Era uma senhora chamada Josefina, desde menina tinha mania de botar nome em todas as coisas.
Bastava olhar um caldeirão para chamá-lo de Bastião.
Olhava para uma panela e chamava de Amélia.
E, por essa estranha mania, dona Josefina tinha uma chaleira que se chamava Charalina.
Coisas e nomes loucos de dona Josefina. É claro!
Pois a panela que se chamava Amélia, só servia para fazer arroz e logo depois era lavada e guardada, enquanto a esforçada Charalina quase abria o bico de tanto trabalhar, do fogo de lá para o fogo de cá.
Fervia a água para a mulher fazer o café, cozia o ovo pro menino mais novo, fervia, depois, água pro arroz.
Sem atraso fervia água pra lavar os pratos.
Também, mais uma vez, fervia água pro chá das três, e pro Zé, prá não dar chulé, fervia água pra lavar o pé.
Mas, a Charalina, que devia se chamar divina, não abria o bico e só chiava quando fervia.
Até que um dia, quando ninguém esperava, surgiu um buraquinho, no fundo da Charalina, por onde a água vazava.
E a dona Josefina gritou, chiou, ferveu, falou mal e jogou a velha chaleira no fundo do quintal.
A Charalina, contudo, que deveria ficar uma fera, só ficou chorosa, próxima a um monte de terra:
__ Eu trabalhei todos os dias da minha vida, merecia melhor aposentadoria!
No outro dia, depois da janta, começou uma chuva forte... e choveu a noite inteira.
Com a chuva, que era tanta, a terra toda do monte escorreu para a chaleira, que fora jogada sem tampa.
Depois de alguns dias, a Charalina sentia que, na sua barriga, alguma coisa acontecia, e ficou ainda mais triste com o aquele novo fato...
Estava medrosa e muito temia que sua barriga, que antes fervia, agora fosse uma casa de sapo.
E a vida da Charalina tornou-se um pesadelo cheio de horror, até que, numa bela manhã, de sol muito bonito, na sua barriga uma semente germinou.
Tinha um talito tão verde e bonito, só vendo que amor!
Depois, duas folhinhas verdes e rapidamente, sem esperar a primavera, foi logo dando uma flor.
Quando dona Josefina saiu para tomar banho de sol na varanda do fundo da casa, olhou para a Charalina e exclamou:
Meu Deus, que amor!
Correndo, dona Josefina apanhou a Charalina e, como se pedisse perdão, limpou-lhe as paredes de fora, regou a flor sem demora e levou as duas para enfeitarem a mesa da sala.
Hoje, Charalina está feliz e encantada com a nova situação.
Anda até namorando um vaso da casa que faz parte da decoração.
Nelson Albissú
A primeira vez que contei a estória da charalina para meus alunos do jardim I.Isso há 30 anos atras e me apaixonei pela linda Josefina e Charalina. Parabéns Nelson. E a você Isabela por ter compartilhado essa linda estória que irei contar aos meus alunos do amanhã. Obrigada Professora Edna Maria
ResponderExcluirNelson faleceu ano passado 😖
ResponderExcluirLinda essa estória. Ouvi uma só vez na escola da Isabela no era dos avós. Amei.
ResponderExcluirHá anos venho contando essa linda história para crianças em escolas,idosos em Asilos,jovens em situação Especial e ultimamente para os netinhos. Gratidão Nelson! Charalina encanta a todos.
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