quarta-feira, 4 de agosto de 2010

O HOMEM DO SACO

O dia tinha sido muito lindo, com um sol gigante e um céu muito azul.
Todos nós tínhamos jogado bola, pulado obstáculos, corrido muito, enfim brincamos prá valer.
Combinamos que depois de jantar nos reuniríamos na calçada para contar histórias.
Como me lembro bem deste dia!
Mas e daí conte como foi, estou ficando muito curiosa.
Bem, nosso dia já havia sido perfeito com tantas brincadeiras.
Fomos chegando um a um, já de banho tomado, com uma boa refeição no estomago.
Sentamo-nos na beirada da calçada embaixo de uma frondosa árvore, tornando assim a noite mais escura.
- Que vamos fazer então?
- Jogar fubecas? Ah, isso não - responderam todos.
Depois de muita discussão, chegamos à conclusão de que seria melhor contarmos histórias.
Foi então que ouvi a história do homem do saco.
Era uma família de três irmãos, o pai e a mãe. Moravam em uma residência muito graciosa.
Não lhes era permitido juntar-se aos garotos que brincavam na rua.
“Por que?”
Bem não sei muito bem, mas o pai era uma pessoa muito diferente dos outros pais.
Nunca ninguém ia brincar na casa e as portas e janelas raramente se abriam.
Às vezes podia se perceber que havia alguém por trás da janela espiando, mas nada se sabia a respeito.
Tinham um cachorro grande, muito feio, que rondava a casa dia e noite, e nunca latia.
Naquele tempo recebia-se carvão em casa e pedras de gelo para a geladeira e até mesmo leite em garrafas especiais.
O gelo chegava em uma carrocinha sempre pingando, e era lançado porta adentro. O leite ficava no portão do lado de fora da casa.
“Espera um pouco, ninguém levava?”.
“Não, nunca soube disto”.
Mas, continuando, o carvão vinha em sacos especiais.
Conta-se que certo dia, ao chegar na casa, antes que deixasse o saco de carvão, o carvoeiro ouviu um choro sentido que vinha lá de dentro.
Parou e ficou escutando.
Não precisa chorar mais, dizia alguém. Ele logo irá embora.
- Tenho medo dele - suspirava a criança.
- Pare, senão ele não vai embora.
Fez-se um silencio e o carvoeiro deixou o saco no lugar e se foi. Ficando intrigado com isso, pensou:
“- Da próxima vez vou ficar escutando para ouvir do que a criança tem medo. Será que é de mim”?
E assim foi feito.
Deixou o saco de carvão, fez que ia embora e não foi.
- Pronto - dizia alguém lá dentro- ele já se foi.
- Você viu? Ele traz o saco nas costas e fica esperando, se você sair ele te pega e leva embora dentro do saco.
- Ele é o homem do saco.
O pobre coitado estava ali ouvindo, atônito!
Credo, como alguém pode dizer uma coisa destas para uma criança? pensou.
Voltou para carvoaria e no final do dia depois de um bom banho, foi falar com o delegado da cidade.
Narrou a ele todos os fatos, e os dois foram até a casa.
Bateram na porta, bateram e nada de abrirem.
Finalmente, depois de muita insistência, apareceu o dono da casa.
O Delegado lhe passou um corretivo e à mulher dele também. Chamaram as crianças e apresentaram o homem do saco com todas as verdades.
Daí em diante, aquela casa ficou sendo chamada de “a casa do homem do saco”.
Até hoje ainda existem pessoas que gostam de assustar crianças com isto:



Fim da história.

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