao filho para casar com ela, mas a menina tirou por condição que queria cozinhar pela sua mão o jantar do dia da boda. Para as festas de noivado convidou-se o rei que tinha três filhas, e que pusera fora de casa a mais nova. A princesa cozinhou o jantar, mas nos manjares que haviam de ser postos ao rei seu pai não botou sal de propósito. Todos comiam com vontade, mas só o rei convidado é que não comia. Por fim perguntou-lhe o dono da casa, porque é que o rei não comia? Respondeu ele, não sabendo que assistia ao casamento da filha:
– É porque a comida não tem sal.
O pai do noivo fingiu-se raivoso, e mandou que a cozinheira viesse ali dizer porque é que não tinha botado sal na comida. Veio então a menina vestida de princesa, mas assim que o pai a viu, conheceu-a logo, e confessou ali a sua culpa, por não ter percebido quanto era amado por sua filha, que lhe tinha dito, que lhe queria tanto como a comida quer o sal, e que depois de sofrer tanto nunca se queixara da injustiça de seu pai.
Teófilo Braga
Contos Tradicionais do Povo Português(1883)
O MISTÉRIO DAS ONDAS DO MAR
Há muito tempo atrás, os mares do mundo inteiro paralisaram. Não se movia uma ondinha sequer. Em uma cidadezinha muito pobre, um jovem curioso pescava à beira do mar tentando entender aquele mistério quando, de repente, começou a escutar um estranho coaxar angustiado. Ele apurou o ouvido e foi caminhando em direção de onde vinha aquele som. Foi então que pulou na sua frente uma sapa enorme que lhe implorou:
— Por favor, estou me escondendo de uma cobra que deseja me devorar. Me proteja, pois eu não quero morrer.
Dizendo isso, surgiu de repente uma cobra que imediatamente deu um bote em direção à indefesa sapinha. O rapaz, sem ter muito tempo para pensar, lutou com a cobra e sacando de uma faca que utilizava sempre em sua pescaria, conseguiu dar um fim àquela serpente depois de muita luta.
Muito agradecida a sapa lhe fez um pedido muito estranho:
— Para completar a sua ajuda, gostaria que você me desse um beijo, pois tenho sofrido muito estes últimos dias e preciso do carinho. O rapaz então, impulsionado desta vez por sua bondade, atendeu ao pedido da sapa que, após o beijo, transformou-se numa belíssima jovem. Imediatamente, surgiram lindas ondas no mar que pareciam cantar agradecidas por ele ter libertado sua princesa. As ondas batiam com alegria na areia aquecida pelo Sol.
A princesa explicou que em seu reinado, lá no fundo do mar, ela era a responsável pelas beleza das ondas e contou que elas haviam parado por causa de um feitiço que uma bruxa invejosa havia lhe jogado.
Feliz e agradecida, a princesa, antes de retornar para o mar, prometeu a ele que nunca mais faltaria peixes para alimentar seu povo. Foi assim que tudo aconteceu. Aquele povoado se tornou próspero e todos viveram felizes por lá. Dizem que até hoje este rapaz pára aos finais da tarde e fica escutando as ondas do mar, na esperança de que apareça outra sapinha lhe pedindo um beijo encantado.
— Por favor, estou me escondendo de uma cobra que deseja me devorar. Me proteja, pois eu não quero morrer.
Dizendo isso, surgiu de repente uma cobra que imediatamente deu um bote em direção à indefesa sapinha. O rapaz, sem ter muito tempo para pensar, lutou com a cobra e sacando de uma faca que utilizava sempre em sua pescaria, conseguiu dar um fim àquela serpente depois de muita luta.
Muito agradecida a sapa lhe fez um pedido muito estranho:
— Para completar a sua ajuda, gostaria que você me desse um beijo, pois tenho sofrido muito estes últimos dias e preciso do carinho. O rapaz então, impulsionado desta vez por sua bondade, atendeu ao pedido da sapa que, após o beijo, transformou-se numa belíssima jovem. Imediatamente, surgiram lindas ondas no mar que pareciam cantar agradecidas por ele ter libertado sua princesa. As ondas batiam com alegria na areia aquecida pelo Sol.
A princesa explicou que em seu reinado, lá no fundo do mar, ela era a responsável pelas beleza das ondas e contou que elas haviam parado por causa de um feitiço que uma bruxa invejosa havia lhe jogado.
Feliz e agradecida, a princesa, antes de retornar para o mar, prometeu a ele que nunca mais faltaria peixes para alimentar seu povo. Foi assim que tudo aconteceu. Aquele povoado se tornou próspero e todos viveram felizes por lá. Dizem que até hoje este rapaz pára aos finais da tarde e fica escutando as ondas do mar, na esperança de que apareça outra sapinha lhe pedindo um beijo encantado.
A Festa de Pedro Malasartes
Era aniversário de Pedro Malasartes, que adorava uma festa. Malasartes estava sem dinheiro, mas o primo dele tinha muito dinheiro e certamente o receberia bem apesar de ser um pouco pão duro. Foi até a fazenda do primo, que o recebeu entusiasmado por economizar assim a viagem. Pedro entrou rápido e o primo foi logo oferecendo:
- Ora, Pedro, tenho aqui uma broa que sinhá assou, fresquinha. É tanta que vai durar a semana inteira.
- Broa de milho, primo?
- É sim, quer um pedaço?
Malasartes agradeceu humilde:
- Não, primo, basta um cafezinho.
- Mas é seu aniversário homem, eu reconheço que sou um pouco parcimonioso, mas um pouco de cortesia não faz mal! Se quiser é só pediu.
Malasartes agradeceu, mas continuou só com o café. Continuaram conversando e o primo ofereceu:
- Olha Pedro, ontem mandei matar aquele leitão capado que eu vinha engordando. Temos uma porção de torresmo e toucinho frescos que mandei preparar. Quer um pouco, pois tenho bastante?
- Tem muito mesmo?
- Sim bastante, quer?
- Nada primo, pode deixar, basta um cafezinho.
- Tudo bem, mas quando quiser é só pedir. O primo pareceu satisfeito e foram proseando mais e mais até que o primo ofereceu de novo:
- Pedro, faz tempo que tenho guardado umas garrafas de cachaça para beber.
- E é dá boa?
- Da melhor. Vamos fazer um brinde?
- Não primo, para mim basta um cafezinho.
- Não se faça de rogado que você ta quase em casa. Quando ficar com vontade é só pedir.
E assim, o primo de Pedro Malasartes, pelas boas normas da cortesia que regiam aquele lugar e motivado pelo fato de Malasartes não parecer querer gastar nada foi oferecendo um pouco de cada coisa que tinha na despensa. E Malasartes ouvia e recusava se contentando com um cafezinho. Nessa toada foram até que ouviram uma batida tímida na porta. O primo de Malasartes se levantou e abriu a porta vendo do lado de fora uma verdadeira multidão de conhecidos. O primeiro foi logo falando:
- Olha, desculpa a intrusão, mas ficamos sabendo que Pedro Malasartes estava por aqui e passamos só para dar os parabéns.
O primo desconfiado, mas sem ter como recusar uma simples cortesia convidou todos para entrar e na hora que já preparava para falar:
- Olha, eu sinto muito meus amigos, mas não tenho quase nada na despensa...
Malasartes foi logo falando, deixando de lado o cafezinho:
- Oh, primo, sabe aquele torresmo, toucinho, broa, cachaça, suco de laranja, rosca, lingüiça, e tudo mais que você ofereceu? Agora eu até quero um pouquinho, que já me cansei desse café que eu tomava até o pessoal chegar...
E o primo engasgou e uma vez que o oferecido estava em vigor, acabou bancando, toda a festa de Pedro Malasartes.
- Ora, Pedro, tenho aqui uma broa que sinhá assou, fresquinha. É tanta que vai durar a semana inteira.
- Broa de milho, primo?
- É sim, quer um pedaço?
Malasartes agradeceu humilde:
- Não, primo, basta um cafezinho.
- Mas é seu aniversário homem, eu reconheço que sou um pouco parcimonioso, mas um pouco de cortesia não faz mal! Se quiser é só pediu.
Malasartes agradeceu, mas continuou só com o café. Continuaram conversando e o primo ofereceu:
- Olha Pedro, ontem mandei matar aquele leitão capado que eu vinha engordando. Temos uma porção de torresmo e toucinho frescos que mandei preparar. Quer um pouco, pois tenho bastante?
- Tem muito mesmo?
- Sim bastante, quer?
- Nada primo, pode deixar, basta um cafezinho.
- Tudo bem, mas quando quiser é só pedir. O primo pareceu satisfeito e foram proseando mais e mais até que o primo ofereceu de novo:
- Pedro, faz tempo que tenho guardado umas garrafas de cachaça para beber.
- E é dá boa?
- Da melhor. Vamos fazer um brinde?
- Não primo, para mim basta um cafezinho.
- Não se faça de rogado que você ta quase em casa. Quando ficar com vontade é só pedir.
E assim, o primo de Pedro Malasartes, pelas boas normas da cortesia que regiam aquele lugar e motivado pelo fato de Malasartes não parecer querer gastar nada foi oferecendo um pouco de cada coisa que tinha na despensa. E Malasartes ouvia e recusava se contentando com um cafezinho. Nessa toada foram até que ouviram uma batida tímida na porta. O primo de Malasartes se levantou e abriu a porta vendo do lado de fora uma verdadeira multidão de conhecidos. O primeiro foi logo falando:
- Olha, desculpa a intrusão, mas ficamos sabendo que Pedro Malasartes estava por aqui e passamos só para dar os parabéns.
O primo desconfiado, mas sem ter como recusar uma simples cortesia convidou todos para entrar e na hora que já preparava para falar:
- Olha, eu sinto muito meus amigos, mas não tenho quase nada na despensa...
Malasartes foi logo falando, deixando de lado o cafezinho:
- Oh, primo, sabe aquele torresmo, toucinho, broa, cachaça, suco de laranja, rosca, lingüiça, e tudo mais que você ofereceu? Agora eu até quero um pouquinho, que já me cansei desse café que eu tomava até o pessoal chegar...
E o primo engasgou e uma vez que o oferecido estava em vigor, acabou bancando, toda a festa de Pedro Malasartes.
O quarto rei mago
Conta uma velha lenda que quando os três reis Magos – Gaspar, Melquior e Baltazar – se dirigiram à Belém e chegaram ao estábulo onde nascera o menino-Deus, depositaram seus presentes: ouro, incenso e mirra, diante do menino e de sua mãe, mas a criança não sorriu – ele não percebeu o esplendor do ouro e nem sentiu o cheiro da mirra e quando Maria ascendeu o incenso, a fumaça fez o neném tossir.
Os três Magos, depois de reverenciarem o pequenino, se despediram meio desapontados.
Assim que seus camelos desapareceram atrás das montanhas, chegou à Belém, um quarto rei Mago.
Sua pátria era um país banhado pelo Golfo Pérsico. Quando ele viu a estrela que anunciava o nascimento do Deus que viria redimir a humanidade, sentiu que tinha de procurar o lugar sobre o qual ela brilhava. Aprontou-se para ir reverenciar o menino-Deus e levou para presenteá-lo o que tinha de mais precioso: três grandes pérolas brancas, maiores que um ovo de pomba. Viajou muitos dias e ficou sabendo dos outros três reis e de seus presentes. Mas ...suas mãos estavam vazias quando descobriu o lugar anunciado pela estrela – ele não tinha mais as pérolas!...
Ao chegar ao estábulo, abriu as portas com cuidado e viu o menino Jesus sobre os joelhos de sua mãe. Ela o embalava suavemente cantando uma cantiga de ninar.
Lentamente o Rei entrou e se atirou aos pés do Menino e de sua mãe e, hesitante começou a falar:
“Menino-Santo, eu vim lhe render homenagens e estou sabendo que aqui já estiveram três reis trazendo-Lhe ricas oferendas. Eu também tinha um presente para lhe dar: três pérolas preciosas, mas... não as tenho mais! Acontece que eu tive de pernoitar em uma hospedaria de beira de estrada e ali encontrei um velho tremendo de febre, estendido sobre um banco. Ninguém sabia quem era e ele não trazia dinheiro algum, com toda certeza morreria abandonado. Eu tive pena dele, peguei uma das pérolas e dei ao hospedeiro para providenciar um médico e, se o velho morresse, que tivesse garantido um túmulo em terra abençoada.
Na manhã seguinte, eu parti. A estrada seguia por um vale deserto, cheio de enormes rochedos. Subitamente eu ouvi gritos vindos de um bosque. Procurei ver o que estava acontecendo e deparei-me com soldados subjugando uma jovem mulher e se preparando para serviciá-la. Eram muitos e eu não teria condições de lutar contra eles. Oh! Divina-criança, perdoa-me mais uma vez pois eu peguei outra pérola e paguei a liberdade daquela jovem. Ela me agradeceu e fugiu para as montanhas.
Eu agora só tinha uma pérola, mas ao menos uma eu queria lhe trazer!
Já estava bem próximo de Belém, mas ao passar por uma pequena vila, ouvi muito choro e gritos – eram mães de pequeninos que tinham sido mortos por soldados em obediência às ordens de Herodes”: “matem todos os meninos de até dois anos!! Eu vi um soldado pronto a cortar a cabeça de um menininho que chorava muito, sua mãe gritava dolorosamente – ah! Menino-Deus, perdoa-me, mas eu peguei a terceira pérola e a dei ao soldado para que ele devolvesse a criança à mãe.
Ah! meu Santinho! É por isso que venho de mãos vazias. Perdão! Perdão!
O silêncio reinava no estábulo quando o rei concluiu sua confissão. Durante alguns instantes ele permaneceu inclinado, com a testa no chão e finalmente quando levantou os olhos viu S.José se aproximando e Maria olhando o filho que parecia dormir.
Não! O menino Jesus não dormia. Lentamente ele se virou estendendo suas mãozinhas pra as mãos vazias do rei... e o menino Jesus sorria.
Editora Vozes. Adaptado por Daura Guimarães.
Os três Magos, depois de reverenciarem o pequenino, se despediram meio desapontados.
Assim que seus camelos desapareceram atrás das montanhas, chegou à Belém, um quarto rei Mago.
Sua pátria era um país banhado pelo Golfo Pérsico. Quando ele viu a estrela que anunciava o nascimento do Deus que viria redimir a humanidade, sentiu que tinha de procurar o lugar sobre o qual ela brilhava. Aprontou-se para ir reverenciar o menino-Deus e levou para presenteá-lo o que tinha de mais precioso: três grandes pérolas brancas, maiores que um ovo de pomba. Viajou muitos dias e ficou sabendo dos outros três reis e de seus presentes. Mas ...suas mãos estavam vazias quando descobriu o lugar anunciado pela estrela – ele não tinha mais as pérolas!...
Ao chegar ao estábulo, abriu as portas com cuidado e viu o menino Jesus sobre os joelhos de sua mãe. Ela o embalava suavemente cantando uma cantiga de ninar.
Lentamente o Rei entrou e se atirou aos pés do Menino e de sua mãe e, hesitante começou a falar:
“Menino-Santo, eu vim lhe render homenagens e estou sabendo que aqui já estiveram três reis trazendo-Lhe ricas oferendas. Eu também tinha um presente para lhe dar: três pérolas preciosas, mas... não as tenho mais! Acontece que eu tive de pernoitar em uma hospedaria de beira de estrada e ali encontrei um velho tremendo de febre, estendido sobre um banco. Ninguém sabia quem era e ele não trazia dinheiro algum, com toda certeza morreria abandonado. Eu tive pena dele, peguei uma das pérolas e dei ao hospedeiro para providenciar um médico e, se o velho morresse, que tivesse garantido um túmulo em terra abençoada.
Na manhã seguinte, eu parti. A estrada seguia por um vale deserto, cheio de enormes rochedos. Subitamente eu ouvi gritos vindos de um bosque. Procurei ver o que estava acontecendo e deparei-me com soldados subjugando uma jovem mulher e se preparando para serviciá-la. Eram muitos e eu não teria condições de lutar contra eles. Oh! Divina-criança, perdoa-me mais uma vez pois eu peguei outra pérola e paguei a liberdade daquela jovem. Ela me agradeceu e fugiu para as montanhas.
Eu agora só tinha uma pérola, mas ao menos uma eu queria lhe trazer!
Já estava bem próximo de Belém, mas ao passar por uma pequena vila, ouvi muito choro e gritos – eram mães de pequeninos que tinham sido mortos por soldados em obediência às ordens de Herodes”: “matem todos os meninos de até dois anos!! Eu vi um soldado pronto a cortar a cabeça de um menininho que chorava muito, sua mãe gritava dolorosamente – ah! Menino-Deus, perdoa-me, mas eu peguei a terceira pérola e a dei ao soldado para que ele devolvesse a criança à mãe.
Ah! meu Santinho! É por isso que venho de mãos vazias. Perdão! Perdão!
O silêncio reinava no estábulo quando o rei concluiu sua confissão. Durante alguns instantes ele permaneceu inclinado, com a testa no chão e finalmente quando levantou os olhos viu S.José se aproximando e Maria olhando o filho que parecia dormir.
Não! O menino Jesus não dormia. Lentamente ele se virou estendendo suas mãozinhas pra as mãos vazias do rei... e o menino Jesus sorria.
Editora Vozes. Adaptado por Daura Guimarães.
Menina Bonita do Laço de Fita
Era uma vez uma menina linda, linda.
Os olhos pareciam duas azeitonas pretas brilhantes, os cabelos enroladinhos e bem negros.
A pele era escura e lustrosa, que nem o pelo da pantera negra na chuva.
Ainda por cima, a mãe gostava de fazer trancinhas no cabelo dela e enfeitar com laços de fita coloridas. Ela ficava parecendo uma princesa das terras da áfrica, ou uma fada do Reino do Luar.
E, havia um coelho bem branquinho, com olhos vermelhos e focinho nervoso sempre tremelicando. O coelho achava a menina a pessoa mais linda que ele tinha visto na vida.
E pensava:
- Ah, quando eu casar quero ter uma filha pretinha e linda que nem ela...
Por isso, um dia ele foi até a casa da menina e perguntou:
- Menina bonita do laço de fita, qual é o teu segredo para ser tão pretinha?
menina não sabia, mas inventou:
- Ah deve ser porque eu caí na tinta preta quando era pequenina...
O coelho saiu dali, procurou uma lata de tinta preta e tomou banho nela. Ficou bem negro, todo contente. Mas aí veio uma chuva e lavou todo aquele pretume, ele ficou branco outra vez.
Então ele voltou lá na casa da menina e perguntou outra vez:
- Menina bonita do laço de fita, qual é o seu segredo para ser tão pretinha?
A menina não sabia, mas inventou:
- Ah, deve ser porque eu tomei muito café quando era pequenina.
O coelho saiu dali e tomou tanto café que perdeu o sono e passou a noite toda fazendo xixi.
Mas não ficou nada preto.
- Menina bonita do laço de fita, qual o teu segredo para ser tão pretinha?
A menina não sabia, mas inventou:
- Ah, deve ser porque eu comi muita jabuticaba quando era pequenina.
O coelho saiu dali e se empanturrou de jabuticaba até ficar pesadão, sem conseguir sair do lugar. O máximo que conseguiu foi fazer muito cocozinho preto e redondo feito jabuticaba. Mas não ficou nada preto.
Então ele voltou lá na casa da menina e perguntou outra vez:
- Menina bonita do laço de fita, qual é teu segredo pra ser tão pretinha?
A menina não sabia e... Já ia inventando outra coisa, uma história de feijoada, quando a mãe dela que era uma mulata linda e risonha, resolveu se meter e disse:
- Artes de uma avó preta que ela tinha...
Aí o coelho, que era bobinho, mas nem tanto, viu que a mãe da menina devia estar mesmo dizendo a verdade, porque a gente se parece sempre é com os pais, os tios, os avós e até com os parentes tortos.
E se ele queria ter uma filha pretinha e linda que nem a menina, tinha era que procurar uma coelha preta para casar.
Não precisou procurar muito. Logo encontrou uma coelhinha escura como a noite, que achava aquele coelho branco uma graça.
Foram namorando, casando e tiveram uma ninhada de filhotes, que coelho quando desanda a ter filhote não para mais! Tinha coelhos de todas as cores: branco, branco malhado de preto, preto malhado de branco e até uma coelha bem pretinha. Já se sabe, afilhada da tal menina bonita que morava na casa ao lado.
E quando a coelhinha saía de laço colorido no pescoço sempre encontrava alguém que perguntava:
- Coelha bonita do laço de fita, qual é o teu segredo para ser tão pretinha?
E ela respondia:
- Conselhos da mãe da minha madrinha...
[de Ana Maria Machado, livro.ilustração: Claudius]
Os olhos pareciam duas azeitonas pretas brilhantes, os cabelos enroladinhos e bem negros.
A pele era escura e lustrosa, que nem o pelo da pantera negra na chuva.
Ainda por cima, a mãe gostava de fazer trancinhas no cabelo dela e enfeitar com laços de fita coloridas. Ela ficava parecendo uma princesa das terras da áfrica, ou uma fada do Reino do Luar.
E, havia um coelho bem branquinho, com olhos vermelhos e focinho nervoso sempre tremelicando. O coelho achava a menina a pessoa mais linda que ele tinha visto na vida.
E pensava:
- Ah, quando eu casar quero ter uma filha pretinha e linda que nem ela...
Por isso, um dia ele foi até a casa da menina e perguntou:
- Menina bonita do laço de fita, qual é o teu segredo para ser tão pretinha?
menina não sabia, mas inventou:
- Ah deve ser porque eu caí na tinta preta quando era pequenina...
O coelho saiu dali, procurou uma lata de tinta preta e tomou banho nela. Ficou bem negro, todo contente. Mas aí veio uma chuva e lavou todo aquele pretume, ele ficou branco outra vez.
Então ele voltou lá na casa da menina e perguntou outra vez:
- Menina bonita do laço de fita, qual é o seu segredo para ser tão pretinha?
A menina não sabia, mas inventou:
- Ah, deve ser porque eu tomei muito café quando era pequenina.
O coelho saiu dali e tomou tanto café que perdeu o sono e passou a noite toda fazendo xixi.
Mas não ficou nada preto.
- Menina bonita do laço de fita, qual o teu segredo para ser tão pretinha?
A menina não sabia, mas inventou:
- Ah, deve ser porque eu comi muita jabuticaba quando era pequenina.
O coelho saiu dali e se empanturrou de jabuticaba até ficar pesadão, sem conseguir sair do lugar. O máximo que conseguiu foi fazer muito cocozinho preto e redondo feito jabuticaba. Mas não ficou nada preto.
Então ele voltou lá na casa da menina e perguntou outra vez:
- Menina bonita do laço de fita, qual é teu segredo pra ser tão pretinha?
A menina não sabia e... Já ia inventando outra coisa, uma história de feijoada, quando a mãe dela que era uma mulata linda e risonha, resolveu se meter e disse:
- Artes de uma avó preta que ela tinha...
Aí o coelho, que era bobinho, mas nem tanto, viu que a mãe da menina devia estar mesmo dizendo a verdade, porque a gente se parece sempre é com os pais, os tios, os avós e até com os parentes tortos.
E se ele queria ter uma filha pretinha e linda que nem a menina, tinha era que procurar uma coelha preta para casar.
Não precisou procurar muito. Logo encontrou uma coelhinha escura como a noite, que achava aquele coelho branco uma graça.
Foram namorando, casando e tiveram uma ninhada de filhotes, que coelho quando desanda a ter filhote não para mais! Tinha coelhos de todas as cores: branco, branco malhado de preto, preto malhado de branco e até uma coelha bem pretinha. Já se sabe, afilhada da tal menina bonita que morava na casa ao lado.
E quando a coelhinha saía de laço colorido no pescoço sempre encontrava alguém que perguntava:
- Coelha bonita do laço de fita, qual é o teu segredo para ser tão pretinha?
E ela respondia:
- Conselhos da mãe da minha madrinha...
[de Ana Maria Machado, livro.ilustração: Claudius]
A Vaquinha
Um Mestre da sabedoria passeava por uma floresta com seu fiel discípulo quando avistou ao longe um sítio de aparência pobre e resolveu fazer uma breve visita...
Durante o percurso ele falou ao aprendiz sobre a importância das visitas e as oportunidades de aprendizado que temos, também com as pessoas que mal conhecemos.
Chegando ao sitio constatou a pobreza do lugar, sem calçamento, casa de madeira, os moradores, um casal e três filhos, vestidos com roupas rasgadas e sujas... então se aproximou do senhor aparentemente o pai daquela família e perguntou:
- Neste lugar não há sinais de pontos de comércio e de trabalho; como o senhor e a sua família sobrevivem aqui?
E o senhor calmamente respondeu:
- Meu amigo, nos temos uma vaquinha que nos da vários litros de leite todos os dias. Uma parte desse produto nos vendemos ou trocamos na cidade vizinha por outros gêneros de alimentos e a outra parte nos produzimos queijo, coalhada, etc...; para o nosso consumo e assim vamos sobrevivendo.
O sábio agradeceu a informação, contemplou o lugar por uns momentos, depois se despediu e foi embora. No meio do caminho, voltou ao seu fiel discípulo e ordenou:
- Aprendiz, pegue a vaquinha, leve-a ao precipício ali na frente e empurre-a, jogue-a lá em baixo.
O jovem arregalou os olhos espantado e questionou o mestre sobre o fato da vaquinha ser o único meio de sobrevivência daquela família, mas, como percebeu o silêncio absoluto do seu mestre, foi cumprir a ordem.
Assim empurrou a vaquinha morro abaixo e a viu morrer.
Aquela cena ficou marcada na memória daquele jovem durante alguns anos e um belo dia ele resolveu largar tudo o que havia aprendido e voltar naquele mesmo lugar e contar tudo aquela família, pedir perdão e ajuda-los.
Assim fez, e quando se aproximava do local avistou um sitio muito bonito, com arvores floridas, todo murado, com carro na garagem e algumas crianças brincando no jardim. Ficou triste e desesperado imaginando que aquela humilde família tivera que vender o sitio para sobreviver, "apertou" o passo e chegando lá, logo foi recebido por um caseiro muito simpático e perguntou sobre a família que ali morava há uns quatro anos e o caseiro respondeu:
- Continuam morando aqui.
Espantado ele entrou correndo na casa; e viu que era mesmo a família que visitara antes com o mestre. Elogiou o local e perguntou ao senhor (o dono da vaquinha):
- Como o senhor melhorou este sítio e esta muito bem de vida???
E o senhor entusiasmado, respondeu:
- Nos tínhamos uma vaquinha que caiu no precipício e morreu, dai em diante tivemos que fazer outras coisas e desenvolver habilidades que nem sabíamos que tínhamos, assim alcançamos o sucesso que seus olhos vislumbram agora...
(História enviada por Amauri de Oliveira)
Durante o percurso ele falou ao aprendiz sobre a importância das visitas e as oportunidades de aprendizado que temos, também com as pessoas que mal conhecemos.
Chegando ao sitio constatou a pobreza do lugar, sem calçamento, casa de madeira, os moradores, um casal e três filhos, vestidos com roupas rasgadas e sujas... então se aproximou do senhor aparentemente o pai daquela família e perguntou:
- Neste lugar não há sinais de pontos de comércio e de trabalho; como o senhor e a sua família sobrevivem aqui?
E o senhor calmamente respondeu:
- Meu amigo, nos temos uma vaquinha que nos da vários litros de leite todos os dias. Uma parte desse produto nos vendemos ou trocamos na cidade vizinha por outros gêneros de alimentos e a outra parte nos produzimos queijo, coalhada, etc...; para o nosso consumo e assim vamos sobrevivendo.
O sábio agradeceu a informação, contemplou o lugar por uns momentos, depois se despediu e foi embora. No meio do caminho, voltou ao seu fiel discípulo e ordenou:
- Aprendiz, pegue a vaquinha, leve-a ao precipício ali na frente e empurre-a, jogue-a lá em baixo.
O jovem arregalou os olhos espantado e questionou o mestre sobre o fato da vaquinha ser o único meio de sobrevivência daquela família, mas, como percebeu o silêncio absoluto do seu mestre, foi cumprir a ordem.
Assim empurrou a vaquinha morro abaixo e a viu morrer.
Aquela cena ficou marcada na memória daquele jovem durante alguns anos e um belo dia ele resolveu largar tudo o que havia aprendido e voltar naquele mesmo lugar e contar tudo aquela família, pedir perdão e ajuda-los.
Assim fez, e quando se aproximava do local avistou um sitio muito bonito, com arvores floridas, todo murado, com carro na garagem e algumas crianças brincando no jardim. Ficou triste e desesperado imaginando que aquela humilde família tivera que vender o sitio para sobreviver, "apertou" o passo e chegando lá, logo foi recebido por um caseiro muito simpático e perguntou sobre a família que ali morava há uns quatro anos e o caseiro respondeu:
- Continuam morando aqui.
Espantado ele entrou correndo na casa; e viu que era mesmo a família que visitara antes com o mestre. Elogiou o local e perguntou ao senhor (o dono da vaquinha):
- Como o senhor melhorou este sítio e esta muito bem de vida???
E o senhor entusiasmado, respondeu:
- Nos tínhamos uma vaquinha que caiu no precipício e morreu, dai em diante tivemos que fazer outras coisas e desenvolver habilidades que nem sabíamos que tínhamos, assim alcançamos o sucesso que seus olhos vislumbram agora...
(História enviada por Amauri de Oliveira)
A MORTE QUE FEZ UM HOMEM RICO
Um homem tinha muitos filhos, e já todos os homens da freguesia eram seus compadres.
A mulher alcançou outra vez e pronta estava para parir. O homem, que não queria pedir a mais ninguém, abalou de casa.
Encontrou no caminho um homem muito desfigurado, que lhe perguntou aonde ele ia.
Ele contou-lhe, e o homem disse-lhe que voltasse para trás, que ele era o seu padrinho.
Assim foi.
Quando acabou o batizada, o homem disse:
— Compadre, repare bem para mim, para me conhecer onde quer que me encontre. Eu sou a Morte. Tu muda de casa e faz-te médico, que hás-de ganhar muito dinheiro. Em tu me vendo aos pés da cama de qualquer doente, é porque ele escapa. Em tu me vendo à cabeceira, é porque ele morre.
O homem assim fez; começou a ter muita fama e ganhava muito dinheiro e já estava muito rico mais os filhos.
Num dia a Morte chegou-se ao pé dele e disse-lhe:
— Bem, agora já te fiz rico, mas hoje chegou a tua vez e venho matar-te.
O homem pediu muito que o deixasse viver mais um ano.
A Morte consentiu.
O homem então mandou fazer uma torre de bronze, com as paredes muito grossas, para a Morte lá não entrar.
Quando o ano estava quase a acabar, ele mandou fazer um anel de ouro, meteu-o no dedo e fechou-se na torre.
Estava lá a jantar, e apareceu-lhe a Morte ao pé dele.
Ele, muito assustado, perguntou-lhe:
— Ó comadre Morte, tu por onde é que entraste?
A Morte disse que pelo buraco da fechadura.
Ele então lhe disse:
— Já que tu te meteste pelo buraco da fechadura, hás-de meter-se pelo buraco desta cabaça.
A Morte meteu-se e ele tapou a cabaça com uma rolha e disse à Morte:
— Agora sai daí para fora se és capaz.
A Morte disse-lhe:
— Ó compadre, pois eu fiz-te tanto benefício, e tu agora me queres aqui deixar dentro desta cabaça? Tira-me a rolha, que eu não te faço mal.
O homem tomou a perguntar-lhe se ela não lhe fazia mal.
A Morte disse que não.
Ele destapou a cabaça e, ao tempo que destapou, caiu, mas não morto, e a Morte roubou-lhe o anel.
Ele disse:
— Ó comadre, então tu prometeste-me que não me matavas, e agora me queres matar. Deixa-me ao menos rezar um Padre-Nosso e uma Ave-Maria pela minha alma.
A Morte consentiu.
Ele que fez?
Começou a rezar o Padre-Nosso até ao meio e depois tornava a começar.
De modo que a Morte não o podia matar.
O homem então saiu da torre e começou outra vez na sua vida.
Um dia andava ele à caça e a Morte fingiu-se de morta no meio do monte.
O homem chegou e, julgando que era um homem morto, disse:
— Ah! Pobre homem, quem te matou? Deixa-me ao menos rezar um Padre-Nosso e uma Ave Maria pela tua alma.
Rezou, mas ao tempo que acabou, a Morte levantou-se e matou-o.
Consiglieri Pedroso, in Contos Populares Portugueses
A mulher alcançou outra vez e pronta estava para parir. O homem, que não queria pedir a mais ninguém, abalou de casa.
Encontrou no caminho um homem muito desfigurado, que lhe perguntou aonde ele ia.
Ele contou-lhe, e o homem disse-lhe que voltasse para trás, que ele era o seu padrinho.
Assim foi.
Quando acabou o batizada, o homem disse:
— Compadre, repare bem para mim, para me conhecer onde quer que me encontre. Eu sou a Morte. Tu muda de casa e faz-te médico, que hás-de ganhar muito dinheiro. Em tu me vendo aos pés da cama de qualquer doente, é porque ele escapa. Em tu me vendo à cabeceira, é porque ele morre.
O homem assim fez; começou a ter muita fama e ganhava muito dinheiro e já estava muito rico mais os filhos.
Num dia a Morte chegou-se ao pé dele e disse-lhe:
— Bem, agora já te fiz rico, mas hoje chegou a tua vez e venho matar-te.
O homem pediu muito que o deixasse viver mais um ano.
A Morte consentiu.
O homem então mandou fazer uma torre de bronze, com as paredes muito grossas, para a Morte lá não entrar.
Quando o ano estava quase a acabar, ele mandou fazer um anel de ouro, meteu-o no dedo e fechou-se na torre.
Estava lá a jantar, e apareceu-lhe a Morte ao pé dele.
Ele, muito assustado, perguntou-lhe:
— Ó comadre Morte, tu por onde é que entraste?
A Morte disse que pelo buraco da fechadura.
Ele então lhe disse:
— Já que tu te meteste pelo buraco da fechadura, hás-de meter-se pelo buraco desta cabaça.
A Morte meteu-se e ele tapou a cabaça com uma rolha e disse à Morte:
— Agora sai daí para fora se és capaz.
A Morte disse-lhe:
— Ó compadre, pois eu fiz-te tanto benefício, e tu agora me queres aqui deixar dentro desta cabaça? Tira-me a rolha, que eu não te faço mal.
O homem tomou a perguntar-lhe se ela não lhe fazia mal.
A Morte disse que não.
Ele destapou a cabaça e, ao tempo que destapou, caiu, mas não morto, e a Morte roubou-lhe o anel.
Ele disse:
— Ó comadre, então tu prometeste-me que não me matavas, e agora me queres matar. Deixa-me ao menos rezar um Padre-Nosso e uma Ave-Maria pela minha alma.
A Morte consentiu.
Ele que fez?
Começou a rezar o Padre-Nosso até ao meio e depois tornava a começar.
De modo que a Morte não o podia matar.
O homem então saiu da torre e começou outra vez na sua vida.
Um dia andava ele à caça e a Morte fingiu-se de morta no meio do monte.
O homem chegou e, julgando que era um homem morto, disse:
— Ah! Pobre homem, quem te matou? Deixa-me ao menos rezar um Padre-Nosso e uma Ave Maria pela tua alma.
Rezou, mas ao tempo que acabou, a Morte levantou-se e matou-o.
Consiglieri Pedroso, in Contos Populares Portugueses
O velho, o menino e a mulinha
O velho chamou o filho e disse:
- Vá ao pasto, pegue a bestinha ruana e apronte-se para irmos à cidade, que quero vendê-la.
O menino foi e trouxe a mula. Passou-lhe a raspadeira, escovou-a e partiram os dois a pé, puxando-a pelo cabresto. Queriam que ela chegasse descansada para melhor impressionar os compradores.
De repente,
- Esta é boa! - exclamou um viajante ao avistá-los. O animal vazio e o pobre velho a pé! Que despropósito! Será promessa, penitência ou caduquice?...
E lá se foi a rir.
O velho achou que o viajante tinha razão e ordenou ao menino: - Puxa a mula, meu filho. Eu vou montado e assim tapo a boca do mundo.
Tapar a boca do mundo, que bobagem! O velho compreendeu isso logo adiante, ao passar por um bando de lavadeiras ocupadas em bater roupa num córrego.
- Que graça! - exclamaram elas. a marmanjão montado com todo o sossego e o pobre menino a pé... Há cada pai malvado por este mundo de Cristo... Credo!...
O velho danou e, sem dizer palavra, fez sinal ao filho para que subisse à garupa.
- Quero só ver o que dizem agora...
Viu logo. O Zé Biriba, estafeta do correio, cruzou com eles e exclamou:
- Que idiotas! Querem vender o animal e montam os dois de uma vez... Assim, meu velho, o que chega à cidade não é mais a mulinha; é a sombra da mulinha...
- Ele tem razão, meu filho, precisamos não judiar do animal.
Eu apeio e você, que é levezinho, vai montado.
Assim fizeram, e caminharam em paz um quilômetro, até o encontro dum sujeito que tirou o chapéu e saudou o pequeno respeitosamente.
- Bom dia, príncipe!
- Por que príncipe? - indagou o menino.
- É boa! Porque só príncipes andam assim de lacaio à rédea... - Lacaio, eu? Esbravejou o velho. Que desaforo! Desce, desce, meu filho, e carreguemos o burro às costas. Talvez isto contente o mundo...
Nem assim. Um grupo de rapazes, vendo a estranha cavalgada. acudiu em tumulto, com vaias:
- Hu! Hu! Olha a trempe de três burros, dois de dois pés e um de quatro! Resta saber qual dos três é o mais burro...
- Sou eu! - replicou o velho, arriando a carga. Sou eu, porque venho há uma hora fazendo não o que quero mas o que quer o mundo. Daqui em diante, porém, farei o que me manda a consciência, pouco me importando que o mundo concorde ou não: Já vi que morre doido quem procura contentar toda gente...
(Monteiro Lobato. Fábulas. São Paulo, Brasiliense, 1994, 7. ed. p 12 e 13.)
- Vá ao pasto, pegue a bestinha ruana e apronte-se para irmos à cidade, que quero vendê-la.
O menino foi e trouxe a mula. Passou-lhe a raspadeira, escovou-a e partiram os dois a pé, puxando-a pelo cabresto. Queriam que ela chegasse descansada para melhor impressionar os compradores.
De repente,
- Esta é boa! - exclamou um viajante ao avistá-los. O animal vazio e o pobre velho a pé! Que despropósito! Será promessa, penitência ou caduquice?...
E lá se foi a rir.
O velho achou que o viajante tinha razão e ordenou ao menino: - Puxa a mula, meu filho. Eu vou montado e assim tapo a boca do mundo.
Tapar a boca do mundo, que bobagem! O velho compreendeu isso logo adiante, ao passar por um bando de lavadeiras ocupadas em bater roupa num córrego.
- Que graça! - exclamaram elas. a marmanjão montado com todo o sossego e o pobre menino a pé... Há cada pai malvado por este mundo de Cristo... Credo!...
O velho danou e, sem dizer palavra, fez sinal ao filho para que subisse à garupa.
- Quero só ver o que dizem agora...
Viu logo. O Zé Biriba, estafeta do correio, cruzou com eles e exclamou:
- Que idiotas! Querem vender o animal e montam os dois de uma vez... Assim, meu velho, o que chega à cidade não é mais a mulinha; é a sombra da mulinha...
- Ele tem razão, meu filho, precisamos não judiar do animal.
Eu apeio e você, que é levezinho, vai montado.
Assim fizeram, e caminharam em paz um quilômetro, até o encontro dum sujeito que tirou o chapéu e saudou o pequeno respeitosamente.
- Bom dia, príncipe!
- Por que príncipe? - indagou o menino.
- É boa! Porque só príncipes andam assim de lacaio à rédea... - Lacaio, eu? Esbravejou o velho. Que desaforo! Desce, desce, meu filho, e carreguemos o burro às costas. Talvez isto contente o mundo...
Nem assim. Um grupo de rapazes, vendo a estranha cavalgada. acudiu em tumulto, com vaias:
- Hu! Hu! Olha a trempe de três burros, dois de dois pés e um de quatro! Resta saber qual dos três é o mais burro...
- Sou eu! - replicou o velho, arriando a carga. Sou eu, porque venho há uma hora fazendo não o que quero mas o que quer o mundo. Daqui em diante, porém, farei o que me manda a consciência, pouco me importando que o mundo concorde ou não: Já vi que morre doido quem procura contentar toda gente...
(Monteiro Lobato. Fábulas. São Paulo, Brasiliense, 1994, 7. ed. p 12 e 13.)
O Preço do Amor
Uma tarde, um menino aproximou-se de sua mãe, que preparava o jantar,
e entregou-lhe uma folha de papel com algo escrito.
Depois que ela secou as mãos e tirou o avental, ela leu:
- Cortar a grama do jardim: R$ 3,00
- Por limpar meu quarto esta semana: R$ 1,00
- Por ir ao supermercado em seu lugar: R$ 2,00
- Por cuidar de meu irmãozinho equanto você ia as compras: R$ 2,00
- Por tirar o lixo toda semana: R$ 1,00
- Por ter um boletim com boas notas: R$ 5,00
- Por limpar e varrer o quintal: R$ 2,00
- TOTAL DA DÍVIDA: R$ 16,00
A mãe olhou o menino, que aguardava cheio de expextativa.
Finalmente, ela pegou um lápis e no verso da mesma nota escreveu:
- Por levar-te nove meses em meu ventre e dar-te a vida: NADA
- Por tantas noites sem dormir, curar-te e orar por ti: NADA
- Pelos problemas e prantos que me causastes: Nada
- Pelo medo e pelas preocupações que me esperam: NADA
- Por comidas, roupas e brinquedos: NADA
- Por limpar-te o nariz: NADA
- CUSTO TOTAL DE MEU AMOR: NADA
Quando o menino terminou de ler o que sua mãe havia escrito
tinha os olhos cheios de lágrimas.
Olhou nos olhos da mãe e disse:
- "Eu Te Amo, Mamãe!"
Logo após pegou um lápis e escreveu com uma letra enorme:
"TOTALMENTE PAGO".
e entregou-lhe uma folha de papel com algo escrito.
Depois que ela secou as mãos e tirou o avental, ela leu:
- Cortar a grama do jardim: R$ 3,00
- Por limpar meu quarto esta semana: R$ 1,00
- Por ir ao supermercado em seu lugar: R$ 2,00
- Por cuidar de meu irmãozinho equanto você ia as compras: R$ 2,00
- Por tirar o lixo toda semana: R$ 1,00
- Por ter um boletim com boas notas: R$ 5,00
- Por limpar e varrer o quintal: R$ 2,00
- TOTAL DA DÍVIDA: R$ 16,00
A mãe olhou o menino, que aguardava cheio de expextativa.
Finalmente, ela pegou um lápis e no verso da mesma nota escreveu:
- Por levar-te nove meses em meu ventre e dar-te a vida: NADA
- Por tantas noites sem dormir, curar-te e orar por ti: NADA
- Pelos problemas e prantos que me causastes: Nada
- Pelo medo e pelas preocupações que me esperam: NADA
- Por comidas, roupas e brinquedos: NADA
- Por limpar-te o nariz: NADA
- CUSTO TOTAL DE MEU AMOR: NADA
Quando o menino terminou de ler o que sua mãe havia escrito
tinha os olhos cheios de lágrimas.
Olhou nos olhos da mãe e disse:
- "Eu Te Amo, Mamãe!"
Logo após pegou um lápis e escreveu com uma letra enorme:
"TOTALMENTE PAGO".
A POMBA E A FORMIGA
Uma formiga sedenta veio à margem do rio para beber água.
Para alcançá-la, devia descer por uma folha de grama. Quando assim fazia, escorregou e caiu dentro da correnteza.
Uma pomba, pousada numa árvore próxima, viu a formiga em perigo.
Rapidamente, arrancou uma folha da árvore e deixou-a cair no rio, perto da formiga, que pode subir nela e flutuar até a margem.
Logo que alcançou a terra, a formiga viu um caçador de pássaros, que se escondia atrás duma árvore, com Vendo que a pomba corria perigo, correu até o caçador e mordeu-lhe o calcanhar. A dor fez o caçador largar a rede e a pomba fugiu para um ramo mais alto.
De lá, ela arrulhou para a formiga:
- Obrigada, querida amiga.
"Uma boa ação se paga com outra."
Escopo
Para alcançá-la, devia descer por uma folha de grama. Quando assim fazia, escorregou e caiu dentro da correnteza.
Uma pomba, pousada numa árvore próxima, viu a formiga em perigo.
Rapidamente, arrancou uma folha da árvore e deixou-a cair no rio, perto da formiga, que pode subir nela e flutuar até a margem.
Logo que alcançou a terra, a formiga viu um caçador de pássaros, que se escondia atrás duma árvore, com Vendo que a pomba corria perigo, correu até o caçador e mordeu-lhe o calcanhar. A dor fez o caçador largar a rede e a pomba fugiu para um ramo mais alto.
De lá, ela arrulhou para a formiga:
- Obrigada, querida amiga.
"Uma boa ação se paga com outra."
Escopo
quarta-feira, 4 de agosto de 2010
Como era mesmo o nome dela?
O autor dessa história é desconhecido por nós, mas ela já circula há algum tempo na internet e tem uma mensagem poderosa. É contada por um estudante de enfermagem:
"Durante meu segundo mês do curso de enfermagem nosso professor nos deu um teste relâmpago. Eu era um aluno dedicado e voei pelas perguntas, até que eu li a última 'Qual é o nome da mulher que faz faxina na escola?' Isso tinha que ser uma piada. Eu havia visto a faxineira várias vezes. Ela era alta, de cabelo escuro e com cerca de 50 anos. Mas, como eu saberia o nome dela?
Eu entreguei meu teste, deixando o espaço da última pergunta em branco. Antes da aula terminar, outro aluno perguntou se a última pergunta contaria para a nota do teste. 'Absolutamente', disse o professor. 'Em suas carreiras vocês conhecerão muitas pessoas. Todas são importantes. Elas merecem sua atenção e cuidado, mesmo que você só dê um sorriso e diga oi.'
Eu nunca esqueci aquela lição. Eu também aprendi o nome da faxineira. Era Doroti."
Valorizar cada pessoa e não vê-las apenas como uma massa de humanidade, conhecendo-as de forma individual, reconhecendo e tratando suas necessidades é uma verdadeira demonstração de AMOR NÃO SÓ EM PALAVRAS, mas também em AÇÃO... isso é HUMANIZAÇÃO.... reconhecer que cada um merece nossa atenção e cuidado.
"Durante meu segundo mês do curso de enfermagem nosso professor nos deu um teste relâmpago. Eu era um aluno dedicado e voei pelas perguntas, até que eu li a última 'Qual é o nome da mulher que faz faxina na escola?' Isso tinha que ser uma piada. Eu havia visto a faxineira várias vezes. Ela era alta, de cabelo escuro e com cerca de 50 anos. Mas, como eu saberia o nome dela?
Eu entreguei meu teste, deixando o espaço da última pergunta em branco. Antes da aula terminar, outro aluno perguntou se a última pergunta contaria para a nota do teste. 'Absolutamente', disse o professor. 'Em suas carreiras vocês conhecerão muitas pessoas. Todas são importantes. Elas merecem sua atenção e cuidado, mesmo que você só dê um sorriso e diga oi.'
Eu nunca esqueci aquela lição. Eu também aprendi o nome da faxineira. Era Doroti."
Valorizar cada pessoa e não vê-las apenas como uma massa de humanidade, conhecendo-as de forma individual, reconhecendo e tratando suas necessidades é uma verdadeira demonstração de AMOR NÃO SÓ EM PALAVRAS, mas também em AÇÃO... isso é HUMANIZAÇÃO.... reconhecer que cada um merece nossa atenção e cuidado.
É preciso afiar o machado...
Um homem havia sido contratado para cortar árvores como lenhador. Quanto mais árvores cortasse, maior seria o seu salário. Ele era grande e forte, e estava em grande forma e disposto a trabalhar pesado.
No primeiro dia, ele começou a trabalhar cedo e cortou dez árvores. No dia seguinte, começou a trabalhar cedo e cortou oito árvores, No terceiro dia, somente foi capaz de cortar seis árvores. No quarto dia, conseguiu apenas quatro, e no quinto dia, três. No final do dia ele estava desanimado. Ele tinha trabalhado o mesmo número de horas e se esforçado da mesma forma todos os dias, no entanto, o número total de árvores cortadas continuava diminuindo.
Ele percebeu que na mesma semana, um lenhador experiente tinha cortado nove árvores todos os dias. O lenhador novato foi ao encontro do lenhador experiente e disse: "Deixe-me fazer-lhe duas perguntas: Primeiro, como você conseguiu cortar o mesmo número de árvores todos os dias enquanto o total das minhas árvores diminuía? Segundo, eu comecei a trabalhar logo cedo todas as manhãs e você não. O que você estava fazendo?
O lenhador experiente sorriu e disse: "Posso responder as duas perguntas com uma resposta. Todas as manhãs, eu tomo tempo para afiar o meu machado".
No primeiro dia, ele começou a trabalhar cedo e cortou dez árvores. No dia seguinte, começou a trabalhar cedo e cortou oito árvores, No terceiro dia, somente foi capaz de cortar seis árvores. No quarto dia, conseguiu apenas quatro, e no quinto dia, três. No final do dia ele estava desanimado. Ele tinha trabalhado o mesmo número de horas e se esforçado da mesma forma todos os dias, no entanto, o número total de árvores cortadas continuava diminuindo.
Ele percebeu que na mesma semana, um lenhador experiente tinha cortado nove árvores todos os dias. O lenhador novato foi ao encontro do lenhador experiente e disse: "Deixe-me fazer-lhe duas perguntas: Primeiro, como você conseguiu cortar o mesmo número de árvores todos os dias enquanto o total das minhas árvores diminuía? Segundo, eu comecei a trabalhar logo cedo todas as manhãs e você não. O que você estava fazendo?
O lenhador experiente sorriu e disse: "Posso responder as duas perguntas com uma resposta. Todas as manhãs, eu tomo tempo para afiar o meu machado".
O Ratinho das Amoras
O Ratinho vivia na sua casinha no campo.
Gostava muito dela porque era quente e aconchegada e tinha o tamanho ideal para um ratinho.
Mas, do que gostava mais nela, era o enorme arbusto de amoras que tinha no jardim, e que todos os anos dava uma colheita abundante de belos frutos maduros e sumarentos.
Certo Verão, as amoras do Ratinho ainda eram maiores e mais sumarentas do que habitualmente. Começou a colhê-las e já estava transpirado e cansado quando o Pardal apareceu.
— Que belas amoras! Posso comer algumas? — chilreou o Pardal.
— São todas minhas — respondeu o Ratinho. — Vai-te embora.
— Não precisas de falar assim — disse o passarinho voando para longe.
As patas do Ratinho já lhe doíam devido ao trabalho, quando reparou no Esquilo encostado ao portão.
— Dás-me algumas dessas amoras suculentas? — perguntou o Esquilo.
— Se tas der, ficarei com menos para mim — replicou o ratinho.
Assim o Esquilo foi embora de mãos a abanar.
Tinha o Ratinho parado para descansar das suas tarefas, quando a Coelha apareceu aos saltos.
— Essas amoras têm um aspecto apetitosíssimo — disse ela.
— E são — respondeu o Ratinho. — E vou comê-las todinhas.
— Então é mais que certo que vais ficar doente — respondeu a Coelha, virando-lhe as costas.
O sol estava muito quente e o Ratinho estava a ficar estafado.
Daí a pouco começou a cabecear de sono. Não reparara que havia alguém a espiá-lo.
Era o Senhor Raposo…
Quando viu que o Ratinho estava a dormir, esgueirou-se pelo portão e avançou devagarinho até conseguir chegar perto do cesto das amoras. Já se afastava quando CRAC ! Pisou um ramo seco.
O Ratinho acordou sobressaltado.
— Essas amoras são minhas — guinchou ele.
— Experimenta tirar-mas — riu-se o Senhor Raposo. — Vão ser-me bem úteis hoje ao chá.
O Ratinho não se surpreendeu por nenhum dos seus amigos o ter avisado de que o Raposo andava por fora naquele dia.
— Afinal — pensou — porque é que haviam de me ajudar, se eu não quis partilhar as minhas amoras com eles?
Então aconteceu uma coisa muito estranha. Uma bolota acertou na cabeça do Raposo!
PIMBA! E mais outra, PIMBA!
E outra e outra e mais outra. PIMBA! PIMBA! PIMBA!
O Raposo largou o cesto das amoras e fugiu a sete pés!
O Ratinho olhou para cima para ver de onde tinham vindo as bolotas. E quem acham vocês que ele viu no alto do velho carvalho?
Viu o Esquilo e o Pardal e a Coelha.
— Não podíamos deixar o senhor Raposo roubar as tuas amoras — disse o Esquilo.
— Apesar de não teres querido dividi-las connosco — acrescentou o Pardal.
O Ratinho sentiu-se muito envergonhado. Depois teve uma ideia…
Nessa tarde convidou todos os amigos para a festa das amoras. Trabalhou todo o dia a prepará-la.
Havia sumo de amora, compota de amora, geleia de amora, torta de amora e muitos outros doces de amora.
Os outros animais disseram que estava tudo delicioso.
— Afinal — disse Ratinho — talvez as amoras saibam melhor quando as partilhamos.
Matthew Grimsdale
Gostava muito dela porque era quente e aconchegada e tinha o tamanho ideal para um ratinho.
Mas, do que gostava mais nela, era o enorme arbusto de amoras que tinha no jardim, e que todos os anos dava uma colheita abundante de belos frutos maduros e sumarentos.
Certo Verão, as amoras do Ratinho ainda eram maiores e mais sumarentas do que habitualmente. Começou a colhê-las e já estava transpirado e cansado quando o Pardal apareceu.
— Que belas amoras! Posso comer algumas? — chilreou o Pardal.
— São todas minhas — respondeu o Ratinho. — Vai-te embora.
— Não precisas de falar assim — disse o passarinho voando para longe.
As patas do Ratinho já lhe doíam devido ao trabalho, quando reparou no Esquilo encostado ao portão.
— Dás-me algumas dessas amoras suculentas? — perguntou o Esquilo.
— Se tas der, ficarei com menos para mim — replicou o ratinho.
Assim o Esquilo foi embora de mãos a abanar.
Tinha o Ratinho parado para descansar das suas tarefas, quando a Coelha apareceu aos saltos.
— Essas amoras têm um aspecto apetitosíssimo — disse ela.
— E são — respondeu o Ratinho. — E vou comê-las todinhas.
— Então é mais que certo que vais ficar doente — respondeu a Coelha, virando-lhe as costas.
O sol estava muito quente e o Ratinho estava a ficar estafado.
Daí a pouco começou a cabecear de sono. Não reparara que havia alguém a espiá-lo.
Era o Senhor Raposo…
Quando viu que o Ratinho estava a dormir, esgueirou-se pelo portão e avançou devagarinho até conseguir chegar perto do cesto das amoras. Já se afastava quando CRAC ! Pisou um ramo seco.
O Ratinho acordou sobressaltado.
— Essas amoras são minhas — guinchou ele.
— Experimenta tirar-mas — riu-se o Senhor Raposo. — Vão ser-me bem úteis hoje ao chá.
O Ratinho não se surpreendeu por nenhum dos seus amigos o ter avisado de que o Raposo andava por fora naquele dia.
— Afinal — pensou — porque é que haviam de me ajudar, se eu não quis partilhar as minhas amoras com eles?
Então aconteceu uma coisa muito estranha. Uma bolota acertou na cabeça do Raposo!
PIMBA! E mais outra, PIMBA!
E outra e outra e mais outra. PIMBA! PIMBA! PIMBA!
O Raposo largou o cesto das amoras e fugiu a sete pés!
O Ratinho olhou para cima para ver de onde tinham vindo as bolotas. E quem acham vocês que ele viu no alto do velho carvalho?
Viu o Esquilo e o Pardal e a Coelha.
— Não podíamos deixar o senhor Raposo roubar as tuas amoras — disse o Esquilo.
— Apesar de não teres querido dividi-las connosco — acrescentou o Pardal.
O Ratinho sentiu-se muito envergonhado. Depois teve uma ideia…
Nessa tarde convidou todos os amigos para a festa das amoras. Trabalhou todo o dia a prepará-la.
Havia sumo de amora, compota de amora, geleia de amora, torta de amora e muitos outros doces de amora.
Os outros animais disseram que estava tudo delicioso.
— Afinal — disse Ratinho — talvez as amoras saibam melhor quando as partilhamos.
Matthew Grimsdale
A cegueira do príncipe
Veio esta história de longe, da Índia, que é terra fértil em histórias de encantar.
Aí se conta de um príncipe filho do poderoso marajá (que era um rei da Índia, de antigamente), aí se fala de um príncipe cego.
Inexplicável doença roubara-lhe a luz dos olhos e nenhum sábio ou médico dos mais eminentes conseguia atinar com a cura do seu mal.
O rei (o marajá) só vivia para o seu desgosto e toda a corte mergulhara também em grande tristeza.
Mas, um dia, apresentou-se no palácio um peregrino que disse:
— Sei do remédio que cura o príncipe.
O marajá chamou-o logo à sua presença:
— Diz-me o que precisas para livrar o meu filho da cegueira, que tudo se fará como tu ordenares.
— Preciso apenas de uma taça de cristal — respondeu o peregrino — e que Vossa Majestade me acompanhe numa viagem, através do reino.
Rei e peregrino desceram às ruas e aos campos miseráveis do reino. Por onde passavam, onde houvesse lágrimas vertidas pelo povo, lágrimas de sofrimentos, de misérias, de injustiças sofridas e caladas, o peregrino colhia-as na sua taça de cristal.
Quando tiveram a taça quase cheia de lágrimas — o que não foi difícil, porque o povo daquele reino era pobre e vivia abandonado, no meio da sua pobreza — quando deram por finda a viagem e regressaram ao palácio, o peregrino banhou os olhos do príncipe com o conteúdo da taça. Que ninguém se admire com o que sucedeu…
Imaginem que logo, naquele instante, o príncipe voltou a ver.
A história não conta se o rei, depois desta viagem, passou a cuidar melhor dos assuntos do reino nem se o príncipe, uma vez rei, foi bom e justo para o seu povo. A história não conta, mas nós acreditamos que sim, que foi tal e qual como nós desejamos que tudo passou a acontecer.
António Torrado
Aí se conta de um príncipe filho do poderoso marajá (que era um rei da Índia, de antigamente), aí se fala de um príncipe cego.
Inexplicável doença roubara-lhe a luz dos olhos e nenhum sábio ou médico dos mais eminentes conseguia atinar com a cura do seu mal.
O rei (o marajá) só vivia para o seu desgosto e toda a corte mergulhara também em grande tristeza.
Mas, um dia, apresentou-se no palácio um peregrino que disse:
— Sei do remédio que cura o príncipe.
O marajá chamou-o logo à sua presença:
— Diz-me o que precisas para livrar o meu filho da cegueira, que tudo se fará como tu ordenares.
— Preciso apenas de uma taça de cristal — respondeu o peregrino — e que Vossa Majestade me acompanhe numa viagem, através do reino.
Rei e peregrino desceram às ruas e aos campos miseráveis do reino. Por onde passavam, onde houvesse lágrimas vertidas pelo povo, lágrimas de sofrimentos, de misérias, de injustiças sofridas e caladas, o peregrino colhia-as na sua taça de cristal.
Quando tiveram a taça quase cheia de lágrimas — o que não foi difícil, porque o povo daquele reino era pobre e vivia abandonado, no meio da sua pobreza — quando deram por finda a viagem e regressaram ao palácio, o peregrino banhou os olhos do príncipe com o conteúdo da taça. Que ninguém se admire com o que sucedeu…
Imaginem que logo, naquele instante, o príncipe voltou a ver.
A história não conta se o rei, depois desta viagem, passou a cuidar melhor dos assuntos do reino nem se o príncipe, uma vez rei, foi bom e justo para o seu povo. A história não conta, mas nós acreditamos que sim, que foi tal e qual como nós desejamos que tudo passou a acontecer.
António Torrado
A Galinha Ruiva
Era uma vez uma galinha ruiva, que morava com seus pintinhos numa fazenda.
Um dia ela percebeu que o milho estava maduro, pronto para ser colhido e virar um bom alimento.
A galinha ruiva teve a idéia de fazer um delicioso bolo de milho. Todos iam gostar!
Era muito trabalho: ela precisava de bastante milho para o bolo.
Quem podia ajudar a colher a espiga de milho no pé?
Quem podia ajudar a debulhar todo aquele milho?
Quem podia ajudar a moer o milho para fazer a farinha de milho para o bolo?
Foi pensando nisso que a galinha ruiva encontrou seus amigos:
- Quem pode me ajudar a colher o milho para fazer um delicioso bolo? - Eu é que não, disse o gato. Estou com muito sono.
- Eu é que não, disse o cachorro. Estou muito ocupado.
- Eu é que não, disse o porco. Acabei de almoçar.
- Eu é que não, disse a vaca. Está na hora de brincar lá fora.
Todo mundo disse não.
Então, a galinha ruiva foi preparar tudo sozinha: colheu as espigas, debulhou o milho, moeu a farinha, preparou o bolo e colocou no forno.
Quando o bolo ficou pronto ...
Aquele cheirinho bom de bolo foi fazendo os amigos se chegarem. Todos ficaram com água na boca.
Então a galinha ruiva disse:
- Quem foi que me ajudou a colher o milho, preparar o milho, para fazer o bolo?
Todos ficaram bem quietinhos. ( Ninguém tinha ajudado.)
- Então quem vai comer o delicioso bolo de milho sou eu e meus pintinhos, apenas. Vocês podem continuar a descansar olhando.
E assim foi: a galinha e seus pintinhos aproveitaram a festa, e nenhum dos preguiçosos foi convidado.
(Lenda do Folclore Inglês)
Um dia ela percebeu que o milho estava maduro, pronto para ser colhido e virar um bom alimento.
A galinha ruiva teve a idéia de fazer um delicioso bolo de milho. Todos iam gostar!
Era muito trabalho: ela precisava de bastante milho para o bolo.
Quem podia ajudar a colher a espiga de milho no pé?
Quem podia ajudar a debulhar todo aquele milho?
Quem podia ajudar a moer o milho para fazer a farinha de milho para o bolo?
Foi pensando nisso que a galinha ruiva encontrou seus amigos:
- Quem pode me ajudar a colher o milho para fazer um delicioso bolo? - Eu é que não, disse o gato. Estou com muito sono.
- Eu é que não, disse o cachorro. Estou muito ocupado.
- Eu é que não, disse o porco. Acabei de almoçar.
- Eu é que não, disse a vaca. Está na hora de brincar lá fora.
Todo mundo disse não.
Então, a galinha ruiva foi preparar tudo sozinha: colheu as espigas, debulhou o milho, moeu a farinha, preparou o bolo e colocou no forno.
Quando o bolo ficou pronto ...
Aquele cheirinho bom de bolo foi fazendo os amigos se chegarem. Todos ficaram com água na boca.
Então a galinha ruiva disse:
- Quem foi que me ajudou a colher o milho, preparar o milho, para fazer o bolo?
Todos ficaram bem quietinhos. ( Ninguém tinha ajudado.)
- Então quem vai comer o delicioso bolo de milho sou eu e meus pintinhos, apenas. Vocês podem continuar a descansar olhando.
E assim foi: a galinha e seus pintinhos aproveitaram a festa, e nenhum dos preguiçosos foi convidado.
(Lenda do Folclore Inglês)
A ASSEMBLEIA DOS RATOS
A ASSEMBLEIA DOS RATOS
Um gato de nome Faro-Fino fez tais estragos na rataria de uma casa velha que os sobreviventes, sem coragem para saírem das tocas, estavam quase a morrer de fome.
Tornando-se muitíssimo séria a situação, resolveram reunir-se em assembleia para o estudo da questão.
Aguardaram para isso certa noite em que Faro-Fino andava pelos telhados, fazendo versos à lua.
- Penso – disse um deles – que o melhor meio de nos defendermos de Faro-Fino é atando-lhe um guizo ao pescoço. Assim, quando ele se aproximar, o guizo denuncia-o e fugimos a tempo.
Palmas e bravos saudaram a luminosa ideia. O projecto foi aprovado por unanimidade. Só votou contra um rato bastante casmurro, que pediu a palavra e disse:
- Está tudo muito certo. Mas quem vai amarrar o guizo ao pescoço de Faro-Fino?
Silêncio geral. Um desculpou-se por não saber dar nós. Outro, porque não era tolo. Todos, porque não tinham coragem. E a assembleia dissolveu-se no meio de geral consternação.
(Fábulas de La Fontaine)
Um gato de nome Faro-Fino fez tais estragos na rataria de uma casa velha que os sobreviventes, sem coragem para saírem das tocas, estavam quase a morrer de fome.
Tornando-se muitíssimo séria a situação, resolveram reunir-se em assembleia para o estudo da questão.
Aguardaram para isso certa noite em que Faro-Fino andava pelos telhados, fazendo versos à lua.
- Penso – disse um deles – que o melhor meio de nos defendermos de Faro-Fino é atando-lhe um guizo ao pescoço. Assim, quando ele se aproximar, o guizo denuncia-o e fugimos a tempo.
Palmas e bravos saudaram a luminosa ideia. O projecto foi aprovado por unanimidade. Só votou contra um rato bastante casmurro, que pediu a palavra e disse:
- Está tudo muito certo. Mas quem vai amarrar o guizo ao pescoço de Faro-Fino?
Silêncio geral. Um desculpou-se por não saber dar nós. Outro, porque não era tolo. Todos, porque não tinham coragem. E a assembleia dissolveu-se no meio de geral consternação.
(Fábulas de La Fontaine)
A TARTARUGA E A LEBRE
“Apostemos, disse à lebre
A tartaruga matreira,
Que eu chego primeiro ao alvo
Do que tu que és tão ligeira!”
Estando as duas a par,
A tartaruga começa
Lentamente a caminhar.
A lebre, tendo vergonha
De correr diante dela,
Tratando uma tal vitória
De treta ou de bagatela,
Deita-se e dorme um pouco;
Ergue-se e põe-se a observar
De que parte corre o vento,
E depois entra a pastar;
Eis que deita uma vista de olhos
Sobre a companheira sorna,
Ainda a vê longe da meta
E a pastar de novo torna.
Olha, e depois que a vê perto,
Começa a sua carreira;
Mas então apressa os passos
A tartaruga matreira.
À meta chega primeiro,
Apanha o prémio apressada,
Pregando à lebre vencida
Uma grande gargalhada.
Não basta só haver posses
Para obter o que intentamos;
É preciso pôr-lhe os meios,
Quando não, atrás ficamos.
O empreendedor não desprezes
Por fraco, se te investir;
Porque um anão acordado
Mata um gigante a dormir.
Fábulas de La Fontaine
A tartaruga matreira,
Que eu chego primeiro ao alvo
Do que tu que és tão ligeira!”
Estando as duas a par,
A tartaruga começa
Lentamente a caminhar.
A lebre, tendo vergonha
De correr diante dela,
Tratando uma tal vitória
De treta ou de bagatela,
Deita-se e dorme um pouco;
Ergue-se e põe-se a observar
De que parte corre o vento,
E depois entra a pastar;
Eis que deita uma vista de olhos
Sobre a companheira sorna,
Ainda a vê longe da meta
E a pastar de novo torna.
Olha, e depois que a vê perto,
Começa a sua carreira;
Mas então apressa os passos
A tartaruga matreira.
À meta chega primeiro,
Apanha o prémio apressada,
Pregando à lebre vencida
Uma grande gargalhada.
Não basta só haver posses
Para obter o que intentamos;
É preciso pôr-lhe os meios,
Quando não, atrás ficamos.
O empreendedor não desprezes
Por fraco, se te investir;
Porque um anão acordado
Mata um gigante a dormir.
Fábulas de La Fontaine
A HISTÓRIA DA LEBRE E DO CÁGADO
Era uma vez... uma lebre e um cágado.
Um dia, estando a conversar, diz assim a lebre para o cágado:
- Olha lá, tu não queres fazer uma corrida comigo?
O cágado respondeu-lhe que sim.
A lebre riu-se para dentro e pensou assim:
-Quem vai ganhar sou eu. Ele é tão lento...!
Na manhã seguinte preparam-se todos para a corrida. Quando se encontraram na partida, a lebre começou logo a correr, e o cágado a avançar todo lento. Quando a lebre já se tinha distanciado bastante, tanto que já nem via o cágado, pensou assim:
- O cágado ainda está tão longe que eu bem posso dormir uma soneca. Deitou-se à sombra de uns arbustos e adormeceu, sonhando com a vitória. Entretanto o cágado, que vinha muito lentamente, passou pela lebre, viu-a a dormir, e pensou assim: -Ah, ah, ah, até parece que vou ganhar...! Passado muito tempo a lebre finalmente acordou. Não viu o cágado e começou a correr.
Já perto da chegada viu finalmente o cágado.
No entanto, este já estava a atravessar a meta, pelo que ganhou.
A lebre, ao chegar, deu os parabéns ao cágado e deu-lhe também um beijinho.
Moral da história:
Não te distraias antes de acabares o que estiveres a fazer.
Um dia, estando a conversar, diz assim a lebre para o cágado:
- Olha lá, tu não queres fazer uma corrida comigo?
O cágado respondeu-lhe que sim.
A lebre riu-se para dentro e pensou assim:
-Quem vai ganhar sou eu. Ele é tão lento...!
Na manhã seguinte preparam-se todos para a corrida. Quando se encontraram na partida, a lebre começou logo a correr, e o cágado a avançar todo lento. Quando a lebre já se tinha distanciado bastante, tanto que já nem via o cágado, pensou assim:
- O cágado ainda está tão longe que eu bem posso dormir uma soneca. Deitou-se à sombra de uns arbustos e adormeceu, sonhando com a vitória. Entretanto o cágado, que vinha muito lentamente, passou pela lebre, viu-a a dormir, e pensou assim: -Ah, ah, ah, até parece que vou ganhar...! Passado muito tempo a lebre finalmente acordou. Não viu o cágado e começou a correr.
Já perto da chegada viu finalmente o cágado.
No entanto, este já estava a atravessar a meta, pelo que ganhou.
A lebre, ao chegar, deu os parabéns ao cágado e deu-lhe também um beijinho.
Moral da história:
Não te distraias antes de acabares o que estiveres a fazer.
A raposa e a cegonha
Um dia a raposa convidou a cegonha para jantar. Querendo pregar uma peça na outra, serviu sopa num prato raso. Claro que a raposa tomou toda a sua sopa sem o menor problema, mas a pobre da cegonha com seu bico comprido mas pode tomar uma gota. O resultado foi que a cegonha voltou para casa morrendo de fome. A raposa fingiu que estava preocupada, perguntou se a sopa não estava do gosto da cegonha, mas a cegonha não disse nada. Quando foi embora, agradeceu muito a gentileza da raposa e disse que fazia questão de retribuir o jantar no dia seguinte.
Assim que chegou, a raposa se sentou lambendo os beiços de fome, curiosa para ver as delícias que a outra ia servir. O jantar veio para a mesa numa jarra alta, de gargalo estreito, onde a cegonha podia beber sem o menor problema. A raposa, amoladíssima, só teve uma saída: lamber as gotinhas de sopa que escorriam pelo lado de fora da jarra. Ela aprendeu muito bem a lição. Enquanto ia andando para casa, faminta, pensava: "Não posso reclamar da cegonha. Ela me tratou mal, mas fui grosseira com ela primeiro".
Moral: Trate os outros tal como deseja ser tratado.
Assim que chegou, a raposa se sentou lambendo os beiços de fome, curiosa para ver as delícias que a outra ia servir. O jantar veio para a mesa numa jarra alta, de gargalo estreito, onde a cegonha podia beber sem o menor problema. A raposa, amoladíssima, só teve uma saída: lamber as gotinhas de sopa que escorriam pelo lado de fora da jarra. Ela aprendeu muito bem a lição. Enquanto ia andando para casa, faminta, pensava: "Não posso reclamar da cegonha. Ela me tratou mal, mas fui grosseira com ela primeiro".
Moral: Trate os outros tal como deseja ser tratado.
A Raposa e as Uvas
Uma Raposa, morta de fome, viu, ao passar diante de um pomar, penduradas nas grades de uma viçosa videira, alguns cachos de Uvas negras e maduras.
Ela então usou de todos os seus dotes e artifícios para pegá-las, mas como estavam fora do seu alcance, acabou se cansando em vão, e nada conseguiu.
Por fim deu meia volta e foi embora, e consolando a si mesma, meio desapontada disse:
Olhando com mais atenção, percebo agora que as Uvas estão todas estragadas, e não maduras como eu imaginei a princípio.
Autor: Esopo
Moral da História:
Ao não reconhecer e aceitar as próprias limitações, o vaidoso abre assim o caminho para sua infelicidade.
Ela então usou de todos os seus dotes e artifícios para pegá-las, mas como estavam fora do seu alcance, acabou se cansando em vão, e nada conseguiu.
Por fim deu meia volta e foi embora, e consolando a si mesma, meio desapontada disse:
Olhando com mais atenção, percebo agora que as Uvas estão todas estragadas, e não maduras como eu imaginei a princípio.
Autor: Esopo
Moral da História:
Ao não reconhecer e aceitar as próprias limitações, o vaidoso abre assim o caminho para sua infelicidade.
Meninos de todas as cores
Era uma vez um menino branco chamado Miguel, que vivia numa terra de meninos brancos e dizia:
É bom ser branco
porque é branco o açúcar, tão doce,
porque é branco o leite, tão saboroso,
porque é branca a neve, tão linda.
Mas certo dia o menino partiu numa grande viagem e chegou a uma terra onde todos os meninos eram amarelos. Arranjou uma amiga chamada Flor de Lótus, que, como todos os meninos amarelos, dizia:
É bom ser amarelo
porque é amarelo o Sol
e amarelo o girassol
mais a areia da praia.
O menino branco meteu-se num barco para continuar a sua viagem e parou numa terra onde todos os meninos são pretos. Fez-se amigo de um pequeno caçador chamado Lumumba que, como os outros meninos pretos, dizia:
É bom ser preto
como a noite
preto como as azeitonas
preto como as estradas que nos levam para
toda a parte.
O menino branco entrou depois num avião, que só parou numa terra onde todos os meninos são vermelhos.
Escolheu para brincar aos índios um menino chamado Pena de Águia. E o menino vermelho dizia:
É bom ser vermelho
da cor das fogueiras
da cor das cerejas
e da cor do sangue bem encarnado.
O menino branco foi correndo mundo até uma terra onde todos os meninos são castanhos. Aí fazia corridas de camelo com um menino chamado Ali-Babá, que dizia:
É bom ser castanho
como a terra do chão
os troncos das árvores
é tão bom ser castanho como um chocolate.
Quando o menino voltou à sua terra de meninos brancos, dizia:
É bom ser branco como o açúcar
amarelo como o Sol
preto como as estradas
vermelho como as fogueiras
castanho da cor do chocolate.
Enquanto, na escola, os meninos brancos pintavam em folhas brancas desenhos de meninos brancos, ele fazia grandes rodas com meninos sorridentes de todas as cores.
Luísa Ducla Soares
É bom ser branco
porque é branco o açúcar, tão doce,
porque é branco o leite, tão saboroso,
porque é branca a neve, tão linda.
Mas certo dia o menino partiu numa grande viagem e chegou a uma terra onde todos os meninos eram amarelos. Arranjou uma amiga chamada Flor de Lótus, que, como todos os meninos amarelos, dizia:
É bom ser amarelo
porque é amarelo o Sol
e amarelo o girassol
mais a areia da praia.
O menino branco meteu-se num barco para continuar a sua viagem e parou numa terra onde todos os meninos são pretos. Fez-se amigo de um pequeno caçador chamado Lumumba que, como os outros meninos pretos, dizia:
É bom ser preto
como a noite
preto como as azeitonas
preto como as estradas que nos levam para
toda a parte.
O menino branco entrou depois num avião, que só parou numa terra onde todos os meninos são vermelhos.
Escolheu para brincar aos índios um menino chamado Pena de Águia. E o menino vermelho dizia:
É bom ser vermelho
da cor das fogueiras
da cor das cerejas
e da cor do sangue bem encarnado.
O menino branco foi correndo mundo até uma terra onde todos os meninos são castanhos. Aí fazia corridas de camelo com um menino chamado Ali-Babá, que dizia:
É bom ser castanho
como a terra do chão
os troncos das árvores
é tão bom ser castanho como um chocolate.
Quando o menino voltou à sua terra de meninos brancos, dizia:
É bom ser branco como o açúcar
amarelo como o Sol
preto como as estradas
vermelho como as fogueiras
castanho da cor do chocolate.
Enquanto, na escola, os meninos brancos pintavam em folhas brancas desenhos de meninos brancos, ele fazia grandes rodas com meninos sorridentes de todas as cores.
Luísa Ducla Soares
Lendas brasileiras
Caipora
Boi tatá
Mula sem cabeça
Iara
Cobra grande
Vitória Régia
Saci Pererê
Negrinho do pastoreio
Papa figo
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Caipora
É um Mito do Brasil que os índios já conheciam desde a época do descobrimento. Índios e Jesuítas o chamavam de Caiçara, o protetor da caça e das matas.
É um anão de Cabelos Vermelhos com Pelo e Dentes verdes. Como protetor das Árvores e dos Animais, costuma punir o os agressores da Natureza e o caçador que mate por prazer. É muito poderoso e forte.
Seus pés voltados para trás serve para despistar os caçadores, deixando-os sempre a seguir rastros falsos. Quem o vê, perde totalmente o rumo, e não sabe mais achar o caminho de volta. É impossível capturá-lo. Para atrair suas vítimas, ele, às vezes chama as pessoas com gritos que imitam a voz humana. É também chamado de Pai ou Mãe-do-Mato, Curupira e Caapora. Para os Índios Guaranis ele é o Demônio da Floresta. Às vezes é visto montando um Porco do Mato.
Uma carta do Padre Anchieta datada de 1560, dizia: "Aqui há certos demônios, a que os índios chamam Curupira, que os atacam muitas vezes no mato, dando-lhes açoites e ferindo-os bastante". Os índios, para lhe agradar, deixavam nas clareiras, penas, esteiras e cobertores.
De acordo com a crença, ao entrar na mata, a pessoa deve levar um Rolo de Fumo para agradá-lo, no caso de cruzar com Ele.
Nomes comuns: Caipora, Curupira, Pai do Mato, Mãe do Mato, Caiçara, Caapora, Anhanga, etc.
Origem Provável: É oriundo da Mitologia Tupi, e os primeiros relatos são da Região Sudeste, datando da época do descobrimento, depois tornou-se comum em todo País, sendo junto com o Saci, os campeões de popularidade. Entre o Tupis-Guaranis, existia uma outra variedade de Caipora, chamada Anhanga, um ser maligno que causava doenças ou matava os índios. Existem entidades semelhantes entre quase todos os indígenas das américas Latina e Central. Em El Salvador, El Cipitío, é um espiríto tanto da floresta quanto urbano, que também tem as mesmos atibutos do Caipora. Ou seja pés invertidos, capacidade de desorientar as pessoas, etc. Mas, este El Cipitío, gosta mesmo é de seduzir as mulheres.
Conforme a região, ele pode ser uma mulher de uma perna só que anda pulando, ou uma criança de um pé só, redondo, ou um homem gigante montado num porco do mato, e seguido por um cachorro chamado Papa-mel.
Também, dizem que ele tem o poder de ressuscitar animais mortos e que ele é o pai do moleque Saci Pererê.
Há uma versão que diz que o Caipora, como castigo, transforma os filhos e mulher do caçador mau, em caça, para que este os mate sem saber.
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Boi Tatá
É um Monstro com olhos de fogo, enormes, de dia é quase cego, à noite vê tudo. Diz a lenda que o Boitatá era uma espécie de cobra e foi o único sobrevivente de um grande dilúvio que cobriu a terra. Para escapar ele entrou num buraco e lá ficou no escuro, assim, seus olhos cresceram.
Desde então anda pelos campos em busca de restos de animais. Algumas vezes, assume a forma de uma cobra com os olhos flamejantes do tamanho de sua cabeça e persegue os viajantes noturnos. Às vezes ele é visto como um facho cintilante de fogo correndo de um lado para outro da mata. No Nordeste do Brasil é chamado de "Cumadre Fulôzinha". Para os índios ele é "Mbaê-Tata", ou Coisa de Fogo, e mora no fundo dos rios.
Dizem ainda que ele é o espírito de gente ruim ou almas penadas, e por onde passa, vai tocando fogo nos campos. Outros dizem que ele protege as matas contra incêndios.
A ciência diz que existe um fenômeno chamado Fogo-fátuo, que são os gases inflamáveis que emanam dos pântanos, sepulturas e carcaças de grandes animais mortos, e que visto de longe parecem grandes tochas em movimento.
Nomes comuns: No Sul; Baitatá, Batatá, Bitatá (São Paulo). No Nordeste; Batatão e Biatatá (Bahia). Entre os índios; Mbaê-Tata.
Origem Provável: É de origem Indígena. Em 1560, o Padre Anchieta já relatava a presença desse mito. Dizia que entre os índios era a mais temível assombração. Já os negros africanos, também trouxeram o mito de um ser que habitava as águas profundas, e que saía a noite para caçar, seu nome era Biatatá.
É um mito que sofre grandes modificações conforme a região. Em algumas regiões por exemplo, ele é uma espécie de gênio protetor das florestas contra as queimadas. Já em outras, ele é causador dos incêndios na mata. A versão do dilúvio teve origem no Rio Grande o Sul.
Uma versão conta que seus olhos cresceram para melhor se adaptar à escuridão da caverna onde ficou preso após o dilúvio, outra versão, conta que ele, procura restos de animais mortos e come apenas seus olhos, absorvendo a luz e o volume dos mesmos, razão pela qual tem os olhos tão grandes e incandescentes.
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Mula sem cabeça
Nos pequenos povoados ou cidades, onde existam casas rodeando uma igreja, em noites escuras, pode haver aparições da Mula-Sem-Cabeça. Também se alguém passar correndo diante de uma cruz à meia-noite, ela aparece. Dizem que é uma mulher que namorou um padre e foi amaldiçoada. Toda passagem de quinta para sexta feira ela vai numa encruzilhada e ali se transforma na besta.
Então, ela vai percorrer sete povoados, ao longo daquela noite, e se encontrar alguém chupa seus olhos, unhas e dedos. Apesar do nome, Mula-Sem-Cabeça, na verdade, de acordo com quem já a viu, ela aparece como um animal inteiro, forte, lançando fogo pelas narinas e boca, onde tem freios de ferro.
Nas noites que ela sai, ouve-se seu galope, acompanhado de longos relinchos. Às vezes, parece chorar como se fosse uma pessoa. Ao ver a Mula,deve-se deitar de bruços no chão e esconder Unhas e Dentes para não ser atacado.
Se alguém, com muita coragem, tirar os freios de sua boca, o encanto será desfeito e a Mula-Sem-Cabeça, voltará a ser gente, ficando livre da maldição que a castiga, para sempre
Nomes comuns: Burrinha do Padre, Burrinha, Mula Preta, Cavalo-sem-cabeça, Padre-sem-cabeça, Malora (México),
Origem Provável: É um mito que já existia no Brasil colônia. Apesar de ser comum em todo Brasil, variando um pouco entre as regiões, é um mito muito forte entre Goiás e Mato Grosso. Mesmo assim não é exclusivo do Brasil, existindo versões muito semelhantes em alguns países Hispânicos.
Conforme a região, a forma de quebrar o encanto da Mula, pode variar. Há casos onde para evitar que sua amante pegue a maldição, o padre deve excomungá-la antes de celebrar a missa. Também, basta um leve ferimento feito com alfinete ou outro objeto, o importante é que saia sangue, para que o encanto se quebre. Assim, a Mula se transforma outra vez em mulher e aparece completamente nua. Em Santa Catarina, para saber se uma mulher é amante do Padre, lança-se ao fogo um ovo enrolado em fita com o nome dela, e se o ovo cozer e a fita não queimar, ela é.
É importante notar que também, algumas vezes, o próprio Padre é que é amaldiçoado. Nesse caso ele vira um Padre-sem-Cabeça, e sai assustando as pessoas, ora a pé, ora montado em um cavalo do outro mundo. Há uma lenda Norte americana, O Cavaleiro sem Cabeça, que lembra muito esta variação.
Algumas vezes a Mula, pode ser um animal negro com a marca de uma cruz branca gravada no pelo. Pode ou não ter cabeça, mas o que se sabe de concreto é que a Mula, é mesmo uma amante de Padre.
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A Iara
Os cronistas dos séculos XVI e XVII registraram essa história. No princípio, o personagem era masculino e chamava-se Ipupiara, homem peixe que devorava pescadores e os levava para o fundo do rio. No século XVIII, Ipupiara vira a sedutora sereia Uiara ou Iara. Todo pescador brasileiro, de água doce ou salgada, conta histórias de moços que cederam aos encantos da bela Uiara e terminaram afogados de paixão. Ela deixa sua casa no fundo das águas no fim da tarde. Surge magnífica à flor das águas: metade mulher, metade peixe, cabelos longos enfeitados de flores vermelhas. Por vezes, ela assume a forma humana e sai em busca de vítimas.
Quando a Mãe das águas canta, hipnotiza os pescadores. Um deles foi o índio Tapuia. Certa vez, pescando, Ele viu a deusa, linda, surgir das águas. Resistiu. Não saiu da canoa, remou rápido até a margem e foi se esconder na aldeia. Mas enfeitiçado pelos olhos e ouvidos não conseguia esquecer a voz de Uiara. Numa tarde, quase morto de saudade, fugiu da aldeia e remou na sua canoa rio abaixo.
Uiara já o esperava cantando a música das núpcias. Tapuia se jogou no rio e sumiu num mergulho, carregado pelas mãos da noiva. Uns dizem que naquela noite houve festa no chão das águas e que foram felizes para sempre. Outros dizem que na semana seguinte a insaciável Uiara voltou para levar outra vítima.
Origem: Européia com versões dos Indígenas, da Amazônia.
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Cobra grande
É uma das mais conhecidas lendas do folclore amazônico. Conta a lenda que em numa tribo indígena da Amazônia, uma índia, grávida da Boiúna (Cobra-grande, Sucuri), deu à luz a duas crianças gêmeas que na verdade eram Cobras. Um menino, que recebeu o nome de Honorato ou Nonato, e uma menina, chamada de Maria. Para ficar livre dos filhos, a mãe jogou as duas crianças no rio. Lá no rio eles, como Cobras, se criaram. Honorato era Bom, mas sua irmã era muito perversa. Prejudicava os outros animais e também às pessoas.
Eram tantas as maldades praticadas por ela que Honorato acabou por matá-la para pôr fim às suas perversidades. Honorato, em algumas noites de luar, perdia o seu encanto e adquiria a forma humana transformando-se em um belo rapaz, deixando as águas para levar uma vida normal na terra.
Para que se quebrasse o encanto de Honorato era preciso que alguém tivesse muita coragem para derramar leite na boca da enorme cobra, e fazer um ferimento na cabeça até sair sangue. Ninguém tinha coragem de enfrentar o enorme monstro.
Até que um dia um soldado de Cametá (município do Pará) conseguiu libertar Honorato da maldição. Ele deixou de ser cobra d'água para viver na terra com sua família.
Origem: Mito da região Norte do Brasil, Pará e Amazonas.
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Vitória Régia
Os pajés tupis-guaranis, contavam que, no começo do mundo, toda vez que a Lua se escondia no horizonte, parecendo descer por trás das serras, ia viver com suas virgens prediletas. Diziam ainda que se a Lua gostava de uma jovem, a transformava em estrela do Céu. Naiá, filha de um chefe e princesa da tribo, ficou impressionada com a história. Então, à noite, quando todos dormiam e a Lua andava pelo céu, Ela querendo ser transformada em estrela, subia as colinas e perseguia a Lua na esperança que esta a visse.
E assim fazia todas as noites, durante muito tempo. Mas a Lua parecia não notá-la e dava para ouvir seus soluços de tristeza ao longe. Em uma noite, a índia viu, nas águas límpidas de um lago, a figura da lua. A pobre moça, imaginando que a lua havia chegado para buscá-la, se atirou nas águas profundas do lago e nunca mais foi vista.
A lua, quis recompensar o sacrifício da bela jovem, e resolveu transformá-la em uma estrela diferente, daquelas que brilham no céu. Transformou-a então numa "Estrela das Águas", que é a planta Vitória Régia. Assim, nasceu uma planta cujas flores perfumadas e brancas só abrem à noite, e ao nascer do sol ficam rosadas.
Origem: Indígena. Para eles assim nasceu a vitória-régia.
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Saci Pererê
A Lenda do Saci data do fim do século XVIII. Durante a escravidão, as amas-secas e os caboclos-velhos assustavam as crianças com os relatos das travessuras dele. Seu nome no Brasil é origem Tupi Guarani. Em muitas regiões do Brasil, o Saci é considerado um ser brincalhão enquanto que em outros lugares ele é visto como um ser maligno.
É uma criança, um negrinho de uma perna só que fuma um cachimbo e usa na cabeça uma carapuça vermelha que lhe dá poderes mágicos, como o de desaparecer e aparecer onde quiser. Existem 3 tipos de Sacis: O Pererê, que é pretinho, O Trique, moreno e brincalhão e o Saçurá, que tem olhos vermelhos. Ele também se transforma numa ave chamada Matiaperê cujo assobio melancólico dificilmente se sabe de onde vem.
Ele adora fazer pequenas travessuras, como esconder brinquedos, soltar animais dos currais, derramar sal nas cozinhas, fazer tranças nas crinas dos cavalos, etc. Diz a crença popular que dentro de todo redemoinho de vento existe um Saci. Ele não atravessa córregos nem riachos. Alguém perseguido por ele, deve jogar cordas com nós em sem caminho que ele vai parar para desatar os nós, deixando que a pessoa fuja.
Diz a lenda que, se alguém jogar dentro do redemoinho um rosário de mato bento ou uma peneira, pode capturá-lo, e se conseguir sua carapuça, será recompensado com a realização de um desejo.
Nomes comuns: Saci-Cererê, Saci-Trique, Saçurá, Matimpererê, Matintaperera, etc.
Origem Provável: Os primeiros relatos são da Região Sudeste, datando do Século XIX, em Minas e São Paulo, mas em Portugal há relatos de uma entidade semelhante. Este mito não existia no Brasil Colonial.
Entre os Tupinambás, uma ave chamada Matintaperera, com o tempo, passou a se chamar Saci-pererê, e deixou de ser ave para se tornar um caboclinho preto de uma só perna, que aparecia aos viajantes perdidos nas matas.
Também de acordo com a região, ele sofre algumas modificações:
Por exemplo, dizem que ele tem as mãos furadas no centro, e que sua maior diversão é jogar uma brasa para o alto para que esta atravesse os furos. Outros dizem que ele faz isso com uma moeda.
Há uma versão que diz que o Caipora, é seu Pai.
Dizem também que ele, na verdade eles, um bando de Sacis, costumam se reunir à noite para planejarem as travessuras que vão fazer.
Ele tem o poder de se transformar no que quiser. Assim, ora aparece acompanhado de uma horrível megera, ora sozinho, ora como uma ave.
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O negrinho do pastoreio
O Negrinho do Pastoreio É uma lenda meio africana meio cristã. Muito contada no final do século passado pelos brasileiros que defendiam o fim da escravidão. É muito popular no sul do Brasil.
Nos tempos da escravidão, havia um estancieiro malvado com negros e peões. Num dia de inverno, fazia frio de rachar e o fazendeiro mandou que um menino negro de quatorze anos fosse pastorear cavalos e potros recém-comprados. No final do tarde, quando o menino voltou, o estancieiro disse que faltava um cavalo baio. Pegou o chicote e deu uma surra tão grande no menino que ele ficou sangrando. ‘‘Você vai me dar conta do baio, ou verá o que acontece’’, disse o malvado patrão. Aflito, ele foi à procura do animal. Em pouco tempo, achou ele pastando. Laçou-o, mas a corda se partiu e o cavalo fugiu de novo.
Na volta à estância, o patrão, ainda mais irritado, espancou o garoto e o amarrou, nu, sobre um formigueiro. No dia seguinte, quando ele foi ver o estado de sua vítima, tomou um susto. O menino estava lá, mas de pé, com a pele lisa, sem nenhuma marca das chicotadas. Ao lado dele, a Virgem Nossa Senhora, e mais adiante o baio e os outros cavalos. O estancieiro se jogou no chão pedindo perdão, mas o negrinho nada respondeu. Apenas beijou a mão da Santa, montou no baio e partiu conduzindo a tropilha.
Origem: Fim do Século XIX, Rio Grande do Sul.
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Papa figo
O Papa Figo, ao contrário dos outros mitos, não tem aparência extraordinária. Parece mais com uma pessoa comum. Outras vezes, pode parecer como um velho esquisito que carrega um grande saco às costas.
Na verdade, ele mesmo pouco aparece. Prefere mandar seus ajudantes em busca de suas vítimas. Os ajudantes por sua vez, usam de todos os artifícios para atrair as vítimas, todas crianças claro, tais como; distribuir presentes, doces, dinheiro, brinquedos ou comida. Eles agem em qualquer lugar público ou em portas de escolas, parques, ou mesmo locais desertos.
Depois de atrair as vítimas, estas são levadas para o verdadeiro Papa-Figo, um sujeito estranho, que sofre de uma doença rara e sem cura. Um sintoma dessa doença seria o crescimento anormal de suas orelhas.
Diz a lenda, que para aliviar os sintomas dessa terrível doença ou maldição, o Papa-Figo, precisa se alimentar do Fígado de uma criança. Feito a extração do fígado, eles costumam deixar junto com a vítima, uma grande quantia em dinheiro, que é para o enterro e também para compensar a família.
Origem: Mito muito comum em todo meio rural. Acredita-se que a intenção do conto era para alertar as crianças para o contato com estranhos, como no conto de Chapeuzinho Vermelho.
Boi tatá
Mula sem cabeça
Iara
Cobra grande
Vitória Régia
Saci Pererê
Negrinho do pastoreio
Papa figo
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Caipora
É um Mito do Brasil que os índios já conheciam desde a época do descobrimento. Índios e Jesuítas o chamavam de Caiçara, o protetor da caça e das matas.
É um anão de Cabelos Vermelhos com Pelo e Dentes verdes. Como protetor das Árvores e dos Animais, costuma punir o os agressores da Natureza e o caçador que mate por prazer. É muito poderoso e forte.
Seus pés voltados para trás serve para despistar os caçadores, deixando-os sempre a seguir rastros falsos. Quem o vê, perde totalmente o rumo, e não sabe mais achar o caminho de volta. É impossível capturá-lo. Para atrair suas vítimas, ele, às vezes chama as pessoas com gritos que imitam a voz humana. É também chamado de Pai ou Mãe-do-Mato, Curupira e Caapora. Para os Índios Guaranis ele é o Demônio da Floresta. Às vezes é visto montando um Porco do Mato.
Uma carta do Padre Anchieta datada de 1560, dizia: "Aqui há certos demônios, a que os índios chamam Curupira, que os atacam muitas vezes no mato, dando-lhes açoites e ferindo-os bastante". Os índios, para lhe agradar, deixavam nas clareiras, penas, esteiras e cobertores.
De acordo com a crença, ao entrar na mata, a pessoa deve levar um Rolo de Fumo para agradá-lo, no caso de cruzar com Ele.
Nomes comuns: Caipora, Curupira, Pai do Mato, Mãe do Mato, Caiçara, Caapora, Anhanga, etc.
Origem Provável: É oriundo da Mitologia Tupi, e os primeiros relatos são da Região Sudeste, datando da época do descobrimento, depois tornou-se comum em todo País, sendo junto com o Saci, os campeões de popularidade. Entre o Tupis-Guaranis, existia uma outra variedade de Caipora, chamada Anhanga, um ser maligno que causava doenças ou matava os índios. Existem entidades semelhantes entre quase todos os indígenas das américas Latina e Central. Em El Salvador, El Cipitío, é um espiríto tanto da floresta quanto urbano, que também tem as mesmos atibutos do Caipora. Ou seja pés invertidos, capacidade de desorientar as pessoas, etc. Mas, este El Cipitío, gosta mesmo é de seduzir as mulheres.
Conforme a região, ele pode ser uma mulher de uma perna só que anda pulando, ou uma criança de um pé só, redondo, ou um homem gigante montado num porco do mato, e seguido por um cachorro chamado Papa-mel.
Também, dizem que ele tem o poder de ressuscitar animais mortos e que ele é o pai do moleque Saci Pererê.
Há uma versão que diz que o Caipora, como castigo, transforma os filhos e mulher do caçador mau, em caça, para que este os mate sem saber.
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Boi Tatá
É um Monstro com olhos de fogo, enormes, de dia é quase cego, à noite vê tudo. Diz a lenda que o Boitatá era uma espécie de cobra e foi o único sobrevivente de um grande dilúvio que cobriu a terra. Para escapar ele entrou num buraco e lá ficou no escuro, assim, seus olhos cresceram.
Desde então anda pelos campos em busca de restos de animais. Algumas vezes, assume a forma de uma cobra com os olhos flamejantes do tamanho de sua cabeça e persegue os viajantes noturnos. Às vezes ele é visto como um facho cintilante de fogo correndo de um lado para outro da mata. No Nordeste do Brasil é chamado de "Cumadre Fulôzinha". Para os índios ele é "Mbaê-Tata", ou Coisa de Fogo, e mora no fundo dos rios.
Dizem ainda que ele é o espírito de gente ruim ou almas penadas, e por onde passa, vai tocando fogo nos campos. Outros dizem que ele protege as matas contra incêndios.
A ciência diz que existe um fenômeno chamado Fogo-fátuo, que são os gases inflamáveis que emanam dos pântanos, sepulturas e carcaças de grandes animais mortos, e que visto de longe parecem grandes tochas em movimento.
Nomes comuns: No Sul; Baitatá, Batatá, Bitatá (São Paulo). No Nordeste; Batatão e Biatatá (Bahia). Entre os índios; Mbaê-Tata.
Origem Provável: É de origem Indígena. Em 1560, o Padre Anchieta já relatava a presença desse mito. Dizia que entre os índios era a mais temível assombração. Já os negros africanos, também trouxeram o mito de um ser que habitava as águas profundas, e que saía a noite para caçar, seu nome era Biatatá.
É um mito que sofre grandes modificações conforme a região. Em algumas regiões por exemplo, ele é uma espécie de gênio protetor das florestas contra as queimadas. Já em outras, ele é causador dos incêndios na mata. A versão do dilúvio teve origem no Rio Grande o Sul.
Uma versão conta que seus olhos cresceram para melhor se adaptar à escuridão da caverna onde ficou preso após o dilúvio, outra versão, conta que ele, procura restos de animais mortos e come apenas seus olhos, absorvendo a luz e o volume dos mesmos, razão pela qual tem os olhos tão grandes e incandescentes.
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Mula sem cabeça
Nos pequenos povoados ou cidades, onde existam casas rodeando uma igreja, em noites escuras, pode haver aparições da Mula-Sem-Cabeça. Também se alguém passar correndo diante de uma cruz à meia-noite, ela aparece. Dizem que é uma mulher que namorou um padre e foi amaldiçoada. Toda passagem de quinta para sexta feira ela vai numa encruzilhada e ali se transforma na besta.
Então, ela vai percorrer sete povoados, ao longo daquela noite, e se encontrar alguém chupa seus olhos, unhas e dedos. Apesar do nome, Mula-Sem-Cabeça, na verdade, de acordo com quem já a viu, ela aparece como um animal inteiro, forte, lançando fogo pelas narinas e boca, onde tem freios de ferro.
Nas noites que ela sai, ouve-se seu galope, acompanhado de longos relinchos. Às vezes, parece chorar como se fosse uma pessoa. Ao ver a Mula,deve-se deitar de bruços no chão e esconder Unhas e Dentes para não ser atacado.
Se alguém, com muita coragem, tirar os freios de sua boca, o encanto será desfeito e a Mula-Sem-Cabeça, voltará a ser gente, ficando livre da maldição que a castiga, para sempre
Nomes comuns: Burrinha do Padre, Burrinha, Mula Preta, Cavalo-sem-cabeça, Padre-sem-cabeça, Malora (México),
Origem Provável: É um mito que já existia no Brasil colônia. Apesar de ser comum em todo Brasil, variando um pouco entre as regiões, é um mito muito forte entre Goiás e Mato Grosso. Mesmo assim não é exclusivo do Brasil, existindo versões muito semelhantes em alguns países Hispânicos.
Conforme a região, a forma de quebrar o encanto da Mula, pode variar. Há casos onde para evitar que sua amante pegue a maldição, o padre deve excomungá-la antes de celebrar a missa. Também, basta um leve ferimento feito com alfinete ou outro objeto, o importante é que saia sangue, para que o encanto se quebre. Assim, a Mula se transforma outra vez em mulher e aparece completamente nua. Em Santa Catarina, para saber se uma mulher é amante do Padre, lança-se ao fogo um ovo enrolado em fita com o nome dela, e se o ovo cozer e a fita não queimar, ela é.
É importante notar que também, algumas vezes, o próprio Padre é que é amaldiçoado. Nesse caso ele vira um Padre-sem-Cabeça, e sai assustando as pessoas, ora a pé, ora montado em um cavalo do outro mundo. Há uma lenda Norte americana, O Cavaleiro sem Cabeça, que lembra muito esta variação.
Algumas vezes a Mula, pode ser um animal negro com a marca de uma cruz branca gravada no pelo. Pode ou não ter cabeça, mas o que se sabe de concreto é que a Mula, é mesmo uma amante de Padre.
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A Iara
Os cronistas dos séculos XVI e XVII registraram essa história. No princípio, o personagem era masculino e chamava-se Ipupiara, homem peixe que devorava pescadores e os levava para o fundo do rio. No século XVIII, Ipupiara vira a sedutora sereia Uiara ou Iara. Todo pescador brasileiro, de água doce ou salgada, conta histórias de moços que cederam aos encantos da bela Uiara e terminaram afogados de paixão. Ela deixa sua casa no fundo das águas no fim da tarde. Surge magnífica à flor das águas: metade mulher, metade peixe, cabelos longos enfeitados de flores vermelhas. Por vezes, ela assume a forma humana e sai em busca de vítimas.
Quando a Mãe das águas canta, hipnotiza os pescadores. Um deles foi o índio Tapuia. Certa vez, pescando, Ele viu a deusa, linda, surgir das águas. Resistiu. Não saiu da canoa, remou rápido até a margem e foi se esconder na aldeia. Mas enfeitiçado pelos olhos e ouvidos não conseguia esquecer a voz de Uiara. Numa tarde, quase morto de saudade, fugiu da aldeia e remou na sua canoa rio abaixo.
Uiara já o esperava cantando a música das núpcias. Tapuia se jogou no rio e sumiu num mergulho, carregado pelas mãos da noiva. Uns dizem que naquela noite houve festa no chão das águas e que foram felizes para sempre. Outros dizem que na semana seguinte a insaciável Uiara voltou para levar outra vítima.
Origem: Européia com versões dos Indígenas, da Amazônia.
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Cobra grande
É uma das mais conhecidas lendas do folclore amazônico. Conta a lenda que em numa tribo indígena da Amazônia, uma índia, grávida da Boiúna (Cobra-grande, Sucuri), deu à luz a duas crianças gêmeas que na verdade eram Cobras. Um menino, que recebeu o nome de Honorato ou Nonato, e uma menina, chamada de Maria. Para ficar livre dos filhos, a mãe jogou as duas crianças no rio. Lá no rio eles, como Cobras, se criaram. Honorato era Bom, mas sua irmã era muito perversa. Prejudicava os outros animais e também às pessoas.
Eram tantas as maldades praticadas por ela que Honorato acabou por matá-la para pôr fim às suas perversidades. Honorato, em algumas noites de luar, perdia o seu encanto e adquiria a forma humana transformando-se em um belo rapaz, deixando as águas para levar uma vida normal na terra.
Para que se quebrasse o encanto de Honorato era preciso que alguém tivesse muita coragem para derramar leite na boca da enorme cobra, e fazer um ferimento na cabeça até sair sangue. Ninguém tinha coragem de enfrentar o enorme monstro.
Até que um dia um soldado de Cametá (município do Pará) conseguiu libertar Honorato da maldição. Ele deixou de ser cobra d'água para viver na terra com sua família.
Origem: Mito da região Norte do Brasil, Pará e Amazonas.
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Vitória Régia
Os pajés tupis-guaranis, contavam que, no começo do mundo, toda vez que a Lua se escondia no horizonte, parecendo descer por trás das serras, ia viver com suas virgens prediletas. Diziam ainda que se a Lua gostava de uma jovem, a transformava em estrela do Céu. Naiá, filha de um chefe e princesa da tribo, ficou impressionada com a história. Então, à noite, quando todos dormiam e a Lua andava pelo céu, Ela querendo ser transformada em estrela, subia as colinas e perseguia a Lua na esperança que esta a visse.
E assim fazia todas as noites, durante muito tempo. Mas a Lua parecia não notá-la e dava para ouvir seus soluços de tristeza ao longe. Em uma noite, a índia viu, nas águas límpidas de um lago, a figura da lua. A pobre moça, imaginando que a lua havia chegado para buscá-la, se atirou nas águas profundas do lago e nunca mais foi vista.
A lua, quis recompensar o sacrifício da bela jovem, e resolveu transformá-la em uma estrela diferente, daquelas que brilham no céu. Transformou-a então numa "Estrela das Águas", que é a planta Vitória Régia. Assim, nasceu uma planta cujas flores perfumadas e brancas só abrem à noite, e ao nascer do sol ficam rosadas.
Origem: Indígena. Para eles assim nasceu a vitória-régia.
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Saci Pererê
A Lenda do Saci data do fim do século XVIII. Durante a escravidão, as amas-secas e os caboclos-velhos assustavam as crianças com os relatos das travessuras dele. Seu nome no Brasil é origem Tupi Guarani. Em muitas regiões do Brasil, o Saci é considerado um ser brincalhão enquanto que em outros lugares ele é visto como um ser maligno.
É uma criança, um negrinho de uma perna só que fuma um cachimbo e usa na cabeça uma carapuça vermelha que lhe dá poderes mágicos, como o de desaparecer e aparecer onde quiser. Existem 3 tipos de Sacis: O Pererê, que é pretinho, O Trique, moreno e brincalhão e o Saçurá, que tem olhos vermelhos. Ele também se transforma numa ave chamada Matiaperê cujo assobio melancólico dificilmente se sabe de onde vem.
Ele adora fazer pequenas travessuras, como esconder brinquedos, soltar animais dos currais, derramar sal nas cozinhas, fazer tranças nas crinas dos cavalos, etc. Diz a crença popular que dentro de todo redemoinho de vento existe um Saci. Ele não atravessa córregos nem riachos. Alguém perseguido por ele, deve jogar cordas com nós em sem caminho que ele vai parar para desatar os nós, deixando que a pessoa fuja.
Diz a lenda que, se alguém jogar dentro do redemoinho um rosário de mato bento ou uma peneira, pode capturá-lo, e se conseguir sua carapuça, será recompensado com a realização de um desejo.
Nomes comuns: Saci-Cererê, Saci-Trique, Saçurá, Matimpererê, Matintaperera, etc.
Origem Provável: Os primeiros relatos são da Região Sudeste, datando do Século XIX, em Minas e São Paulo, mas em Portugal há relatos de uma entidade semelhante. Este mito não existia no Brasil Colonial.
Entre os Tupinambás, uma ave chamada Matintaperera, com o tempo, passou a se chamar Saci-pererê, e deixou de ser ave para se tornar um caboclinho preto de uma só perna, que aparecia aos viajantes perdidos nas matas.
Também de acordo com a região, ele sofre algumas modificações:
Por exemplo, dizem que ele tem as mãos furadas no centro, e que sua maior diversão é jogar uma brasa para o alto para que esta atravesse os furos. Outros dizem que ele faz isso com uma moeda.
Há uma versão que diz que o Caipora, é seu Pai.
Dizem também que ele, na verdade eles, um bando de Sacis, costumam se reunir à noite para planejarem as travessuras que vão fazer.
Ele tem o poder de se transformar no que quiser. Assim, ora aparece acompanhado de uma horrível megera, ora sozinho, ora como uma ave.
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O negrinho do pastoreio
O Negrinho do Pastoreio É uma lenda meio africana meio cristã. Muito contada no final do século passado pelos brasileiros que defendiam o fim da escravidão. É muito popular no sul do Brasil.
Nos tempos da escravidão, havia um estancieiro malvado com negros e peões. Num dia de inverno, fazia frio de rachar e o fazendeiro mandou que um menino negro de quatorze anos fosse pastorear cavalos e potros recém-comprados. No final do tarde, quando o menino voltou, o estancieiro disse que faltava um cavalo baio. Pegou o chicote e deu uma surra tão grande no menino que ele ficou sangrando. ‘‘Você vai me dar conta do baio, ou verá o que acontece’’, disse o malvado patrão. Aflito, ele foi à procura do animal. Em pouco tempo, achou ele pastando. Laçou-o, mas a corda se partiu e o cavalo fugiu de novo.
Na volta à estância, o patrão, ainda mais irritado, espancou o garoto e o amarrou, nu, sobre um formigueiro. No dia seguinte, quando ele foi ver o estado de sua vítima, tomou um susto. O menino estava lá, mas de pé, com a pele lisa, sem nenhuma marca das chicotadas. Ao lado dele, a Virgem Nossa Senhora, e mais adiante o baio e os outros cavalos. O estancieiro se jogou no chão pedindo perdão, mas o negrinho nada respondeu. Apenas beijou a mão da Santa, montou no baio e partiu conduzindo a tropilha.
Origem: Fim do Século XIX, Rio Grande do Sul.
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Papa figo
O Papa Figo, ao contrário dos outros mitos, não tem aparência extraordinária. Parece mais com uma pessoa comum. Outras vezes, pode parecer como um velho esquisito que carrega um grande saco às costas.
Na verdade, ele mesmo pouco aparece. Prefere mandar seus ajudantes em busca de suas vítimas. Os ajudantes por sua vez, usam de todos os artifícios para atrair as vítimas, todas crianças claro, tais como; distribuir presentes, doces, dinheiro, brinquedos ou comida. Eles agem em qualquer lugar público ou em portas de escolas, parques, ou mesmo locais desertos.
Depois de atrair as vítimas, estas são levadas para o verdadeiro Papa-Figo, um sujeito estranho, que sofre de uma doença rara e sem cura. Um sintoma dessa doença seria o crescimento anormal de suas orelhas.
Diz a lenda, que para aliviar os sintomas dessa terrível doença ou maldição, o Papa-Figo, precisa se alimentar do Fígado de uma criança. Feito a extração do fígado, eles costumam deixar junto com a vítima, uma grande quantia em dinheiro, que é para o enterro e também para compensar a família.
Origem: Mito muito comum em todo meio rural. Acredita-se que a intenção do conto era para alertar as crianças para o contato com estranhos, como no conto de Chapeuzinho Vermelho.
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