sábado, 28 de janeiro de 2012

Condicionamentos

Corrida de Sapos

O objectivo era atingir o alto de uma grande torre. Havia no local uma multidão assistindo. Muita gente para vibrar e torcer por eles. Começou a competição. Mas como a multidão não acreditava que os sapinhos pudessem alcançar o alto daquela torre, o que mais se ouvia era:
Que pena !!! esses sapinhos não vão conseguir...não vão conseguir..." E os sapinhos começaram a desistir.
Mas havia um que persistia e continuava a subida em busca do topo. A multidão continuava gritando:
"... que pena !!! vocês não vão conseguir !...". E os sapinhos estavam mesmo desistindo, um por um, menos aquele sapinho que continuava tranquilo ... embora cada vez mais arfante. Já ao final da competição, todos desistiram, menos ele. A curiosidade tomou conta de todos. Queriam saber o que tinha acontecido. E assim, quando foram perguntar ao sapinho como ele havia conseguido concluir a prova, descobriram que ele era surdo.


Capacidade

Certa lenda conta que estavam duas crianças patinando em cima de um lago congelado. Era uma tarde nublada e fria e as crianças brincavam sem preocupação. De repente, o gelo se quebrou e uma das crianças caiu na água. A outra criança vendo que seu amiguinho se afogava de baixo do gelo, pegou uma pedra e começou a golpear com todas as suas forças, conseguindo quebrá-lo e salvar seu amigo. Quando os bombeiros chegaram e viram o que havia acontecido, perguntaram ao menino:
- Como você conseguiu fazer isso? É impossível que você tenha quebrado o gelo com essa pedra e suas mãos tão pequenas!
Nesse instante apareceu um ancião e disse:
- Eu sei como ele conseguiu.
Todos perguntaram:
- Como?
O ancião respondeu:
- Não havia ninguém ao seu redor para dizer-lhe que ele não seria capaz.


O Lenhador e a Raposa

Um lenhador acordava todos os dias às 6 horas da manhã e trabalhava o dia inteiro cortando lenha, só parando tarde da noite. Ele tinha um filho lindo de poucos meses e uma raposa, sua amiga, tratada como bichano de estimação e de sua total confiança. Todos os dias, o lenhador — que era viúvo — ia trabalhar e deixava a raposa cuidando do bebé. Ao anoitecer, a raposa ficava feliz com a sua chegada.
Sistematicamente, os vizinhos do lenhador alertavam que a raposa era um animal selvagem, e, portanto, não era confiável. Quando sentisse fome comeria a criança. O lenhador dizia que isso era uma grande bobagem, pois a raposa era sua amiga e jamais faria isso. Os vizinhos insistiam: “Lenhador, abra os olhos! A raposa vai comer seu filho. Quando ela sentir fome vai devorar seu filho!”
Um dia, o lenhador, exausto do trabalho e cansado desses comentários, chegou à casa e viu a raposa sorrindo como sempre, com a boca totalmente ensanguentada. O lenhador suou frio e, sem pensar duas vezes, deu uma machadada na cabeça da raposa. A raposinha morreu instantaneamente.
Desesperado, entrou correndo no quarto. Encontrou seu filho no berço, dormindo tranquilamente, e, ao lado do berço, uma enorme cobra morta.


Porcos Assados

Certa vez, aconteceu um incêndio num bosque onde havia alguns porcos, que foram assados pelo fogo. Os homens, acostumados a comer carne crua, experimentaram e acharam deliciosa a carne assada. A partir daí, toda vez que queriam comer porco assado, incendiavam um bosque...


Sempre foi Assim

Um grupo de cientistas colocou cinco macacos numa jaula. No meio, uma escada e, sobre ela, um cacho de bananas. Quando um macaco subia na escada para pegar as bananas, os cientistas jogavam um jacto de água fria nos que estavam no chão. Depois de algum tempo, quando um macaco fazia menção de subir a escada, os outros o pegavam e enchiam de pancada. Após mais algum tempo, nenhum macaco queria subir a escada, apesar da tentação das bananas.
Um dia, substituíram um dos macacos por um novo. A primeira coisa que o calouro fez foi tentar subir a escada, mas foi impedido pelos outros, que o surraram. Depois de algumas surras, o novo integrante do grupo desistiu de subir a escada.
Um segundo macaco foi substituído e o mesmo ocorreu, sendo que o primeiro substituto participou com entusiasmo da surra ao novato.
Um terceiro foi trocado e o mesmo ocorreu.
Um quarto e afinal o ultimo dos veteranos foi substituído.
Os cientistas então ficaram com um grupo de cinco macacos que, mesmo sem nunca ter tomado um banho frio, continuavam batendo naquele que tentasse pegar as bananas.


O Sapo e a Cobra

Era uma vez um sapinho que encontrou um bicho comprido, fino, brilhante e colorido deitado no caminho.
- Alô! Que é que você está fazendo estirada na estrada?
- Estou me esquentando aqui no sol. Sou uma cobrinha, e você?
- Um sapo. Vamos brincar?
E eles pularam a tarde toda pela estrada.
- Vou ensinar você a subir na árvore se enroscando e deslizando pelo tronco.
E eles subiram. Ficaram com fome e foram embora, cada um para sua casa, prometendo se encontrar no dia seguinte.
- Obrigada por me ensinar a pular.
- Obrigado por me ensinar a subir em árvore.
Em casa o sapinho mostrou à mãe que sabia rastejar.
- Quem ensinou isto para você?
- A cobra, minha amiga.
- Você não sabe que a família cobra não é gente boa? Eles têm veneno. Você está proibido de brincar com cobras. E também de rastejar por aí. Não fica bem.
Em casa, a cobrinha mostrou à mãe que sabia pular.
- Quem ensinou isso para você?
- O sapo, meu amigo.
- Que besteira! Você não sabe que a gente nunca se deu com a família Sapo?
Da próxima vez, agarre o sapo e... bom apetite! E pare de pular. Nós cobras não fazemos isso.
No dia seguinte, cada um ficou na sua.
- Acho que não posso rastejar com você hoje.
A cobra olhou, lembrou do conselho da mãe e pensou: "Se ele chegar perto, eu pulo e devoro ele". Mas lembrou-se da alegria da véspera e dos pulos que aprendeu com o sapinho. Suspirou e deslizou para o mato. Daquele dia em diante, o sapinho e a cobrinha não brincaram mais juntos. Mas ficavam sempre ao sol, pensando no único dia em que foram amigos.
"O Livro das Virtudes"- uma antologia de William J. Bennett


Peixes

Uma bióloga, que estudava o comportamento de peixes, descreveu o seguinte :
- Costumava colocar os peixes em grandes aquários, separados por lâminas de vidro, para que pudesse estudar cada espécie individualmente. Um dia decidi remover uma das lâminas de separação para limpá-la. Ao voltar com a lâmina, para recolocá-la em seu lugar, me surpreendi com o que vi. Os peixes não haviam se misturado.


A águia que foi criada com as galinhas

Conta-se que uma águia foi criada pelas galinhas. Cresceu com os pintainhos e sempre agiu como as outras aves do galinheiro. Embora nos seus sonhos mais profundos ansiasse por algo diferente, atirava-os para trás das costas. Estava acostumada e conformada com a sua existência.
Um dia um naturista soube do caso e resolveu libertar a águia. Dizia à águia:
- Voa, voa livre, voa!
Mas, espantado, confirmou que a ave insistia em fazer e ter o que fazem e têm as galinhas. Contudo, não desistiu. Levou-a para cima do telhado e disse:
- És uma águia, abre as asas voa!
Confusa e amedrontada a águia correu para o galinheiro
Pacientemente, no dia seguinte o naturista levou a águia a uma montanha. Longe de tudo e de todos, levou-a a grandes alturas. Ergueu-a bem alto, apontou para o horizonte e sussurrou-lhe:
- Vê ! O céu é teu Abra as asas e voa!
E impulsionou o animal para cima. A rainha dos pássaros ao receber aquele encorajamento sentiu um tremor. Olhou para o galinheiro, tão distante, e para o céu. Percebeu que diante de si havia outras possibilidades. Mas não levantou voo.
Numa derradeira tentativa, o naturista colocou-a na direcção do sol. Maravilhada por aquele esplendor, sentindo um delicioso tremor tomar conta de si a águia abriu as asas, emitiu um sonoro crocitar e levantou voo. Seu primeiro voo de Liberdade!


O leão que pensava que era uma ovelha

Leozinho, o Leão, foi criado por ovelhas. Cresceu entre elas, e tal qual como se fosse uma ovelha, Leozinho pensava, sentia e agia no seu dia a dia. Assim ia levando sua vida até que aconteceu uma tragédia. Surgiram lobos famintos e ferozes que, ao avistarem as ovelhas, partiram em seu encalço.
Apavoradas, as ovelhas e Leozinho se puseram a correr, na tentativa de escaparem das garras de seus perseguidores. Enquanto fugia, Leozinho olhou para trás e viu uma cena que o deixou chocado: sua mãe, a ovelha que o havia criado, havia sido encurralada por quatro ou cinco lobos assassinos, prestes a devorá-la! Naquele instante... algo ocorreu... um sentimento forte e até então desconhecido começou a se avolumar dentro de Leo, e de repente...
- Roarrr!!!!!!!
Despertou a Fera... o Gigante Interior que habita e sempre habitou em seu Ser... e em um gesto desesperado para salvar sua "mãe", Leo se atirou em cima dos lobos e para espanto geral os pôs para correr... fugiram todos os lobos diante daquele leão! Com o tempo, Leo foi se conhecendo e descobrindo sua verdadeira natureza... aprendendo a lidar com sua Força e instintos. Hoje, Leo é o Rei dos animais... e é um rei justo e sábio... que jamais se esqueceu do amor e do carinho que recebera das ovelhas... e as protege com toda a gratidão e respeito!


O Fazendeiro, o Filho e o Burro

Um fazendeiro e seu filho viajavam para o mercado, levando consigo um burro. Na estrada, encontraram umas moças salientes, que riram e zombaram deles:
- Já viram que bobos? Andando a pé, quando deviam montar no burro?
O fazendeiro, então, ordenou ao filho:
- Monte no burro, pois não devemos parecer ridículos.
O filho assim o fez.
Daí a pouco, passaram por uma aldeia. À porta de uma estalagem estavam uns velhos que comentaram:
- Ali vai um exemplo da geração moderna: o rapaz, muito bem refestelado no animal, enquanto o velho pai caminha, com suas pernas fatigadas.
- Talvez eles tenham razão, meu filho, disse o pai. Ficaria melhor se eu montasse e você fosse a pé.
Trocaram então as posições.
Alguns quilómetros adiante, encontraram camponesas passeando, as quais disseram:
- A crueldade de alguns pais para com os filhos é tremenda! Aquele preguiçoso, muito bem instalado no burro, enquanto o pobre filho gasta as pernas.
- Suba na garupa, meu filho. Não quero parecer cruel, pediu o pai.
Assim, ambos montados no burro, entraram no mercado da cidade.
- Oh!! Gritaram outros fazendeiros que se encontravam lá. Pobre burro, maltratado, carregando uma dupla carga! Não se trata um animal desta maneira. Os dois precisavam ser presos. Deviam carregar o burro às costas, em vez de este carregá-los.


Quanto você vale?

- Venho aqui, professor, porque me sinto tão pouca coisa, que não tenho forças para fazer nada. Dizem-me que não sirvo para nada, que não faço nada bem, que sou lerdo e muito idiota. Como posso melhorar? O que posso fazer para que me valorizem mais?
O professor, sem olhá-lo, disse:
- Sinto muito meu jovem, mas não posso te ajudar, devo primeiro resolver o meu próprio problema. Talvez depois.
E fazendo uma pausa, falou:
- Se você me ajudasse, eu poderia resolver este problema com mais rapidez e depois talvez possa te ajudar.
- C...claro, professor, gaguejou o jovem, que se sentiu outra vez desvalorizado e hesitou em ajudar seu professor. O professor tirou um anel que usava no dedo pequeno e deu ao garoto e disse:
- Monte no cavalo e vá até o mercado. Devo vender esse anel porque tenho que pagar uma dívida. É preciso que obtenhas pelo anel o máximo possível, mas não aceite menos que uma moeda de ouro. Vá e volte com a moeda o mais rápido possível.
O jovem pegou o anel e partiu. Mal chegou ao mercado, começou a oferecer o anel aos mercadores. Eles olhavam com algum interesse, até quando o jovem dizia o quanto pretendia pelo anel. Quando o jovem mencionava uma moeda de ouro, alguns riam, outros saíam sem ao menos olhar para ele, mas só um velhinho foi amável a ponto de explicar que uma moeda de ouro era muito valiosa para comprar um anel. Tentando ajudar o jovem, chegaram a oferecer uma moeda de prata e uma xícara de cobre, mas o jovem seguia as instruções de não aceitar menos que uma moeda de ouro e recusava as ofertas.
Depois de oferecer a jóia a todos que passaram pelo mercado, abatido pelo fracasso montou no cavalo e voltou. O jovem desejou ter uma moeda de ouro para que ele mesmo pudesse comprar o anel, assim livrando a preocupação e seu professor e assim podendo receber ajuda e conselhos. Entrou na casa e disse:
- Professor, sinto muito, mas é impossível conseguir o que me pediu. Talvez pudesse conseguir 2 ou 3 moedas de prata, mas não acho que se possa enganar ninguém sobre o valor do anel.
- Importante o que disse, meu jovem, contestou sorridente o mestre. - Devemos saber primeiro o valor do anel. Volte a montar no cavalo e vá até o joalheiro. Quem melhor para saber o valor exacto do anel? Diga que quer vendê-lo e pergunte quanto ele te dá por ele. Mas não importa o quanto ele te ofereça, não o venda. Volte aqui com meu anel.
O jovem foi até o joalheiro e lhe deu o anel para examinar. O joalheiro examinou-o com uma lupa, pesou-o e disse:
- Diga ao seu professor, se ele quiser vender agora, não posso dar mais que 58 moedas de ouro pelo anel.
O jovem, surpreso, exclamou:
- 58 moedas de ouro!!!
- Sim, replicou o joalheiro, eu sei que com tempo poderia oferecer cerca de 70 moedas , mas se a venda é urgente...
O jovem correu emocionado para a casa do professor para contar o que ocorreu.
- Sente-se, disse o professor, e depois de ouvir tudo que o jovem lhe contou, disse:
- Você é como esse anel, uma jóia valiosa e única. E que só pode ser avaliada por um expert. Pensava que qualquer um podia descobrir o seu verdadeiro valor???
E dizendo isso voltou a colocar o anel no dedo.


Síndroma do 100º Macaco

Havia um conjunto de ilhas habitadas por macacos. Os cientistas introduziram batatas nas ilhas mas nada aconteceu. Em seguida, treinaram uma macaquinha a extrair a batata do solo, a lavá-la e a comê-la. Passado algum tempo, os outros macacos, começaram a imitá-la e a extrair a batata do solo, a lavá-la e a comê-la. Este comportamento foi-se propagando até que o centésimo macaco adquiriu o novo comportamento.
Nesse momento ocorreu um fenómeno intrigante: os macacos das ilhas vizinhas, onde também tinha sido introduzida a batata mas nada havia sido ensinado e que não tinham ligação directa com os macacos da primeira ilha, espontaneamente passaram a extrair a batata do solo, a lavá-la e a comê-la...
Isto é conhecido como a síndroma do 100o macaco. É a crença que temos que quando uma determinada massa crítica de pessoas atinge um novo patamar de experiência, a humanidade como um todo evolui com essa experiência.


Baralho

Um grupo de pesquisadores realizou um estudo no qual mostravam às pessoas um baralho. Contudo em cada uma das cartas havia um erro, algo diferente do normal. O quatro de paus era vermelho, o cinco de ouros tinha seis de ouros. O procedimento consistia em mostrar as cartas às pessoas e perguntar-lhes o que estavam vendo.
Vocês acham que as pessoas ficaram surpresas ao ver essas cartas cheias de erros óbvios ? Não, porque não notaram. Quando se pedia para descreverem as cartas que viam as pessoas respondiam que estavam olhando para um cinco de ouros ou para um quatro de paus. Elas não faziam qualquer menção ao fato de haver erros nas cartas.
Por que isso acontecia ? Porque aquilo que vemos não depende apenas do que se encontra realmente à nossa frente, mas também daquilo que estamos procurando - nossas expectativas, nossos pressupostos.


O Caminho

Um dia, um bezerro precisou atravessar a floresta virgem para voltar para o seu pasto.
Sendo animal irracional, abriu uma trilha tortuosa, cheia de curvas, subindo e descendo colinas... No dia seguinte, um cão que passava por ali, usou essa mesma trilha torta para atravessar a floresta. Depois foi a vez de um carneiro, líder de um rebanho, que fez os seus companheiros seguirem pela trilha torta. Mais tarde, os homens começaram a usar esse caminho: entravam e saíam, viravam à direita, à esquerda, baixando-se, desviando-se de obstáculos, reclamando e praguejando, até com um pouco de razão... Mas não faziam nada para mudar a trilha...
Depois de tanto uso, a trilha acabou por ficar uma estradinha onde os pobres animais carregavam com cargas pesadas, sendo obrigados a percorrer em três horas uma distância que poderia ser vencida no máximo em uma hora, caso a trilha não tivesse sido aberta por um bezerro. Muitos anos se passaram e o caminho tornou-se a rua principal de uma vila, e posteriormente a avenida principal de uma cidade. Logo, a avenida transformou-se no centro de uma grande metrópole, e por ela passaram a transitar diariamente milhares de pessoas, seguindo a mesma trilha torta feita pelo bezerro... centenas de anos antes...
Os homens tem a tendência de seguir como cegos por trilhas feitas por pessoas inexperientes, e esforçam-se de sol a sol a repetir o que os outros já fizeram.
Contudo, a velha e sábia floresta ria daquelas pessoas que percorriam aquela trilha, como se fosse um caminho único... sem se atreverem a mudá-lo.

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