segunda-feira, 7 de março de 2011

A Raposa e o Bode


Dona Raposa ia toda faceira em companhia

Do seu amigo Bode, aquele dos chifres compridos,
Aquele que não via nada além do próprio nariz.

Ela era mestra em contar mentiras.

A sede os obrigou a descer em um poço.

Lá, cada um satisfez sua vontade.

Depois de tudo o que beberam,

A raposa disse para o Bode:

"O que vamos fazer, compadre?"

"Beber não é tudo, precisamos sair daqui.

Fique sobre as patas e deixe seus chifres assim,

Contra o muro. Por suas costas,

Poderei sair primeiro,

Pois com a força de seu chifres,

E a ajuda das minhas pernas

Deste lugar eu sairei

E depois a você ajudarei."

- Pela minhas barbas - diz o outro - que bondade!

Eu felicito pessoas bondosas como você.

Eu nunca teria descoberto esse segredo, pode apostar.

A raposa saiu do poço deixando seu companheiro,

E ainda fez o maior discurso do mundo

Para exortar a paciência.

"Se o céu tivesse dado a você", começou dizendo,

"Mais bom senso do que barba no queixo,

Você não teria nunca na vida

Descido a esse poço. Portanto, adeus, estou fora:

Trate de sair daí por conta própria,

Porque eu, sem dúvida nenhuma,

Tenho mais o que fazer do que ficar aqui parada.".

Em cada situação é preciso considerar como ela vai acabar.


Do livro: As mais belas fábulas de La Fontaine - Editora Impala

(Um livro em formato grande com ilustrações belíssimas)





A Lebre e o Cão de Caça

Um Cão de Caça espantou uma Lebre para fora de sua toca, mas depois de longa perseguição, ele parou a caçada.


Um Pastor de Cabras vendo-o parar, ridicularizou-o dizendo:



- Aquele pequeno animal é melhor corredor que você.



O Cão de caça, respondeu:



- Você não vê a diferença entre nós: eu estava correndo apenas por um jantar, mas ele, por sua Vida.






A ilusão curada

Um certo rei pensava ser uma vaca e tinha completamente esquecido que era um ser humano.

Por isso ele mugia como um touro e implorava:

"Vinde, levai-me, abatei-me e fazei uso de minha carne."
Mandava embora toda a comida que lhe era trazida e nada comia.

"Por que não me soltais nas verdes pastagens para que eu possa comer conforme uma vaca deve alimentar-se?", perguntava.

Como já não comia coisa alguma, foi perdendo peso até ficar nada mais que um esqueleto ambulante.


Uma vez que nenhum método ou remédio ajudavam, Avicena foi chamado a fim de dar conselhos.

Ele mandou dizer ao rei que um açougueiro estava a caminho a fim de abatê-lo, cortar sua carne e entregá-la ao povo para comer. Quando o pobre enfermo escutou isso, ficou indescritivelmente feliz e com imenso anelo aguardou sua morte.

No dia determinado, Avicena aproximou-se do rei. Balançou o facão de açougueiro e gritou com uma voz terrível:

"Onde está a vaca, para que eu possa finalmente sacrificá-la?".

O rei emitiu um mugido para que o açougueiro percebesse onde se encontrava o animal que seria sacrificado. Então Avicena ordenou em voz alta:

"Tragam o animal aqui; amarrem-no para que eu possa decepar sua cabeça!"

"Porém, antes de fazer cair o facão, verificou o lombo e a barriga do animal, observando sua carne e gordura, como os açougueiros geralmente fazem."

Mas então voltou a gritar com altíssima voz:

"Não, não, essa vaca não está ainda no ponto de ser abatida. Está magra demais. Levem-na e engordem-na. Quando estiver com o peso correto eu voltarei."


O homem enfermo passou a comer tudo o que lhe era oferecido, pois tinha a esperança de ser abatido em breve. Ganhou peso, sua condição apresentou uma melhora visível e ele recuperou sua saúde sob os cuidados de Avicena.


Do livro: O Mercador e o Papagaio - Nossrat Peseschkian - Papirus Editora



A Galinha de Ovos de Ouro

Um camponês e sua esposa possuíam uma galinha, que punha todo dia um ovo de ouro.


Supondo que devia haver uma grande quantidade de ouro em seu interior, eles a mataram para que pudessem pegar tudo. Então para surpresa deles viram que a galinha em nada era diferente das outras galinhas.



O casal de tolos, desse modo, desejando ficar ricos de uma só vez, perderam o ganho diário que tinham assegurado.






A Formiga e a Pomba Uma formiga foi à margem do rio para beber água, e, sendo arrastada pela forte correnteza, estava prestes a se afogar.
Uma pomba que estava numa árvore sobre a água, arrancou uma folha, e a deixou cair na correnteza perto dela. A formiga, subiu na folha, e flutuou em segurança até a margem.

Pouco tempo depois, um caçador de pássaros, veio por baixo da árvore, e se preparava para colocar varas com visgo perto da pomba que repousava nos galhos alheia ao perigo.

A formiga, percebendo sua intenção, deu-lhe uma ferroada no pé. Ele repentinamente deixou cair sua armadilha, e isso deu chance para que a pomba voasse para longe a salvo.

O grato de coração sempre encontrará oportunidades para mostrar sua gratidão.





A escola dos animais

Certa vez, os animais decidiram que deveriam fazer algo heróico para resolver os problemas de "um novo mundo". Assim, organizaram uma escola.
Adotaram um currículo de atividades que compreendia corrida, alpinismo, natação e vôo. Para ministrar o currículo mais facilmente, todos os animais teriam todas as matérias.

O pato era excelente em natação, na verdade era até melhor que o seu instrutor, mas teve apenas notas satisfatórias em vôo e era bem ruim na corrida. Como era lento na corrida, precisou treinar depois das aulas e também abandonar a natação para praticar corrida. Continuou fazendo isso até seus pés palmados ficarem gravemente feridos e passou ater um aproveitamento apenas regular em natação. Mas como regular era aceitável na escola, ninguém se preocupou com isso, a não ser o próprio pato.

O coelho começou como o melhor da classe em corrida, mas teve um colapso nervoso por causa de tantos treinos de natação.

O esquilo era excelente em alpinismo até ficar frustrado com seu aproveitamento nas aulas de vôo, quando sua professora mandou que partisse do chão para cima, e não do topo da árvore para baixo. Além disso, desenvolveu cãibras devido a uma estafa e então tirou um C em alpinismo e um D em corrida.

A águia era uma criança problema e foi severamente disciplinada. Na aula de alpinismo, venceu todos os outros em direção ao topo da árvore, mas insistiu em utilizar seu próprio caminho para chegar lá.

Ao final do ano, uma excepcional enguia que sabia nadar extremamente bem, além de correr, subir e voar um pouco, obteve a melhor média e foi a melhor da turma.

As marmotas ficaram fora da escola e protestaram contra as mensalidades, porque a administração não quis incluir escavação e construção de tocas no currículo. Matricularam seus filhos como aprendizes de um texugo e mais tarde juntaram-se aos porcos-da-terra e aos geômios para fundarem uma bem-sucedida escola particular.


Qual a moral da estória?

George H. Reavis






A Cobiça

Uma mulher possuía uma galinha que lhe dava um ovo todo dia. Ela pensava consigo mesma como poderia obter dois ovos por dia ao invés de apenas um, e finalmente, para atingir seu propósito, decidiu dar a galinha ração em dobro.

A partir daquele dia a galinha tornou-se gorda e preguiçosa e nunca mais botou nenhum ovo.


A cobiça vai muito além dela mesma.





A corda sobre o abismo

Os discípulos perguntaram certa vez:


- Explique-nos, querido Rabi como podemos servir a Deus.

Respondeu ele:

- Como posso saber?... - então, passou a lhes contar esta história:

Um rei tinha dois amigos que foram declarados culpados de um crime e condenados à morte. Ora, embora o rei gostasse muito deles, não ousou libertá-los imediatamente por medo de dar mau exemplo ao povo. Por isso, este foi seu veredicto:

- Uma corda deve ser esticada sobre um abismo profundo e cada um dos dois homens caminhará sobre ela - para a salvação e a liberdade ou, se caírem, para a morte.

O primeiro atravessou com segurança. O outro gritou para o primeiro, através do abismo:

- Amigo, diga-me como conseguiu.

Respondeu o primeiro:

- Como posso saber? Tudo que fiz foi isto: quando me via pendendo para um lado, inclinava-me para o outro lado.

Anthony de Mello





Os viajantes e o urso

Um dia dois viajantes deram de cara com um urso. O primeiro se salvou escalando uma árvore, mas o outro, sabendo que não ia conseguir vencer sozinho o urso, se jogou no chão e fingiu-se de morto. O urso se aproximou dele e começou a cheirar as orelhas do homem, mas, convencido de que estava morto, foi embora. O amigo começou a descer da árvore e perguntou:

-O que o urso estava cochichando em seu ouvido?

-Ora, ele só me disse para pensar duas vezes antes de sair por aí viajando com gente que abandona os amigos na hora do perigo.

Moral: a desgraça põe à prova a sinceridade da amizade.

Do livro: Fábulas de Esopo





A cerca

Era uma vez um menino com temperamento muito forte. Seu pai deu-lhe um saco de pregos, dizendo-lhe que cada vez que ele ficasse furioso (bravo) pregasse um prego na cerca do fundo da casa.

No primeiro dia o garoto pregou 37 pregos, mas gradualmente ele foi se acalmando. Descobriu que era mais fácil "segurar" seu temperamento do que pregar os pregos na cerca.

Finalmente chegou o dia em que o garoto não se enfureceu nenhuma vez. Contou ao pai o que havia sucedido e pai sugeriu-lhe que, de agora em diante por cada dia que conseguisse segurar seu temperamento retirasse um dos 37 pregos.

Passou-se o tempo e o garoto finalmente pode dizer ao pai que tinha retirado todos os pregos.

O pai tomou o filho pela mão e levou-o até a cerca dizendo-lhe:

- Você fez muito bem meu filho, mas a cerca nunca mais será a mesma. Quando você diz coisas quando está furioso, elas deixam uma cicatriz assim como as marcas da cerca. Você pode fincar e retirar uma faca em um homem. Não importa quantas vezes você possa dizer; "desculpe", a ferida mesmo assim permanecerá. Uma ferida verbal é tão ruim (maligna) quanto uma ferida física. Amigos são uma jóia muito rara. Eles fazem você sorrir e estimulam você a ter sucesso. Eles emprestam um ouvido amigo, repartem uma palavra de elogio, eles querem sempre abrir seus corações para nós."

Mostre a seus amigos o quanto você se importa com eles.

Envie esta história a todos que você considerar um Amigo.

Autor desconhecido.







A Camisa De Um Homem Feliz

Um califa sofrendo de uma doença mortal, estava deitado sobre almofadas de seda. Os raquins, os médicos de seu país, congregados ao seu redor, concordaram entre si em que apenas uma coisa poderia conceder cura e salvação ao califa: colocar sob sua cabeça a camisa de um homem feliz.


Mensageiros em grande número saíram buscando em toda cidade, toda vila e toda cabana, por um homem feliz. Mas cada pessoa por eles interrogada nada expressava senão tristeza e preocupações.


Finalmente após ter abandonado toda a esperança, os mensageiros encontram um pastor que ria e cantava enquanto observava seu rebanho.


Era ele feliz?


" Não posso imaginar alguém mais feliz que eu", disse o pastor rindo-se.


"Então, dê-nos tua camisa" gritaram os mensageiros.


Mas o pastor respondeu: "Eu não tenho nenhuma camisa!".


Essa notícia patética, de que o único homem feliz encontrado pelos mensageiros não possuía uma camisa, deu o que pensar ao califa.


Por três dias e três noites ele não permitiu que nenhuma pessoa se aproximasse dele.


Finalmente no quarto dia, fez com que suas almofadas de seda e suas pedras preciosas fossem distribuídas entre o povo e, conforme conta a lenda, daquele momento em diante o califa outra vez ficou saudável e feliz.


Do livro: O Mercador e o Papagaio -

Histórias Orientais como Ferramentas em Psicoterapia

Com cem exemplos para a educação e a auto-ajuda

Nossrat Peseschkian - Papirus Editora


Publicado no INFORMATIVO "O GOLFINHO"





A Águia Dourada

Um homem encontrou um ovo de águia e o colocou debaixo da galinha que chocava seus ovos no quintal.

Nasceu uma aguiazinha com os pintos e com eles crescia normalmente.

Durante todo o tempo a águia fazia o mesmo que faziam os pintinhos, convencida de que era igual a eles.

Ciscava, ia ao chão buscando insetos e pipilava como fazem os pintos, e como eles, também batia as asas conseguindo voar um metro ou dois porque, afinal de contas, é só isso que um frango pode voar, não é verdade?

Passam anos e a águia ficou velha...

Certo dia, ela viu, riscando o espaço, num céu azul, uma ave majestosa, planando, no infinito, graciosa, levada, docemente, pelo vento sem nem sequer bater a asa dourada.

A águia do chão olhou-a com respeito e logo, perguntou ao seu amigo:

"Que tipo de ave é aquela que lá vai"?

"É uma águia! É rainha", diz-lhe o amigo, mas é bom não olhar muito para ela pois nós somos de raça diferente, simples frangos do chão e nada mais.

Daí por diante, então, a pobre da águia nunca mais pensou nisso, até morrer convencida de ser uma simples galinha.



Anthony de Mello





Os Ratinhos Desobedientes

O ratinho e a ratinha eram dois irmãos que viviam com sua mãe numa toca, em uma fazenda. Ali estavam quentes e resguardados, a salvo das inclemências do tempo. Sua mamãe dava-lhes todo alimento de que necessitavam e não tinham nada com que se preocupar.

Nenhum dos dois gostava quando a sua mãezinha os mandava dormir, e obedeciam sempre contrariados. Numa bela noite, saíram à procura de seus amigos; as estrelas brilhavam no céu e era muito agradável estar ao ar livre!


Por mais voltas que dessem, não encontraram nenhum de seus amigos; esses, é claro, dormiam um soninho descansado.


Continuaram andando, andando, até perceber que se tinham afastado muito de sua casa; não conheciam a paisagem que os rodeava. Sentiram medo porque o vento começou a uivar e a escuridão tornava-se ameaçadora.


Abraçaram-se um ao outro, e, de repente, ouviram um ruído. Estremeceram espantados. Seria um gato? O tempo parecia ter parado e o responsável pelos ruídos aproximava-se pouco a pouco. Começaram a bater os dentes de medo, incapazes de fazer qualquer movimento. Sentiam que tinha chegado a sua última hora, já que certamente se tratava do seu mais aguerrido inimigo: o gato.


Mas, afinal, tudo acabou bem. A mãe saíra à procura deles e tinha sido ela quem havia feito o barulho. Os dois ratinhos regressaram a casa muito contentes. Haviam passado um mau bocado e não voltariam a repetir a façanha. Não há nada como a nossa casa. Não acha que tenho razão, amiguinho?






Os meninos e as rãs

Uns meninos capetas estavam brincando na beira de um lago quando viram algumas rãs nadando no raso. Para se divertir, começaram a jogar pedras nas rãs e mataram uma porção. Cansada daquela história, uma das rãs pôs a cabeça para fora da água e disse:

-Chega, chega! Por favor! O que para vocês é distração, para nós é a morte!


Moral: nossos prazeres não devem prejudicar os outros.

Do livro: Fábulas de Esopo







Os ladrões e o galo

Uma vez uns ladrões entraram numa casa, mas não encontraram nada que valesse a pena roubar, a não ser um galo. O coitado do galo disse a eles tudo o que um galo é capaz de dizer para tentar salvar a pele. Disse que eles não esquecessem como ele era importante para as pessoas com seu canto que acordava a todos na hora de ir trabalhar.

– Olhe, seu galo – disse um dos ladrões – , é melhor parar com essas conversa. Você passa o tempo acordando as pessoas e o resultado é que não conseguimos roubar sossegados.


Moral: Nem o que temos de melhor agrada a todo mundo.

Do livro: Fábulas de Esopo


Os dois amiguinhos

Uma vez uma garça adotou um filhote de tigre órfão e criou o bebê junto com seu próprio filho. Os dois viraram grandes amigos, e todo dia faziam a maior bagunça, sem jamais brigar. Na realidade, eram as crianças mais boazinhas do mundo. Um dia apareceu outra garça que era uma encrenqueira; essa garça tratou muito mal o bebê garça. O bebê garça pediu socorro, e o tigre veio correndo: num instante engoliu a encrenqueira. Só ficou um ossinho e um punhado de penas para contar a história. O tigre, que tinha sido criado num regime vegetariano, achou aquela comida diferente uma maravilha. Lambendo os bigodes, piscou o olho e disse:

– Eu te adoro, minha pequena garça!

E zás, lá se foi sua companheira de brincadeiras servir de sobremesa para o piquenique improvisado.


Moral: Nada elimina o que a natureza determina.

Do livro: Fábulas de Esopo





Os Burros Espertos

Dizem que os burros são tolos. Mas não devemos acreditar totalmente nisso. Essa história nos mostra que nem sempre é assim.

Um lavrador tinha dois burros. Para que não fugissem, resolveu amarrá-los em uma só corda, cada um em uma extremidade. Depois de algum tempo, os dois começaram a sentir fome. A comida estava perto. Grandes montes de feno estavam ao alcance de sua visão. Os dois tentaram chegar até eles. A corda era muito curta e, puxando cada qual para o seu lado, nenhum dos dois conseguia alcançar o seu monte de feno. Então compreenderam que o melhor era sentar e dialogar. Talvez juntos conseguissem encontrar uma solução.

Assim o fizeram. Durante um bom tempo, estiveram a dar voltas ao assunto, sem conseguir encontrar um jeito de chegar ao feno. Por fim, disse um deles:


- Vamos ver! Nós dois estamos com fome. A corda que nos une é muito curta e não podemos ir cada um para o seu lado. Por que não vamos juntos para o primeiro monte de feno? Assim, ambos poderíamos comer dele e depois provar o segundo. Dessa forma, comeríamos a quantidade habitual.


- Boa idéia! admitiu seu companheiro.


Pondo em prática a sugestão, banquetearam-se ambos, apesar da corda com que haviam sido amarrados. Mostraram, dessa forma, que os burros não são tão burros quanto parecem.






Os Bandidos

Miau, Quac, Muu e Béé eram quatro amigos que gostavam de brincar de bandido e mocinho. Passavam horas brincando. Parecia que estavam interpretando cenas de um filme de "Far West".

No entanto, Muu e Béé tinham motivos para se queixar pois faziam sempre papel de vítimas e passavam o tempo todo amarrados a postes cravados no chão, enquanto Miau e Quac se divertiam muito, correndo de um lado para o outro.

- Não acham que devíamos trocar os papéis, amigos? Uma vez, assaltantes; outra assaltados. Está bem? Queixava-se Muu, apoiado por Béé.

Mas os dois aproveitadores. Miau e Quac, faziam-se de surdos. Tanto insistiram as "vítimas", que Miau, cansado lhes respondeu.

- Se não estiverem contentes, podem ir-se embora. Bastamos nós dois.

Assim fizeram, enquanto Miau e Quac continuavam a brincar. Desta vez, foi Quac que teve de fazer a pior parte da história. Ele protestou, Miau fartou-se e o convidou para ir embora. Quac seguiu o conselho: não perdeu tempo a juntar-se a Muue Béé.

Miau ficou sozinho. Quem seria a "vítima" agora? Não tardou a compreender que tinha sido egoísta. Procurou os três amigos, pedindo-lhes desculpas pela sua conduta. Eles o aceitaram de volta nas brincadeiras. Mas deixaram claro que seria preciso mudar de papéis por turnos.

Todos compreenderam que esta é a única maneira de brincar sem problemas.






O urso e a raposa

Um urso passava o tempo contando como gostava dos homens.

– Não vou lá perturbar nem estraçalhar os homens quando eles morrem – disse ele.

A raposa respondeu com um sorriso:

– Eu ia ficar mais convencida de sua bondade se você não costumasse comer os homens vivos!


Moral: Mais vale ter pena dos vivos que respeito com os mortos.

Do livro: Fábulas de Esopo




O Ursinho e o Mel

O ursinho era louco por mel. Se dependesse dele, comeria todo o mel que existe no mundo. Passava o dia inteiro a meter o focinho em colméias, onde o mel estava armazenado pelas abelhas. Sua mãe não parava de avisá-lo:


- Ursinho, não se meta onde não é chamado, se não um belo dia você vai levar um ferroada.


O ursinho não dava importância às sábias palavras de sua mãe. Sua vontade de comer mel era maior que tudo. Assim, ele continuava a farejar de colméia em colméia. As abelhas eram bondosas, e até compreendiam o bom gosto do ursinho. Mas, na verdade, o travesso já estava abusando, pois comia num instante grande quantidade de mel, que as abelhas levavam tempo para fazer com esforço.


Finalmente, quando elas perceberam que com bons modos não conseguiam dissuadi-lo da sua gula, decidiram dar-lhe uma lição. Uma forte ferroada no nariz... e o ursinho cheio de dores desatou a correr pelo prado, em direção à casa.


O ursinho guloso passou dois dias de cama, sofrendo dores no nariz.


- Bem que eu havia avisado, ursinho! Mas você não me obedeceu... dizia a mãe, pesarosa pela teimosia do filho.


Onde as palavras não chegam, uma forte ferroada resolve. Não é verdade, amiguinho?






O ursinho e as abelhas

Um filhote de urso estava passeando pela floresta quando viu um buraco no tronco de uma árvore.

Olhando mais de perto, reparou que uma porção de abelhas entravam e saíam constantemente do buraco. algumas permaneciam em frente à entrada como se estivessem montando guarda. Outras chegavam voando e entravam. Outras ainda saíam e sumiam pela floresta a dentro.


Cada vez mais curioso, o ursinho pôs-se em pé nas patas traseiras, meteu o focinho no buraco, farejou e depois enfiou uma pata.


Quando retirou a pata ela estava lambusada de mel.


Porém mal começara a lambê-la quando um enxame de abelhas enfurecidas saiu do buraco e atacou-o, mordendo-lhe o focinho, as orelhas, a boca, todo ele.


O ursinho tentou defender-se, mas se enxotava as abelhas para um lado elas voltavam e atacavam pelo outro. Enfurecido, tentou vingar-se através de golpes pelos dois lados. Porém, querendo atingir a todas, não conseguiu derrubar nenhuma. Finalmente rolou pelo chão até que, vencido pelo medo e pela dor das picadas, voltou correndo e chorando para junto de sua mãe.


Leonardo da Vinci





O Ursinho Desavergonhado

O ursinho sempre se gabava de sua inteligência e senso de oportunidade. Nunca se esforçava para nada, mas a verdade é que vivia com muita facilidade. Tudo parecia cair do céu em suas mãos. Malicioso e sem vergonha, divertia-se fazendo inveja a seus amigos e vizinhos.


- Quando vejo vocês suando para se alimentar e vestir, tenho vontade de rir. Não posso evitar! Como é simples viver! Você precisa comer? Então, estique a sua pata e pegue a coisa mais apetitosa que encontrar. E assim deve ser com tudo.

Sempre à procura de novas facilidades, o ursinho descobriu com sua boa sorte, uma belo colmeia repleta de mel. Centenas de lindas abelhas trabalhavam incansavelmente para fabricar esse manjar. Mas o ursinho nem pensou nisso. Sem nenhum peso na consciência, muito feliz consigo mesmo por ser tão esperto, aproveitava cada descuido das abelhas para se banquetear.

- Ah! Ah! Ah! Que idiotas são estas abelhas! Fartam-se de trabalhar para depois deixarem seu mel seja roubado! Hum! Como está delicioso! Exclamava o glutão entre uma lambida e outra.

As abelhas, admiradas a princípio, vendo o mel desaparecer como que por encanto, decidiram vigiar a colmeia. Não tardaram a descobrir o travesso ursinho, dando o golpe de costume. Então, elas combinaram de lhe dar uma lição. Na manhã seguinte, escondidas, esperaram pela chegada do ursinho.

Pensando que a colmeia estava novamente deserta, o ursinho atirou-se sobre ela, pronto para colher o saboroso mel. De repente, todas as abelhas se atiraram sobre ele ao mesmo tempo, furiosas. Deram-lhe tantas ferroadas que ele, cheio de calombos e negro pelo inchaço saiu aos berros correndo através do bosque.

A lição deu bons resultados. O ursinho nunca mais voltou a apoderar-se dos bens alheios.






O Tempo Cura Tudo

Era uma vez um passarinho que morava num ninho no alto de uma mangueira. Quando a mamãe passarinha saía cedinho para procurar alimento, falava:
- Ó filhinho, não saia do ninho. Você ainda é um filhotinho, pode cair lá embaixo e se machucar.

Mas o passarinho morria de vontade de dar as suas voadinhas, experimentar as suas asinhas cheias de peninhas. Experimentou uma vez. Experimentou a segunda. Quando experimentou a terceira, caiu e quebrou uma asa. Saiu, andando pelo chão, arrastando a asa, procurando uma ajudinha.

- Ó minha amiga vaquinha, conserte a minha asinha, que eu quebrei dando uma voadinha.

A vaquinha, muito mal-humorada, disse que não entendia de asas. O passarinho continuou o seu caminho, arrastando a sua asinha quebrada. Até que encontrou um cavalo e pediu ajuda de novo, coitadinho.

- Ó meu amigo cavalinho, conserte a minha asinha, que eu quebrei dando uma voadinha.

O cavalo relinchou e disse que não consertava asas. Não era veterinário.

E lá se foi o passarinho andando, pedindo ajuda a todo mundo que encontrava, ouvindo sempre o mesmo. Até que encontrou um rio, muito transparente, e parou para beber água.

- Ó meu amigo riozinho, conserte a minha asinha, que eu quebrei dando uma voadinha! E o rio de águas claras cantarolou:

- Bote aqui a sua asinha bote aqui no leito meu e depois não vá dizer que você se arrependeu.

E com todo cuidado, enfaixou a asinha do amiguinho, sorrindo dizendo:

- Dê um tempo ao tempo, fique quieto uns dias no seu ninho, meu passarinho!

E foi o que o passarinho fez.

Voltou para o seu ninho e deixou o tempo passar, bem quietinho.

O tempo passou.

Ele sarou e aprendeu a voar bem direitinho.

E no seu primeiro vôo sozinho, levou uma flor para o seu amigo riozinho. Ele agradeceu com um sorriso claro.

- O tempo cura tudo.
É só dar tempo ao tempo, amigo passarinho.




O sapo e o boi

Há muito, muito tempo existiu um boi imponente. Um dia o boi estava dando seu passeio da tarde quando um pobre sapo todo mal vestido olhou para ele e ficou maravilhado. Cheio de inveja daquele boi que parecia o dono do mundo, o sapo chamou os amigos.

– Olhem só o tamanho do sujeito! Até que ele é elegante, mas grande coisa; se eu quisesse também era.

Dizendo isso o sapo começou a estufar a barriga e em pouco tempo já estava com o dobro do seu tamanho normal.

– Já estou grande que nem ele? – perguntou aos outros sapos.

– Não, ainda está longe!- responderam os amigos.

O sapo se estufou mais um pouco e repetiu a pergunta.

– Não – disseram de novo os outros sapos -, e é melhor você parar com isso porque senão vai acabar se machucando.

Mas era tanta vontade do sapo de imitar o boi que ele continuou se estufando, estufando, estufando – até estourar.


Moral: Seja sempre você mesmo.






O Riacho

Um riacho da montanha, esquecendo-se de que devia sua água à chuva e a pequenos córregos, resolveu crescer até ficar do tamanho de um rio.

Pôs-se então a atirar-se violentamente de encontro às suas margens, arrancando terra e pedras a fim de alargar seu leito.


Mas quando a chuva acabou a água diminuiu. O pobre riacho viu-se preso entre as pedras que arrancara de suas margens e foi forçado a, com grande esforço, encontrar outro caminho para descer até o vale.



Moral: Quem tudo quer tudo perde.

Leonardo da Vinci







O ratinho da cidade e o ratinho do campo

Certo dia um ratinho do campo convidou seu amigo que morava na cidade para ir visitá-lo em sua casa no meio da relva. O ratinho da cidade foi, mas ficou muito chateado quando viu o que havia para jantar: grãos de cevada e umas raízes com gosto de terra.

– Coitado de você, meu amigo! – exclamou ele. – Leva uma vida de formiga! Venha morar comigo na cidade que nós dois juntos vamos acabar com todo o toucinho deste país!

E lá se foi o ratinho do campo para a cidade. O amigo mostrou para ele uma despensa com queijo, mel, cereais, figos e tâmaras. O ratinho do campo ficou de queixo caído. Resolveram começar o banquete na mesma hora. Mas mal deu para sentir o cheirinho: a porta da despensa se abriu e alguém entrou. Os dois ratos fugiram apavorados e se esconderam no primeiro buraco apertado que encontraram. Quando a situação se acalmou e os amigos iam saindo com todo o cuidado do esconderijo, outra pessoa entrou na despensa e foi preciso sumir de novo. A essas alturas o ratinho do campo já estava caindo pelas tabelas.

– Até logo – disse ele. – Já vou indo. Estou vendo que sua vida é um luxo só, mas para mim não serve. É muito perigosa. Vou para minha casa, onde posso comer minha comidinha simples em paz.


Moral: Mais vale uma vida modesta com paz e sossego

que todo o luxo do mundo com perigos e preocupações.

Do livro: Fábulas de Esopo - Companhia das Letrinhas






O rapaz e a moça inconstante

Certo dia uma moça inconstante disse a um rapaz:

- Meu querido, muitos homens me adoram, muitos me querem, mas eu só amo você e rezo para ter você um dia. Não estou preocupada com riqueza, neste mundo só quero você.

E o rapaz respondeu, mesmo sabendo que ela era inconstante:

- Nós dois queremos a mesma coisa, pois meu coração chora por você. É verdade que você já me enganou um dia, mas adoro você e sempre vou adorar.

Foi assim que o rapaz ingênuo foi iludido pela moça inconstante.


Moral: Cuidado com quem diz que não quer seu dinheiro.

Do livro: Fábulas de Esopo






O Professor Golfinho

O professor golfinho era sábio e tolerante. Achava que os castigos não davam resultado e preferia sempre convencer os alunos da necessidade de estudar a sério. Mas os alunos não lhe prestavam a menor atenção, habituados como estavam aos castigos e ameaças. O professor golfinho sofria com isso mas não dizia nada. Nunca se chateava nem se queixava.

As travessuras durante a aula aumentavam cada vez mais. Uma tarde, o ursinho quis pregar um belo susto à esquilinha. Levantou-se de sua carteira sem pedir autorização ao professor e, quando já estava se aproximando de sua colega, tropeçou em um armário, fazendo com que este caísse em cima da cabeça do professor golfinho. O professor teve de ficar ausente da classe por vários dias, e foi contratado para substituí-lo o professor atum, que era conhecido em todo o oceano por sua severidade. Castigava a turma inteira pelo menor deslize de qualquer aluno. Eles chegavam à casa, todos os dias, com atraso de duas horas.


- O primeiro que ousar fazer patifaria, leva quarenta reguadas e é expulso do colégio! costumava dizer o professor atum.


Como era de se esperar, todos os alunos da turma tinham saudades do professor golfinho. Mal podiam esperar que retornasse às aulas. Chegaram a se comprometer com ele que iriam portar-se muito bem e que estudariam muito.


Quando se restabeleceu, o professor golfinho voltou para sua turma, que chegou a ser a mais brilhante e estudiosa de toda a escola. O professor tinha demonstrado que a tolerância e a persuasão são sempre preferíveis aos castigos. Todos reconheceram, afinal, que seu método de ensino, baseado no amor e na tolerância davam muito bons resultados.






O Pingüim Glutão

Existia, numa certa ilha, um pingüim que só sabia comer. Passava o dia pescando e banqueteando-se com as suas presas. Não se importava com os outros pingüins, que ficavam uma boa parte do tempo brincando uns com os outros e fazendo excursões pela ilha. Ele não gostava de fazer essas coisas; dedicava todo o seu tempo e energia a satisfazer o seu enorme apetite devorador.

Os seus pais chamavam-lhe a atenção com freqüência.


- Meu filho, dizia a mãe, por que não vai passear com seus amigos?


- Não, mamãe, estou muito ocupado pescando minha comida, respondia ele.


- Mas, filho, na vida há tempo para tudo, argumentou ela, surpresa.


- Não pense nisso, mamãe. Eu sei o que faço; não se preocupe, disse o pingüim.


Como era inútil discutir com ele, os pais acabaram desistindo.


Numa tarde de primavera, o pingüim encontrou um grupo de amigos seus que faziam acrobacias na neve. Que belos saltos e que graça tinham! Na verdade, possuíam uma invejável agilidade. Então, atraído pela beleza dos exercícios, quis participar deles, sem se lembrar que estava gordo. Por mais que se esforçasse, não conseguiu acompanhar os amigos.


Sem vírgula, sentiu-se infeliz por não poder brincar com os demais. Resolveu mudar de atitude. Procurou um recanto mais afastado da ilha, e ali permaneceu vários dias, comendo com moderação.


Quando regressou a casa, já tinha recuperado o seu peso. E também tinha aprendido uma grande lição: nunca mais voltaria a comer em excesso. Queria ser um pingüim como os outros.






O pescador flautista

Um pescador que gostava mais de música que das redes começou a tocar flauta quando viu peixes no mar. Achava que ouvindo aquilo os peixes iam pular para a praia. Vendo que eles continuavam dentro da água, o pescador pegou uma rede e apanhou um belo cardume, que arrastou para terra.

Quando viu os peixes pulando e batendo a cauda na areia ele sorriu e disse:

- Como vocês não quiseram dançar ao som da minha flauta, também não vou permitir que dancem agora!


Moral: Fazer a coisa certa na hora certa é uma grande arte.

Do livro: Fábulas de Esopo





O Periquito Tagarela

Os periquitos têm fama de tagarelas. Mas Periquitita deixava as outras mudas, com o seu falatório incessante. Era capaz de ficar vinte e quatro horas falando sem parar. Quem tivesse a desgraça de ser escolhido como vítima ouvinte, não escapava dela tão cedo. Ao fim de algum tempo, o pobre infeliz estava zonzo de tanta conversa fiada em seus ouvidos.

- Temos de fazer alguma coisa para nos livrar-nos do tormento que a Periquitita nos causa, propôs a zebra.

- Bah! Isso é muito fácil! Exclamou Lemurito, que por alguma razão era considerado o melhor de sua turma. Vamos oferecer-lhe um espelho. Assim ela poderá falar consigo mesma a toda hora. Ela fica tão empolgada com a conversa, que nem vai perceber que está falando sozinha!

O truque deu resultado. Lá ficou a Periquitita, no meio de uma clareira do bosque, falando... falando... com a sua própria imagem refletida no espelho.

Já estava assim havia três dias. Não há nada que a deixe mais entusiasmada do que um ouvinte que nunca responda nada. Se continuasse assim mais uma semana, correria o risco de ficar esgotada.





O Patinho Feio

Era uma vez ...

Uma patinha que teve quatro patinhos muito lindos, porém quando nasceu o último, a patinha exclamou espantada:
- Meu Deus, que patinho tão feio!

Quando a mãe pata nadava com os filhos, todos os animais da quinta olhavam para eles:
- Que pato tão grande e tão feio!

Os irmãos tinham vergonha dele e gritavam-lhe:
- Vai-te embora porque é por tua causa que toda a gente está a olhar para nós!


Afastou-se tanto que deu por si na outra margem. De repente, ouviram-se uns tiros. O Patinho Feio observou como um bando de gansos se lançava em voo. O cão dos caçadores persegui-o furioso.


Conseguiu escapar do cão mas não tinha para onde ir, não deixava de andar. Finalmente o Inverno chegou. Os animais do bosque olhavam para ele cheios de pena.
- Onde é que irá o Patinho Feio com este frio? Não parava de nevar. Escondeu-se debaixo de uns troncos e foi ali que uma velhinha com um cãozinho o encontrou.
- Pobrezinho! Tão feio e tão magrinho!
E levou-o para casa.


Lá em casa, trataram muito bem dele. Todos, menos um gatinho cheio de ciúmes, que pensava: "Desde que este patucho está aqui, ninguém me liga".


Voltou a Primavera. A velha cansou-se dele, porque não servia para nada: não punha ovos e além disso comia muito, porque estava a ficar muito grande.
O gato então aproveitou a ocasião.
- Vai-te embora! Não serves para nada!


A nadar chegou a um lago em que passeavam dois belos cisnes que olhavam para ele. O Patinho Feio pensou que o iriam enxotar. Muito assustado, ia esconder a cabeça entre as asas quando, ao ver-se reflectido na água, viu, nada mais nada menos, do que um belo cisne que não era outro senão ele próprio.


Os cisnes desataram a voar e o Patinho Feio fugiu atrás deles.
Quando passou por cima da sua antiga quinta, os patinhos, seus irmãos, olharam para eles e exclamaram:

- Que cisnes tão lindos!


adaptação de um conto de Hans Christian Andersen






O parto da montanha

Há muitos e muitos anos uma montanha começou a fazer um barulhão. As pessoas acharam que era porque ela ia ter um filho. Veio gente de longe e de perto, e se formou uma grande multidão querendo ver o que ia nascer da montanha.

Bobos e sabidos, todos tinham seus palpites. Os dias foram passando, as semanas foram passando e no fim os meses foram passando, e o barulho da montanha aumentava cada vez mais.


Os palpites das pessoas foram ficando cada vez mais malucos. Alguns diziam que o mundo ia acabar.


Um belo dia o barulho ficou fortíssimo, a montanha tremeu toda e depois rachou num rugido de arrepiar os cabelos. As pessoas nem respiravam de medo. De repente, do meio do pó e do barulho, apareceu ... um rato.


Moral: Nem sempre as promessas magníficas dão resultados impressionantes.

Do livro: Fábulas de Esopo



O Ouriço e o jogo da Cabra-cega

Todos nós temos as nossas limitações, querido leitor, e o ouriço também tinha a sua. Você já pode imaginar qual era: aqueles terríveis espinhos, capazes de ferir qualquer um.

Bem, aconteceu que o jogo da Cabra-cega havia virado mania entre os alunos. Todos queriam brincar durante o recreio.

Pois certa vez em que estavam brincando, o castorzinho, que tinha os olhos vendados, teve o azar de tocar no ouriço e levou umas tremendas picadas de seus espinhos. Da pata do castorzinho corria muito sangue e o ouriço sentiu-se muito culpado.

- Já se vê que não posso participar da brincadeira! Disse, muito aborrecido.

Seus colegas não conseguiam consolá-lo e ele ficou fora. O jogo continuava. Agora era a vez do crocodilo Ter seus olhos vendados e ele, trapalhão como sempre, pisou num pedaço de vidro e fez um corte na pata esquerda. O pior é que ainda havia numerosos cacos de vidro encravados em sua pata.

Por mais que todos procurassem uma pinça para tentar retirá-los, não conseguiram encontrar. Foi então que o ouriço num momento de inspiração, arrancou dois espinhos e com eles fez uma ótima pinça.

Então, o crocodilo sugeriu que brincassem de outra coisa, porque fazia questão de que seu "médico" também participasse. Todos concordaram em inventar uma brincadeira em que o ouriço pudesse participar também.
Bem que ele merecia.





O Macaco e o Golfinho

Quando as pessoas fazem uma viagem, muitas vezes levam seus cachorrinhos ou macaquinhos de estimação para ajudar a passar o tempo. Assim, um homem que voltava do Oriente para Atenas andava pelo navio levando um macaquinho de estimação. Quando estava próximo do litoral da Ática o navio foi atingido por uma grande tempestade e acabou virando. Todas as pessoas que estavam a bordo foram parar na água e começaram a nadar para tentar salvar a vida. O macaco também. Um golfinho viu o macaco e imaginou que fosse um homem; pôs o macaco nas costas e começou a nadar para a praia. Quando os dois iam chegando ao Pireu, que é o porto de Atenas, o golfinho perguntou ao macaco se ele era ateniense. O macaco respondeu que sim, e disse ainda que sua família era muito importante.

-Bom, nesse caso você conhece o Pireu – continuou o golfinho.

O macaco achou que o golfinho estava se referindo a alguma autoridade e respondeu:

-Claro, claro, somos muito amigos.

Ouvindo aquilo, o golfinho viu que estava sendo enganado. Aborrecido, mergulhou para o fundo do mar e em pouco tempo o pobre macaco se afogou.

Moral: certas pessoas, ignorantes da verdade, acham que podem fazer os outros engolir qualquer mentira.

Do livro: Fábulas de Esopo





O LOBO E O CORDEIRO

A razão do mais forte é a que vence no final
(nem sempre o Bem derrota o Mal).

Um cordeiro a sede matava

nas águas limpas de um regato.

Eis que se avista um lobo que por lá passava

em forçado jejum, aventureiro inato,

e lhe diz irritado: - "Que ousadia

a tua, de turvar, em pleno dia,

a água que bebo! Hei de castigar-te!"

- "Majestade, permiti-me um aparte" -

diz o cordeiro. - "Vede

que estou matando a sede

água a jusante,

bem uns vinte passos adiante

de onde vos encontrais. Assim, por conseguinte,

para mim seria impossível

cometer tão grosseiro acinte."

- "Mas turvas, e ainda mais horrível

foi que falaste mal de mim no ano passado.

- "Mas como poderia" - pergunta assustado

o cordeiro -, "se eu não era nascido?"

- "Ah, não? Então deve ter sido

teu irmão." - "Peço-vos perdão

mais uma vez, mas deve ser engano,

pois eu não tenho mano."

- "Então, algum parente: teus tios, teus pais. . .

Cordeiros, cães, pastores, vós não me poupais;

por isso, hei de vingar-me" - e o leva até o recesso

da mata, onde o esquarteja e come sem processo.


La Fontaine






O lobo e o burro

Um burro estava comendo quando viu um lobo escondido espiando tudo o que ele fazia. Percebendo que estava em perigo, o burro imaginou um plano para salvar a pele. Fingiu que era aleijado e saiu mancando com a maior dificuldade. Quando o lobo apareceu, o burro todo choroso contou que tinha pisado num espinho pontudo.

– Ai, ai, ai! Por favor, tire o espinho de minha pata! – implorou. – Se você não tirar, ele vai espetar sua garganta quando você me engolir.

O lobo não queria se engasgar na hora de comer seu almoço, por isso quando o burro levantou a pata ele começou a procurar o espinho com todo o cuidado. Nesse momento o burro deu o maior coice de sua vida e acabou com a alegria do lobo. Enquanto o lobo se levantava todo dolorido, o burro galopava satisfeito para longe dali.



Moral: Cuidado com os favores inesperados.

Do livro: Fábulas de Esopo





O lobo e a cegonha

Um lobo devorou sua caça tão depressa, com tanto apetite, que acabou ficando com um osso entalado na garganta. Cheio de dor, o lobo começou a correr de um lado para outro soltando uivos, e ofereceu uma bela recompensa para quem tirasse o osso de sua garganta. Com pena do lobo e com vontade de ganhar o dinheiro, uma cegonha resolveu enfrentar o perigo. Depois de tirar o osso, quis saber onde estava a recompensa que o lobo tinha prometido.

- Recompensa? – berrou o lobo. – Mas que cegonha pechinchona! Que recompensa, que nada! Você enfiou a cabeça na minha boca e em vez de arrancar sua cabeça com uma dentada deixei que você a tirasse lá de dentro sem um arranhãozinho. Você não acha que tem muita sorte, seu bicho insolente! Dê o fora e se cuide para nunca mais chegar perto de minhas garras!

Moral: Não espere gratidão ao mostrar caridade para um inimigo.

Do livro: Fábulas de Esopo





O lobo e a cabra

Um lobo viu uma cabra pastando em cima de um rochedo escarpado e, como não tinha condições de subir até lá, resolveu convencer a cabra a vir mais para baixo.

– Minha senhora, que perigo! – disse ele numa voz amistosa. – Não seja imprudente, desça daí! Aqui embaixo está cheio de comida, uma comida muito mais gostosa.

Mas a cabra conhecia os truques do esperto lobo.

– Para o senhor, tanto faz se a relva que eu como é boa ou ruim! O que o senhor quer é me comer!



Moral: Cuidado quando um inimigo dá um conselho amigo.

Do livro: Fábulas de Esopo





O leopardo e a raposa

Uma raposa e um leopardo estavam deitados descansando depois de um laudo jantar e se distraíam falando da própria beleza. O leopardo tinha muito orgulho de sua pele lustrosa e toda pintada, e dizia à raposa que ela era completamente sem graça. A raposa se orgulhava da bela cauda estufada com a pontinha branca, mas tinha o bom senso de reconhecer que não chegava aos pés do leopardo em matéria de aparência. Mesmo assim, continuou com suas brincadeiras, fazendo troça do outro só pelo prazer da discussão e para não perder a prática. O leopardo já estava quase perdendo a paciência quando a raposa levantou bocejando e disse:

- Você pode ter um pêlo muito requintado, mas estaria mais bem servido se tivesse um pouquinho mais de requinte dentro da cabeça e menos ao redor das costelas, como eu. Para mim, beleza de verdade é isso.


Moral: Nem sempre bela embalagem anuncia belo recheio.

Do livro: Fábulas de Esopo






O Leão e os Três Touros

Três touros pastavam juntos e tranqüilos desde longa data.

Um leão, escondido no mato, os espreitava na esperança de fazer deles seu jantar, mas estava receoso de atacá-los enquanto estivessem juntos.


Finalmente, por meio de ardilosos e traiçoeiros discursos ele conseguiu separá-los. E tão logo eles pastavam sozinhos atacou-os sem medo, e, devorou-os um após o outro à sua própria vontade.


Esopo

União é força.





O leão e o ratinho

Um leão, cansado de tanto caçar, dormia espichado debaixo da sombra boa de uma árvore.

Vieram uns ratinhos passear em cima dele e ele acordou.


Todos conseguiram fugir, menos um, que o leão prendeu debaixo da pata.


Tanto o ratinho pediu e implorou que o leão desistiu de esmagá-lo e deixou que fosse embora.


Algum tempo depois o leão ficou preso na rede de uns caçadores.


Não conseguindo se soltar, fazia a floresta inteira tremer com seus urros de raiva.


Nisso apareceu o ratinho, e com seus dentes afiados roeu as cordas e soltou o leão.


Moral: Uma boa ação ganha outra.

Do livro: Fábulas de Esopo






O leão e o mosquito

Um leão ficou com raiva de um mosquito que não parava de zumbir ao redor de sua cabeça, mas o mosquito não deu a mínima.

-Você está achando que vou ficar com medo de você só porque você pensa que é rei? – disse ele altivo, e em seguida voou para o leão e deu uma picada ardida no seu focinho.

Indignado, o leão deu uma patada no mosquito, mas a única coisa que conseguiu foi arranhar-se com as próprias garras. O mosquito continuou picando o leão, que começou a urrar como um louco. No fim, exausto, enfurecido e coberto de feridas provocadas por seus próprios dentes e garras, o leão se rendeu. O mosquito foi embora zumbindo para contar a todo mundo que tinha vencido o leão, mas entrou direto numa teia de aranha. Ali o vencedor do rei dos animais encontrou seu triste fim, comido por uma aranha minúscula.

Moral: muitas vezes o menor de nossos inimigos é o mais temível.

Do livro: Fábulas de Esopo






O Leão e o Esquilo

Fazia muito calor e o leão decidiu procurar um lugar fresco onde pudesse descansar. Ali, esticou e agitou sua cauda preguiçosamente, enquanto o tempo passava. De repente, um esquilo saiu de uma moita próxima e, imprudentemente, passou por debaixo das barbas do rei das selvas. O leão sentiu vontade de brincar com o esquilo e começou a persegui-lo. O pobre animalzinho pensou que o leão quisesse comê-lo. Tremendo da cabeça ao rabo, suplicou que lhe poupasse a vida.

- Se me soltar, bom leão, prometo ajudá-lo a lutar contra seus inimigos, disse o esquilo morto de medo.


- Ah! ah! ah! Que ajuda você pode me dar, bichinho insignificante? Vá embora depressa antes que eu perca a paciência! respondeu o leão menosprezando-o.


O tempo passou. Um dia, o orgulhoso rei das selvas caiu numa armadilha feita por caçadores. Debateu-se muito, tentando corajosamente livrar-se da rede, mas nada conseguiu. Então apareceu o esquilo que, pacientemente, começou a roer a rede com seus dentinhos afiados. Dessa maneira conseguiu libertar o leão.


Arrependido pelo desprezo com que tratava o animalzinho, desculpou-se com ele.


- Perdoe-me, esquilo. Agora compreendo que todos os animais, por menores que sejam, merecem o maior respeito. Prometo que nunca mais voltarei a rir de você, disse o leão.


- Não se preocupe, bom amigo. Sábio é aquele que reconhece a tempo os seus erros, respondeu o esquilo.


Daquele momento em diante, os dois tornaram-se amigos inseparáveis e puderam, juntos, enfrentar os perigos da selva.






O Leão Apaixonado

Um leão pediu a filha de um lenhador em casamento. O pai, contrariado mas receoso, aproveitou a ocasião para livrar-se desse problema.

Ele disse que consentia em tê-lo como noivo de sua filha, mas, com uma condição; Este deveria deixar-lhe arrancar suas unhas e dentes pois sua filha temia a ambos.


Contente o leão concordou. Depois disso, ao repetir seu pedido, o lenhador que não mais o temia, pegou um cajado e enxotou-o da casa para a floresta.


Esopo

Para resolvermos um problema, devemos primeiro conhecê-lo e só depois enfrentá-lo.






O gato, o galo e o ratinho

Um ratinho vivia num buraco com sua mãe, depois de sair sozinho pela primeira vez, contou a ela:

- Mãe, você não imagina os bichos estranhos que encontrei!


Um era bonito e delicado, tinha um pêlo muito macio e um rabo elegante, um rabo que se movia formando ondas.


O outro era um monstro horrível! No alto da cabeça e debaixo do queixo ele tinha pedaços de carne crua, que balançavam quando ele andava. De repente os lados do corpo dele se sacudiram e ele deu um grito apavorante. Fiquei com tanto medo que fugi correndo, bem na hora que ia conversar um pouco com o simpático.

- Ah, meu filho! – respondeu a mãe. – Esse seu monstro era uma ave inofensiva; o outro era um gato feroz, que num segundo teria te devorado.


Moral: Jamais confie nas aparências.

Do livro: Fábulas de Esopo





O Ladrão e o Cão de Guarda

Um ladrão veio à noite para assaltar uma casa. Ele trouxe consigo vários pedaços de carne, para que pudesse acalmar o cão de guarda, de modo que este não chamasse a atenção do seu dono com latidos.

Assim que o ladrão jogou-lhe os pedaços de carne, o cachorro disse:


- Se você estava pensando em parar minha boca, cometeu um grande erro. Esta repentina gentileza vinda de suas mãos, apenas me deixaram mais atento. Por trás desses inesperados favores a mim, você deve ter algum interesse oculto em seu próprio beneficio e para prejudicar meu dono.


Esopo

Gentilezas inesperadas é a principal característica de uma pessoa com más intenções.






homem, seu filho e o burro


Um homem ia com o filho levar um burro para vender no mercado.


– O que você tem na cabeça para levar um burro estrada afora sem nada no lombo enquanto você se cansa? – disse um homem que passou por eles.

Ouvindo aquilo, o homem montou o filho no burro, e os três continuaram seu caminho

– Ô rapazinho preguiçoso, que vergonha deixar o seu pobre pai, um velho andar a pé enquanto vai montado! – disse outro homem com quem cruzaram.

O homem tirou o filho de cima do burro e montou ele mesmo. Passaram duas mulheres e uma disse para a outra:

– Olhe só que sujeito egoísta! Vai no burro e o filhinho a pé, coitado...

Ouvindo aquilo, o homem fez o menino montar no burro na frente dele. O primeiro viajante que apareceu na estrada perguntou ao homem:

– Esse burro é seu?

O homem disse que sim. O outro continuou:

– Pois não parece, pelo jeito como o senhor trata o bicho. Ora, o senhor é que devia carregar o burro em lugar de fazer com que ele carregasse duas pessoas.

Na mesma hora o homem amarrou as pernas do burro num pau, e lá se foram pai e filho aos tropeções carregando o animal para o mercado. Quando chegaram, todo mundo riu tanto que o homem, enfurecido, jogou o burro no rio, pegou o filho pelo braço e voltou para casa.


Moral: Quem quer agradar todo mundo no fim não agrada ninguém.






O gato e o galo

Um dia um gato caçou um galo e resolveu transformá-lo em almoço. Só que antes queria achar uma boa desculpa para matar o outro. Primeiro, explicou ao galo que ele era um verdadeiro transtorno para os homens com aquela história de cantar no meio da noite e não deixar as pessoas dormirem.

– Nada disso – disse o galo. – Eu canto para ajudar os homens!

E disse que na verdade fazia um favor aos homens porque servia de despertador e avisava a hora de começar o trabalho do dia.

– Que enorme besteira! – disse o gato. – Você acha que vou desistir do meu almoço só por causa de uma conversa dessas?

E devorou o galo.


Moral: O disfarce da justiça não impede uma natureza cruel de praticar suas maldades.

Do livro: Fábulas de Esopo





O garoto do "olha o lobo"

Um pastorzinho que cuidava de seu rebanho perto de um povoado gostava de se distrair de vez em quando gritando:

- Olha o lobo! Socorro! Olha o lobo!

Deu certo umas duas ou três vezes. Todos os habitantes do povoado vinham correndo ajudar o pastorzinho e só encontravam risadas diante de tanto esforço. Um dia apareceu um lobo em carne e osso. O menino gritou desesperado, mas os vizinhos achavam que era só brincadeira e nem prestaram atenção. O lobo pôde devorar todas as ovelhas sem ser perturbado.


Moral: Os mentirosos podem falar a verdade que ninguém acredita.

Do livro: Fábulas de Esopo

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